O Estado de S. Paulo
Petrobras traz de volta os fantasmas Abreu e Lima, Sete Brasil, Venezuela, fundos de pensão...
Os fantasmas dos dois primeiros governos de Lula e Dilma assombram o terceiro mandato do petista, assustando especialistas, afastando investidores e criando incertezas, quando Lula poderia capitalizar a atuação rápida na tragédia no Rio Grande do Sul. A demissão de Jean Paul Prates da Petrobras desagradou ao mercado e a ambientalistas e peca por falta de senso de oportunidade. Bem no meio da crise gaúcha, que livrou Lula de falar besteiras sobre política externa.
Tudo indica que a intenção de Lula é assumir
o controle da maior, mais rica e mais simbólica companhia brasileira – e também
a que mais fantasmas, ou cicatrizes, deixou no PT e nele próprio. As perdas
financeiras da Petrobras, nos primeiros governos petistas, não foram “só” por
causa da roubalheira de partidos embolados com executivos, mas pela contenção
política, populista, dos preços.
E agora? O que Lula pretende ao novamente
mandar e desmandar na política de preços da Petrobras, na distribuição de
dividendos extraordinários, na composição do conselho administrativo e nas
próprias prioridades, inclusive de investimentos? Cobrar “o compromisso social”
da empresa? E o risco de partidos aliados e o PT considerarem as porteiras
abertas?
Prates saiu avisando: “Deixamos a política de
preços que o presidente pediu”. Qual seja, o fim da paridade internacional,
adotada por petroleiras mundo afora. E foi a pedido de Lula que ele suspendeu,
e depois teve de rever, a suspensão da distribuição de dividendos
extraordinários, igualmente adotada mudo afora para despertar o apetite de
investidores. Detalhe: o maior beneficiário é a União.
A Petrobras perdeu R$ 55 bi em valor de
mercado, em março, após o represamento dos dividendos; recuperou com a
liberação de metade do valor e a previsão de liberar a outra metade até
dezembro; e voltou a perder R$ 34 bi agora, com a demissão de Prates. Uma
montanha-russa, com fantasmas do passado assombrando o futuro.
A Refinaria Abreu e Lima e a Sete Brasil
morreram antes de atingir as metas, mas continuam insepultas, com prejuízos
monumentais. Cada uma com seu fantasma de estimação na Lava Jato. O da Abreu e
Lima é a Venezuela de Chávez. O da Sete Brasil, fundos de pensão de estatais. É
tudo isso que Lula quer reencarnar. Sai Prates, entra a ex-diretora da ANP
Magda Chambriard, que tem duas opções: enfrentar tecnicamente os embates no
governo ou... fazer tudo que seu mestre mandar.
Os grandes vitoriosos na queda de Prates são os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e da Casa Civil, Rui Costa (PT). Mas quem tomou a decisão foi Lula. Para fazer o que com a Petrobras? Vamos ver...
Veremos.
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