Folha de S. Paulo
Premiê israelense submete pedido de perdão
judicial ao presidente Isaac Herzog
Países em que erosão institucional não foi
completa deveriam rejeitar casuísmos
Binyamin
Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel, solicitou
perdão judicial ao presidente do país, Isaac Herzog. Netanyahu
responde a três processos criminais por corrupção, fraude e quebra de
confiança. Em Israel, o cargo de presidente é essencialmente cerimonial, mas
conserva alguns poderes reais, incluindo o de graça.
A exemplo da cogitada anistia a Jair Bolsonaro, esse é um tema que divide o país. Netanyahu, a exemplo do que dizem bolsonaristas, afirma que o perdão é necessário para a reconciliação nacional. Quem é contra a medida pondera que livrar a barra do premiê sem nenhum tipo de punição e sem que ele nem precise admitir culpa seria um incentivo ao vandalismo institucional.
A exemplo do que ocorre no Brasil, há dúvidas
sobre a constitucionalidade de um eventual indulto. Há quem aposte que ele
seria barrado pela Suprema Corte.
Seja como for, o presidente Herzog disse
que analisaria a
demanda. Especula-se que ele poderia conceder o perdão em troca de
algumas concessões de Netanyahu, como permitir a instalação de uma comissão
para analisar os erros que levaram ao 7/10/23 e/ou a promessa de suspender os
ataques do governo ao Judiciário. Já houve quem defendesse uma anistia a
Netanyahu caso ele se retirasse da vida pública.
Cada um desses três desfechos representaria
um ganho para a democracia, mas será que valem o preço de impedir que a Justiça
siga seu curso? Nos casos de Israel e do Brasil, onde a erosão institucional
não foi completa, minha resposta é não. Nessas situações, é preciso que o
próprio sistema produza uma solução institucional, sem medidas de exceção. Uma
das razões por que punimos golpistas e corruptos é desencorajar futuros
golpistas e corruptos de imitá-los.
Acredito, porém, que, quando não sobrou nada
da democracia para salvar, saídas casuísticas podem se justificar, se evitarem
o prolongamento de situações críticas. Eu não me oporia, por exemplo, a um
arranjo pelo qual o venezuelano Nicolás
Maduro deixasse o poder em troca de um exílio na Turquia.
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