quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Esquerda esqueceu arte de mudar de assunto - Rui Tavares

Folha de S. Paulo

Concentrar campanha na verdade indesmentível de que Trump é horrível não deixa de ser fazer dele o centro da conversa

Sim, foi um circo de horrores o comício de Donald Trump e dos seus aliados no Madison Square Garden, em Nova York. Sim, o racismo, a misoginia e até o fascismo descarado dos discursos é demasiado escandaloso para não merecer resposta. E sim, é possível que alguns dos comentários que ali foram feitos prejudiquem a campanha do republicano a poucos dias das eleições. É compreensível que os democratas cedam à tentação de fazer disso o assunto da campanha na reta final.

Pergunto-me, porém, se foi devidamente levado em conta que concentrar a campanha na verdade indesmentível de que Trump é horrível não deixa de ser, apesar de tudo, fazer de Trump o centro da conversa.

E se há razão para essa eleição estar muito mais difícil para Kamala Harris do que precisaria é que a sua campanha não conseguiu segurar e prolongar o tema da alegria e da novidade que fugazmente foi o seu após a convenção do Partido Democrata em agosto.

Durante algum tempo, a história desta eleição foi como Kamala, substituindo Joe Biden numa reviravolta inesperada, seria ao mesmo tempo uma novidade e um fator de segurança. Mas demorou pouco tempo até a política americana voltar aonde tem estado desde 2016: a discutir como Trump é péssimo e, por consequência, a discutir Trump.

Bastou Trump ir fazendo o que faz melhor —ser escandaloso, ofensivo, mentiroso e boçal— para monopolizar as atenções. E isso faz com que a política se resuma a uma dialética recessiva entre aqueles que querem parar Trump e os que antecipam o prazer de eleger Trump e deixar os primeiros furiosos.

Qual é a alternativa? Bem, mudar de assunto também vale. Eu bem sei que esta não é uma tese com muitos pergaminhos. Na sua maioria, os progressistas resistem a aceitá-la porque lhes parece que deveria ser possível ganhar todos os temas e todos os argumentos avançados pela direita.

Mas, se me permitem lembrá-los, o tempo é escasso. E enquanto os progressistas tentam galhardamente rebater os temas e argumentos introduzidos pela extrema direita, no momento e do jeito que a extrema direita decidiu introduzi-lo, esse é um tempo desperdiçado em que a esquerda não faz avançar os seus próprios temas e argumentos.

Não só o tempo é escasso, como a atenção é ainda mais escassa. As transformações estruturais da esfera pública dos últimos anos, com as redes sociais e os ciclos noticiosos curtos, fazem com que o terreno de jogo esteja inclinado a desfavor de quem queira responder a pânicos morais com dados, racionalidade e nuance.

O mundo não é uma banca de doutorado, e eu ainda não perdi a esperança de que os progressistas um dia entendam: cada minuto a mais passado a discutir como o outro lado é horrível é um minuto a menos passado a explicar como vamos subir salários, construir casas e educar jovens.

Reagir perante os dislates do outro lado é tentador e por vezes até permite ganhar batalhas. Mas em geral tem servido apenas para perder a guerra contra o populismo nacionalista.

 

2 comentários:

  1. O problema não é o Trump para os democratas e sim a sua candidata Kamala Harris , completamente despreparada, chegando até ser destrambelhada quando o assunto é falar de improviso
    Quando ela se arrisca falar sem ler no teleponto é um desastre , Isso é que está fazendo ela perder votos dia a dia
    O povo percebeu que ela é uma ficção Uma candidata criada Artificialmente para substituir o senil e demente Joe Biden
    O seu legado real é que como responsável pela fronteira sul dos Estados Unidos , aonde fez política de portas abertas escancaradas quando 6 milhões de imigrantes ilegais entraram com milhares de criminosos aproveitando a oportunidade Para se introduzir no solo americano
    Todos os sinais Indicam a vitória do Trump pra desespero do comitê eleitoral democrata
    A vitória do Trump repercutirá de forma decisiva aqui no Brasil
    Já está comprovado a mão do tio Sam Ajudando a eleição do Lula
    Os nossos militares foram coagidos a não reagirem a fraude eleitoral Pelo Departamento de Estado e Cia que vieram pessoalmente reunir com os generais superiores brasileiros
    Agora a coisa toda vai mudar o pau que deu em Chico vai dar em Francisco
    O jornalistas militante de esquerda estão Caladinho evita o máximo comentar o assunto porque inclusive pode entrar na lista vermelha dos traidores brasileiros que estão incluídos os ministros do STF Que deram um golpe em nossa Constituição sequestrando a nossa nação

    ResponderExcluir
  2. O papagaio bolsonarista acima mentiu, papagaiou, repetiu as mesmas lorotas de sempre, e não conseguiu nem de longe desmentir o PRIMEIRO parágrafo do artigo.

    ResponderExcluir