Folha de S. Paulo
Apostar apenas em índices econômicos
positivos e falar que tudo vai bem não é uma boa estratégia
As últimas pesquisas sobre a popularidade do
governo Lula 3
parecem revelar certa estabilidade positiva. Em setembro deste ano, pesquisa
realizada pela Quaest registrou que o trabalho de Lula é aprovado por 51% e
reprovado por 45%. Em outubro, o desempenho de Lula foi avaliado com 50,7% de
aprovação e 45,8% de reprovação em pesquisa da Atlas Intel, praticamente os
mesmos números medidos pelo instituto em julho.
A estabilidade é ainda maior tendo em vista um período maior de tempo. De acordo com o Instituto Datafolha, considerando a divisão da avaliação em ótimo/bom, regular e ruim/péssimo, no mês passado, 36% afirmaram que Lula está fazendo um governo ótimo ou bom, 29% avaliaram como regular e 32% como ruim ou péssimo, praticamente os mesmos índices do início do governo, em março de 2023.
Além disso, a popularidade do petista como
liderança política é muito maior em comparação com as demais figuras da
política brasileira. O atual presidente é, de longe, a liderança política com a
melhor avaliação do país hoje. Lula é aprovado por 60% da população, e
rejeitado por 39%, de acordo com a mesma pesquisa da Atlas Intel citada acima.
Para efeito de comparação, a
primeira-dama, Janja da
Silva, que aparece em segundo lugar, é aprovada por 48% e reprovada
por 40% da população. Tais índices são similares aos de Marina Silva, ministra
do Meio Ambiente, e Simone Tebet, ministra do Planejamento.
À direita do espectro político, Jair
Bolsonaro acumula uma das maiores rejeições, 57%, sendo que
apenas 42% aprovam o ex-presidente. Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas,
por sua vez, acumulam, respectivamente, 39% e 32% de aprovação, e 52% e 44% de
rejeição. O pior desempenho de todos fica com Arthur Lira (PP-AL), presidente
da Câmara dos
Deputados, com 75% de rejeição e apenas 5% de aprovação.
Ao que tudo indica, Lula e seu governo
parecem voar em céu de brigadeiro em termos de popularidade. Sobretudo em
comparação com a direita. No entanto, números estáveis e positivos hoje podem
mascarar potenciais turbulências futuras.
De acordo com a Atlas Intel, para 47% dos
brasileiros a situação da economia é ruim, apenas 33% a consideram boa. No
levantamento imediatamente anterior do instituto, 49% dos brasileiros
acreditavam que a economia iria melhorar, hoje são 41%, quase o mesmo número
que acredita que deve piorar, 39%. Não à toa, o ministro da
Fazenda, Fernando
Haddad, possui a maior rejeição entre os integrantes do governo
Lula: 47%, contra 45% de aprovação.
Em sua coluna
na Folha, publicada no dia 8 de novembro, Vinicius Torre Freire
aponta que a inflação da comida é a maior desde o início do governo. Produtos
básicos como arroz, feijão preto, óleo de soja e café tiveram altas
"ruins", como qualificou o colunista. O café, com 29%, está com o
preço mais alto em 13 anos. Além disso, alimentos como leite e carnes também
ficaram mais caros.
Entre os motivos listados estão a alta do
dólar e os problemas climáticos, cada vez mais frequentes e graves. Como bem
adverte Freire, carestia derruba a popularidade de governos. Considerando
o resultado de
Kamala Harris, apostar apenas em índices econômicos positivos e
falar que tudo vai bem não é uma boa estratégia.
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