O Globo
É espantoso que Marçal ainda tenha algo como
20% das intenções de voto depois de meses de seu show de horrores diário
A elite paulistana é a grande responsável
pelo prolongamento da brincadeira de mau gosto chamada Pablo Marçal. O mercado
financeiro, sempre tão agudo ao cobrar do governo federal responsabilidade com
os gastos públicos e o necessário ajuste fiscal, caiu de amores por um
arruaceiro surgido do nada, sem nenhum compromisso com a viabilidade (fiscal,
técnica ou legal) de suas ideias estapafúrdias.
O povo do colete de náilon de gominhos com camisa social e sapatênis — combinação que já denota o misto de autoconfiança excessiva com falta de noção — se apaixonou pelo forasteiro que caiu de teleférico no principal centro econômico do Brasil, com o único intuito de se autopromover, de olho nos próprios (e obscuros) negócios e nas eleições presidenciais.
O reconhecimento costuma ser um combustível forte para explicar essas ondas de intenção de voto. Se, ao se olhar no espelho, a elite paulistana enxerga Marçal, isso mostra um profundo e preocupante descompromisso com as reais e urgentes necessidades de uma cidade desigual, que condena em diferentes medidas todos, dos mais pobres aos mais ricos, a uma rotina de provações do momento em que se acorda à hora em que se consegue dormir.
Transformar a escolha do prefeito — aquele
que tem a função primordial de resolver problemas do dia a dia que levam a
cidade a ser essa eterna gincana contra os perrengues — num campeonato de
bizarrices foi a armadilha em que Marçal obteve o sucesso, até aqui, de enredar
a todos os que integram o tal “sistema”: partidos, adversários, Justiça
Eleitoral, imprensa e eleitores, tanto os que brincam à beira do abismo fazendo
a letra M com a mão quanto os outros, que correm o risco de ver seu destino
entregue a alguém que não esconde o desprezo profundo pelos assuntos que dizem
respeito à vida do paulistano.
Que Marçal ainda tenha algo como 20% das
intenções de voto depois do show de horrores diário a que vem submetendo a
campanha eleitoral é espantoso — e uma vergonha para os paulistanos. E, aí, é o
caso de chamar a elite da cidade à responsabilidade.
Não é possível querer encher a boca com o
lema non ducor, duco, que os paulistanos adoram emprestar do brasão da cidade
para se arvorarem em comandantes das grandes decisões nacionais, e continuar
dando corda para Marçal dançar.
É evidente a contaminação rápida da política
em todo o país pelos métodos de rebaixamento do debate promovido pelo candidato
que usa um partido de aluguel, o PRTB, para alcançar seus fins. Pablos com
menos seguidores dispostos a bater palma proliferam.
Promotores de debates noutras capitais
condicionam as regras dos debates fora de São Paulo à necessidade de tentar
domar alguém que se recusa a cumprir regras com que se comprometeu. Esse
cenário é inaceitável e aponta para uma desertificação da disputa de 2026 tão
galopante quanto a que ameaça os biomas que queimam em incêndios descontrolados
do Norte ao Centro-Oeste. E, assim como em relação às mudanças climáticas,
nossas instituições de governança vão se mostrando alheias ou incapazes de
apresentar ferramentas eficientes de combate.
Lula, que tratou de dar voltas e trazer bodes
à sala na abertura da Assembleia Geral da ONU, para tentar transformar a crise
das queimadas em nota de rodapé no discurso, vai ignorando de forma bastante
inconsequente a depredação que Marçal promove em seu berço político.
Depois não poderá reclamar quando, em 7 de
outubro, assistir ao ex-coach voltar sua artilharia para Brasília, talvez a
bordo do convite para embarcar em algum partido maior, com mais estrutura e
nenhum compromisso com a democracia — a lista de siglas candidatas a ser
incubadora desse projeto é vasta, algumas delas com assento na Esplanada dos
Ministérios.
A hora de reagir e fincar barricadas em
defesa da democracia é agora, e não depois que tudo queimar sob os métodos de
alguém que ainda não chegou ao limite do que está disposto a fazer.
A colunista descobriu que a xucrice não é condição apenas de uma parcela da elite econômica, social e política do interior do país, mas também está enraizada em setores da elite paulistana, daqui mesmo.
ResponderExcluirNão sei se foi em São Paulo, mas lembrei-me do caso da celebração de metade do curso ( sic ) dos """ formandos """ em medicina de certa universidade privada. A mais pura demonstração de ostentação barata e do que é ser jeca, bronco e fútil em grande estilo. Sinal dos tempos.
😏😏😏
Texto brilhante! É espantoso "que Marçal ainda tenha algo como 20% das intenções de voto depois do show de horrores diário a que vem submetendo a campanha eleitoral — e uma vergonha para os paulistanos."
ResponderExcluirRealmente, e, como a colunista concluiu, o canalha "ainda não chegou ao limite do que está disposto a fazer"!!
Interessante, já pensou as pessoas se olharem no espelho e ver o Guilherme Boulos, eu acho mais preocupante ainda, esse candidato Cresceu politicamente estimulando os pobres e Inocentes a invadirem a propriedade privada alheia , e foi preso três vezes por baderna e incitação à violência
ResponderExcluirÉ esse o candidato que a Vera e os jornalistas de esquerda e contando com apoio de Lula querem na prefeitura de São Paulo, por isso que atacam tanto Marçal ele revelou a farsa dos candidatos que fizeram um teatro pra enganar eleitor paulista
São todos de esquerda todos maculados num grande acordo , o Pablo Marçal bagunçou o coreto geral, e vai ganhar a eleição
Ele não tem 20 por cento não, hoje ele já tem mais de 30 por cento das intenções de voto , só que mais uma vez está sendo escondido Do público, e que na hora dá apuração dos votos , mais uma vez vai se revelar o quanto é falsa essas pesquisas da data folha que todo ano faz essa manipulação de dados e quer que todo mundo esqueça
Você não faz nenhum comentário sobre Boulos?
ResponderExcluirA ''elite'' econômica e política no Brasil é um...
ResponderExcluirElite quer dizer os melhores,por isso foi entre aspas.
ResponderExcluir