Folha de S. Paulo
Perspectivas são especialmente traiçoeiras na
política, pois estão submetidas aos movimentos das nuvens
O ano eleitoral será produtivo ou improdutivo,
a depender das escolhas de representantes e representados
Retrospectivas são
mais fáceis de fazer, já que não se prestam ao cotejo com a realidade e lapsos
de memória contam com os auxílios digitais. Perspectivas sobre o ano que começa
daqui a pouco, no entanto, é que são elas.
Especialmente traiçoeiras na política, tema
submetido aos notórios movimentos das nuvens. Isso quando não mudam ao sabor de
tempestades.
Daí que o escrito no apagar de 2025 não necessariamente valerá como previsto no amanhã de 2026. Feita a ressalva, vamos ao que talvez nos reserve o novo ano.
O acontecimento mais falado refere-se à
expectativa de que a eleição de outubro seja a última tocada ao ritmo de
idolatrias e rejeições das torcidas organizadas em torno de Luiz Inácio da Silva (PT)
e Jair
Bolsonaro (PL).
Será mesmo? Depende. Se Lula for reeleito e os
herdeiros do sobrenome do antecessor obtiverem bons desempenhos, serão mais
quatro anos do mesmo embate. Mas, na hipótese remota de o centro conseguir
representar a maioria que nas pesquisas diz rejeitar a tutela dos campos
extremos, pode ser diferente.
Aguarda-se também a formação de um Congresso
com baixo
índice de renovação de mandatos na Câmara devido aos recursos
das emendas usados como recursos de campanha. No Senado, direita e
esquerda anunciam planos de dominação ideológica.
Será mesmo? De novo, depende. Se o debate for
em parte deslocado da competição presidencial para a melhoria do Parlamento,
pode ser que o eleitorado seja estimulado a exercer controle prévio de
qualidade sobre os congressistas.
Dos prognósticos eleitorais faz parte a ideia
de que a segurança
pública será o assunto dominante a moldar o comportamento dos
candidatos e definir os votos. Outra vez, cabe perguntar se será isso mesmo.
Depende. Ganhará corpo se houver debate racional e consistente, mas tenderá a
se esvaziar caso a demagogia tome conta do ambiente.
São escolhas que dirão se 2026 será um ano de
terreno fértil para o avanço ou um latifúndio improdutivo em tributo ao atraso.

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