Valor Econômico
Nos corredores da Câmara, comenta-se que movimento sugere uma aliança tática entre o Judiciário e o Executivo para fragilizar o Legislativo
A decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo
Tribunal Federal, de manter
o cabresto sobre as emendas parlamentares, tomada nesta
segunda-feira (9), não surgiu sozinha. Apareceu junto com o crescimento das
especulações sobre a abertura de espaço na Esplanada dos Ministérios para
acomodar interesses do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do
presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (PSD-MG).
Este possível movimento em pinça sugere uma
aliança tática entre o Judiciário e o Executivo para fragilizar o Congresso,
segundo se comenta nos corredores da Câmara. E essa é uma ofensiva que contou
com o efeito surpresa.
Deputados e senadores esperavam um recuo de Dino, depois que o advogado-geral da União, Jorge Messias entrou na semana passada com um pedido de reconsideração de três pontos na deliberação do ministro de condicionar a liberação do pagamento das emendas a critérios de transparência e controle e limites para seu crescimento.
Imaginavam existir um acordo entre os três
Poderes. Não havia. Coube a Dino lembrar, ao rejeitar o pedido da AGU: “Os
pactos políticos não são superiores à Constituição, cuja guarda compete a este
Supremo Tribunal.” O ministro ainda desenhou: “O STF valoriza o diálogo
institucional e a busca de soluções consensuais para as controvérsias, desde
que sem o sacrifício das normas constitucionais e legais, bem como das decisões
judiciais transitadas em julgado.” Ou seja, Dino considerou o pedido da AGU
completamente descabido. Messias não teria sido capaz de prever essa resposta?
Parlamentares acreditam em jogo duplo do Planalto.
Os rumores de reforma ministerial para
contemplar, direta ou indiretamente, os presidentes das casas legislativas,
preocupam congressistas. A pressão do plenário sobre Lira e Pacheco para
endurecerem o jogo aumentou e o clima para se votar qualquer matéria de ordem
econômica pareceu sumir na tarde dessa segunda. A interrupção da sessão da
Comissão de Constituição e Justiça que debateria o parecer do senador Eduardo
Braga (MDB-AM) que trata da regulamentação da reforma tributária foi um sinal
nessa direção.
Mas esticar a corda e não votar nada mais
este ano não é uma opção para a cúpula do Congresso. Há muitas matérias
estratégicas para as duas Casas, além da pauta prioritária do governo, que é o
pacote fiscal. Tanto é assim que a Comissão Mista de Orçamento manteve o seu
cronograma de votações, que prevê a votação da Lei Orçamentária Anual (LOA) já
nesta sexta, antes mesmo de solução para o impasse ser encaminhada. Também deve
avançar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). “Não interessa ao Congresso
ficar sem balizas para a execução do Orçamento”, comentou o deputado Danilo
Forte (União Brasil-CE).
O cenário está armado para uma repactuação em que o Legislativo consiga destravar o pagamento de emendas, mas de modo mais precário do que supunha. Foi nesse contexto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com Lira e Pacheco, momentos antes do anúncio de que uma portaria da AGU garantirá o pagamento de R$ 6,4 bilhões em emendas, segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) . A ver sob quais condições.
Todo o judiciário se locupletando, com folhas de pagamento e salários absurdos. Deputados mamando nas emendas, gestores do Executivo nas "comissões" de sempre, e o trabalhador pagando a conta com uma carga tributária exorbitante, expropriando a sua renda. A elite, suave na nave, sem pagar impostos e mamando em verbas públicas e reservas de mercado. Este é o Brasil que vai afundando em dívidas.
ResponderExcluirA "FESTA DA SELMA DA FICHA CORRIDA" podia começar logo; hoje, por exemplo...
ResponderExcluir3, 4 ou meia dúzia dos deputados federais e outros 3, 4 ou meia dúzia de senadores em cana antes do recesso dariam um tom bem mais esclarecido e propício a negociações e acordos entre Congresso e Executivo, obedecidas as determinações do STF, não acham?