Folha de S. Paulo
Governador usa conversa mole contra tradição
da prisão
Praticamente toda custeada pelo usuário, na
contramão do que se faz em outras capitais do país e nas principais cidades do
mundo, a passagem de metrô no Rio é a mais cara do Brasil –R$ 7,50. Em
comparação ao de São Paulo, que tem 104,4 km de extensão, o sistema está
estagnado. Tão cedo não passará dos 54,4 km.
Obra que deveria ter sido entregue como legado das Olimpíadas de 2016, a estação da Gávea é uma lenda urbana. Sua construção está paralisada há dez anos. Virou um buraco entupido com 36 milhões de litros d’água. O possível afundamento do terreno embaixo do estacionamento da PUC poderá causar uma tragédia.
Promessa de Cláudio
Castro, a licitação da linha 3 —faraônico projeto saindo da praça
15, no Rio, em direção à praça Arariboia, em Niterói, passando sob as águas da
baía de Guanabara e alcançando o município de São Gonçalo— foi cancelada pelo
Tribunal de Contas do Estado. A justificativa é uma marca do governo Castro:
suspeita de irregularidades. Entre outras, um orçamento estimado sem parâmetros
e a inexistência de um cronograma financeiro.
Condenado por crimes ambientais e enquadrado
na Lei da Ficha Limpa, Washington Reis, o secretário de Transportes, já havia
abandonado outras prioridades: a construção do metrô de superfície na Baixada e
a extensão da rodovia na mesma região. Ex-prefeito de Caxias, bolsonarista de
carteirinha, Reis é investigado no caso da falsificação de dados contra a
Covid-19.
Compõe uma dupla afinada com o governador
que, seguindo a tradição fluminense, está ameaçado de perder o cargo por
corrupção e gastos ilícitos na campanha de 2022. Na hora de defender-se, Castro
esbanja loquacidade. Vai pedir a André Mendonça, ministro do STF, rapidez no
julgamento do habeas corpus contra as investigações que o miram no STJ. Imagine
se a expansão do metrô tivesse a mesma devoção –a de salvar a própria pele.
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