Valor Econômico
Abstenção tende a ser mais alta entre eleitores mais propensos a votar em Nunes do que entre os mais inclinados para Boulos
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) mantém
o favoritismo para
se reeleger,
apesar do extenso e longo apagão que
se abateu sobre São Paulo depois de um rápido temporal na última sexta-feira
(11). A pesquisa Quaest divulgada
nessa quarta-feira (16) pela Globonews atesta isso, ainda que com margem
inferior à registrada na quinta passada pelo Datafolha.
O prefeito marcou 45%, dez pontos percentuais a menos, enquanto Guilherme Boulos (Psol) registrou 33% em um e em outro. O ponto de contato entre os dois levantamentos é o resultado na pesquisa espontânea, sem a apresentação prévia dos nomes, uma situação mais próxima a que existe no momento do voto.
Por esta abordagem Nunes ficou com 38% e
Boulos com 28%. No Datafolha o emedebista tinha marcado 41% e Boulos 29%. Não
convém comparar pesquisas de institutos diferentes com metodologias diferentes,
mas se há um ponto em que a comparação é defensável é exatamente na pesquisa
espontânea, porque tende a ser mais independente de sutilezas de questionário.
O levantamento da Quaest inovou ao tentar
captar o que se chama nos Estados Unidos de "likely voter", ou seja,
identificar o eleitor que efetivamente pretende votar daquele que não fará
isso. O voto no Brasil é obrigatório, mas nada menos que 27% do eleitorado
paulista não apareceu para votar no último dia 6.
Normalmente, a abstenção cresce entre o
primeiro e o segundo turno, e essa tendência pode ser maior em São Paulo, dada
à grande fragmentação do quadro eleitoral no primeiro turno. Quando se
considera votos totais, estamos falando de um segundo turno disputado por um
candidato que obteve 19,3% contra outro que conseguiu 19,1%. Nos votos válidos, como se sabe,
Nunes ficou com 29,5% e Boulos com 29,1%.
A Quaest fez uma categorização nova,
separando os 66% do eleitorado já fortemente inclinado a votar em Nunes ou em
Boulos dos 34% que estão em disputa. Esses 34% foram divididos em dois blocos:
os desmotivados a
irem votar (20%) e os motivados (14%).
Dentro do universo dos desmotivados, 27% disseram preferir Nunes e 8% preferir
Boulos. Dentro do eleitorado em disputa que está motivado a ir votar, 41% se
inclinam por Nunes e 40% por Boulos. A conclusão que
se pode tirar é que a abstenção tende a ser mais alta entre eleitores mais
propensos a votar em Nunes do que entre os mais inclinados para Boulos.
Essa mesma leitura também é possível ser
feita em relação ao Datafolha. Há uma queda de 14 pontos percentuais para Nunes
entre o declarado na estimulada e o afirmado na espontânea. Em relação a
Boulos, essa diferença é de apenas 4 pontos percentuais. Os eleitores de Boulos
são em menor número, mas são mais convictos.
O que as duas pesquisas indicam é que quanto menor o índice de comparecimento no segundo turno, menor deve ser a diferença entre Nunes e Boulos. E o motivo é bastante simples: os eleitores de Pablo Marçal, o terceiro colocado, definitivamente não cogitam optar por Boulos. Ou marcam Nunes, ou não aparecem para votar.
O cenário mais favorável para Nunes do que
para Boulos independe da polêmica levantada pela campanha do candidato do Psol
em relação à pesquisa Datafolha da semana passada. O Psol ingressou com ação
contra o Datafolha, alegando que o instituto fez uma ponderação dos resultados
colhidos no campo usando uma metodologia que não havia sido expressamente
mencionada no momento do registro do levantamento.
O Datafolha usou como critério para fazer a
ponderação os resultados do primeiro turno. Alegou que não seria possível
aferir migração de voto dos candidatos derrotados no último dia 6 sem usar essa
variável. Como na coleta de entrevistas a quantidade de abordados que
declararam voto em Pablo Marçal era muito menor do que a efetivamente
registrada nas urnas, calibraram para cima esse contingente na montagem do
resultado final.
Não se trata de um comportamento absurdo por parte do eleitor. Especialistas em pesquisas já comprovaram que existe uma espécie de voto envergonhado pretérito. Quem votou em candidato perdedor se sente constrangido em dizê-lo e este constrangimento aumenta com o passar do tempo. Marçal teve 19% dos votos totais e 28% dos votos válidos. Segundo a Quaest, 74% de seus eleitores dizem preferir Nunes e 13% optam por Boulos.
Uma campanha no segundo turno tende a ser um
duelo de rejeições e
a de Boulos é bem maior que a de Nunes, o que confere ao emedebista um
favoritismo natural. O que o apagão de sexta pode
ter feito foi mudar a dinâmica da campanha. Pela primeira vez desde o início do
processo eleitoral o que está no centro da discussão é a qualidade da gestão de
Nunes em uma situação de crise e não a imagem de seus adversários.
Eleição que muda de agenda deixa de estar resolvida. Nunes ainda é favorito,
mas uma reversão deixou o terreno do praticamente impossível pelo do
improvável.
Quanta boa vontade com o candidato da extrema esquerda Guilherme Boulos
ResponderExcluirComo falou o jornalista nessa coluna” de baderneiro a candidato moderado “ o candidato do PSOL está sendo Graciosamente Considerado pela mídia
A rejeição de quase 60 por cento desse candidato mostra que o paulista rejeita a esquerda