Folha de S. Paulo
Lira quer a cabeça de articulador político de
Lula, PT e centrão querem a Saúde
Arthur
Lira (PP-AL) é presidente da Câmara, premiê do semipresidencialismo de
avacalhação que governa o Brasil e sultão de todos os centrões. Ou achava que
era. Sentiu uma ameaça precoce ao seu poder, que em tese terminaria apenas no
final do ano. Também está fulo com a inadimplência das dívidas políticas de
Lula 3 (emendas, cargos, favores para empresas etc.).
A Câmara manteve na prisão do STF esse deputado Chiquinho Brazão, acusado de mandar matar Marielle e Anderson. Lira jogou mal, desta vez, e perdeu, opinião difundida na fofoca de Brasília. Lira acha que o governo plantou essa história.
Sentindo-se ameaçado, Lira encostou uma faca
no pescoço de Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais de Luiz
Inácio Lula da Silva, chefe de articulação política. Como se sabe, disse agora
em público que Padilha é seu
"desafeto pessoal" e "incompetente".
E daí? O que importa mais essa conversa de
Brasília, a república do chilique? Na semana passada, o ministro Alexandre
Silveira (Minas e Energia) disse também em público, em outros termos, que o
presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, é um desafeto incompetente.
Prates escapou vivo da facada, se arrastou
sangrando até Brasília, pediu ajuda a senadores e ganhou um esparadrapo
de Fernando
Haddad, ministro da Fazenda, entre outras bandagens. Por ora, em repouso,
vai ficando no cargo.
A ministra
Nísia Trindade (Saúde) está na mira faz meses. Não levou facada, mas
está sendo envenenada. O centrão quer a cabeça dela, faz muitos meses; o PT
quer manter o controle dos cargos no ministério. As cenas da disputa envenenada
são públicas, agora até com nomes de substitutos plantados nos jornais.
O clima no Congresso está ruim desde o início
do ano, também porque a Fazenda quis reaver, de modo destrambelhado, dinheiros
de concessões tributárias a empresas e prefeituras, graça dos parlamentares.
Há mais avanços contra o Tesouro: de
ministros, de parlamentares, de empresas e de estados, que querem perdões de
dívida, com apoio de Pacheco, do Senado.
É fácil perceber, pelo sumário anedótico, que
a baderna é grande. Pode piorar, com o
veto de Luiz Inácio Lula da Silva ao fim das "saidinhas" de
presidiários.
Não bastasse tal desordem, um governo
exageradamente preocupado com a baixa de popularidade, até pequena, começa a
procurar "medidas" em série a fim de turbinar a economia ou de fazer
graças demagógicas, o que bagunça também políticas racionais.
Silveira veio com esse desconto da conta de
luz que não vai dar certo. Apenas um dia depois da medida provisória, o governo
faz uma reunião a fim de ouvir de especialistas o que fazer do setor elétrico.
Haddad (Fazenda) diz que não há dinheiro para o reajuste dos servidores
públicos —Lula diz que pode haver. Lula quer intervir na Petrobras, mas não
sabe como, o motivo de "Silveira vs Prates". Etc.
Lula quer mais crédito na economia. Vaza que
a Fazenda teria um projeto
de liberar os bancos a dar mais empréstimos e de criar um mercado de
securitização de dívidas imobiliárias. Isto é, que bancos possam vender
seus empréstimos imobiliários a quem queira ficar com o risco de receber as
prestações desses financiamentos (assim, podem emprestar mais). Mas o governo
quer que uma empresa estatal compre esses títulos, essas dívidas imobiliárias.
Um mercado de securitização até pode ser boa
coisa. Pode ser coisa muito ruim: bancos desovando na praça empréstimos ruins,
sujeitos a calote, talvez em uma empresa estatal, a Podrebrás, a mãe dos micos.
A ansiedade pode dar em medidas afobadas,
ineptas, perigosas ou em gambiarra demagógica aberta. A desordem da coordenação
do governo engrossa e envenena ainda mais esse caldo.
Podrebrás
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Podrebrás
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