Por Camila Zarur / Valor Econômico
Presidente do PT minimizou tensionamento do Senado com governo federal
O presidente nacional do PT, Edinho Silva,
minimizou o tensionamento das relações entre Legislativo e Executivo e afirmou
que é preciso ter “maturidade política” para colocar os interesses da sociedade
acima de “divergências menores”. A declaração foi dada pelo dirigente
partidário na segunda-feira (1) em conversa com jornalistas, no Rio de Janeiro,
e vem na esteira da mais nova crise institucional entre Planalto e Senado.
No domingo (30), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), enviou uma carta pública ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticando a demora do mandatário em encaminhar ao Senado a indicação do advogado-geral da União (AGU), Jorge Messias, para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador também reclamou de que o Executivo estaria criando a “falsa impressão” de que “divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.
“Divergências numa democracia sempre vão
existir. O importante é que você tenha maturidade política e se coloque num
primeiro plano os interesses da sociedade, como a segurança pública, que nós
estamos dialogando hoje”, disse Edinho sobre o caso.
“Essa tensão precisa ser superada. E eu penso
que ela só será superada se nós tivermos muita maturidade política e colocarmos
a agenda de interesse do povo brasileiro em primeiro plano”, completou.
O presidente do PT participou de um seminário
do partido sobre segurança, na manhã de ontem. Questionado se os embates com o
Congresso, frequentes no terceiro mandato de Lula, poderiam atrapalhar a
tramitação da PEC da Segurança e do projeto de lei antifacção, Edinho disse que
é hora de todos “sentarem à mesa e construírem uma agenda” em comum.
“É hora das lideranças políticas que se
preocupam com o Brasil deixarem as divergências menores para trás, sentarem à
mesa e construírem uma agenda, de fato, que interesse ao povo brasileiro”,
afirmou o dirigente petista, que reforçou que temas como segurança pública não
podem “estar submetidos a divergências políticas”.
O ex-presidente do PT e ex-ministro José
Dirceu seguiu a mesma linha de Edinho e minimizou a crise com o Parlamento.
Para Dirceu, o que existe é um atrito entre “maioria e minoria”.
“O presidente Lula foi eleito pela terceira
vez, mas nós somos minoria na Câmara e no Senado. Eu vejo isso mais como
conflitos naturais. Democracia existe exatamente para isso, formar maioria e
minoria”, disse o petista.
Sobre as críticas de Alcolumbre, Dirceu disse
que o governo Lula não está acusando o presidente do Senado de fisiologismo,
mas afirmou que ele também não pode “desmentir aquilo que é público e notório”.
“Pelo que entendi, [Alcolumbre] se irritou foi com as notícias de que haveria
pressão para nomeações, talvez no Banco do Brasil, ou pela questão das emendas
impositivas. Se as emendas são impositivas, elas têm que ser pagas. E as
nomeações, evidentemente, é natural que partidos que participem do governo e
tenham cargos no governo apoiem o governo. Agora, desmentir aquilo que é
público notório não funciona”, disse Dirceu.
Ele completou: “Há um senso comum criado na
sociedade que é assim que se governa no Brasil.”

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