Correio Braziliense
O plano anunciado por Donald Trump, com
direito a ofensiva midiática, não trará qualquer perspectiva de paz verdadeira
se não abraçar a causa palestina
A criação de um Estado da Palestina independente, soberano e próspero é a única saída para pôr fim ao conflito no Oriente Médio. Qualquer outra medida parece temporária e paliativa, sem atacar o cerne de uma onda de violência, dor e ódio que se arrasta desde 1948. Naquele ano, Israel foi oficialmente criado, com a ajuda do brasileiro Oswaldo Aranha (1894-1960), então presidente da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, foge — como o diabo da cruz — de qualquer debate sobre o reconhecimento da Palestina. Talvez pelo fato de saber que a principal justificativa para Israel manter a postura bélica na região passa pela existência do movimento islâmico palestino Hamas, o qual se intitula a "resistênca palestina", e de outras facções, como a Jihad Islâmica. A mescla de fundamentalismo religioso e político se escora na luta pelo Estado Palestino e pelo fim da ocupação.
Se Israel aceitasse acenar com ambas
concessões — a coexistência com a Palestina e a retirada completa e definitiva
do território palestino, boa parte das causas do conflito deixaria de existir.
Faltaria colocar sobre a mesa a questão do retorno dos refugiados e do status
quo de Jerusalém. Tanto judeus quanto palestinos não abrem mão de ter a cidade
santa como sua capital. Essa inflexibilidade se explica pelo caráter religioso:
Jerusalém abriga o Muro das Lamentações, o último vestígio do templo construído
pelo Rei Salomão, e o Domo da Rocha, onde o Profeta Maomé teria subido ao céu
durante uma única noite, no ano 620. Símbolos sagrados para judaísmo e
islamismo.
A questão do retorno dos refugiados também é
um entrave importante para a paz no Oriente Médio. Em 1948, depois da criação
do Estado de Israel, a primeira guerra-árabe israelense contou com as
participações de Iraque, Egito, Síria, Líbano e Jordânia e forçou a expulsão de
700 mil a 800 mil palestinos, além da destruição de 500 vilas. Conhecido pelo
palestinos como "Nakba" ("Catástrofe"), o evento espalhou
refugiados para os países árabes vizinhos, especialmente Jordânia, Líbano e
Síria. Israel argumenta que o regresso dessa população seria inviável e
ameaçaria sua própria existência.
O plano anunciado por Donald Trump, com
direito a ofensiva midiática, não trará qualquer perspectiva de paz verdadeira
se não abraçar a causa palestina. Os Estados Unidos têm uma escolha de Sofia:
ou se indispõem com Israel, aliado histórico, e avançam na criação de um Estado
palestino, ou enterram essa possibilidade, entram em choque com os aliados
árabes e sujam as mãos de sangue, ao avalizarem uma nova onda de violência
entre os dois povos. Não existe outra solução para o Oriente Médio que não seja
o reconhecimento da Palestina como nação. Chega de um ciclo de ódio
interminável! Basta de luto, dor, destruição e opressão! Passou da hora de os
palestinos terem sua soberania e sua terra, sem serem ameaçados por uma máquina
de guerra.
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