Folha de S. Paulo
A lama da campanha de São Paulo é a parte
mais visível de um todo deteriorado
O lamaçal que assola a disputa
eleitoral em São Paulo à
parte, mas ele incluído como símbolo do fenômeno de que falaremos a seguir,
nosso ambiente político sofre acelerado
processo de degradação e não é de hoje.
Há pelo menos uns 20 anos o nível dos meios e
modos na política vem baixando de modo permanente. Uma maravilha nunca foi, mas
havia qualidade em meio a nichos de desqualificação nos partidos e no
Congresso.
Tanto que a Constituição que nos rege, lembremos, foi elaborada, votada e aprovada por senadores e deputados há 36 anos. Em legislatura anterior, senadores e deputados rejeitaram o candidato à Presidência da ditadura e, antes disso, fizeram a Lei da Anistia. Imperfeita? Era o possível à época.
A transição do regime autoritário para o
Estado de Direito foi fruto da política, atividade sem a qual não se tem um
país democrático. Portanto, a navegação em ondas de sentimentos antipolítica
corresponde ao embarque no barco do autoritarismo.
Personagens que encarnavam esse figurino
faziam sucesso pontual, mas acabavam sendo expelidos ou extintos por inanição.
O que temos hoje é um cenário onde a exceção está em via de se tornar quase
numa regra de mau espetáculo. Assusta, embora não surpreenda, ver o circo
mambembe exibido nos debates da eleição municipal da maior cidade do país. Se
essa canoa virou foi porque deixaram ela virar.
E nisso a culpa é coletiva: dos partidos em
sua distorção de critérios para escolha de candidatos, do eleitorado em seu
apreço pelo baixo entretenimento, dos políticos mais qualificados que se deixam
levar e aderem ao deboche, mas também dos organizadores dos encontros em sua
busca por audiência.
As cenas de ofensas e agressões se repetem no
Parlamento, onde hoje não é mais fato raro reuniões de comissões e até sessões
em plenário se
transformarem em tablados de vale-tudo enquanto nos bastidores
se administram balcões de negócios. Já disse e repito: não foi sempre assim.
Em nome da saúde da democracia urge que a
política entre em processo de reabilitação, antes da degradação total.
Concordo em g,n e g.
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