O Estado de S. Paulo
Musk ameaça STF, Bolsonaro prega ‘democracia’, Equador invade embaixada. Que mundo é esse?
O mundo está de ponta-cabeça, com Elon Musk
se achando no direito de lançar até o impeachment de um ministro do Supremo
Tribunal Federal do Brasil e o governo do Equador violando uma espécie de
“cláusula pétrea” internacional ao invadir a Embaixada do México para prender
um ex-vicepresidente da República que pedira asilo por se sentir perseguido
pelo regime.
Musk deixa um rastro de interrogações sobre seus reais interesses, com movimentos grandiosos, como a compra do Twitter, para transformá-lo em X, demitir milhares de funcionários, deixar correr soltas as fake news e fazer o jogo da extrema direita internacional. Daí seu empenho para tentar impedir que o Brasil e o mundo definam regras, limites e responsabilização, não só de usuários, mas também das redes. Ok, é por grana, mas será só por isso?
E o que, afinal, Musk acertou com o então
presidente Jair Bolsonaro, que acaba de dizer que “a direita agora tem apoio
fora do Brasil” e Musk “luta pela nossa liberdade, por nosso país”, já que “a
nossa democracia está ameaçada”. Uma coleção de absurdos. Bolsonaro defender
democracia? Depois de tentar cooptar as Forças Armadas para um golpe de Estado,
fechar o TSE, prender seu presidente e anular as eleições? E que liberdade é
essa? Para permitir fake news contra adversários, militares legalistas, jornalistas
independentes?
E o tal “patriotismo”? Qualquer estrangeiro
com “bala na agulha” entra em questões internas, xinga ministros do STF, ameaça
nossa soberania e nossa democracia, em nome de uma liberdade para destruir a
liberdade? Tem acontecido muito por esse mundão afora, com a participação
direta das redes sociais.
Em 2020, quando era suspeito de operar para
derrubar o então presidente da Bolívia, Evo Morales, de olho no lítio produzido
no país, Elon Musk avisou: “Vamos dar golpe em quem quisermos”, num tom de
dono, não da Tesla, do Twitter ou do X, mas do mundo. E é nesse mundo de
ponta-cabeça que o crime organizado se infiltra nas instituições e passa a
controlar Estados inteiros, como parece ser o caso do Equador.
Tudo isso tem a força de tirar o presidente
Lula da zona de conforto e do foco nas guerras de Rússia e de Israel, para
assumir a mediação de conflitos na nossa própria região, onde Equador invade a
Embaixada do México, Venezuela ameaça anexar território da Guiana, Argentina
revolve o fantasma da guerra das Malvinas e a Nicarágua prende, mata e esfola,
enquanto o crime organizado toma conta dos Estados e um tal de Musk ameaça um
ministro do Supremo no Brasil. Questão de liderança, na hora certa e com o foco
certo.
Muito bom! Um mundo em que, na pior crise da saúde da sua história, um país está presidido por um miliciano mentiroso e corrupto, que é contra vacinas, afirma que pessoas viram jacaré ao se vacinar, desrespeita e ataca todas as recomendações da OMS, e tem como ministro da saúde um GENERAL da ativa que nada entende de saúde e nem sabia o que era o SUS antes de assumir e militarizar o Ministério da Saúde. Cem ou duzentos MIL BRASILEIROS morreram na pandemia quando teriam sobrevivido se vivessem num país com GOVERNO NORMAL naquele período. Esta é minha lembrança do mundo recente em que vivemos no começo desta década!
ResponderExcluirVerdade.
ResponderExcluir