Folha de S. Paulo
Maracanã encabeça a lista de ofertas para
reduzir o rombo orçamentário
Numa jogada política, compra do estádio é
negociada com o Flamengo
Por enquanto o Cristo Redentor escapou da
bacia das almas. Mas nada impede que amanhã seja incluído no balcão de ofertas,
posto à venda para reduzir a dívida e mitigar a crise fiscal do Rio de
Janeiro. O rombo orçamentário previsto para 2026 é de quase R$ 19 bilhões,
o maior em cinco anos.
Daí que Cláudio Castro —acusado de abuso de poder político e econômico na campanha de reeleição em 2022— teve a brilhante ideia de preparar, com a ajuda da bancada do Partido Liberal na Assembleia Legislativa, uma black friday particular, ofertando o complexo do Maracanã; o terreno onde fica o estádio Nílton Santos, arrendado ao Botafogo; o histórico prédio da Central do Brasil; o Terminal Rodoviário Américo Fontenelle, no centro da cidade. São mais de 60 imóveis em liquidação total, a custo de banana, pois o governador deixará o cargo.
Considerado um elefante branco pelos
deputados, o Maracanã encabeça a lista. O certo é que, após a reforma para a
Copa de 2014, que o transformou em simples arena, não é mais o velho Maraca.
Mas o estádio —tombado pelo Iphan— continua um símbolo internacional do país, a
quinta atração turística mais buscada por estrangeiros e, na memória dos
amantes do futebol,
o palco inesquecível de Pelé, Garrincha,
Rivelino, Zico,
Roberto Dinamite e uma enfiada de craques.
Existe um comprador preferencial: o Flamengo. Tudo
ficou mais ou menos acertado em um encontro entre o presidente do clube e o
presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, candidato ao governo do Rio em 2026.
Precinho de amigo: R$ 2 bilhões. E não se fala mais nisso.
Subiria no telhado a proposta de o Flamengo
construir um estádio no terreno do Gasômetro, a qual foi negociada com o
prefeito Eduardo Paes,
também candidato ao Palácio Guanabara. E ainda há quem repita o truísmo de que
futebol nada tem a ver com política.
Há apenas um detalhe, aparentemente
esquecido. Não combinaram com o Fluminense,
que administra o Maracanã com o Flamengo. O contrato de concessão vigora por
mais 20 anos.
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