O Globo
Governador se desculpa por falas desastradas, mas insiste em defender mudanças que afrouxaram legislação ambiental
A declaração causou espanto no início da
semana passada. Em entrevista à rádio BandNews, o governador Eduardo Leite
disse que o alto volume de doações ao Rio Grande do Sul poderia prejudicar as
vendas do comércio local.
“O reerguimento desse comércio fica
dificultado na medida em que você tem uma série de itens que estão vindo de
outros lugares”, afirmou.
A frase repercutiu tão mal que o tucano
precisou se retratar. Disse que não quis desprezar os donativos nem esnobar a
ajuda ao estado.
“Meu mais sincero pedido de desculpas pela
confusão que possa ter causado no entendimento de algumas pessoas”, escusou-se.
Sem tirar o colete laranja da Defesa Civil, que passou a vestir até em solenidades no palácio, Leite argumentou que “ninguém está livre de errar”. Pode ser, mas ele parece estar exagerando no marketing — e abusando da boa vontade alheia.
Na segunda-feira, o governador disse ao GLOBO
que defende o debate sobre adiar as eleições municipais. Alegou que o clima de
campanha poderia dificultar a recuperação dos municípios gaúchos.
Além de criar um precedente perigoso, a ideia
significaria premiar maus gestores. Prefeitos que ignoraram as mudanças
climáticas e não investiram em prevenção seriam beneficiados com a prorrogação
dos mandatos.
Em outra entrevista, Leite admitiu à Folha de
S.Paulo que recebeu alertas sobre o aumento no volume de chuvas. Em seguida,
alegou que não se mexeu porque “o governo também vive outras pautas e agendas”.
Ao ser cobrado pela nova fala desastrada, o
tucano engrenou um discurso contra as fake news e os “recortes para as redes
sociais”. “Talvez haja culpa de não ter me expressado bem”, completou, a
contragosto.
Na noite de segunda, Leite foi ao Roda Viva
com uma ideia fixa: repetir que acredita na ciência e não é um negacionista.
Depois de tocar seu realejo, teve que explicar as quase 500 mudanças que
afrouxaram a legislação ambiental do estado.
Desta vez, o governador evitou pedir
desculpas ou fazer autocrítica. Com ar impassível, não admitiu um único erro no
pacote. E também não anunciou um único recuo para proteger os gaúchos de novas
enchentes.
Desculpas esfarrapadas dum mentiroso! Não é tão canalha e mentiroso quanto Bolsonaro, mas pouco fez pra combater/prevenir a catástrofe e ainda quer negar que facilitou a retirada da proteção de áreas de preservação permanente.
ResponderExcluirEu não queria estar na pele do leite derramado.
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