terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Edinho Silva prega ‘maturidade’ em crise com Congresso

Por Camila Zarur / Valor Econômico

Presidente do PT minimizou tensionamento do Senado com governo federal

O presidente nacional do PT, Edinho Silva, minimizou o tensionamento das relações entre Legislativo e Executivo e afirmou que é preciso ter “maturidade política” para colocar os interesses da sociedade acima de “divergências menores”. A declaração foi dada pelo dirigente partidário na segunda-feira (1) em conversa com jornalistas, no Rio de Janeiro, e vem na esteira da mais nova crise institucional entre Planalto e Senado.

No domingo (30), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enviou uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a demora do mandatário em encaminhar ao Senado a indicação do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador também reclamou de que o Executivo estaria criando a “falsa impressão” de que “divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.

“Divergências numa democracia sempre vão existir. O importante é que você tenha maturidade política e se coloque num primeiro plano os interesses da sociedade, como a segurança pública, que nós estamos dialogando hoje”, disse Edinho sobre o caso.

“Essa tensão precisa ser superada. E eu penso que ela só será superada se nós tivermos muita maturidade política e colocarmos a agenda de interesse do povo brasileiro em primeiro plano”, completou.

O presidente do PT participou de um seminário do partido sobre segurança, na manhã de ontem. Questionado se os embates com o Congresso, frequentes no terceiro mandato de Lula, poderiam atrapalhar a tramitação da PEC da Segurança e do projeto de lei antifacção, Edinho disse que é hora de todos “sentarem à mesa e construírem uma agenda” em comum.

“É hora das lideranças políticas que se preocupam com o Brasil deixarem as divergências menores para trás, sentarem à mesa e construírem uma agenda, de fato, que interesse ao povo brasileiro”, afirmou o dirigente petista, que reforçou que temas como segurança pública não podem “estar submetidos a divergências políticas”.

O ex-presidente do PT e ex-ministro José Dirceu seguiu a mesma linha de Edinho e minimizou a crise com o Parlamento. Para Dirceu, o que existe é um atrito entre “maioria e minoria”.

“O presidente Lula foi eleito pela terceira vez, mas nós somos minoria na Câmara e no Senado. Eu vejo isso mais como conflitos naturais. Democracia existe exatamente para isso, formar maioria e minoria”, disse o petista.

Sobre as críticas de Alcolumbre, Dirceu disse que o governo Lula não está acusando o presidente do Senado de fisiologismo, mas afirmou que ele também não pode “desmentir aquilo que é público e notório”. “Pelo que entendi, [Alcolumbre] se irritou foi com as notícias de que haveria pressão para nomeações, talvez no Banco do Brasil, ou pela questão das emendas impositivas. Se as emendas são impositivas, elas têm que ser pagas. E as nomeações, evidentemente, é natural que partidos que participem do governo e tenham cargos no governo apoiem o governo. Agora, desmentir aquilo que é público notório não funciona”, disse Dirceu.

Ele completou: “Há um senso comum criado na sociedade que é assim que se governa no Brasil.”

 

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