Folha de S. Paulo
Derrite, secretário de Segurança de SP,
voltou à Câmara para enfraquecer Estado
Iniciativa direitista teve apoio de
parlamentares que queriam PEC da Blindagem
A direita está assanhada. A
matança do Rio animou uma contraofensiva contra um governo Lula que se
recuperava da surra que levara de 2024 a meados de 2025. Incentivou projetos de
leis de segurança pública de incompetência grosseira, selvageria proposital e
escandalosa malandragem.
Na maré de sangue, voltou a subir o barco da
candidatura a presidente do governador de São Paulo, Tarcísio
de Freitas (Republicanos). Na frente legislativa, essa onda tenta
criar um sistema de investigação mais irracional, desconecta ainda mais as
polícias, sabota o poder estatal contra o crime e ajuda parlamentares a escapar
da cadeia.
A batalha do momento é o projeto de lei "antifacção", que em tese dificultaria a vida das organizações criminosas, de início elaborado pelo governismo. A iniciativa foi apropriada por várias direitas. Uma, bolsonarista, que admira o Estado policial mortífero de Nayib Bukele em El Salvador. Outra, por picuinha provisória, quer impedir que braços da administração federal (polícia, Receita) possam atuar nos estados. Uma terceira quer usar o projeto para blindar parlamentares de investigações de corrupção.
O projeto é relatado pelo por ora e outra vez
deputado Guilherme
Derrite (Progressistas), licenciado do cargo de secretário de
Segurança de Tarcísio de Freitas a fim de relatar o projeto
"antifacção", que reescreveu.
Cheio de outros problemas, o projeto de
Derrite na prática estipulava que a Polícia Federal apenas poderia atuar nos
estados com permissão estadual. Diante da repulsa à sabotagem incompetente do
projeto, Derrite
prometia recuar, nesta terça.
As facções são nacionais. O projeto do braço
direito de Tarcísio pretendia dinamitar esforços ainda muito iniciais de criar
um sistema nacional de combate ao crime. Por exemplo, dificultaria
investigações e ações que tentam impedir o que se chama de "lavagem de
dinheiro", que é muito mais do que isso.
É agora um sistema de administração
financeira da bandidagem, baseado em instituições de pagamento e de outros
trânsitos de dinheiro, algumas ditas "fintechs".
A mão que balança o berço do dinheiro sujo
das facções também pode ninar as finanças de outros crimes, como corrupção
política. Pode facilitar o trânsito de verbas desviadas de emendas
parlamentares.
Como é óbvio, a bandalheira com recursos
carimbados por emendas de deputados e senadores começa no nível federal e
deságua em estados e municípios. A PF também investiga essa rapina, que chegou
ao Supremo. Parlamentares enrolados têm medo.
A Câmara havia aprovado em setembro a dita
"PEC da Blindagem", que na prática protegia parlamentares de
processos no STF. As manifestações de 21 de setembro contra os projetos de
anistia a golpistas acabaram por conter mais essa tentativa de parlamentares de
fugir da polícia.
Como se escrevia aqui, no
dia 23 de setembro: "Essa história vai longe. Boa parte do
centrão-centrão, o centrão-direitão e a extrema direita podem até se fingir de
mortos, mas vão brigar para não deixar essa PEC [da Blindagem] morrer.
É assunto antigo, um dos acordos mais
transados deste ano e interessa à cúpula do centrão-direitão, aquela que
governou no semipresidencialismo de avacalhação sob Bolsonaro."
Pois então. A parlamentagem voltou. Esta
coluna, como previsto no domingo, deveria tratar de progressos do Brasil na
limpeza da sujeira do ambiente. Por urgência urgentíssima teve de tratar de
outra sujeira.
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