Folha de S. Paulo
Ter um negro à frente da pasta da igualdade
racial faz diferença 'para abordar as representatividades históricas'
Será que alguém que não sabe o que é ser
preterido pela aparência, que jamais perdeu uma oportunidade de trabalho em
razão da cor da pele, que nunca foi olhado ou tratado com suspeição pela
ascendência étnica é a pessoa mais indicada para comandar uma secretaria criada
para promover a igualdade racial?
Esse é o tipo de dúvida que deveria passar pela cabeça de quem se preocupa em enfrentar o racismo no país. Mas não é bem assim. E a Prefeitura de Palmas (TO) deu um excelente exemplo disso com a criação da Secretaria Municipal de Políticas Sociais e Igualdade Racial. O que poderia ser motivo de aplausos, virou alvo de críticas fundamentadas quando a prefeita, uma mulher branca, nomeou outra mulher branca para o comando da pasta.
Desconsiderar a representatividade
negra numa nação de
maioria autodeclarada afrodescendente (56%, pelo IBGE), onde o racismo está
institucionalizado e, na prática, se constitui na maior barreira à promoção da
cidadania, do desenvolvimento e da justiça social não é a maneira mais
apropriada para fazer frente a uma questão tão complexa.
Os indicadores de violência ajudam a compor
uma noção do cenário. Em 2023, Palmas, que já foi considerada a capital mais
tranquila do Brasil, viu a onda de violência e criminalidade aumentar em mais
de 200%. Homens pretos e pardos foram a maioria (69%) das vítimas.
Na avaliação da polícia, 90% dos homicídios têm relação com tráfico de drogas.
Já entidades ligadas à área dos direitos humanos apontam que metade dos mortos
não possuía passagem policial e correlacionam o fato com a questão étnica.
Ter um negro à frente da pasta da igualdade racial faz diferença "para
abordar as representatividades históricas estruturais enfrentadas pela
comunidade negra", como destacou em nota a Ajunta Preta, Coletivo
Feminista de Mulheres Negras do Tocantins. E não basta ser negro, é preciso ter
letramento racial para compreender a dinâmica do racismo.
Mentirosa. Um leitor da FSP acabou com ela.
ResponderExcluirMAM
Nossa!
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