Folha de S. Paulo
Agitação na Petrobras e inquietação com
ministros marcam urgência precoce que acomete o petista
Quando um marqueteiro se integra ao estafe
palaciano, é sinal de que o presidente sentiu uma pontada de encrenca. Na
política, esse especialista costuma ser comparado a um médico. Fora da época de
campanha, pode-se procurá-lo para fazer exames de rotina, talvez a cada seis
meses. Ele só precisa ficar de prontidão quando a situação aperta.
Nas últimas semanas, Sidônio Palmeira esteve em pelo menos duas reuniões com Lula. O marqueteiro da campanha petista em 2022 virou um conselheiro do presidente. Além disso, passou a dar orientações para ministérios estratégicos e foi escalado para melhorar a imagem da gestão de Nísia Trindade (Saúde).
A queda na aprovação a Lula neste segundo ano
de mandato se tornou notícia velha no gabinete presidencial. O que vem marcando
os últimos movimentos do petista é uma inquietação com a falta de respostas
para recuperar o fôlego e, mais do que isso, entregar um governo que chegue com
força eleitoral a 2026.
A arruaça na Petrobras é
resultado de uma briga interna por poder. A disposição de Lula para trocar o
comando da empresa seria uma
tentativa de apartar a briga, mas também uma jogada para acelerar os planos
políticos do governo. Apertando o controle sobre a companhia, o petista teria
força para regular preços dos combustíveis e tirar proveito dos investimentos
bilionários da estatal.
Manifestações de insatisfação com alguns
departamentos do governo são outra marca da urgência precoce que acomete o
presidente aos 15 meses de mandato. Em mais de uma conversa reservada com
auxiliares, ele se mostrou irrequieto com a demora na apresentação de
resultados por algumas pastas e na instalação de canteiros de obras por aí.
Lula ainda parece resistente a grandes
mudanças, talvez com a exceção da chefia da Petrobras. O que se vê, no entanto,
é a busca evidente por uma sacudida no governo com o objetivo de evitar algo
mais grave do que a perda de alguns pontos de popularidade: as chances da
reeleição ou da vitória de um sucessor.
Pode ser.
ResponderExcluir