O Globo
Desde março do ano passado, o governo Lula já
tem uma minuta de decreto com a reinstalação do grupo
Enquanto o governo Lula coloca
em banho-maria a recriação da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos
Políticos, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa,
disse à equipe da coluna que não tem particularmente nenhuma resistência à
retomada dos trabalhos do grupo.
Desde março do ano passado, o governo Lula já
tem pronta uma minuta de decreto com a recriação da comissão, mas até agora não
bateu o martelo sobre quando isso ocorrerá.
A questão enfrenta forte resistência
nas Forças
Armadas, ao ponto de o presidente do Superior Tribunal Militar (STM),
Joseli Parente Camelo, declarar ao blog que o retorno do colegiado é “completamente
desnecessário” e falar que não se pode “olhar o país pelo retrovisor”.
Questionado pela coluna sobre o impasse, Rui Costa disse que a Casa Civil não tem "nenhum óbice" à reinstalação da comissão.
“Quando cheguei aqui (em Brasília), ano
passado, me incomodava com esse tipo de observação e aí um assessor meu, que
tem muitos anos em Brasília, disse ‘Não se incomode com isso, não, não tem nada
de pessoal, é a função, o ministério’. Todos vão sempre responsabilizar a Casa
Civil, mesmo que não seja responsabilidade…”
Os ministérios da Justiça e da Defesa já
elaboraram pareceres dando aval ao retorno da comissão, medida
capitaneada pela pasta de Direitos Humanos, comandada pelo ministro Silvio
Almeida – e uma das propostas defendidas pelo grupo de
transição de Lula. Mas dentro da Esplanada, a impressão é a de que as
discussões não avançam na Casa Civil.
O caso é motivo de insatisfação de
integrantes da administração lulista com Rui Costa, mas também tem sido
interpretado nos bastidores como mais uma sinalização de que Lula não quer
criar novos focos de tensão na convivência com as Forças Armadas.
Entre as atribuições da comissão, criada em
1995 no governo Fernando
Henrique Cardoso e extinta em 2022, no fim da gestão
bolsonarista, estão emitir pareceres sobre indenizações a familiares e
mobilizar esforços para localizar os restos mortais das vítimas do regime
militar.
Procurada pela equipe da coluna, a Casa Civil
informou que as tratativas com os ministérios “foram concluídas no final do mês
de novembro” e que “após essa fase, a análise final ficou pronta na primeira
quinzena de dezembro”. “O tema será encaminhado para despacho em momento
oportuno”, comunicou, sem especificar quando isso vai ocorrer.
Se for recriada, o principal objetivo da
comissão será retomar a identificação de ossadas encontradas na Vala
Clandestina de Perus, na Zona Oeste de São Paulo
(SP), local usado pelos militares para esconder o corpo de
opositores do regime.
A Comissão Nacional da Verdade apontou que
houve 243 desaparecidos políticos, dos quais apenas 35 foram identificados.
“Além disso, restam 14 ossadas em caixas
individuais e caixas com misturas, oriunda do cemitério de Perus em São Paulo,
a serem examinadas. Há ainda 14 desaparecidos localizados no Cemitério Ricardo
Albuquerque (no Rio de Janeiro) pendentes de exame de DNA. Existem, finalmente,
40 pedidos de retificação de certidão de óbito pendentes de exame pela comissão
especial”, ressaltou Silvio Almeida, em declaração à coluna em novembro do ano
passado.
O ex-presidente Jair
Bolsonaro, que interferiu na Comissão Especial sobre Mortos e
Desaparecidos Políticos durante seu governo e trocou quatro dos sete
integrantes, extinguiu o grupo em dezembro do ano passado, a 15 dias do fim de
sua gestão.
Em abril do ano passado, Lula evitou se
comprometer ao ser questionado sobre quando assinaria o decreto oficializando a
comissão.
“Primeiro o decreto tem que chegar na minha
mão, para eu saber o quê que diz, concretamente, o decreto, porque no primeiro
governo meu e da Dilma, a gente fez o que era possível fazer, na circunstância
em que nós fizemos, para tentar resolver o problema histórico desse país”,
disse.
“Se o companheiro Silvio Almeida apresentar o
decreto e o decreto tiver consistência, nós não vamos ter nenhum problema de
fazer e assinar o decreto.”
A inércia do Planalto mostra que, ao contrário do que Lula disse, há sim problemas para assinar o decreto.
Malu Gaspar é uma jornalista maravilhosa.
ResponderExcluirO Brasil e seus maravilhosos jornalistas e jornais:: "OGlobo", "Estadão", "Valor"... Malu Gaspar, Merval, Joel Pinheiro...
Pela democracia, precisamos defender nossa qualificada imprensa, tão agredida pelo lulismo e pelo bolsonarismo.
=>Todos têm todo o direito de criticar a imprensa; de agredí-la, não!
Malu Gaspar.
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