Folha de S. Paulo
Depois de receber mais de R$ 21 milhões,
laboratório investigado tem aspecto de muquifo
Responsável por mais de 50 unidades de saúde
—entre as quais o laboratório Saleme,
investigado por erros em laudos que fizeram com que órgãos contaminados com o
vírus HIV fossem transplantados em seis pacientes—, a Fundação Rio cresceu após
um escândalo de corrupção. Uma corrupção sem fim que arruína a saúde pública no
país, fatiada e privatizada, permitindo que grupos de criminosos metam a mão no
dinheiro destinado a salvar vidas.
Criada em 2007 como alternativa para contratar profissionais e comprar insumos de forma rápida, a fundação ganhou status de supersecretaria a partir de 2020, durante a pandemia de Covid.
Denúncias de irregularidades na construção de
hospitais de campanha pela OS Iabas levaram ao impeachment do governador Wilson
Witzel. Foi um processo relâmpago, que encerrou a carreira política de quem
havia sido eleito na onda bolsonarista e, em pouco tempo, mudou de lado,
virando um perigoso desafeto do ex-presidente, com poder para influir nas
investigações sobre o esquema de rachadinha do filho 01.
Após o afastamento de Witzel, uma lei obrigou
o Estado a assumir as unidades de saúde administradas por OSs. A Fundação Saúde
inchou. Como mostraram os repórteres Luiz Ernesto Magalhães e Rafael Soares, as
contratações consideradas emergenciais, que deveriam ser exceção, tornaram-se
regra. A soma dos valores de contratos assinados sem licitação neste ano é três
vezes maior do que a de pregões eletrônicos.
O governo Cláudio
Castro repassou ao Saleme mais de R$ 21 milhões. O laboratório,
em Nova Iguaçu, tem aspecto de muquifo. Fiscais encontraram no local 39
anormalidades, desde insetos a falta de documentação. No entanto, dias antes de
ser interditado pela Vigilância Sanitária, uma vistoria feita pelo Instituto
Estadual de Cardiologia havia aprovado o funcionamento da unidade.
Nova Iguaçu é o reduto eleitoral do deputado
Doutor Luizinho, ex-secretário estadual da Saúde que ainda manda na pasta. A
irmã dele era diretora da Fundação Rio; um primo é sócio do Saleme. Tosco, o
líder do Progressistas na Câmara perguntou: "Se um parente meu matar
alguém, eu sou o culpado?".
A população referenda.nas urnas parasitas como este.
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