Folha de S. Paulo
É o que Ricardo Nunes pode ganhar de seus
eleitores vendedores de cachorro-quente
Num dos 150 debates de que participaram nas
últimas semanas, Ricardo Nunes acusou Guilherme
Boulos de não poder ser prefeito de São Paulo por
não ter condições de administrar "nem um carrinho de
cachorro-quente". Ao denunciar a suposta incapacidade administrativa de
Boulos, Nunes se traiu e revelou sua opinião sobre os carrinhos de
cachorro-quente —para ele, a forma mais baixa, desprezível e reles de comércio.
Por que Ricardo Nunes despreza os honestos carrinhos de cachorro-quente? Será que não vê nenhum valor na arte de botar a salsicha para ferver, calcular o ponto exato do cozimento, abrir um pão ao meio, depositar nele a salsicha e escoltá-la com o molho, adrede preparado, de cebola, tomate e pimentão? O que Nunes sabe de picar ingredientes de modo a que adquiram o equilíbrio que irá determinar o seu sabor? E se o cliente também quiser mostarda? Como tratar a salada para harmonizá-la com a mostarda e a meiga textura da salsicha?
Tão rigoroso com a capacidade administrativa
alheia, Nunes tem sido levado aos tribunais por sua duvidosa administração de
creches, de cemitérios e até da merenda escolar como prefeito de São Paulo. A
seu favor, diga-se que ele tem administrado bem as acusações de agressão à
própria esposa —a dança de B.Os., ora confirmando, ora desmentindo a agressão,
é uma prova. E ninguém poderá acusá-lo de incréu —em seus tempos de vereador,
destacou-se pela generosa anistia a templos religiosos em situação ilegal.
Paradoxalmente, Nunes nunca exigiu um vasto
currículo administrativo de seu inspirador e estrela-guia Jair Bolsonaro quando
este se candidatou à Presidência. Pode-se argumentar que, em 30 anos de
fulgurante carreira política em Brasília, Bolsonaro não iria se rebaixar a
administrar carrinhos de cachorro-quente. E, para Nunes, talvez já bastasse o
talento de Bolsonaro para administrar rachadinhas e a subsequente compra de
imóveis com os rendimentos das ditas rachadinhas.
Se Ricardo Nunes tinha eleitores entre os
vendedores de cachorro-quente em São Paulo, não será surpresa se estes agora
lhe servirem uma banana no lugar do voto.
Quem trabalha na Câmara de São Paulo sabe bem quem colocou Ricardo Nunes lá - e para quê.
ResponderExcluirMuito bom, excelente mesmo!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirQuando li ontem, no UOL, tinha " certeza
ResponderExcluir" de que seria postado aqui hoje.
Você pode, até, não concordar com o colunista, mas que ele escreve bem pra c@&@]/@, isso ninguém pode negar.
Excelente texto !
A torcida para o Rei da rachadinha do Congresso Nacional , Guilherme bolos , Vencer a eleição é patético
ResponderExcluirO jornalismo tradicional de esquerda faz uma campanha velada porque não tem coragem de escancarar o apoio porque sabe que o cara é muito ruim
Aí criticam os outros candidatos
Marçal vai sair em primeiro lugar pro segundo turno pra espanto só de vocês
Quando jovem,adorava cachorro quente,mas a comparação é absurda,eu entendi muito bem o que o Nunes quis dizer,rs.
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