O Estado de S. Paulo
Em tempos como estes é melhor não reagir impulsivamente a cada nova informação ou oscilação do mercado
Realizar previsões econômicas é sempre
difícil, mesmo para os especialistas. Afinal, são muitas variáveis sociais, de
mercado, monetárias, de preços, juros, câmbio, entre outras que interagem entre
si. No entanto, tentar ter uma perspectiva sobre o futuro é algo importante
para os investimentos. Os investidores sempre querem ter uma visão clara do que
está à frente, caso contrário mais risco é associado aos investimentos e mais
difícil é saber o que fazer com o dinheiro.
Nestes últimos tempos, a exemplo de outros períodos, os sinais da economia estão mais difusos. Temos vários indicadores positivos ao mesmo tempo que outros tantos negativos. As ações no mercado brasileiro chegaram a bater recordes históricos neste ano, mas no acumulado do ano o ganho do Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, foi de somente 1,44%. Nesta semana tivemos a excelente notícia de que o PIB cresceu 1,4% no segundo trimestre, o que levou as projeções de crescimento da economia para perto de 3%, embora não tenhamos certeza de que este crescimento seja sustentável. Alguns analistas acham que é mais um voo de galinha.
Mesmo assim, aumentou a pressão sobre o Banco
Central em relação a taxa básica de juros. O dólar subiu mais de 15% neste ano,
mas o Boletim Focus traz a expectativa de dólar ao final do ano em R$ 5,20.
A leitura do cenário internacional também não
está nada fácil. O Fed, o banco central americano, tem mantido a maior taxa de
juros dos últimos 20 anos, mas deve baixá-la um pouco ainda neste mês. E está
sendo afastada a possibilidade de recessão daquele mercado. Mas, há muitas
incertezas trazidas pelas guerras, e as eleições presidenciais americanas
ajudam a conturbar o cenário. Com tantos riscos geopolíticos e financeiros, a
Goldman Sachs recomendou nesta semana que os investidores devem “ir para o ouro”.
Embora nos últimos dez anos o preço do metal
tenha subido quase 100%, e no acumulado deste ano 22%, os analistas acreditam
que há espaço para uma alta de preços ainda maior. E o que faz o investidor
comum que somente quer manter suas aplicações com alguma rentabilidade?
Deve seguir a velha expressão de mercado:
“melhor ficar burro”. É mais sábio permanecer “ignorante” do que se atrapalhar
com notícias, análises ou decisões que podem gerar mais confusão em momentos de
volatilidade. Em tempos como estes é melhor não reagir impulsivamente a cada
nova informação ou oscilação do mercado. E sim manter uma estratégia passiva e
disciplinada, sem se deixar levar pela emoção e pelas flutuações de curto
prazo. É sempre importante ter paciência e seguir uma abordagem consistente e
fundamentada.
Muito bem escrito, mas o autor poderia deixar mais claro que os interesses do mercado financeiro (e seus "investidores" - ou especuladores) frequentemente NÃO são os mesmos da população em geral e nem do Governo.
ResponderExcluirMuito bom.
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