sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O inimigo agora é outro, por Bernardo Mello Franco

O Globo

Dos seis deputados que comandaram a Assembleia Legislativa do Rio desde 1995, só um nunca foi preso. A gangsterização está longe de ser um fenômeno recente na política fluminense. A novidade é a conexão explícita entre o crime do colarinho branco e o narcotráfico.

Conhecido como TH Joias, o deputado Thiego Silva foi em cana há três meses, acusado de fazer negócios com o Comando Vermelho. Segundo as investigações, ele intermediava compra e venda de drogas, fuzis e até equipamentos antidrones para a facção criminosa.

Nesta quarta, foi a vez do atual chefão da Alerj, Rodrigo Bacellar. Mensagens apreendidas pela Polícia Federal indicam que ele vazou informações sigilosas e orientou o aliado TH Joias a esconder provas que poderiam incriminá-lo.

As circunstâncias da prisão de Bacellar dão uma ideia de quem ele é. Como o deputado costuma circular com homens armados, a PF temeu ser recebida à bala ao cumprir a ordem judicial. A solução foi convidá-lo para uma reunião fictícia na Praça Mauá. Ao chegar à superintendência, o deputado recebeu cópia do mandado e foi conduzido a uma cela.

No carro oficial, os policiais encontraram uma mochila com R$ 90 mil em dinheiro vivo. Também foram apreendidos três celulares, que podem dar novas pistas sobre o tamanho da encrenca do Rio.

Ao ordenar a prisão de Bacellar, o ministro Alexandre de Moraes anotou que as facções não se contentam mais em dominar territórios e corromper policiais. Também passaram a investir na “infiltração política”, formando bancadas a serviço do crime organizado.

A Alerj tem sido tolerante com parlamentares acusados de ligação com gangues armadas. No ano passado, a Casa suspendeu decisão judicial que havia afastado a deputada Lucinha, suspeita de envolvimento com milícias. Agora a tendência é derrubar com folga a prisão de Bacellar.

Ele foi reeleito presidente por unanimidade e esperava virar governador em breve, após a renúncia de Cláudio Castro para concorrer ao Senado

 

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