terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Segurança em xeque: suspeita de vazamentos compromete operações. Por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Ação em São Gonçalo envolveu mil policiais e 20 blindados, mas não prendeu ninguém

Na região metropolitana do Rio, 4 milhões de pessoas vivem sob jugo de criminosos

Foi a maior operação policial realizada no Rio de Janeiro desde aquela que deixou 122 pessoas mortas nos complexos do Alemão e da Penha, em 28 de outubro, e que pôs a segurança pública no centro da campanha eleitoral de 2026, com Lula de um lado e governadores de direita do outro.

Na quinta (12), mil homens das Polícias Militar e Civil invadiram o complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. O objetivo era cumprir 25 mandados de busca e apreensão e 44 mandados de prisão, entre eles o do traficante Antônio Hilário Ferreira, o Rabicó, da cúpula do Comando Vermelho. Rabicó conseguiu fugir.

Quase sem impacto na mídia, a operação não deve ter sido considerada um "sucesso", na avaliação do governador Cláudio Castro, que usou esta palavra a respeito da matança no Alemão e da Penha. No Salgueiro, não houve mortos, feridos ou presos. Três veículos roubados foram recuperados. Outros dois carros e três motos foram apreendidos, além de pequena quantidade de drogas.

Os policiais tiveram o apoio de 20 blindados, duas aeronaves, retroescavadeiras para retiradas de barricadas, 123 viaturas e quatro ambulâncias. Apesar do grande aparato deslocado do Rio para São Gonçalo, a Secretaria de Segurança não acredita na hipótese de que houve algum tipo de vazamento.

Na segunda (8), dois sargentos da PM foram presos pela Polícia Federal. A Operação Tredo mira um núcleo de agentes de segurança acusado de colaborar com facções criminosas que dominam comunidades do Rio. E não custa lembrar que Rodrigo Bacellar, o presidente afastado da Alerj, licenciou-se do mandato parlamentar após ficar uma semana preso por suspeita de vazar uma operação da PF.

O governo Castro mostra-se avesso a qualquer plano de retomada das áreas que estão sob controle das facções. O trabalho resume-se a combater o avanço do território ocupado. Sem resultados positivos, registre-se. Recentes estudos apontam que o CV segue em expansão no estado. Na região metropolitana são quatro milhões de pessoas vivendo sob jugo de criminosos.

 

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