Folha de S. Paulo
O problema é que, até outro dia, Lula jurava
que era possível ter uma conversa limpa com o ditador
O governo de Nicolás
Maduro atualizou sua lista de inimigos do regime, lacaios da
Casa Branca e operadores de uma conspiração contra a Venezuela.
Agora, esse rol nada seleto inclui o brasileiro Celso Amorim. A chancelaria de
Maduro emitiu uma
nota em que chama o assessor de Lula de
"mensageiro do imperialismo norte-americano".
Os delírios da ditadura são um recibo em papel passado da mágoa com o governo brasileiro pelo veto à entrada da Venezuela no Brics. Maduro não queria apenas a carteirinha de sócio de um clube frequentado por países influentes. Ele procurava uma credencial para romper o isolamento e lustrar a fraude que comandou para permanecer no poder.
O Brasil frustrou esse plano. Antes da cúpula
do Brics, Lula teve uma longa conversa com o chanceler Mauro Vieira.
Com a participação no evento cancelada por orientação médica, o presidente
instruiu o ministro a seguir adiante com o veto. O martelo havia sido batido na
semana anterior, mas o petista não seria mais o portador da notícia.
Maduro sabe que a ordem partiu de Lula. O
regime, no entanto, preferiu direcionar suas últimas críticas a Amorim, um
operador que liderou a reação do governo brasileiro à fraude na Venezuela de
forma cautelosa e, em larga medida, até constrangida. O ditador ainda parece
acreditar que a pressão fará Lula acordar um belo dia para ver que está cercado
por ianques infiltrados.
Até aqui, o que se tem é o contrário. O
episódio alinha as posições de Amorim (que passou a falar em "quebra de
confiança" na relação com Maduro), do Itamaraty (que
sempre defendeu uma postura menos concessiva) e do presidente (que topou a
jogada do veto à Venezuela no Brics). O ataque do regime, com tintas
conspiratórias, é um presente adicional para Lula.
Diplomatas enxergam a atitude do presidente e
o tom usado pelo regime como uma oportunidade para Lula envergar credenciais
democráticas e reduzir a humilhação imposta pelo ditador. Melhor assim. O
problema é que Maduro sempre foi desse jeito, e, até outro dia,
o petista e seus aliados juravam que seria possível ter uma conversa limpa com
o venezuelano.
Ser criticado por ditador é uma benção!
ResponderExcluirComo dizem, Lula queria jogar xadrez com o pombo Maduro...
ResponderExcluirNas eleições venezuelanas, a narrativa da extrema imprensa era classificar Maduro como extrema direita, como não colou, agora a narrativa vai ser que Maduro rompeu relações com Lula, sabemos que é mentira, mas nas próximas eleições, se não for Bolsonaro quem vai disputar com Lula, essa relação de Lula com Maduro vai tirar alguns milhões de votos do molusco, e como nas duas últimas eleições que o PT ganhou a presidência foi por poucos 1000 votos, essa perda de eleitorado vai fazer a diferença a favor do adversário de Lula, e isso já provoca desespero na extrema imprensa que não vive sem o PIX do planalto......
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