quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

O que será do amanhã em 2026? Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Perspectivas são especialmente traiçoeiras na política, pois estão submetidas aos movimentos das nuvens

O ano eleitoral será produtivo ou improdutivo, a depender das escolhas de representantes e representados

Retrospectivas são mais fáceis de fazer, já que não se prestam ao cotejo com a realidade e lapsos de memória contam com os auxílios digitais. Perspectivas sobre o ano que começa daqui a pouco, no entanto, é que são elas.

Especialmente traiçoeiras na política, tema submetido aos notórios movimentos das nuvens. Isso quando não mudam ao sabor de tempestades.

Daí que o escrito no apagar de 2025 não necessariamente valerá como previsto no amanhã de 2026. Feita a ressalva, vamos ao que talvez nos reserve o novo ano.

O acontecimento mais falado refere-se à expectativa de que a eleição de outubro seja a última tocada ao ritmo de idolatrias e rejeições das torcidas organizadas em torno de Luiz Inácio da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Será mesmo? Depende. Se Lula for reeleito e os herdeiros do sobrenome do antecessor obtiverem bons desempenhos, serão mais quatro anos do mesmo embate. Mas, na hipótese remota de o centro conseguir representar a maioria que nas pesquisas diz rejeitar a tutela dos campos extremos, pode ser diferente.

Aguarda-se também a formação de um Congresso com baixo índice de renovação de mandatos na Câmara devido aos recursos das emendas usados como recursos de campanha. No Senado, direita e esquerda anunciam planos de dominação ideológica.

Será mesmo? De novo, depende. Se o debate for em parte deslocado da competição presidencial para a melhoria do Parlamento, pode ser que o eleitorado seja estimulado a exercer controle prévio de qualidade sobre os congressistas.

Dos prognósticos eleitorais faz parte a ideia de que a segurança pública será o assunto dominante a moldar o comportamento dos candidatos e definir os votos. Outra vez, cabe perguntar se será isso mesmo. Depende. Ganhará corpo se houver debate racional e consistente, mas tenderá a se esvaziar caso a demagogia tome conta do ambiente.

São escolhas que dirão se 2026 será um ano de terreno fértil para o avanço ou um latifúndio improdutivo em tributo ao atraso.

 

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