terça-feira, 18 de novembro de 2025

Se bobear, Cláudio Castro vende até o Cristo Redentor, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Maracanã encabeça a lista de ofertas para reduzir o rombo orçamentário

Numa jogada política, compra do estádio é negociada com o Flamengo

Por enquanto o Cristo Redentor escapou da bacia das almas. Mas nada impede que amanhã seja incluído no balcão de ofertas, posto à venda para reduzir a dívida e mitigar a crise fiscal do Rio de Janeiro. O rombo orçamentário previsto para 2026 é de quase R$ 19 bilhões, o maior em cinco anos.

Daí que Cláudio Castro —acusado de abuso de poder político e econômico na campanha de reeleição em 2022— teve a brilhante ideia de preparar, com a ajuda da bancada do Partido Liberal na Assembleia Legislativa, uma black friday particular, ofertando o complexo do Maracanã; o terreno onde fica o estádio Nílton Santos, arrendado ao Botafogo; o histórico prédio da Central do Brasil; o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle, no centro da cidade. São mais de 60 imóveis em liquidação total, a custo de banana, pois o governador deixará o cargo.

Considerado um elefante branco pelos deputados, o Maracanã encabeça a lista. O certo é que, após a reforma para a Copa de 2014, que o transformou em simples arena, não é mais o velho Maraca. Mas o estádio —tombado pelo Iphan— continua um símbolo internacional do país, a quinta atração turística mais buscada por estrangeiros e, na memória dos amantes do futebol, o palco inesquecível de Pelé, Garrincha, Rivelino, Zico, Roberto Dinamite e uma enfiada de craques.

Existe um comprador preferencial: o Flamengo. Tudo ficou mais ou menos acertado em um encontro entre o presidente do clube e o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, candidato ao governo do Rio em 2026. Precinho de amigo: R$ 2 bilhões. E não se fala mais nisso.

Subiria no telhado a proposta de o Flamengo construir um estádio no terreno do Gasômetro, a qual foi negociada com o prefeito Eduardo Paes, também candidato ao Palácio Guanabara. E ainda há quem repita o truísmo de que futebol nada tem a ver com política.

Há apenas um detalhe, aparentemente esquecido. Não combinaram com o Fluminense, que administra o Maracanã com o Flamengo. O contrato de concessão vigora por mais 20 anos.

 

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