terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Que segredos Ramagem, ex-chefe da Abin, levou para os EUA? Por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Condenado na trama golpista, deputado passou a perna no Judiciário

Decisão de entregá-lo às autoridades brasileiras está nas mãos de Trump

Que segredos e mistérios esconde Alexandre Ramagem? Que tipo de vantagem ou chantagem ele tem na manga?

O arrivista que em 2018 se aproximou de Bolsonaro após a facada em Juiz de Fora e um ano depois foi nomeado diretor-geral da Abin está leve e solto, curtindo a vida adoidado em Miami, enquanto os comparsas do chamado núcleo crucial da trama golpista se veem obrigados a ler "Crime e Castigo", de Dostoiévski, para reduzir a pena e a caprichar nos atestados médicos para mudar de endereço. Eis por que advogados do general Heleno alegaram que seu cliente começou a sofrer de Alzheimer em 2018 —que ano terrível para todos os brasileiros, não?

Ao ex-ministro da Justiça Anderson Torres coube a Papudinha. Ocupa um espaço 4,5 vezes maior que a cela de Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal, que tem 12 metros quadrados. Pense agora em Ramagem, hospedado num paraíso de cafonas. O aluguel do apartamento simples no condomínio Solé Mia, com acesso direto para uma piscina artificial do tamanho de dois campos de futebol, custa R$ 2.000 a diária.

O difícil é desapegar de antigos hábitos. Mesmo fora do país desde o início de setembro, o deputado pediu reembolso à Câmara de gastos em postos de gasolina no Rio. Os abastecimentos fantasmas ou feitos por terceiros ocorreram no horário em que ele participava, remotamente, de votações. É a PEC da Bandidagem funcionando na prática.

A fuga do parlamentar —condenado pela elaboração de estratégias e documentos para atacar as urnas— foi uma senhora bobeada do STF, da PGR e da PF. Ou coisa pior: ex-delegado federal, Ramagem pode ter tido ajuda de dentro para cruzar a fronteira terrestre com a Guiana, aparentemente sem monitoramento.

Na bagagem, o araponga de Bolsonaro levou dados sensíveis de segurança e defesa nacional. E sabe-se lá mais que rol de podres, após o período espionando tanto adversários como aliados. A decisão de entregá-lo ou não às autoridades brasileiras está nas mãos do "beliscoso" Trump.

 

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