terça-feira, 6 de agosto de 2024

Alvaro Costa e Silva - Maior obra de Cláudio Castro é fugir da Justiça

Folha de S. Paulo

Governador usa conversa mole contra tradição da prisão

Praticamente toda custeada pelo usuário, na contramão do que se faz em outras capitais do país e nas principais cidades do mundo, a passagem de metrô no Rio é a mais cara do Brasil –R$ 7,50. Em comparação ao de São Paulo, que tem 104,4 km de extensão, o sistema está estagnado. Tão cedo não passará dos 54,4 km.

Obra que deveria ter sido entregue como legado das Olimpíadas de 2016, a estação da Gávea é uma lenda urbana. Sua construção está paralisada há dez anos. Virou um buraco entupido com 36 milhões de litros d’água. O possível afundamento do terreno embaixo do estacionamento da PUC poderá causar uma tragédia.

Promessa de Cláudio Castro, a licitação da linha 3 —faraônico projeto saindo da praça 15, no Rio, em direção à praça Arariboia, em Niterói, passando sob as águas da baía de Guanabara e alcançando o município de São Gonçalo— foi cancelada pelo Tribunal de Contas do Estado. A justificativa é uma marca do governo Castro: suspeita de irregularidades. Entre outras, um orçamento estimado sem parâmetros e a inexistência de um cronograma financeiro.

Condenado por crimes ambientais e enquadrado na Lei da Ficha Limpa, Washington Reis, o secretário de Transportes, já havia abandonado outras prioridades: a construção do metrô de superfície na Baixada e a extensão da rodovia na mesma região. Ex-prefeito de Caxias, bolsonarista de carteirinha, Reis é investigado no caso da falsificação de dados contra a Covid-19.

Compõe uma dupla afinada com o governador que, seguindo a tradição fluminense, está ameaçado de perder o cargo por corrupção e gastos ilícitos na campanha de 2022. Na hora de defender-se, Castro esbanja loquacidade. Vai pedir a André Mendonça, ministro do STF, rapidez no julgamento do habeas corpus contra as investigações que o miram no STJ. Imagine se a expansão do metrô tivesse a mesma devoção –a de salvar a própria pele.

 

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