quinta-feira, 28 de março de 2024

O que a mídia pensa: Editoriais / Opiniões

Intervencionismo de Lula afugenta os investidores

O Globo

Bolsa de Valores perdeu R$ 22 bilhões neste ano, e investimento direto já sofre com incerteza

O Brasil já paga o preço das investidas do governo federal sobre PetrobrasVale e outras empresas. Declarações e atitudes do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm levado investidores estrangeiros a abandonar o mercado de capitais brasileiro, onde é predominante a transação de empresas como Vale ou Petrobras. Desde o início do ano, eles já sacaram mais de R$ 22 bilhões da B3, maior volume para o período desde 2020. Nesta semana, um dos maiores bancos americanos recomendou em relatório a venda de ações de estatais brasileiras.

É verdade que a debandada está ligada à dinâmica da economia global. Os juros ainda altos nos Estados Unidos atraem capital para o país, enquanto as dúvidas sobre o crescimento da China espalham incerteza sobre a demanda por commodities, afetando as previsões para países como o Brasil. No caso brasileiro, porém, o movimento também sofre a influência de um anabolizante: o intervencionismo do governo. A recomendação do banco americano é justificada pelo aumento dos riscos associados a ele. Há temor de efeitos negativos na gestão das companhias.

Maria Cristina Fernandes - Um jovem alienado de 1964

Valor Econômico

Como a tortura do irmão, o desemprego pós-golpe e o enquadramento na LSN fizeram o presidente Lula migrar, da torcida pelo sucesso dos militares, há 60 anos, para o engajamento na abertura política

Em 1978, Luís Eulálio de Bueno Vidigal, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Autopeças, foi até o comandante do II Exército, Dilermando Gomes Monteiro, para falar sobre a greve dos metalúrgicos. O presidente do sindicato dos peões em São Bernardo, que caíra nas graças do empresariado três anos antes ao se eleger por 98% dos votos quebrando uma tradição comunista, não deixou por menos.

“Peguei o telefone, liguei para o Dilermando e disse - eu também quero conversar. Aí eu fui lá falar com ele, porque ele tinha ouvido a versão do empresariado e eu fui mostrar a versão dos trabalhadores. Ele me tratou bem, foram quase três horas de conversa. Foi uma conversa muito interessante para mim, muito interessante”, disse o atual presidente da República a Denise Paraná (“Lula, o filho do Brasil”, editora da Fundação Perseu Abramo, 2002), 15 anos depois daquela greve.

O general havia sido mandado para São Paulo depois que o então comandante, Ednardo D’Ávila Melo, instado por Ernesto Geisel a controlar mais de perto a atuação do aparelho de repressão do DOI-Codi (Centro de Operações para a Defesa Interna do Departamento de Operações Internas), permitiu que, dois meses depois da morte do jornalista Vladimir Herzog, o operário Manoel Fiel Filho também fosse morto nas dependências do II Exército.

Dilermando foi o primeiro general com quem, aos 33 anos, Luiz Inácio da Silva, ainda sem o Lula do registro eleitoral, teve contato. O comandante havia sido incumbido pelo Alto Comando do Exército de preparar um relatório sobre as reivindicações dos grevistas. As mudanças no sindicalismo do ABC passaram a ser acompanhadas de perto por Geisel desde que o então governador, Paulo Egydio Martins, compareceu à posse do jovem sindicalista.

No seu livro de memórias (“Paulo Egydio conta”, Imprensa Oficial, 2007), o ex-governador conta o telefonema que recebeu de Geisel no dia seguinte à posse: “Paulo, o que deu na sua cabeça de ir à posse de um operário no Sindicato dos Metalúrgicos?”. Dadas as explicações, Geisel retrucou dizendo não saber que o novo dirigente havia derrotado os comunistas do sindicato, ao que Paulo Egydio respondeu: “Então peça para o pessoal da sua informação se atualizar um pouco mais a respeito do que está lhe entregando”. Foi isso que Dilermando fez ao longo de três horas com Lula.

José de Souza Martins* - Lobato no país do atraso

Valor Econômico

O escritor paulista foi educado na tradição conservadora brasileira, a mesma que concebeu e viabilizou a abolição da escravatura em 1888

Manifestações preconceituosas contra a obra e a pessoa de Monteiro Lobato mostram que o grande escritor se tornou bode expiatório da ignorância brasileira e das frustrações sociais que por meio dela se expressam.

Em matéria minuciosa em “Opera Mundi”, Duda Blumer narra debate ocorrido na Unicamp há poucas semanas, no Instituto de Estudos da Linguagem, sobre a pergunta “O IEL deve cancelar Lobato?”.

Esclareceu o diretor da instituição, professor Alan Pinheiro da Silva, que se tratava de “provocação” para suscitar uma troca de ideias em torno das implicações de um incidente lá ocorrido. Um setor do IEL, o Cedae abriga uma rica coleção de obras de arte e textos de autoria de Lobato, que lhe foram doados pela família do autor. Numa exposição dessas obras alguém rabiscara por cima do pôster: “Racista”.

Yuen Ang* - Países ricos também são corruptos

Valor Econômico

Metade dos contratos do governo para fornecimento médico durante a pandemia no Reino Unido foram para empresas geridas por amigos de políticos

“Em uma sociedade cada vez mais orientada para o desempenho, as métricas são importantes. O que medimos afeta o que fazemos”, argumentou o relatório de 2008 da Comissão sobre a Mensuração do Desempenho Econômico. “Se tivermos as métricas erradas, nos esforçaremos pelas coisas erra das.” A comissão desafiava a primazia do PIB como métrica do desenvolvimento. Mas a mesma observação aplica-se à corrupção, que é convencionalmente - e de forma enganosa - medida como um problema unidimensional.

Os índices globais de corrupção, incluindo o Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, e o Índice de Controle da Corrupção, do Banco Mundial, atribuem uma pontuação única aos países. Estas métricas mostram consistentemente que os países ricos são “muito honestos”, enquanto os países pobres são “altamente corruptos”. Por exemplo, o IPC de 2023 classifica o Reino Unido (pontuação 71) como o 20º país menos corrupto do mundo, muito mais honesto que a China (42) e o Brasil (36). A maioria dos utilizadores do IPC, incluindo imprensa, empresas e analistas, interpretam estes números como um fato.

Luiz Carlos Azedo - Amazônia deslumbra Macron; Mercosul, nem um pouco

 

Correio Braziliense

As fotos de Lula e Macron de mãos dadas, ao lado da Samaúma, a maior árvore da Amazônia, e navegando pelo Rio Guamá, em Belém, viralizaram nas redes sociais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou todo o seu poder de sedução para estreitar a parceria do Brasil com a França, mas o presidente francês, Emmanuel Macron, que se deslumbrou com a beleza e a imensidão da Amazônia, não cedeu nem um pouco na sua objeção à assinatura do acordo do Mercosul com a União Europeia, uma prioridade da política externa brasileira na parceria entre os dois países. Entretanto, as fotos de Lula e Macron de mãos dadas, ao lado da Samaúma, a maior árvore da Amazônia, na Ilha de Combu, e navegando pelo Rio Guamá, em Belém, viralizaram nas redes sociais e tiveram muita repercussão na França.

Na chegada a Belém, Lula e Macron foram à Ilha do Combu, na margem sul do Rio Guamá. O trajeto incluiu a travessia do rio e a navegação por uma área de igarapés, onde os dois líderes puderam ter contato com a Floresta Amazônica preservada. Organizada pelo Itamaraty, a programação da visita teve por objetivo mostrar ao presidente francês a complexidade da questão amazônica e as alternativas de desenvolvimento sustentável.

William Waack - Política externa sem influência

O Estado de S. Paulo

Maduro e Milei não dão muita bola para Lula

O Brasil tem tido grandes dificuldades em tomar conta e, na medida do possível, conduzir o que acontece no seu entorno imediato. Os problemas surgem pela confusão entre interesse nacional e interesse pessoal do presidente da República, e pelo desrespeito a postulados básicos de política externa.

Tanto em relação à Argentina como à Venezuela o governo agiu orientado por afinidades ou antipatias ideológicas, e está perdendo nos dois casos. Nos dois países resolveu “ajudar” forças políticas em contextos nos quais não dispõe de instrumentos efetivos de influência, na esperança de obter comportamentos “convenientes” de vizinhos.

José Serra* - Pensando nas questões fiscais

O Estado de S. Paulo

Não será apenas olhando as grandes categorias de gasto ou o número do déficit que o País alcançará a consistência nas contas públicas

A questão fiscal vem dominando o debate econômico nacional há décadas. O fiscal não era objeto de atenção até o final dos anos 70, mas quando fortes questionamentos emergiram na crise da dívida externa do início dos anos 80, o País passou a olhar para o assunto. O suporte em moeda forte requisitado ao Fundo Monetário Internacional (FMI) foi, por norma do próprio fundo, embasado num plano de ajuste do balanço de pagamentos que teve a política fiscal como pilar.

A abordagem teórica do FMI baseava-se no ajuste monetário do balanço de pagamentos, em que o desajuste das contas externas derivaria de uma absorção excessiva dos agentes internos. Como o Estado é o agente de maior expressão, avaliar as contas públicas para identificar se o governo estaria gerando demanda excessiva seria crucial para identificar a origem do desequilíbrio.

Nasceu aí a mensuração pelo conceito de Necessidades de Financiamento do Setor Público Não Financeiro (NFSP), que deu base teórica à construção do que hoje denominamos déficit ou superávit primário do setor público. Foi um esforço importante. Vale notar que o mercado financeiro e os analistas econômicos passaram a tomar os valores de déficit/superávit como elementos cruciais de análise de conjuntura e macroeconômica.

Felipe Salto* - Raio-x da arrecadação federal

O Estado de S. Paulo

Mantido o controle do gasto, Haddad continuará a ter sucesso no seu novo arcabouço fiscal, recuperando receitas deixadas sobre a mesa ao longo de décadas

O primeiro bimestre foi positivo para o balanço das contas públicas, sobretudo porque as medidas para turbinar a arrecadação estão surtindo efeito. Num próximo artigo, falarei dos bloqueios e contingenciamentos necessários neste ano. Hoje, quero me dedicar à arrecadação federal no primeiro bimestre. Vamos lá.

A receita total foi de R$ 470,7 bilhões no primeiro bimestre de 2024, o que representou um crescimento real de 9% ante o mesmo período de 2023. Descontadas as transferências a Estados e municípios, as receitas líquidas totalizaram R$ 372,2 bilhões e cresceram, por sua vez, 9,5% acima da inflação. Desempenho muito bom (haja vista que a economia está rodando a ¼ disso).

Maria Hermínia Tavares* - Que fazer do passado?

Folha de S. Paulo

Sob pressão, Brasil aplicou ao longo do tempo vários dos instrumentos do arsenal da justiça de transição

A recusa do governo federal de promover eventos pelo 60º aniversário do golpe de 1964 tem provocado um debate que gera antes calor do que luz. Gesto de pacificação dirigido aos militares, a interdição foi considerada um desastre que debilitaria a democracia brasileira. Impedir atos que avivem a memória de como começou o que viriam a ser 21 anos de ditadura seria uma chance perdida de rever o passado, uma evidência a mais da frouxidão com o que o Brasil de Brasília teria aplicado a chamada justiça de transição.

Ela diz respeito ao modo como nações que se democratizaram confrontaram o regime autoritário anterior com diferentes instrumentos: julgamentos de líderes autoritários e anistia —que não deixa de ser uma forma de reconhecer os crimes dos anos de chumbo—, comissões da verdade, expurgos de servidores da ordem anterior e reparações a suas vítimas, além de gestos simbólicos como a construção de memoriais ou novas designações de vias públicas.

Bruno Boghossian - Evitar prisão é ponto central da atuação política de Bolsonaro

Folha de S. Paulo

Sorte do ex-presidente é que ele não será julgado por desculpas esfarrapadas ou falta de lógica

Eram 20h34 do dia 12 de fevereiro quando Jair Bolsonaro divulgou um vídeo em que convocava um ato em sua defesa. Uma hora depois, o ex-presidente cruzava o portão da embaixada da Hungria, onde se abrigaria por dois dias.

A sucessão das duas cartadas é uma expressão do espírito errático de Bolsonaro, um personagem que fez da própria sobrevivência o ponto central de sua atividade política. Quatro dias depois de ter o passaporte confiscado e descobrir que a PF encontrou todas as suas digitais numa tentativa de golpe, o ex-presidente encarou sua maior aflição.

Escapar de uma ordem de prisão é a principal motivação das jogadas recentes de Bolsonaro. Ao chamar uma multidão para a avenida Paulista, o ex-presidente tentou exibir o custo do encarceramento de um líder político para constranger os tribunais. Como essa arma teria boa chance de falhar, ele aproveitou o ato para pedir a aliados uma anistia antecipada por seus crimes.

Thiago Amparo - Leite e o achismo em segurança

Folha de S. Paulo

Governador do Rio Grande do Sul sugere ideias mofadas e ineficazes

Na última terça-feira (26), Eduardo Leite (PSDB-RS) divulgou quatro propostas de governadores do Sul e do Sudeste em segurança pública.

Proposta 1: o governador defende "o fim do prende e solta" em audiências de custódia. Primeiro, não há prende e solta: a cada quatro pessoas presas, uma ainda não teve condenação (210.687 em 2022). Segundo, dificilmente presos por crimes graves e reincidentes são soltos. Mudança na lei apenas impactará quem tem direito a não estar preso. Nenhuma palavra de Leite sobre como audiências são fundamentais para endereçar casos de tortura (42 mil em seis anos de audiência) e encaminhar presos a um sistema de proteção social, evitando reincidência no crime.

Conrado Hübner Mendes* - Lula mandou esquecer, Bachelet mandou lembrar

Folha de S. Paulo

Contra negacionistas da ditadura, Chile construiu seu Museu da Memória

Michelle Bachelet se atreveu. Primeira mulher presidente da República na história do Chile, foi aconselhada a não "remoer a história" para não "dividir a sociedade" nem praticar "revanchismo". Mas decidiu construir um Museu de Memória e Direitos Humanos, inaugurado em 2010, três anos antes do aniversário de 40 anos do golpe militar.

Criticada por não apresentar "visão equilibrada" do passado, por não ser justa com "os dois lados" e esconder o "contexto" do golpe militar de Augusto Pinochet, Bachelet enfrentou negacionistas da ditadura e entregou não só um monumento de reparação coletiva por atrocidades contra a vida, mas um motor de educação democrática. Permitiu não só lembrar de tragédia histórica, mas praticar o compromisso de não repeti-la.

Em 11 de setembro de 1973, Pinochet decretou estado de sítio por "comoção interna". O dispositivo jurídico de fachada estava previsto na Constituição de 1925, artigo 72. Alegava necessidade de "prevenir e sancionar rigorosamente e com a maior celeridade os delitos que atentam contra a segurança interna".

Vinicius Torres Freire - O dinheiro da educação em um Brasil com cada vez menos crianças

Folha de S. Paulo

'Juros por Educação' leva mais dinheiro a escolas, mas gasto não vai ao lugar certo

Entre 2003 e 2005, nasciam em média 3,36 milhões de crianças por ano no Brasil. Em 2022, foram 2,56 milhões, segundo a pesquisa Estatísticas do Registro Civil, do IBGE, divulgada nesta quarta-feira (27). São menos 740 mil bebês.

Essas crianças deveriam ter entrado em algum tipo de escola infantil neste ano de 2024. Nem todas, aliás. A nossa indiferença feroz deixa morrer um monte de crianças por motivos cruelmente estúpidos e evitáveis. Em 2022, morreram mais de 33 mil crianças de até 4 anos de idade.

Quase certamente, muitos daqueles bebês de 2022 não estão em algum tipo de instituição educativa. Em 2023, mais de 41% das crianças de 2 e 3 anos estavam fora da escola. Mais precisamente, a taxa de escolarização era de 58,5%, segundo a Pnad Educação, outra pesquisa do IBGE. Das crianças de 0 a 3 anos que estavam sem escola ou similar, como uma creche, quase 31% não encontraram vaga.

Merval Pereira - Poderes em disputa

O Globo

A Câmara dos Deputados adia a análise da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão à espera de entender para que lado o vento sopra

Vivemos uma situação esdrúxula, em que os Poderes se digladiam para marcar posição, interferindo em processos delicados como o do assassinato da vereadora Marielle Franco. A Câmara dos Deputados adia a análise da prisão do deputado federal Chiquinho Brazão à espera de entender para que lado o vento sopra, torcendo para que dados novos possam dar elementos para contestar as acusações do relatório do Supremo Tribunal Federal (STF) — leia-se Alexandre de Moraes — baseado nas investigações da Polícia Federal, com poucas provas e muitas ilações e indícios.

Os deputados federais estão ansiosos para demarcar território diante do Supremo, ainda mais agora que a pesquisa de opinião do Datafolha mostrou uma melhoria na avaliação do trabalho dos parlamentares. Estão convencidos de que o enfrentamento com o Supremo os beneficia. Ao mesmo tempo, temem aparecer diante da opinião pública como defensores de milicianos e assassinos de aluguel.

Malu Gaspar - As pistas de Marielle

O Globo

Se não há dúvida de que a prisão dos mandantes do assassinato de Marielle Franco escancarou a contaminação do aparato estatal no Rio de Janeiro pelo crime organizado, também é verdade que só o crime ter sido solucionado já é um fato totalmente atípico.

Levantamento do GLOBO no ano passado a partir de dados públicos, registros jornalísticos e de centros de pesquisa mostra que o crime organizado é suspeito de ter executado 43 políticos no Rio nos últimos 20 anos. Noutro trabalho publicado na mesma época, a cientista política Mariana Carvalho, da Universidade Brown, cruzou dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com os do Datasus e concluiu que o Rio é o local onde mais se matam políticos no Brasil: 2,6 mortes por grupo de mil políticos.

Cora Rónai - Faltam ratoeiras

O Globo

Sim, foi um belo trabalho descobrir quem matou Marielle e, em tese, quem mandou matar. Mas eu, você e até as pedras da rua sabemos que ainda há perguntas sem resposta

Quando o primeiro samba de sucesso foi gravado em 1917, todo mundo achou a letra muito engraçadinha: “O chefe da polícia pelo telefone manda me avisar/ Que na Carioca tem uma roleta para se jogar...”

Bons tempos aqueles, em que o chefe da polícia era um simples contraventor — e bons tempos aqueles em que a gente ainda conseguia achar graça na “informalidade” do Rio, naquele espírito anárquico de balneário que parecia ao mesmo tempo malandro e inocente, tão cativante na sua malemolência.

Míriam Leitão - Nísia no meio de crise e epidemia

O Globo

A ministra Nísia enfrenta crises e epidemia e preconceito contra a mulher, mas diz que o governo tem dado respostas e recupera a saúde

O Brasil comprou todo o estoque de vacina da dengue de laboratório japonês, que tem capacidade limitada de produção. No futuro, haverá a vacina que está sendo desenvolvida pelo Butantã. E a Fiocruz poderá vir a se associar para produzir a Qdenga no Brasil. Não é verdade que morreram mais Yanomami no atual governo do que no anterior. Já está em curso o trabalho de recuperação dos hospitais federais no Rio. São respostas da ministra da Saúde, Nísia Trindade, a algumas das várias perguntas que recaem sobre a sua administração.

Em entrevista que me concedeu na GloboNews, a ministra explicou os problemas que tem enfrentado nas áreas da saúde e da política. O país vive uma epidemia de dengue com mais de dois milhões de casos, e muita subnotificação. O governo tem feito campanhas, mas a vacinação cobre apenas uma pequena faixa etária de 10 a 14 anos, que é o grupo mais vulnerável.

Guga Chacra - Críticas a Israel X antissemitismo

O Globo

Há diferenças entre criticar Israel e pregar sua destruição, assim como há distinção entre criticar apenas o Estado judeu e defender a causa palestina; entenda a diferença entre esses quatro pontos

Criticar Israel não pode ser classificado como antissemitismo. Defender a causa palestina de ter direito a um Estado tampouco é antissemita. Mas pregar a destruição de Israel é, sim, antissemitismo, assim como apenas criticar Israel também deve ser visto como uma postura antissemita. São quatro pontos distintos e vale se aprofundar em cada um deles.

Crítico de Israel: Qualquer pessoa deve ter o direito de criticar qualquer país independentemente da nacionalidade e de quem governa a nação criticada. Condenar a invasão dos EUA ao Iraque não torna ninguém antiamericano, até porque muitos dos críticos eram justamente cidadãos que vivem em Nova York, Washington e São Francisco. Assim como o leitor não pode ser descrito como anti-Rússia por se opor à invasão russa da Ucrânia. Portanto não é antissemita, ou mesmo anti-Israel, criticar ações militares israelenses na Faixa de Gaza e a ocupação ilegal da Cisjordânia. Aliás, há setores da sociedade em Israel que historicamente são contrários à presença de assentamentos nos territórios palestinos.