Por Samuel Lima / O Globo
Jorge Messias diz que Tarcísio, Ratinho Jr. e
Caiado 'fingem ignorar' que responsabilidade sobre as sanções econômicas é da
família Bolsonaro
São Paulo - O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, foi às redes sociais defender as negociações do governo Lula e rebater as críticas de governadores de direita sobre o tarifaço anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, a produtos brasileiros. Segundo ele, os possíveis adversários do petista nas urnas "fingem ignorar" que a responsabilidade pelas sanções econômicas é da família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Reunidos há poucos dias num evento econômico para discutir preocupações sobre o tarifaço do Trump, governadores de direita apregoaram pacificação e unidade para enfrentar a ameaça. No entanto, fingem ignorar que os sérios prejuízos que as sanções econômicas podem causar ao povo brasileiro foram traiçoeiramente fomentadas pela família Bolsonaro, clã político apoiado por esses mesmos governadores", escreveu o ministro.
De acordo com ele, o governo federal está
"trabalhando para impedir essa crise e proteger os empregos, o agronegócio
e as empresas nacionais". Lula montou um comitê liderado pelo
vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e pelo Itamaraty. Em evento numa
comunidade de Osasco (SP), na sexta-feira (25), porém, o petista alegou que
Alckmin faz ligações todo dia a autoridades dos Estados Unidos, mas
"ninguém quer falar com ele".
O teor político do tarifaço ficou evidente
com a carta enviada por Trump ao governo brasileiro. O presidente americano
declara no documento que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo no caso da
trama golpista seria uma "vergonha internacional" e "não deveria
estar ocorrendo". Trump justifica ainda a sobretaxa de 50% em cima dos
produtos exportados ao país por conta de multas e "ordens de censura"
contra empresas de mídia dos EUA — uma delas, a Rumble, da qual é sócio, moveu
uma ação contra o ministro Alexandre de Moraes. A carta menciona ainda,
erroneamente, que a relação comercial do Brasil com os Estados Unidos seria
"muito injusta", ignorando o superávit americano.
Messias se refere a um painel da corretora XP
Investimentos realizado neste sábado (26), em São Paulo, e que teve
participação dos governadores de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo
Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho
Júnior (PSD). O trio, que tenta angariar o apoio de Bolsonaro para a
disputa pela presidência em 2026 caso ele desista da candidatura estando
inelegível, afirmou que o governo não está interessado em negociar com Trump e
tem errado em apostar no discurso da defesa da soberania nacional.
— Alguém tem de sentar e conversar com os
Estados Unidos, fazer como fizeram os outros países — disse Ratinho Júnior —
Não temos de falar em desdolarizar o comércio. Nem a China ou a Rússia fizeram
isso, ninguém tocou neste assunto. É uma falta de inteligência. O Bolsonaro não
é mais importante que essa relação comercial entre os Estados Unidos e o
Brasil.
Tarcísio declarou que tem tentado negociar
por conta própria com aliados americanos. As movimentações feitas por ele, no
entanto, provocaram um atrito com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP)
nos primeiros dias após o anúncio do tarifaço. O filho do ex-presidente entende
que os aliados do pai devem pressionar pelo que chama de
"perseguição" do Supremo Tribunal Federal (STF) e pela aprovação do
PL da Anistia, e não por uma solução diplomática.
— Estamos conversando, buscando parlamentares
americanos, empresas americanas, agentes do governo americano que podem se
sensibilizar com o problema. Infelizmente, hoje a gente tá vivendo um momento
em que se busca tirar proveito do país, querendo dividir o país — declarou
Tarcísio.
No mesmo tom, Caiado criticou a investida do
governo em um discurso em prol da soberania nacional, sem consultar
governadores afetados pelo tarifaço para formular uma resposta aos EUA.
— Um coisa está bem clara: o Lula não quer
resolver o problema. Ao invés de usar a chancelaria brasileira, que era uma das
melhores do mundo, fica usando frases de efeito. Ele não tem o menor preparo
para o governar o país — disse o governador de Goiás.
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