O Globo
Mídia mal consegue disfarçar sentimento de
culpa por ter convivido com presidente por três anos e meio sem apontar
evidências de declínio
Impossível evitar o confronto protelado. A reunião de cúpula da Otan em Washington — que por três dias ocupou o alto escalão dos 32 países-membros — havia finalmente terminado. Com ela expirava também o prazo oficioso de que dispunha o sitiado presidente dos Estados Unidos para salvar sua candidatura à reeleição. Ou para começar a ceder o lugar a outrem. Na noite de quinta-feira, por fim, Joe Biden aceitou se submeter a uma real entrevista coletiva. Ela teve quase uma hora de duração, foi transmitida ao vivo e mostrou Biden sem direito a qualquer script ou teleprompter. Imaginava-se que serviria de prova dos noves de sua capacidade cognitiva após a debacle do debate com Donald Trump, em junho.
Infelizmente para o processo eleitoral em
curso, não foi o que aconteceu. A entrevista resultou numa espécie de teste de
Rorschach. Cada um viu nela o que quis ver. Enquanto a esfera Biden pôde saudar
o comando do presidente em questões de geopolítica, a maré de democratas
alarmados só aumentou ante os graúdos lapsos verbais cometidos pelo mandatário.
O tamanho, a profundidade e o caráter
emergencial da atual convulsão intestina do Partido Democrata não tem
precedentes na política americana do pós-Segunda Guerra. Em comparação, a
súbita desistência do presidente Lyndon Johnson à reeleição em 1968 empalidece.
Isso porque o principal fator de desequilíbrio com qualquer cenário anterior
tem nome e sobrenome: Donald John Trump. Jamais o país havia corrido o risco de
reeleger à Casa Branca um criminoso condenado, comprovadamente desprovido de
bússola moral, de alta periculosidade para o mundo democrático e dado a
rompantes de irracionalidade.
“O dique se rompeu. Podemos esconder a cabeça
na areia e rezar por um milagre em novembro, ou podemos falar a verdade”,
escreveu o ator George
Clooney em artigo publicado com destaque pelo New York Times. Em tom
respeitoso, porém sem meias palavras, pediu que Biden desistisse de concorrer
em novembro. Expressava o sentimento dos patronos de Hollywood tradicionalmente
generosos com candidaturas democratas. Exatamente um mês atrás, o próprio
Clooney havia sido anfitrião de uma exuberante festa de arrecadação para Biden
no Peacock Theater, em Los Angeles.
Conseguira amealhar US$ 30 milhões naquela noitada única, com participantes
fazendo fila e pagando US$ 500 mil para tirar uma foto com Biden e Barack Obama,
outro promotor do evento. Na ocasião, Clooney tinha percebido fragilidade e
algum vagar no presidente, mas guardou para si a impressão. Duas semanas
depois, ao ver Biden perder-se em murmúrios desconexos durante o debate,
compreendeu a emergência.
Não está sozinho. De grandes centrais
sindicais como a United Auto Workers, aliadas antigas de Biden, a integrantes
democratas do Congresso aparvalhados com o que ouvem de seus eleitores,
passando pelo Vale do Silício, que desde a compra do X por Elon Musk não
passa por sacudida grande assim, reina um misto de frustração, descontentamento
e urgência crescente para que o presidente dê provas de estar capacitado a
derrotar Trump. Ou que pelo menos apresente um plano viável e convincente para
inverter as curvas das múltiplas pesquisas de opinião que lhe têm sido
desfavoráveis.
O New York Times despejou seu acrescido peso
e influência (são 2 mil funcionários, ou 7% do total da força de trabalho em
jornais americanos) por meio de um editorial pedindo a desistência de Biden.
(Somente cinco dias depois o matutino publicou outro editorial, em que exige
também a desistência do republicano Trump.)
Como um todo, a cobertura da grande mídia
americana mal consegue disfarçar o sentimento de culpa por ter convivido com o
governo Biden por três anos e meio sem apontar evidências de declínio. Há meses
o próprio eleitorado manifestava um claro desejo de mudança em 2024,
explicitando considerar Biden velho demais para um segundo mandato.
Ainda assim, a Casa Branca preferiu não
ouvir, insistiu na reeleição do incumbente e agora o relógio está fazendo
tique-taque. Até o momento, apenas duas vozes progressistas relevantes se
pronunciaram a favor de aguentar o tranco e seguir com Biden: o senador Bernie
Sanders e a congressista Alexandria Ocasio-Cortez. Talvez por temerem que uma
troca atabalhoada tenha chances ainda maiores de naufragar.
Enquanto os democratas discutem a relação que
a cada dia se torna mais dilacerada, os republicanos dão início, amanhã, à
convenção nacional do partido, em Milwaukee, no estado de Wisconsin. Dela sairá
um Trump coroado.
Que tempos!
O choro é livre como diria a Maju
ResponderExcluirOs americanos à sobrevivência do Trump a esse atentado sofrido, quê por uma intervenção divina, por menos de 2 cm ele teria morte instantânea com a bala penetrando em sua cabeça
O Trump sobreviveu irá agora rumo a vitória de forma inexorável
No partido democrata o clima é de barata voa , com a sensação de velório
Todos percebem que a campanha do Biden está Agonizando .
O presidente senil está em queda livre nas pesquisas eleitorais
A vitória do do trampo cada vez mais perto
Trump sobreviveu pra ocupar sua cela numa penitenciária especial. O milionário golpista e mentiroso vai poder mentir a vontade pros carcereiros...
ResponderExcluirAnônimo, bota o nome aí, que fica chato chama-lo de FDP². MAM
ResponderExcluirAh,a croata! Sanders prefere Binder porque ele faz o jogo republicano há décadas. É lobo em pele de jumento, um tremendo FDP². MAM
ResponderExcluirQuem é de rezar,que reze,quem é de torcer,que torça.
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