Folha de S. Paulo
Ao acatar a decisão do STF, presidente do PL
revela o enfraquecimento do clã Bolsonaro
E o mundo não se acabou... Na esteira da condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão, não houve registros de alguém dançando em trajes de maiô e beijando a boca de quem não devia. O sol não nasceu antes da madrugada. Houve sim um pequeno Carnaval improvisado em ruas e bares, com o Rio na vanguarda da folia, mas nada que lembrasse a catarse coletiva descrita no samba de Assis Valente gravado por Carmen Miranda.
Tampouco ocorreu a convulsão social
preconizada pelo deputado com milhões de seguidores e pelo pastor que usa
palavrão como vírgula. A não ser dois ou três aloprados, não se viu agitação
popular, baderna, quebra-quebra, guerra campal, banho de sangue. Ninguém pediu
para esperar mais 72 horas e os convites para a segunda edição da Festa da
Selma encalharam. Como no samba do falso fim do mundo, era tudo conversa mole.
Muitos aproveitaram o momento da punição aos
golpistas para lembrar que o maior crime de Bolsonaro —a campanha antivacina e
o descaso na compra de imunizantes contra Covid-19 durante a pandemia— ainda
está livre de castigo.
De resto, a vida segue em sua aparente
normalidade. Tanto que Valdemar
Costa Neto é convidado a falar na televisão todo santo dia. Sem
esconder a felicidade com o voto de Luiz Fux,
elogiou o ministro, dizendo que ele reúne as condições ideais para ser
candidato ao Senado após sua aposentadoria no Supremo. Naturalmente filiando-se
ao PL,
o mais numeroso ajuntamento parlamentar da extrema direita no país.
Valdemar tem motivo para respirar aliviado e
sentir-se um homem de sorte. Indiciado pela PF, não foi denunciado pela PGR,
escapando do banco dos réus. Seu envolvimento na trama golpista, segundo os
investigadores, se deu ao financiar uma estrutura de apoio à invalidação da
vitória de Lula nas eleições e contratar um parecer fajuto, apresentado
ao TSE,
que questionava a lisura das urnas eletrônicas.
Sorridente e solto, o cacique afirma que vai
acatar a decisão do STF. Ou ele
disfarça bem ou já jogou o mito fora.
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