Queda no IDH reflete o descaso da classe política
O Globo
Congresso tem sido incapaz de adotar programa
consistente nas áreas críticas para o desenvolvimento humano
Inspirado nas ideias do Prêmio Nobel de
Economia Amartya Sen, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado para
ampliar o entendimento sobre bem-estar. Em vez de atrelar a avaliação de um
país apenas à dimensão econômica, com ênfase no PIB per capita, o conceito
incorpora estatísticas sobre educação e
saúde. O objetivo é ambicioso: medir as condições de os cidadãos conquistarem a
capacidade e a oportunidade para ser o que quiserem ser. Os dados sobre o IDH,
divulgados anualmente pelas Nações Unidas, fornecem uma oportunidade para
políticos no Executivo e no Legislativo refletirem sobre o passado e as
prioridades para o futuro.
Os resultados de 2022, último ano do governo Jair Bolsonaro, deveriam motivar um pacto para elevar de forma significativa o desenvolvimento humano no Brasil. A meta deveria ser, no mínimo, atingir o patamar de desenvolvimento classificado como “muito alto”, já alcançado por países como Argentina, Chile e Uruguai. O Brasil, 89º colocado no ranking do IDH, está 20 posições abaixo do necessário para integrar esse grupo. Na América do Sul, ainda continua atrás de Equador e Peru e, pior, perdeu duas posições em relação ao ano anterior.