O Globo
Dos seis deputados que comandaram a
Assembleia Legislativa do Rio desde 1995, só um nunca foi preso. A
gangsterização está longe de ser um fenômeno recente na política fluminense. A
novidade é a conexão explícita entre o crime do colarinho branco e o narcotráfico.
Conhecido como TH Joias, o deputado Thiego
Silva foi em cana há três meses, acusado de fazer negócios com o Comando
Vermelho. Segundo as investigações, ele intermediava compra e venda de drogas,
fuzis e até equipamentos antidrones para a facção criminosa.
Nesta quarta, foi a vez do atual chefão da Alerj, Rodrigo Bacellar. Mensagens apreendidas pela Polícia Federal indicam que ele vazou informações sigilosas e orientou o aliado TH Joias a esconder provas que poderiam incriminá-lo.
As circunstâncias da prisão de Bacellar dão
uma ideia de quem ele é. Como o deputado costuma circular com homens armados, a
PF temeu ser recebida à bala ao cumprir a ordem judicial. A solução foi
convidá-lo para uma reunião fictícia na Praça Mauá. Ao chegar à
superintendência, o deputado recebeu cópia do mandado e foi conduzido a uma
cela.
No carro oficial, os policiais encontraram
uma mochila com R$ 90 mil em dinheiro vivo. Também foram apreendidos três
celulares, que podem dar novas pistas sobre o tamanho da encrenca do Rio.
Ao ordenar a prisão de Bacellar, o ministro
Alexandre de Moraes anotou que as facções não se contentam mais em dominar
territórios e corromper policiais. Também passaram a investir na “infiltração
política”, formando bancadas a serviço do crime organizado.
A Alerj tem sido tolerante com parlamentares
acusados de ligação com gangues armadas. No ano passado, a Casa suspendeu
decisão judicial que havia afastado a deputada Lucinha, suspeita de envolvimento
com milícias. Agora a tendência é derrubar com folga a prisão de Bacellar.
Ele foi reeleito presidente por unanimidade e
esperava virar governador em breve, após a renúncia de Cláudio Castro para
concorrer ao Senado

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