Folha de S. Paulo
Polícia Federal e Ministério Público
investigam andanças suspeitas de dinheiro
Sanções contra Moraes também levaram certos
bancos a se indispor com o ministro
Há muita gente nervosa desde a prisão de
Daniel Vorcaro e da liquidação do
banco dele, o Master. Há gente nervosa por vários motivos, alguns
ainda pouco claros.
Há gente nervosa porque Polícia Federal e Ministério Público já investigam faz cerca de um mês outro tipo de operação do Master sob suspeita, de acordo com investigadores. O banco fazia empréstimos para empresas, arroz com feijão, nos conformes. Emprestado, o dinheiro parecia ter um destino interessante. Estacionava em certos fundos.
Daí servia para comprar papeis que não valiam
aquilo tudo, em outros fundos. Para quem começa a analisar a coisa, lembra até
certas operações com a gestora de fundos Reag, alvo da operação Carbono Oculto.
Os diretores do trânsito desse dinheiro estão nervosos.
Há gente nervosa por causa do conflito que
envolve Alexandre de
Moraes. O jornal "O Globo" revelou que o Master contratou
o escritório de advocacia de mulher e filhos de Moraes por serviços que
poderiam render R$ 129 milhões.
A partir de então, esse ministro do STF passou
a ser frito em público. Era acusado de ter feito lobby a favor do Master em
contatos com Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central —quereria
impedir a liquidação do banco, que foi liquidado, no entanto.
Não há, até agora, evidências dessas
"pressões", embora Moraes tenha querido saber a respeito de crimes no
Master. Não se sabe também a motivação precisa de certas pessoas, do alto da
finança, para atacar Moraes. De outras, se sabe algo.
Moraes foi
por um tempo sancionado pelos EUA, com base na lei Magnitsky. Caso o
governo americano levasse ao limite as exigências de morte financeira de
Moraes, bancos e até o sistema financeiro do Brasil poderiam ter problemas
críticos. Pelo menos dois bancos não gostaram da "insensibilidade" do
STF e Moraes quanto a esses riscos. Relações ficaram estremecidas, para dizer o
mínimo.
O ministro Dias Toffoli, também do STF, age
de maneira agressiva quanto às providências que o BC tomou em relação ao
Master. Um ministro do TCU entrou de sola no caso. PF e PGR julgaram tais
atitudes, como acareação, no mínimo precipitadas, até porque há investigação de
enormidades em andamento. É um presente para a estratégia da defesa, de
desmoralizar o BC e as investigações, o que seria um calmante para muita gente
nervosa.
A maior parte da banca agora teme que a
regulação e a fiscalização do BC virem besteirinha do jogo cada vez mais
politizado do sistema de Justiça; teme salvação marota do Master.
Há gente nervosa na bancada amiga do Master,
no centrão direitão, que se prontificou a apresentar projetos de leis que
atenuariam agruras do banco; entre quem incentivou investimento de fundo de
pensão do setor público no Master; entre próximos do BRB.
Com base nisso e fontes da própria cabeça, há
quem faça diagramas de relações perigosas que provariam bandalha. É
"especulativo, protesto". Não se trata de jornalismo "off the
records" (com informantes não nomeados em público), que já serviu para revelar
muito escândalo desta República precária. Mas as pistas não são desprezíveis,
apesar da ausência de evidências.
Ataques de gente da finança e lobby jurídico
pesado tumultuaram o ambiente. Há mais fofoca e ruído do que fatos, pois parte
grossa da elite da finança, do direito e da Justiça está em guerra, nem sempre
pelas mesmas causas secretas. Curiosamente, governo e Congresso, até o que
odeia STF e Moraes, estão quase calados.
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