Folha de S. Paulo
José Dirceu lança aviso amigo aos navegantes
do PT: mexam-se se quiserem seguir no poder
Em sua volta à cena
política com artigos,
entrevistas e pitacos mil sobre o presente e o futuro da esquerda, José Dirceu (PT) dá um bom conselho ao
seu partido, que pode ser resumido numa palavra: mexa-se.
Chefe da Casa Civil com total ascendência sobre Luiz Inácio da Silva em seu primeiro governo, presidente do PT na campanha vitoriosa de 2002 e responsável pela defesa da opção pela política de alianças como caminho de acesso à Presidência da República, Dirceu sabe o que diz.
Examina o
ambiente e enxerga o que os subalternos a Lula por
adoração cega, preguiça ou dever de ofício teimam em não reconhecer. Trata-se da
movimentação da direita para muito além da figura de Jair
Bolsonaro (PL) à qual o presidente se aferra em busca da
reeleição com foco na aversão ao antecessor.
O fator comparação tende a se enfraquecer.
Primeiro, pelo óbvio, a inelegibilidade
de Bolsonaro. Segundo, porque na busca pelo quarto mandato o petista
será confrontado com o próprio desempenho ora em curso.
Em terceiro lugar está a apresentação de
credenciais de postulantes da direita —notadamente governadores— para concorrer
em 2026 sem
depender do ex-presidente que, ao contrário do que procura demonstrar, não
manda no PL. Isso ficou evidenciado no embate em São Paulo pelo
apoio à reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB),
vencido pelo presidente da legenda, Valdemar
Costa Neto.
Dirceu não critica diretamente Lula. Defende
a reeleição e "12 anos de poder para o PT", mas condiciona o êxito a
uma "atualização política, teórica e de organização" do partido. Ou
seja, propõe um olhar à frente, com atuação muito mais ampla que a mera fixação
na memória de Bolsonaro.
Em outras palavras, aponta o risco da
ressurreição do sectarismo que derrotou Lula em três eleições presidenciais
e defende a retomada da visão plural vitoriosa em 2002. O petista amigo é. E
parece avisar que 2026 não será igual a 2022.
Dora tem visão de conjunto.
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