terça-feira, 6 de dezembro de 2011

OPINIÃO DO DIA – Rubens Bueno: Demissão de Ministro

A demissão de Lupi é a prova de que Dilma não tem nenhum controle sobre o governo e passou o primeiro ano administrando o espólio de corrupção herdado do ex-presidente Lula. Com a postura de segurar por no governo ministros envolvidos em escândalos, a autoridade dela, a cada dia que passa, deixa de existir,

Rubens Bueno, deputado federal e líder do PPS na Câmara. Portal do PPS, 5/12/2011.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Crise europeia ameaça rebaixar até Alemanha
Pimentel tem outro contrato suspeito
Dengue: risco de epidemia em 48 cidades
Enquanto isso, na Terra...

FOLHA DE S. PAULO
Governo vai acabar com entrega de IR de empresa
Agência ameaça reduzir nota de 15 dos 17 países da zona do euro
Desmatamento na Amazônia é o menor desde 1988
CVM apura possível informação privilegiada no PanAmericano
Epidemia de dengue ameaça 4,7 milhões em 48 cidades

O ESTADO DE S. PAULO
Agência ameaça rebaixar zona do euro
Amazônia tem menor desmate desde 1988
Para negociar cargo, PDT "exila" Lupi
Quase 570 mil pessoas caem na malha fina do IR

VALOR ECONÔMICO
Investimento de estatais fica longe do planejado
Petrobras abre frentes com captação em libras
Estaleiro para atender a Bacia de Campos

CORREIO BRAZILIENSE
Pesadelo europeu
Lupi não é o último
Dengue voa sobre o DF
O lixo de guerra que virou roupa

ESTADO DE MINAS
Dengue liga o alerta
Briga por cargos: Estratégias de olho nos ministérios
Recursos adiam prisão de deputado condenado
Minas amplia exportações

ZERO HORA (RS)
Reforma de Dilma abre disputa entre aliados
Crise global: Agência avalia baixa de nota da UE

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Malha fina pega 569 mil contribuintes
Dengue ameaça sete cidades de Pernambuco

Pimentel tem outro contrato suspeito

A QA Consulting, que contratou consultoria do então ex-prefeito e hoje ministro Fernando Pimentel, pagou-lhe R$ 400 mil. Dois dias antes de quitar a primeira parcela, a QA recebeu R$ 230 mil da HAP, empreiteira que fechou contratos de R$ 225 milhões com a prefeitura de BH na gestão de Pimentel

Consultoria, negócios e relações pessoais

Pimentel recebeu R$400 mil de firma ligada a empresa contratada pela prefeitura

Thiago Herdy

Uma "empresa de informática pequeninha", nas palavras do próprio ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), pagou R$400 mil pelos serviços da P-21 Consultoria e Projetos Ltda, empresa mantida pelo petista entre sua saída do comando da prefeitura de Belo Horizonte, em 2009, e a chegada ao governo federal, em 2011. Firma especializada em "cabeamento estruturado para rede de computadores", a QA Consulting Ltda pertence a Alexandre Allan, de 36 anos, e Gustavo Prado, de 35, filho de Otílio Prado, sócio minoritário de Pimentel na P-21 Consultoria.

O pagamento pela consultoria de Pimentel se deu em duas parcelas de R$200 mil. A primeira foi paga em 19 de fevereiro de 2011, dois dias antes de a QA Consulting receber R$230 mil da construtora HAP Engenharia para prestar serviços de "infraestrutura para soluções de rede". A título de tributação, o serviço foi declarado como de engenharia civil mas, segundo o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), não há registro de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) referente ao serviço alegado pela empresa. A segunda parcela foi paga em maio de 2010.

Construtora acusada de desviar recursos

A HAP é velha conhecida de Fernando Pimentel: em maio deste ano, o ex-prefeito de Belo Horizonte tornou-se réu em ação civil pública ao lado do dono da empresa, Roberto Senna. A construtora é acusada de superfaturar obra da prefeitura de Belo Horizonte em R$9,1 milhões e de desviar recursos para a campanha de Pimentel em 2004, quando o petista disputou a reeleição para a prefeitura da capital mineira. Na época, Pimentel contratou sem licitação a Ação Social Arquidiocesana (ASA), da Arquidiocese de Belo Horizonte, para construir 1,5 mil casas. A entidade subcontratou a HAP, e o custo da obra passou de R$12,7 milhões para R$26,7 milhões. Segundo o Ministério Público, metade das casas não foi entregue. O processo corre na 4ª Vara da Fazenda Pública Municipal de Belo Horizonte.

A QA Consulting é a terceira maior cliente da consultoria de Pimentel, que em dois anos faturou R$2 milhões. Conforme mostrou O GLOBO no domingo, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) pagou R$1 milhão por serviços ao ministro, e a construtora mineira Convap, outros R$514 mil, meses antes de abocanhar em consórcio R$95,3 milhões em contratos no governo do aliado de Pimentel, Márcio Lacerda (PSB). A QA pagou R$400 mil pela consultoria de Pimentel, apesar da sua peculiar situação financeira: de acordo com a Junta Comercial de Minas Gerais, está enquadrada como microempresa (faturamento anual de, no máximo, R$360 mil, de acordo com a nova legislação).

Procurado ontem de manhã na sede de sua empresa, o sócio Gustavo Prado não quis dizer se haviam contratado Pimentel. Também se recusou a dar qualquer detalhe a respeito dos serviços prestados pelo ministro à sua pequena empresa. Disse que se pronunciaria apenas por e-mail e pediu ao repórter que se retirasse. À tarde, enviou e-mail dizendo que Pimentel havia prestado serviços de "consultoria econômica" e que a empresa teria perfeita "capacidade econômico-financeira para custear a consultoria contratada". Mas não quis dizer qual foi o faturamento de sua empresa em 2009 e 2010, alegando se tratar de informação estratégica.

Sobre a contratação de seus serviços pela HAP, Prado disse não ter registrado ART no CREA-MG porque, em sua opinião, "o serviço não era de relevância e nem houve exigência do cliente".

- Os serviços foram corretamente declarados às autoridades fiscais, tendo sido realizado em mais de um estabelecimento da empresa - afirmou Prado.

Ao ser questionado sobre o enquadramento como microempresa, a QA Consulting atribuiu a situação a um erro do escritório de contabilidade que presta serviço para eles e informou que, na prática, já teria alterado o formato de pagamentos de impostos pela empresa.

O GLOBO também procurou ontem o empresário Gustavo Henrique Duarte, que foi sócio da QA Consulting entre a consultoria de Pimentel, em 2009, e o início deste ano, quando ele deixou a empresa.

- Eu não cuidava da parte administrativa, não posso falar nada sobre isso - disse, ao desligar o telefone e não mais atender as ligações do GLOBO durante a tarde de ontem.

O dono da HAP Engenharia, Roberto Senna, informou, por meio de sua assessoria, que as instalações de cabeamento da QA Consulting na sua construtora foram adequadamente executadas e negou ter usado a empresa do filho do sócio de Pimentel para transferir recursos ao ex-prefeito de Belo Horizonte, de quem sempre se declarou amigo publicamente. "Não existe nenhuma relação entre estes serviços e eventual contratação, pela QA Consulting, de serviços de terceiros, inclusive de eventual contratação de empresa de consultoria do ministro Fernando Pimentel", escreveu a assessoria de Senna na nota oficial.

Na ação civil pública em que Senna é réu ao lado de Pimentel, o Ministério Público questiona a proximidade dos dois, em especial a doação de R$235 mil à campanha de Pimentel pela reeleição em 2004. Laudos periciais solicitados pelo Ministério Público levaram o órgão a sustentar que o valor doado seria parte de uma parcela de R$1,2 milhão repassada pela prefeitura à ASA e, consequentemente à HAP, 11 dias antes do registro da doação. No processo, os advogados de Pimentel classificaram a acusação como "ilação do Ministério Público".

PSDB pretende convocar ministro

Os petistas saíram ontem em defesa de Pimentel, e descartaram a possibilidade de o ministro vir a ser o próximo da lista a ser bombardeado pela oposição no Congresso. A oposição, porém, considerou insuficientes as explicações dadas por Pimentel. O PSDB entra hoje, na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, com pedido de convocação do ministro.

Colaboraram Isabel Braga e Maria Lima

FONTE: O GLOBO

Lupi sai, mas PDT continua na base do governo

Partido cria grupo para tratar da reforma ministerial com Dilma e espera manter espaço político na Esplanada

Gerson Camarotti, Roberto Maltchik

BRASÍLIA. Para evitar novos constrangimentos com a presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro Carlos Lupi sairá de cena e um grupo escolhido ontem, em reunião da Executiva Nacional do PDT, fará a interlocução com o Palácio do Planalto sobre a reforma ministerial prevista para janeiro. O partido avisou que mantém o apoio ao governo Dilma independentemente de cargos, mas pretende manter seu espaço político na Esplanada.

Surpreendido ontem de manhã pelo GLOBO no elevador do ministério, Lupi deixou aflorar o ressentimento com o que chamou de injusta campanha da imprensa para derrubá-lo, e disse que foi vítima do "sistemão" que encerrou sua passagem pelo governo.

- Com vocês (da imprensa), eu só falo por meio de nota oficial. Vocês já destilaram todo o seu ódio. Agora só por nota - encerrou Lupi.

Aos companheiros do PDT, Lupi reconheceu que sua permanência já começava a causar forte desgaste pessoal, além de problemas políticos ao governo e ao partido. E avisou que vai sair de férias.

A eventual participação de Lupi, como presidente do PDT, nas negociações com a presidente Dilma causaria desconforto generalizado e desnecessário, concluíram os pedetistas.

- Não dá para o ex-ministro Carlos Lupi tirar o paletó de ministro, ir em casa, tomar um banho, botar uma camisa social e voltar ao Palácio como interlocutor do partido no governo - disse Brizola Neto (RJ).

O grupo que fará a interlocução com o Planalto é formado por cinco dirigentes pedetistas: o presidente em exercício, André Figueiredo; Brizola Neto; o secretário-geral, Manoel Dias; o líder na Câmara, Giovanni Queiroz (PA); e o líder no Senado, Acir Gurgacz (RO).

O descontentamento de setores do PDT foi manifestado pelo deputado Paulo Pereira da Silva (SP), que atacou diretamente a Comissão de Ética Pública:

- Essa Comissão de Ética é partidarizada, é racista e preconceituosa.

FONTE: O GLOBO

Interino de Lupi é técnico leal ao ex-chefe

Única vaidade de Paulo Roberto Pinto foi guardar D.O. quando substituiu o então ministro do Trabalho

Roberto Maltchik

BRASÍLIA. Carlos Lupi saiu do Ministério do Trabalho, mas continua bem representado na pasta. O ministro interino é Paulo Roberto dos Santos Pinto, um pedetista de 39 anos, nascido em Nova Friburgo (RJ) e que se fortaleceu por sua lealdade ao ex-ministro. Pinto também é mais um entre os membros da Executiva Nacional do PDT que acumularam cargos estratégicos no Trabalho.

O interino chegou ao ministério com Lupi, em 2007, como assessor especial. Antigos colegas relatam que o servidor de carreira do Banco do Brasil é um burocrata tradicional, acostumado ao ordenamento de pagamentos de contratos e fornecedores. Desde que autorizados pelo superior hierárquico.

- Ele é um técnico. Eu o conheci em Nova Friburgo. Ele foi gerente do Banco do Brasil em Nova Friburgo, mas antes mesmo já era do PDT. Eu gosto muito dele - afirmou Olney Ribeiro Botelho (PDT-RJ), suplente do senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Segundo um ex-colega da pasta, o pouco de vaidade que Paulo Roberto Pinto nutre no exercício da função pública é graças à interinidade. Fala-se até que, em 2010, quando Lupi representou o Brasil em reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, o interino guardou com carinho a página do Diário Oficial da União, com o registro dos poucos momentos em que se firmou no comando do ministério.

Entre os pedetistas, a avaliação é que Lupi pode continuar imprimindo sua marca pessoal no novo gabinete temporário, tamanha influência que exerce sobre Paulo Roberto Pinto. Aliás, o PDT continua enraizado no comando do principal braço operador do Trabalho, a Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, sob a direção de Carlos Roberto Simi, outro integrante da Executiva Nacional do partido.

Dilma já avisou que, até a reforma ministerial, nada muda na estrutura do Trabalho. Muito menos deve indicar um substituto para Pinto, que acumulará a tarefa de secretário-executivo até a mudança prevista para janeiro de 2012. De acordo com a assessoria do ministério, Paulo Roberto Pinto passou o dia em atividades internas e, por ora, não deve conceder entrevistas.

FONTE: O GLOBO

'Quando se criam capitanias partidárias, fica difícil fiscalizar'

Deputado prega reforma ministerial com redução de cargos e fixação de metas e defende que PDT "pare e avalie os estragos"

Alfredo Junqueira

RIO - As denúncias e o processo que culminou na demissão de Carlos Lupi fizeram o deputado Miro Teixeira (RJ) comparar a situação do PDT à da Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial. "Com a nação destruída, eles começaram a pegar os tijolos que sobraram e iniciaram a reconstrução. O fundamental agora é parar e avaliar os estragos."

Pedetista histórico, com dez mandatos na Câmara e ex-ministro das Comunicações no primeiro governo Lula, Miro sugere que a presidente Dilma Rousseff promova uma reforma administrativa simultânea às mudanças no ministério, acabando com o que chamou de "capitanias partidárias" e estabelecendo como premissa o princípio da eficiência.

Como fica o PDT depois da queda de Carlos Lupi?

Ainda é cedo para avaliar. O PDT vive o mesmo que outros partidos que foram de oposição e, de repente, foram participar do governo, cometendo erros de mandar quadros dirigentes para os postos da administração. Mas o que se vive hoje é algo mais preocupante do que a situação de um partido.

Como assim?

O problema é o tipo de presidencialismo que temos. Um presidencialismo de cooptação. Quando se criam capitanias partidárias, você dificulta a fiscalização interna.

Mas o que deve ser feito?

A presidente Dilma tem condições de acabar com isso na reforma ministerial. Tem de acabar com esse número exagerado de ministérios. É preciso fazer uma reforma administrativa por cima. É preciso definir as áreas de atuação e o número mínimo de ministérios para administrar essas áreas. E compor esses ministérios a partir do princípio da eficiência. É preciso ainda reduzir o número de cargos de livre provimento e estabelecer metas em cada área.

Haveria espaço para indicações dos partidos nos ministérios a partir dessa reforma?

A solução exclusivamente técnica ou exclusivamente política é inadequada. Tem de se preencher os lugares a partir da percepção da eficiência. Não se exclui alguém por simplesmente pertencer a um partido.

Como mudar o rumo do PDT depois de semanas de exposição negativa?

Nesse tipo de situação, o que manda o bom senso é parar tudo. Até porque vamos entrar no período de festas. Tem de parar e conversar antes de brigar.

O senhor assumiria uma posição de conciliador no partido? Seu nome já foi citado para assumir o comando do PDT.

É a primeira vez que estou ouvindo isso. O fundamental agora é parar e avaliar os estragos. Como aconteceu na Alemanha no pós-guerra. Com a nação destruída, eles começaram a pegar os tijolos que sobraram e iniciaram a reconstrução. Não existe situação que seja incontornável. É preciso ver de que maneira podemos trabalhar todos para reconstruir o que foi o PDT.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Demissão de Lupi mostra que Dilma não tem controle sobre o governo, diz líder do PPS

Diógenes Botelho

A demissão de Carlos Lupi (PDT) do comando do Ministério do Trabalho mostra que a presidente Dilma Rousseff não tem controle nenhum sobre o governo. A afirmação é do líder do PPS na Câmara, deputado federal Rubens Bueno (PR), para quem o primeiro ano da petista no Planalto foi marcado pela paralisia administrativa e escândalos de corrupção.


“A demissão de Lupi é a prova de que Dilma não tem nenhum controle sobre o governo e passou o primeiro ano administrando o espólio de corrupção herdado do ex-presidente Lula. Com a postura de segurar por no governo ministros envolvidos em escândalos, a autoridade dela, a cada dia que passa, deixa de existir”, analisa o líder do PPS.

Para Rubens Bueno, nesse primeiro ano não há nenhuma ação de governo concreta, a não ser as obras da Copa do Mundo, com atraso quatro anos. “Nós não vemos Dilma governar com uma esquipe adequada à realidade dessa nova etapa da vida do país. Ela só vem atendendo as demandas de loteamento de cargos, da velha prática política, quando imaginávamos que com Dilma o governo seria diferente do que foi com Lula”, critica o deputado.

Reforma ministerial

A reforma ministerial, prevista para janeiro, é, na avaliação do líder do PPS, uma oportunidade para a presidente dar uma virada em seu governo. “É uma oportunidade para ela restabelecer a sua autoridade como presidente e definir a equipe com quem pretende governar. E, acima de tudo, colocar em prática os compromissos que firmou durante a última campanha presidencial”, sugere Rubens Bueno.

Investigação

Para o líder, a demissão de Lupi não é suficiente para conter o esquema de corrupção montado na pasta. Ele cobra da presidente um ação concreta para “afastar a roubalheira” do seio de seu governo. “Não basta só demitir ministro. Queremos o aprofundamento das investigações e o desmonte completo do aparelho de corrupção montado no ministério do Trabalho. Por outro lado, a Advocacia Geral da União tem que entrar em campo para recuperar o dinheiro roubado em diversos convênios da pasta com Ongs dirigidas por filiados ao PDT”, defendeu Rubens Bueno, que cobra ainda implantação de um novo modelo de gestão para a administração pública.

Seis já caíram por corrupção

Rubens Bueno lembra que em 11 meses de governo seis ministros caíram do cargo após denúncias de corrupção. Antônio Palocci (Casa Civil), suspeito de usar sua consultoria particular para exercer tráfico de influência e enriquecer ilicitamente; Alfredo Nascimento (Transportes), com o mensalão do PR; Wagner Rossi (Agricultura), por desvios de verbas na pasta; Pedro Novais, cuja pasta do Turismo foi alvo de operação da Polícia Federal que desbaratou uma quadrilha que desviava recursos públicos, Orlando Silva, pelo esquema de desvio de verbas no Esporte e, agora, Carlos Lupi, acusado de montar um balcão da propina no Ministério do Trabalho.

Loteamento do governo

Para o líder do PPS, outro problema que tem agravado os escândalos de corrupção no governo Dilma é a prática de entregar ministérios “de porteira fechada” aos partidos aliados. “Esse loteamento é que leva a situações como essa (do Ministério do Trabalho). O governo precisava escolher pessoas preparadas, qualificadas para que o ministério trabalhe para devolver as políticas públicas e não para atender interesses desse ou daquele partido. Mas hoje o que vemos é a distribuição de lotes e, a partir daí, se aparelha toda uma estrutura de governo, por meio de um partido, para colher benefícios. Isso acaba em casos de extrema gravidade como o que estamos vendo aí”, critica Bueno.

FONTE: PORTAL DO PPS

Oposição tenta levar mais um ministro à Câmara

Eugênia Lopes, Edna Simão e Marcelo Portela

BRASÍLIA, BELO HORIZONTE - Os partidos de oposição vão tentar aprovar a convocação do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, para explicar a atuação de sua empresa, a P-21 Consultoria e Projetos, entre 2009 e 2010. O requerimento será apresentado hoje na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara.

Reportagem publicada pelo jornal O Globo sugere tráfico de influência da consultoria do ministro em licitações da prefeitura de Belo Horizonte e a não prestação de serviços pagos pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

"A suspeita existe e ele tem que se explicar", afirmou ontem o líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA).

"Ele precisa vir a público e explicar detalhadamente como ocorreram essas consultorias", emendou o líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). Para o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), a denúncia é grave.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), saiu em defesa do ministro. O petista não vê problema no fato de Pimentel ter recebido R$ 2 milhões por serviços de consultoria realizados em 2009 e 2010. Na avaliação de Vaccarezza, o ministro era uma "pessoa comum" e, portanto, não havia impedimento para exercer o serviço. "Ele não era ministro. Era um cidadão comum", afirmou o líder. "Todas as empresas no Brasil têm de alguma forma uma relação com o poder público."

Depois da presidente Dilma Rousseff, agora é a vez de correligionários cobrarem explicações do ministro. Pimentel reúne-se hoje com a bancada petista em seu gabinete para esclarecer suas atividades como consultor. A reunião já estava agendada, mas o tema principal passa a ser as denúncias contra o ministro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

FHC cria página em rede social para discutir política

SÃO PAULO - Após lançar um blog no meio do ano para discutir política, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deu mais um passo na sua participação na internet e inaugurou uma página na rede social Facebook.

Sua intenção é compartilhar agenda de compromissos e debates do instituto que leva o seu nome.

Para divulgar o perfil, FHC publicou um vídeo em que fala da contribuição da internet no mundo político, citando episódios como a Primavera Árabe e a eleição de Barack Obama, nos EUA.

Ele diz que quer ampliar a plataforma de debates que iniciou com o Observador Político, blog criado em junho. Após quatro dias, a página contava ontem com cerca de 16 mil seguidores.

Ontem, no programa Roda Viva, da TV Cultura, FHC disse estar fascinado pelo mundo da internet, mas que não usará a rede para expor sua vida pessoal.

Criticou ainda a proliferação de partidos sem programas políticos e apontou um aumento excessivo de cargos comissionados nas gestões petistas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Governo banca congresso que discute verba para jornais

Objetivo é estabelecer critério para repasses

BRASÍLIA - O governo federal patrocina hoje um congresso que discutirá um modelo de auditagem da circulação dos jornais do interior do Brasil.

A intenção é criar parâmetros objetivos para distribuição de verbas federais de publicidade -que, desde a chegada do PT ao poder, foram pulverizadas em centenas de publicações menores.

Atualmente, a Secretaria de Comunicação anuncia em cerca de mil diários brasileiros. Mas apenas cerca de cem publicações passam pelo IVC (Instituto de Verificação de Circulação).

O presidente-executivo do IVC, Pedro Martins, apresentará a representantes de 112 diários um "produto" para verificação de tiragem de jornais com faturamento inferior a R$ 2,4 milhões anuais e circulação abaixo de 5.000 exemplares.

Graças ao patrocínio dos Correios, da Caixa Econômica Federal, da Petrobras e do Banco do Brasil, o governo participa com R$ 220 mil dos R$ 500 mil gastos com a realização do I Congresso dos Diários do Interior do Brasil.

A proposta, que reduz de R$ 8 mil para R$ 1,6 mil o custo para adesão ao IVC, atende a um pedido do governo.

Se implantada até o ano que vem, a iniciativa permitirá a verificação da tiragem de jornais do interior durante as eleições municipais.

"O governo cobra demais essa verificação", reconhece a presidente da Associação dos Diários do Interior, Margareth Cedraz.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PSOL elege Valente e submete alianças à direção

BRASÍLIA - O deputado Ivan Valente (SP) foi eleito para ocupar a presidência do PSOL nos próximos dois anos. Reunido em convenção nacional no fim de semana, o partido decidiu também fixar diretrizes para as alianças a serem fechadas nas eleições municipais de 2012 e reforçar a militância do partido na área sindical.

O objetivo do PSOL é impulsionar a criação de uma central sindical que seja crítica à atual política econômica e mantenha uma postura de independência em relação ao governo Dilma Rousseff, ideia que contaria também com a adesão de integrantes da Intersindical e da central sindical Conlutas. O PSOL é favorável ao fim do imposto sindical e à contribuição voluntária dos trabalhadores aos sindicatos e centrais.

"Queremos construir um movimento popular, criando uma central sindical dos trabalhadores. Hoje, as centrais estão no espectro governista. As centrais que estão aí recebendo o imposto sindical viraram governistas", afirmou o deputado Ivan Valente. "Queremos uma central dos trabalhadores autônoma e soberana em relação aos governos e aos partidos. Não quer dizer que a central deve ser do PSOL."

Ivan Valente sucede Afrânio Boppré, que era o secretário-geral do partido e assumiu a função depois da renúncia de Heloisa Helena. A ex-senadora e atual vereadora de Maceió, que na última eleição presidencial apoiou Marina Silva em vez do candidato do partido, não compareceu ao congresso nacional do PSOL. Valente diz que trabalhará para reintegrar Heloisa Helena ao partido, apesar dos rumores de que a alagoana poderá aliar-se a Marina Silva na criação de uma nova legenda.

Durante o evento realizado em São Paulo, o PSOL também decidiu que haverá prévias nas praças onde houver mais de um pré-candidato. O partido fixou ainda uma política para as alianças que serão fechadas nas eleições municipais de 2012: parcerias fora da chamada Frente de Esquerda, formada também por PSTU e PCB, terão de receber o crivo do diretório nacional. "Essa diretriz protege o partido e flexibiliza para alianças que não desfigurem nossa lógica partidária", explicou o novo presidente do PSOL.

Fundado em 2004, o partido não administra prefeitura alguma no país. A cúpula do PSOL considera, no entanto, ter candidatos competitivos no Rio de Janeiro, Belém e Macapá. (FE)

FONTE: VALOR ECONÔMICO

A reforma antecipada

Demissão de Carlos Lupi faz partidos iniciarem disputas antes programadas para o fim de janeiro, quando haverá uma mudança geral nos ministérios. PT e PMDB se digladiam por pastas como Cidades e Transportes

Josie Jeronimo

Presa em um nó partidário de aliados famintos e descontentes, a presidente Dilma Rousseff terá que conciliar na primeira reforma ministerial oficial de seu governo a resolução de problemas administrativos, a saída de titulares que disputarão as eleições de 2012 e a assimetria de poder entre legendas aliadas. A presidente ainda não fechou seus planos, mas já recebeu lista de reivindicações. O PT quer os ministérios das Cidades e do Trabalho. O PMDB, por sua vez, anda insatisfeito, reclamando que só ganhou ministérios sem capilaridade. Para melhorar sua situação na Esplanada, o aliado pleiteia a pasta de Transportes, acrescida da Secretaria de Portos, que deve perder o status de ministério. A disputa dos aliados pela ampliação do espaço na Esplanada já se refletiu no Congresso. O governo encontra dificuldades em aprovar a lei que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e os parlamentares já trabalham com a possibilidade de não votar o orçamento este ano.

No xadrez do enxuga e troca ministerial, a restruturação de algumas pastas é avaliada por Dilma. A presidente tem criticado o modelo de gestão e chegou à conclusão de que é impossível se reunir com quase 40 ministros. Para resolver a questão, avalia fundir pastas que têm ações correlatas, como Trabalho e Previdência; Agricultura e Pesca; Igualdade Racial, Políticas para Mulheres e Direitos Humanos; e Transportes e Portos ou Integração Nacional e Portos.

A chuva de ministros derrubados por denúncias de corrupção prejudicou os planos da presidente, de modificar a gestão das pastas em 2012. Há três meses, Dilma discutiu em reunião de coordenação política a proposta de dividir a Esplanada em áreas "guarda-chuva". Em vez de despachar com os titulares dos 38 ministérios, a presidente sugeriu que as pastas fossem divididas em grandes temas e que um ministro — com perfil mais técnico e testado pelos anos do governo PT — fosse o coordenador temático, ou seja, o responsável que conversaria com ela. Com isso, Dilma criaria uma modalidade de "vice-ministros", ideia que já incomoda os aliados, mas resolveria problemas administrativos e de agenda do Planalto.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirma que por enquanto a presidente mantém a sete chaves as novidades de sua reforma ministerial, mas que os aliados já foram avisados de que não haverá grandes mudança na correlação de força dos partidos. "As informações são de que será uma coisa pontual, não uma grande reforma. As forças políticas serão mantidas, não vão mexer nos partidos para fazer um xadrez completo."

Eleições municipais

A avaliação dos aliados é de que o ano de turbulência política que antecedeu a reforma oficial limita os planos da presidente no momento de montar seu primeiro ministério de fato. "É sempre complicado fazer uma reforma no meio do mandato. Quando o novo governante assume é que ele decide o tamanho do Estado. Fazer mais composições depois é complicado", afirma o senador Wellington Dias (PT-PI).

Denúncias de corrupção e de deslocamentos políticos, no entanto, forçarão Dilma a realizar composições. Pelo menos quatro ministros (ver quadro) amargam frigideira graças a irregularidades apontadas em suas pastas e outros quatros figuram na lista de pré-candidatos a prefeituras em 2012. No caso do ministro da Educação, Fernando Haddad, seu afastamento poderá dar lugar a Aloizio Mercadante, que deixaria o Ministério de Ciência e Tecnologia para assumir a pasta na reforma ministerial.

O lugar de Mercadante voltaria para as mãos do PSB, que já comandou a pasta de Ciência e Tecnologia. O Ministério do Trabalho, comandado pelo interino Paulo Roberto dos Santos Pinto após a saída de Carlos Lupi, é alvo da cobiça de setores do PT, assim como a pasta de Cidades, pois o titular Mário Negromonte (PP) não deve ser reconduzido na reforma. Se atender aos pleitos do PT, Dilma terá que acomodar o PDT e o PP em outros ministérios, para manter a harmonia da coalizão.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

PIB: analistas esperam estagnação ou até queda no terceiro trimestre

Para especialistas, atividade industrial e consumo devem crescer menos

Fabiana Ribeiro

RIO e BRASÍLIA. A economia brasileira perdeu o fôlego. É o que os analistas esperam que o IBGE confirme hoje ao divulgar o desempenho do país no terceiro trimestre do ano. Para especialistas, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de produtos e serviços produzidos no país) deve ficar estável ou mesmo no vermelho. Devem desacelerar a atividade industrial e ainda o consumo e o investimento.

- O PIB deve vir bem fraco. Espero alta de 0,3%, mas há até chance de queda. Frente a 2010 deve ficar nos 2,6%. Essa desaceleração me parece mais ligada à crise internacional do que pelos efeitos da política econômica doméstica - disse Sergio Vale, economista da MB Associados, para quem 2012 pode crescer de 3,5% a 4%, se houver melhora na zona do euro.

CNI: indústria continua perdendo fôlego

Segundo Eduardo Velho, economista da Prosper Corretora, o consumo das famílias deve crescer menos. Já a indústria pode até vir com números negativos. Frente a igual trimestre de 2010, a expectativa também é de desaceleração. No caso da indústria, a alta de 1,7% no segundo trimestre pode recuar para uma variação de 0,9% no terceiro:

- Após a expectativa de queda de 0,13% do PIB, estimo aumento de, pelo menos, 0,5% no quarto trimestre.

Para José Francisco de Lima, economista do Banco Fator, recuperação é um cenário só vislumbrado a partir do segundo trimestre de 2012.

- A crise chegou aqui pela via das incertezas. E isso traz uma desaceleração na demanda por investimento e redução do ritmo de contratações.

Os indicadores da produção industrial continuam perdendo fôlego. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), em outubro frente a setembro, as horas trabalhadas recuaram 0,5% e a utilização da capacidade instalada caiu 0,3 ponto percentual, para 81,4 (o índice varia de 0 a 100). Pagam a fatura os trabalhadores: o rendimento do pessoal empregado apresentou a maior queda para meses de outubro desde 2006, de 1,4%.

Frente ao mesmo mês de 2010, o freio na produção é ainda mais acentuado, de 1,1% no caso das horas trabalhadas e de um ponto percentual no caso da capacidade das fábricas - a sétima retração seguida. Ainda assim, o faturamento subiu 1,4% em outubro, contra o mês anterior. O aumento das vendas é de 6,1% sobre outubro de 2010 e está acumulado em 5,4% na comparação com os dez primeiros meses de 2010.

FONTE: O GLOBO

Bancos públicos devem obter reforço de caixa

Governo quer garantir crédito para destravar economia em 2012; a Caixa Econômica Federal pediu entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões à Fazenda

Adriana Fernandes, Fernando Nakagawa

BRASÍLIA - O governo prepara um reforço de caixa dos bancos públicos. Com a preocupação de aumentar os investimentos e o consumo em 2012, a ideia é garantir recursos suficientes para que as instituições possam continuar oferecendo crédito. Além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com revelou o "Estado" há três semanas, a Caixa Econômica Federal e outros bancos públicos poderão ser beneficiados com a ajuda em dinheiro da União.

Nos últimos anos, além de emprestar cada vez mais para as famílias, a Caixa também ganhou espaço no crédito para as empresas. Essa expansão, porém, não foi acompanhada igualmente por um reforço de capital no banco. Por isso, pioraram os indicadores da casa. Em setembro de 2008, no início da crise passada, o banco estatal tinha R$ 19,09 em caixa para cada R$ 100 emprestados. Hoje, são R$ 13,45 para o mesmo volume de empréstimos, muito próximo do mínimo requerido de R$ 11,00 - o chamado Índice de Basileia. Quanto mais alto o indicador, mais espaço o banco tem para emprestar.

Como o índice da Caixa se aproxima do mínimo de 11%, a direção do banco pediu ao Ministério da Fazenda um reforço de caixa entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões. O pedido foi feito na semana passada ao secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Antônio Henrique Pinheiro Silveira. Os dados da instituição ainda serão analisados. Já há dentro da Fazenda quem avalie que o valor está exagerado. "Uma coisa é pedir, outra coisa é levar", disse a fonte.

Sem reforço. O aumento de capital é uma hipótese no radar do Banco do Brasil, mas a instituição avalia que não há urgência em realizar a operação. Fonte próxima à gestão da casa afirmou que a direção do BB entende que será possível passar os próximos meses, provavelmente todo o ano de 2012, sem reforço de capital. Apenas uma mudança radical das condições do mercado de crédito exigiriam mais dinheiro no banco federal.

O argumento do BB é que índice de Basileia do banco está em 14,5%. O número está acima do mínimo e bem próximo dos principais concorrentes. Dados do Banco Central mostram que o indicador do Itaú está em 15,1% e do Bradesco, em 14,9%. Apesar desse tom ameno, a hipótese de agravamento da crise e de uma ação mais forte do BB na oferta de crédito mantêm a chance de que seja necessário aumentar o capital para que a casa possa financiar os clientes. Se esse quadro se confirmar, o BB tem algumas alternativas de trabalho e a hipótese de ajuda do Tesouro segue na mesa da direção do BB.

Já o BNDES deve receber até o fim do ano entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões dos R$ 25 bilhões que faltam da linha de financiamento aberta pelo Tesouro no início do ano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Operários da Transnordestina entram em greve

Por unanimidade, os 380 funcionários que trabalham no Lote I da ferrovia, no Cariri cearense, decidiram paralisar as atividades na manhã ontem

Carmen Pompeu

FORTALEZA - Operários da Transnordestina cruzaram os braços ontem no Lote I em Missão Velha, no Cariri cearense. A paralisação começou pela manhã após uma assembleia realizada pelo sindicato em frente à obra.

Por unanimidade, os 380 trabalhadores optaram pela greve até que suas reivindicações sejam atendidas. Foi montada uma comissão de seis trabalhadores para negociar junto com o sindicato patronal e com os representantes da empresa Odebrecht, que é a responsável pelo trecho.

Na parte da tarde houve uma reunião com encarregados. Mas, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias em Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral do Estado do Ceará (Sintepav-CE), Raimundo Nonato Gomes, não houve acordo. "Não estamos avançando em nada. Acredito que a paralisação não termina antes de quinta-feira", afirmou Gomes.

Mesmo diante da resistência do sindicato patronal, ele espera que as reivindicações sejam atendidas.

De acordo com Raimundo Nonato Gomes, apenas a Odebrecht está descumprindo esse acordo já firmado em Convenção Coletiva de Trabalho. "Caso não haja cumprimento, a obra permanecerá parada", garantiu o presidente do Sintepav-CE.

Os operários reivindicam reajuste de 100% no porcentual de horas extras, que hoje é de 70%; aumento da cesta básica de R$ 80 para R$ 150; plano de saúde estendido aos familiares; reajuste de 2% sobre o salário de todos os trabalhadores para complementar o porcentual de 13% da categoria e o retroativo de abril (em outubro foi concedido 11%); PRL de 440 horas (referente a dois meses de trabalho); ajuda de custo no valor de R$ 200 para os trabalhadores em alojamentos; e folga no dia do pagamento.

Obra do PAC. A Transnordestina integra a lista das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Quando concluída, a ferrovia terá 1.728 quilômetros de extensão e ligará os Portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, ao sertão do Piauí. Transportará cerca de 40 milhões de toneladas/ano de grãos, minério, gesso, frutas e combustíveis.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Lupi e Rousseau :: Merval Pereira

O agora ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi deixou um bilhete justificando seu pedido "irrevogável" de demissão transferindo suas culpas para um suposto "ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo", assim mesmo, com letra maiúscula.

É um bilhete de despedida e ao mesmo tempo uma tentativa de se transformar em mártir, perseguido pela mídia e pelo Conselho de Ética da Presidência.

A mídia já é alvo de um grupo petista que não esquece a tentativa de controlar as informações, vontade que aumenta a cada vez que uma denúncia contra o governo se mostra tão verdadeira que obriga à demissão de ministros.

Já o Conselho de Ética teria que ser desfeito caso Lupi permanecesse no cargo, o que não seria nada bom para o governo.

Lupi garante sair, depois de tentar sobreviver politicamente a sucessivos escândalos, "com a consciência tranquila do dever cumprido, da minha honestidade pessoal e confiante por acreditar que a verdade sempre vence".

Conversando com o professor de Filosofia Política e Ética da USP Renato Janine Ribeiro, que está aqui na Tunísia participando da Conferência da Academia da Latinidade sobre os novos imaginários da democracia suscitados pela Primavera Árabe, concordamos com a conclusão geral de que a impunidade é a razão da repetição dos erros, e que não é possível Lupi não ser julgado, assim como acontece a seus antecessores de degola.

No Brasil atual, há uma regra não escrita semelhante à do Comitê Olímpico Internacional (COI), do qual outro brasileiro ilustre, João Havelange, pediu demissão para não ser julgado por uma acusação de corrupção.

Lá em Genebra, sede do COI, há uma regra, não sei se escrita, de que se arquivam as denúncias em caso de demissão do acusado.

Parece que na poderosa Fifa, onde Havelange começou sua vitoriosa carreira de cartola internacional, a prática é a mesma. Mas essas são instituições privadas, que podem fazer suas próprias regras.

No plano político, há o exemplo dos Estados Unidos, onde as punições são rigorosas contra a corrupção - há casos diversos de banqueiros, governadores, empresários, políticos de maneira geral presos sem perdão -, mas as questões morais podem ser também letais para carreiras políticas.

Hoje mesmo temos exemplos de vários candidatos a candidato à Presidência dos republicanos que saíram da disputa por questões morais, como acusações de assédio sexual.

E a mentira de um político, descoberta, é geralmente fatal para suas pretensões.

Anuncia-se que a presidente Dilma deixará no cargo o secretário-executivo Paulo Roberto Pinto, que também é do PDT e teve participação ativa na tentativa de acobertar a viagem de Lupi no King Air "providenciado" por Adair Meira, presidente de ONGs com contratos milionários com o ministério.

Pinto tentou convencer o ex-secretário de Políticas Públicas de Emprego Ezequiel Nascimento a não confirmar as denúncias, mas não teve sucesso.

Pelo visto, Pinto não faz parte dos secretários-executivos de ministérios com quem a presidente Dilma prefere despachar em lugar dos ministros, nessa estranha maneira de governar que vem sendo aprofundada no governo Dilma.

Se não é possível deixar de entregar um ministério a um determinado partido, e se nem mesmo é possível à presidente escolher no partido o nome de sua preferência, ela resolve nomear um secretário-executivo de sua escolha e despacha com ele.

O ministro, por sua vez, fica mais devedor da bancada que o escolheu do que compromissado com a presidente, e acontece o que vem acontecendo com frequência assustadora neste primeiro ano de governo.

Os ministérios são usados como fontes para o financiamento das campanhas eleitorais do partido e para troca de favores do ministro com seus pares, que quando são revelados pela imprensa tornam inviável a permanência do ministro no cargo.

Pinto ficará no cargo até a reforma ministerial de janeiro, decisão que tem duas consequências em si mesmas boas: indica que a presidente pode adotar uma fusão de ministérios, juntando o Trabalho à Previdência, como sugerem estudos; e também que o brizolismo de Dilma não é suficiente para manter o Trabalho com o PDT.

O ex-ministro Lupi, se escapasse das acusações de corrupção, não escaparia das punições morais por ter mentido à presidente da República e, mais grave, ao Congresso Nacional.

Renato Janine sugere que se adote uma ideia do filósofo Jean-Jacques Rousseau, que em 1772 escreveu "Considerações sobre o governo da Polônia", a pedido do conde Wielhorski, que lhe solicitara "um plano regrado de reconstrução" para o país.

Naquele momento, qualquer integrante do Sejm (o parlamento) podia paralisar uma iniciativa do Executivo com o seu veto, e Rousseau, para mostrar o absurdo da situação, sugeriu uma medida drástica.

Já que não era possível acabar com o poder de veto, que se tomasse uma decisão: o autor do veto teria um julgamento sobre sua decisão.

Ou, caso comprovasse sua inocência, tornaria-se um herói nacional, merecedor de todas as honras por ter evitado uma medida catastrófica para o país, e os acusadores teriam que responder pelas calúnias; ou seria condenado à morte por seu veto, que impôs ao país um retrocesso.

Ao final, a prerrogativa do veto foi extinta, para acabar com a anarquia institucional e dar condições de governança ao reino.

Assim também os acusados de corrupção no Brasil teriam direito - ou a obrigação - de ver seus processos concluídos, para serem mostrados à população como vítimas de perseguição, como se dizem sem exceção os seis ministros demitidos por suspeita de irregularidades, ou serem condenados às penas da lei se comprovadas as acusações.

FONTE: O GLOBO

Mulheres de antenas:: Dora Kramer

Celebrada na condição de primeira mulher presidente do Brasil, Dilma Rousseff até agora deixou passar seis oportunidades de atuar em consonância com a expectativa corrente em relação às mulheres, de maior rigor na vida pública.

Uma maneira de fazer isso seria mostrar genuína disposição de liderar um processo de mudança nos critérios de funcionamento do governo de coalizão.

Duas mulheres deram exemplos recentes nos quais Dilma ainda dispõe de tempo para se mirar: Eliana Calmon e Marília Muricy, baianas conectadas com a necessidade de não se deixar o Brasil, por mais sucessos que tenha na economia, perder-se nos desvãos da desqualificação moral.

Ambas demonstraram coragem e firmeza efetivas para sacudir nichos até então intocados.

Eliana, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, com suas diatribes sobre a conduta de magistrados, lança alguma luz sobre a caixa-preta do Judiciário. Faz a diferença.

Marília, autora do relatório que recomendou a saída de Lupi, deu sentido à Comissão de Ética Pública que desde a criação, no governo Fernando Henrique, nunca havia sido contundente na tarefa de zelar pela confiabilidade dos ocupantes de cargos no primeiro escalão federal.

Tanto uma quanto outra recebem críticas daqui e dali, mas mantêm suas posições. A corregedora a cada dia aponta com clareza uma deformação no Judiciário e a conselheira, quando confrontada com a insatisfação do Palácio do Planalto a respeito do voto - aprovado por unanimidade pelo colegiado -, reafirmou a posição.

No caso da presidente da República, suas ações têm implicações mais amplas, evidente. Até certo ponto são compreensíveis as dificuldades políticas que enfrenta.

Não é do dia para a noite que se vira de cabeça para baixo um sistema herdado, em vigor há muito tempo e, sob a ótica do pragmatismo extremo - governamental e eleitoralmente falando -, vitorioso. Por isso mesmo a presidente conta a seu favor com o benefício da dúvida.

Até agora Dilma Rousseff não tem seguido a trilha da ousadia. Para efeito de propaganda ela é a dona da dita "faxina", mas no confronto com a realidade o que emerge de fato é a tomada de decisão a reboque dos fatos e a manutenção das igrejinhas nas mãos dos mesmos párocos.

Na reforma, ela pode mudar essa situação. Tudo vai depender da escolha que fizer: inovar ou deixar tudo mais ou menos como está, na suposição de que o time, sendo vencedor, deve continuar obedecendo as mesmas regras.

O que a presidente pensa sobre a reforma não se sabe. Ela tem consultado alguns ministros, Gleisi Hoffmann, José Eduardo Cardozo e Fernando Pimentel, conversa a respeito com o vice-presidente Michel Temer, obviamente deve se aconselhar com o ex-presidente Lula, mas até agora nada transpirou a respeito do essencial: a adoção de critério mais profissional para a nomeação de ministros.

Embora as apostas em Brasília apontem para alterações meramente pontuais, não se pode perder a esperança de Dilma nos reservar uma boa surpresa, conferindo conteúdo substantivo à sua gestão, a fim de que a condição de primeira mulher presidente do Brasil não seja um dístico vazio.

Atarefada. Versão corrente no Palácio do Planalto para explicar porque Dilma não demitiu Carlos Lupi na quinta-feira, quando foi anunciada a recomendação da Comissão de Ética Pública: ocupadíssima com o pacote de medidas de incentivo ao consumo e os preparativos da viagem à Venezuela, a presidente preferiu deixar para "tratar desse problema na segunda-feira".

Cerimonial. Há duas vantagens, na visão do governo, na nomeação do secretário executivo Paulo Roberto Pinto como interino no ministério do Trabalho: a presidente não abre espaço agora para a disputa do lugar e também evita a cerimônia de posse, com a presença de Lupi e os elogios de praxe ao demitido.

Desta vez qualquer desagravo, por mais formal que fosse, soaria especialmente constrangedor.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Teste decisivo na Grande São Paulo:: Raymundo Costa

O deputado João Paulo Cunha será o candidato do PT a prefeito de Osasco. Trata-se do primeiro acusado de integrar o suposto esquema do mensalão a tentar se eleger para um cargo executivo. Ele está otimista. Desde a eclosão do escândalo, em 2005, o número de eleitores do deputado cresceu cerca de 80 mil votantes. Ano passado ele ficou entre os mais votado do PT de São Paulo, e o primeiro em Osasco.À exceção de José Dirceu, na época chefe da Casa Civil e o ministro mais influente do governo Lula, o deputado João Paulo Cunha talvez tenha sido o petista que mais perdeu com o mensalão. Ex-líder da bancada do PT, ele foi também o primeiro deputado do partido a presidir a Câmara (2003-2005). Voava em altitude de cruzeiro rumo a uma candidatura ao governo estadual, talvez até fosse ministro de Lula até as eleições de 2006.

O baque não foi apenas político, mas também pessoal. O deputado deixou a barba crescer, mudou o formato dos óculos, que continuou a usar após uma cirurgia de correção da vista, tirou a barba e voltou à cena política com disposição, na atual legislatura. Sua primeira incursão foi a tentativa de novamente se eleger presidente da Câmara dos Deputados. Acabou eleito para a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante, por onde começam a tramitar todos os projetos.

Agora João Paulo Cunha mira a prefeitura da quinta maior cidade do Estado de São Paulo, com cerca de 800 mil habitantes e um orçamento anual de R$ 1,6 bilhão, maior que de algumas capitais brasileiras. É o terceiro maior PIB de São Paulo. A prefeitura está há oito anos nas mãos do PT, já no segundo mandato do prefeito Emídio Pereira de Souza, um antigo aliado de João Paulo Cunha. O mais provável adversário de João Paulo será o tucano Celso Giglio, que também já exerceu por duas vezes o cargo de prefeito de Osasco.

A coligação que João Paulo articula para concorrer em Osasco é maior que a base aliada ao governo em nível nacional. Conta, até agora, com 22 partidos, incluindo siglas adversárias do PT em Brasília, como o Democratas. PPS e PV também devem participar da coligação petista. "Está sendo uma experiência boa e nova para mim voltar o olhar para a aldeia", diz o deputado.

Segundo João Paulo, o mensalão não foi problema para ele nem na eleição de 2006, quando o assunto ainda estava muito recente na memória dos eleitores, nem em 2010. "Não vivo escondido atrás desse processo", afirma o deputado. Ele faz questão de lembrar que foi "absolvido pela Câmara" e também "nunca fui condenado pela Justiça. Quem me conhece, me respeita". João Paulo se orgulha de manter um concorrido sítio na internet com mais de 400 acessos diários - "o terceiro lugar nas redes sociais".

Já na campanha de 2006, o deputado montou tendas com 150, 200 cadeiras, som e telão para discutir com a população de Osasco o processo do mensalão. O evento era denominado "Diálogo Cidadão" e tinha como bordão a frase "Venha discutir o mensalão com o João Paulo". Tendo passado nos dois teses - foi o mais votado nas eleições de 2006 e 2010 -, o deputado acha que foi politicamente absolvido por sua cidade. Falta agora o STF.

"Minha expectativa é que o Supremo faça um julgamento técnico, por isso acredito sinceramente que serei absolvido", diz João Paulo sobre o processo do mensalão, em tramitação no STF. "Sou muito seguro da minha inocência". Na hipótese de ser condenado - e se o julgamento ocorrer antes das próximas eleições - João Paulo não poderá ser candidato, pois a tendência do Supremo é validar a lei da ficha limpa para as eleições de 2012.

A lei cuja constitucionalidade está sendo analisada pelo Supremo Tribunal Federal veta, como se sabe, a candidatura de condenados na Justiça por um colegiado, sem a necessidade do chamado trânsito em julgado (quando não há mais possibilidade de recurso a uma instância superior). Mas pode ocorrer também de João Paulo ser eleito e o julgamento do mensalão só acontecer em 2013, possibilidade considerada real entre políticos e advogados que atuam nos tribunais superiores, em Brasília.

Em termos eleitorais, os tribunais superiores entraram num labirinto sem desfiar o novelo que indicaria o caminho de volta. É só observar a sinuca de bico em que se meteu o STF no caso Jader Barbalho, ex-senador que pode passar para os anais do Supremo como o único político punido com a lei da ficha limpa nas eleições de 2010. A TV Justiça registrou tudo. Atípico.

O deputado João Paulo Cunha pode se tornar o primeiro réu do processo do mensalão a ser eleito para governar uma grande cidade brasileira. Em Osasco, ele é visto como favorito à sucessão de Emídio. Pode ser um teste decisivo para os planos do PT em 2014. Resta saber qual será a posição do Supremo. A propósito, na confusão que fez com os julgamentos da ficha limpa, o STF pode ter que mandar empossar um outro petista envolvido no suposto esquema do mensalão, mas que renunciou antes de ser julgado na Câmara: Paulo Rocha, terceiro colocado na eleição para o Senado no Pará, atrás de Jader Barbalho, mas quase um milhão de votos a mais que a quarta colocada, Marinor Brito (PSOL), que assumiu a cadeira.

Os partidos aliados ao governo têm mais expectativas do que informações sobre a reforma ministerial planejada pela presidente Dilma Rousseff. Na realidade, sabem apenas que ela será feita no início do próximo ano graças a uma entrevista da ministra Ideli Salvatti, que depois disso recolheu-se e passou a observar a lei do silêncio imposta aos ministros do Palácio do Planalto, à exceção de Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). A expectativa dos aliados mais próximos já foi maior: pelo menos 12 substituições na Esplanada dos Ministérios, além da fusão ou extinção de secretarias. Atualmente afirma-se que Dilma sabe que não há como governar com eficiência com 38 ministros, mas também sabe da "importância de ter uma base coesa".

FONTE: VALOR ECONÔMICO

O país das corporações:: Hélio Schwartsman

Foi só o STF declarar a inconstitucionalidade da exigência de diploma de jornalista para o exercício da profissão que políticos de todos os naipes se articularam para reintroduzi-la, dessa vez via emenda constitucional. Se a proposta que tramita no Senado for em frente, o mais provável é que volte a ser analisada pela corte, com boa chance de ser derrubada outra vez.

A insistência com que se volta ao tema, porém, é reveladora de um dos grandes problemas do Brasil: assombrados por um espírito levemente fascista, não nos vemos como cidadãos de uma República, mas como representantes de uma determinada categoria profissional ou segmento social que seria detentor de "direitos naturais". Nesse esquema, a ação política consiste em inscrever em lei as reivindicações oriundas desses "direitos" e esperar que o Estado as implemente. Viramos o país das corporações.

A dificuldade é que, como todo mundo faz o mesmo, o arcabouço legislativo se torna uma barafunda de reivindicações sindicais promovidas a norma geral. Elas são tantas que fatalmente se chocam. É nesse contexto que se inscrevem as guerras entre médicos e enfermeiros em torno das casas de parto ou entre psiquiatras e psicólogos pelo direito de diagnosticar. Pior para os pacientes e para a sociedade.

Para provar que não exagero, uma rápida consulta às bases de dados do Congresso revela dezenas de projetos de regulamentação de ofícios.

Apesar de a Constituição afirmar que a regra geral é a do livre exercício de profissões, legisladores buscam regular (e, portanto, restringir) as carreiras de modelo de passarela, filósofo, detetive, babá, escritor, cerimonialista, depilador etc. Já resvalando no reino da fantasia, busca-se também disciplinar a ocupação de astrólogo e terapeuta naturista.

Pergunto-me como nossos parlamentares puderam esquecer de Papai Noel e das indispensáveis fadas.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PIB parado:: Míriam Leitão

O Brasil ficou estagnado no terceiro trimestre. Este será o dado com o qual o país se defrontará hoje quando sair o número do PIB. A produção industrial encolheu 0,9% no período, a produção de aço mergulhou 15%. O quarto trimestre até agora também está negativo. O PIB de 2011 está caminhando para uma taxa de 3% no melhor cenário. Mesmo assim, é um bom resultado.

O ano teve sustos, interrupções, crises demais, por isso é natural que o crescimento que se previa ficar entre 4,5% e 5% tenha ficado na verdade em torno de 3%. Do quarto trimestre, só há dados de outubro, mas não se espera uma reversão da tendência, mesmo com a queda dos juros e o pacote.

Ontem o mercado estava em dúvida sobre se o indicador a ser divulgado hoje será de zero, ligeira alta ou pequena queda, mas qualquer que seja o número ele mostrará estagnação. A MB Associados acha que pode, no melhor cenário, dar 0,3% de alta, mas não afasta o risco de até ficar negativo. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o resultado seria de 2,6%. Uma freada forte porque o ano passado terminou em 7,5%.

- Essa desaceleração está mais relacionada com a crise internacional do que com efeitos da política doméstica. Foi feito pouco em matéria fiscal e monetária para justificar a desaceleração. Infelizmente estamos sendo contaminados pela paralisia que estamos vendo no mercado financeiro internacional - disse Sérgio Valle, da MB.

E a situação internacional teve ontem novos capítulos para confirmar que este ano é mesmo o da dúvida. A boa notícia foi que juntos os governantes da Alemanha e da França, Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, anunciaram que chegaram num amplo acordo para a reestruturação da Zona do Euro. No final da tarde, no entanto, veio a notícia de que a Standard & Poor"s colocou em perspectiva negativa as dívidas de 15 países da Zona do Euro. Hoje, França e Alemanha são triplo A.

O Brasil não está desacelerando sozinho. Países vizinhos que cresceram muito no ano passado também estão com ritmo menor. Os bancos centrais do México e do Chile mantiveram as taxas de juros acionando o modo "esperar para ver". A economia chilena é a mais vulnerável da região a uma desaceleração da China. Segundo a consultoria Capital Economics, o ritmo de crescimento chileno no mês de outubro foi o mais fraco desde o terremoto que atingiu o país em fevereiro de 2010.

A incerteza em relação à economia mundial afeta os investimentos, segundo o Itaú Unibanco: "A volatilidade da taxa de câmbio e a incerteza internacional costumam ser apontadas como fatores de postergação de investimentos; assim como os altos custos trabalhistas e de energia, restrição à importação de insumos e a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada", escreveu o banco em relatório. O Itaú ressalta que o desempenho das vendas varejistas decepcionou em setembro e outubro. Mas houve pequena melhora nos investimentos. As vendas de imóveis residenciais desaceleraram, o setor de commodities deve continuar a se expandir e o mercado de trabalho começa a dar sinais de acomodação.

De julho a setembro a produção industrial teve o seguinte desempenho: 0,3% positivo; 0,1% e 1,9% negativos. No trimestre, a produção de carros encolheu 0,4%; o setor de gás, 1,5%. Mas o que assustou mesmo foi a queda de 15% na produção de aço.

O Instituto Aço Brasil reviu para baixo suas previsões para 2011. O excedente de capacidade de produção de aço em relação à demanda no mundo continua alto - cerca de 500 milhões de toneladas. No Brasil, sobram 20 milhões de toneladas.

- No início do ano, com a expectativa de retomada mais forte das principais economias, a Associação Mundial de Aço previa que o setor no mundo retornaria ao nível pré-crise, de 2007, em 2012. Com o agravamento da crise na Europa, essa previsão ficará adiada por mais dois ou três anos - disse Marco Polo Mello Lopes, presidente-executivo do Instituto Aço Brasil.

Apesar disso, o melhor saldo comercial brasileiro foi o do terceiro trimestre, segundo a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil). O país teve um superávit de US$10 bilhões de julho a setembro.

Levando-se em conta que o país conseguiu manter baixa a taxa de desemprego, a conclusão é que o país teve um bom desempenho. O mundo não ajudou nada.

Pelo contrário. O terremoto do Japão afetou cadeias produtivas importantes, a revolta na África elevou o preço do petróleo, alavancou a incerteza e derrubou a economia americana no início da recuperação. Mas nada foi mais devastador do que a crise da Europa que se arrasta de forma crônica por vários meses produzindo uma sucessão de eventos inesperados.

A crise ainda não está encerrada e o ano ainda promete. A esperança que se tem em relação à Europa é que a situação está tão grave que não pode piorar mais. Na beira do abismo, os grandes países da região vão agir para salvar a moeda do colapso.

Mesmo se agirem, não vão salvar o crescimento europeu de 2012. A região deve continuar em recessão, mas se o mundo puder vislumbrar uma saída o clima pode melhorar.

Se isso acontecer, o Brasil pode ter no ano que vem um desempenho que é o retrato invertido do que houve este ano. Se em 2011 o país começou crescendo fortemente e foi perdendo ritmo, no ano que vem pode fazer o caminho oposto: começar fraco e ir ganhando força ao longo do ano.

FONTE: O GLOBO

Dilma, a blindada, e empresários:: Vinicius Torres Freire

"Intervencionista", "dura", com ministros caindo pelas tabelas, presidente é ainda popular no empresariado

É raro ouvir de empresários e da alta direção de empresas queixas muito hostis contra Dilma Rousseff. Aliás, não se vê oposição dura à presidente em quase parte alguma.

A oposição partidária é quase invisível, ainda mais depois que Gilberto Kassab (PSD) e Eduardo Campos (PSB) sangraram PSDB e DEM.

Transcorrido um quarto do mandato da presidente, as críticas pontuais mais agressivas e públicas do mundo empresarial vieram, por exemplo, de importadores de automóveis, devido ao Imposto de Importação. Mas se trata de minoria.

Houve críticas agressivas, mas reservadas, da cúpula do mercado financeiro, muito irritada com a intervenção do governo nas Bolsas e com controles de capitais. Porém, discretamente, como de costume, governo e mercado se acertam.

A julgar pelo jeitão meio intervencionista (em economia) e duro (nas negociações) da presidente, era razoável esperar mais conflito, ainda que "nas internas", no "bastidor".

Dado, além do mais, que o governo perdeu seis ministros devido a rolos vários, havia motivo e razões para basear críticas e ações de desgaste político do governo. Não vem ao caso que empresários não deem ou não dessem a mínima para as malversações nos ministérios. As vergonheiras do Planalto serviriam de instrumento para cutucar politicamente o governo, caso houvesse insatisfação ou interesse maiores.

Mas Dilma, o governo e PT e "base" parecem coisas completamente diferentes. Dilma, por alguma graça, está blindada, como diz o clichê.

Mais que isso, conta com apoio até muito direto da cúpula empresarial. Jorge Gerdau, um líder empresarial discreto mas muitíssimo influente, assessora a presidente com análises e sugestões de reforma da administração pública.

O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Empresarial), um think tank da indústria, é pró-Dilma nas ideias ("desenvolvimentistas") e em pessoas (seus líderes conversam bem com os governos petistas desde Lula). O presidente da combalida Fiesp é Paulo Skaf, do PMDB, da "base governista".

As grandes empresas quase todas foram bem tratadas no BNDES. Os discretíssimos empreiteiros estão felizes. Muita vez, eles e Dilma são aliados fortes nos embates com Ibama, índios, procuradores etc.

O pessoal da construção civil ficou meio amuado neste ano devido ao corte nos investimentos federais e aos atrasos no Minha Casa, Minha Vida, mas em linhas gerais está de bem com o governo.

O pessoal do grande comércio parece não ver crise alguma -nem poderia, ao contrário do pessoal da indústria, bem avariada por câmbio, juros altos, restrição de crédito e crise econômica no mundo rico.

Mas mesmo os industriais estão mais quietos. Ouve-se menos queixa contra o câmbio. Um setor ali e outro aqui recebe isenções de impostos. As associações de pequenas empresas ficaram felizes com a nova legislação do Simples. Os exportadores vão ver, enfim, a cor de parte de seus créditos tributários.

O setor teórica e ideologicamente adversário das ideias mais estatizantes de Dilma, parte da grande finança (ex-amigos de Antonio Palocci), não está amuado nem de longe o bastante para criar caso. Aliás, parte da grande banca privada é muito simpática a Dilma.

Há as queixas sempiternas a respeito de juros, impostos e reforma tributária. Mas o juro real "nunca antes" foi tão baixo. Reforma tributária, por sua vez, é apenas uma lenda, como o Curupira, que anda para trás quando parece avançar.

Afora poucos "indignados" com corrupção, os nativos estão quietos, felizes com o PIB que evolui à base de consumo, não de investimento.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Os mitos da razão econômica :: Luiz Gonzaga Belluzzo

Na sexta-feira, 2 de dezembro, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde concedeu entrevista ao programa Globo News Painel. Convidado para participar do debate comandado por William Waack, perguntei à senhora Lagarde sobre o relatório do Independent Evaluation Office (IEO, o escritório de avaliação independente) publicado em janeiro de 2011. Órgão da própria instituição, o IEO criticou o desempenho dos macroeconomistas do Fundo no período agudo de "construção" da crise, entre 2004 e 2007.

Gentil e civilizadamente fui contestado pelo jornalista Rolf Kuntz, de "O Estado de S. Paulo", que garantia ter desvendado esparsas e variadas advertências nas sucessivas edições do World Economic Outlook (WEO) e do Global Financial Stability. Logo me ocorreu que estávamos, Kuntz e eu, diante de uma situação borgeana. Jorge Luis Borges falava obsessivamente do enigma do texto e de sua inevitável reconstrução pelo leitor.

Pois, o relatório do Independent Evaluation Office arriscou-se a decifrar os enigmáticos textos dos macroeconomistas do Fundo. Concluiu que "as fragilidades analíticas estão na raiz das falhas mais evidentes". Na visão do comitê independente, os erros e omissões decorrem fundamentalmente de dissonâncias cognitivas engendradas pelo "pensamento de grupo" e da combinação entre abordagens analíticas equivocadas e hiatos de conhecimento (leia-se, descaso com as visões e supostos alternativos). "Groupthink diz respeito ao aprisionamento dos grupos homogêneos e coesos nos paradigmas convencionais sem questionar suas premissas básicas". A visão predominante no staff do FMI- um grupo coeso de macroeconomistas - assegurava que a disciplina de mercado e a autorregulação seriam suficientes para impedir a ocorrência de sérios problemas nas instituições financeiras. A isso se juntava a crença na baixa probabilidade da eclosão de crises nas economias desenvolvidas dotadas de sistemas financeiros sofisticados, suavemente regulados, com grande e crescente participação nos mercados globais.

O staff do Fundo também estava convencido da capacidade dos mercados desregulados não só em alocar os recursos de forma eficiente como também em redistribuir adequadamente os riscos entre os agentes melhor preparados para suportá-los. "O Fundo Monetário foi claramente influenciado (e algumas vezes intimidado) pela reputação e expertise das autoridades nacionais (das nações desenvolvidas); esse é talvez um caso de captura intelectual".

Captura intelectual é uma expressão eufêmica para designar as genuflexões diante do pensamento dominante, numa prova de que o entendimento iluminista sucumbe a seus próprios mitos. (Na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer espantam-se diante da "disposição enigmática das massas tecnologicamente educadas a deixar dominar-se pelo fascínio de um despotismo qualquer". A recaída do esclarecimento na mitologia não deve ser buscada nas mitologias singulares, "mas no próprio esclarecimento paralisado pelo temor da verdade").

A capitulação não foi, portanto, apanágio dos macroeconomistas do Fundo Monetário, mas contaminou maciçamente as análises da maioria dos profissionais da Ciência Triste, encantados com o mito dos modelos dinâmicos de equilíbrio geral estocástico (DSGE) que na interpretação do relatório "incluem o dinheiro e os mercados de ativos financeiros de uma forma rudimentar... mas talvez seja mais preocupante a sobre utilização pelos economistas de "modelos" como únicos instrumentos válidos para analisar processos econômicos muito complexos".

Imagino que nem mesmo a dinâmica nada estocástica da crise financeira tenha convencido os crentes recalcitrantes a mudar suas premissas a respeito das interrelações entre mercados financeiros, crédito e moeda no - cruz-credo saravá treis veis, chô palavra mardita - capitalismo moderno.

Na aurora da crise financeira, Willem Buiter, hoje economista-chefe do Citigroup, apontou as armas da crítica na direção dos sistemas financeiros "intrinsecamente disfuncionais, ineficientes, injustos e regressivos, vulneráveis a episódios de colapso", um exemplo de "capitalismo de compadres", sem paralelo na história econômica do Ocidente. "É uma questão interessante, para a qual não tenho resposta... Não sei se os que presidiram e contribuíram para a criação e operação [desse sistema] eram ignorantes, cognitivamente e culturalmente capturados ou, talvez, capturados de forma mais direta e convencional pelos interesses financeiros".

A Hipótese dos Mercados Eficientes, pérola da ideologia neoliberal, estrebucha, alvejada por sua própria fuzilaria. Os tiros ricocheteiam na realidade da finança desregulada. As crises financeiras se multiplicam desde os anos 80. A frequência dos episódios compromete o prestígio dos curandeiros dos mercados desimpedidos, mas ainda não abalroou o poder dos patrões da finança e de seus aliados nos Bancos Centrais e na academia. É cedo para celebrar as exéquias dos mitos da economia pseudocientífica.

Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda é professor titular do Instituto de Economia da Unicamp e escreve mensalmente às terças-feiras. Em 2001, foi incluído entre os 100 maiores economistas heterodoxos do século XX no Biographical Dictionary of Dissenting Economists.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Crise europeia ameaça rebaixar até Alemanha

Poucas horas após o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, terem anunciado que chegaram a um acordo para "salvar o euro", a agência de classificação de risco Standard & Poor"s ignorou a decisão e ameaçou rebaixar 15 países do bloco, até A1emanha e França. A S&P, que em agosto rebaixara os EUA, pôs em perspectiva negativa, para possível rebaixamento, a classificação "AAA" das principais potências da região. A agência alegou que aumentou "o estresse sistêmico na zona do euro", devido à contração do crédito, ao elevado endividamento e ao risco de recessão em 2012. Merkel e Sarkozy defenderam um novo tratado para a União Europeia até março, com punições aos países que não cumprirem o equilíbrio das contas públicas. A mudança no tratado poderá incluir os 27 países do bloco ou só os 17 integrantes da área do euro, com os demais aderindo voluntariamente. Também haverá reuniões mensais dos chefes de Estado e de governo durante a crise. Na Itália, o premier Mario Monti defendeu o pacote de € 30 bilhões, chamado "Salve a Itália". Ele alertou que, se nada for feito, o país pode sofrer colapso semelhante ao da Grécia, ameaçando a existência do euro

Risco em alta na zona do euro

Standard & Poor"s diz que pode rebaixar nota de 15 países da região. Alemanha e França podem perder "AAA"

Bruno Villas Bôas*

Às vésperas de uma cúpula que visa a atacar na raiz os problemas da crise da dívida, a agência de classificação de risco Standard & Poor"s (S&P) colocou em perspectiva negativa, para um possível reabaixamento, a nota de 15 países do bloco - inclusive os "AAA", como Alemanha, França e Holanda. Só ficaram fora a Grécia, que tem a pior nota na região, e Chipre, que já estava sob revisão para rebaixamento. A nota é usada para orientar investidores sobre o grau de risco de títulos postos à venda no mercado. Quanto mais baixa a nota, mais altos os juros exigidos pelos investidores para comprar os papéis. O anúncio foi feito horas depois de o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, informarem que chegaram a um acordo para o novo tratado para a União Europeia (UE) e salvar o euro.

O comunicado da S&P afirma que a decisão se deveu à observação de que "o estresse sistêmico na zona do euro aumentou nas últimas semanas". Segundo a agência, esse estresse se deve ao aperto do crédito na região; à alta do retorno sobre os bônus soberanos (inversamente proporcional à procura dos investidores); à falta de acordo entre os líderes europeus sobre medidas contra a crise; ao elevado endividamento dos países da região; e ao elevado risco de uma recessão na zona do euro em 2012. A S&P disse que a revisão terminará depois da reunião de cúpula da União Europeia (UE) na sexta-feira. E informou que o rating de Alemanha, Áustria, Bélgica, Finlândia, Holanda e Luxemburgo pode ser reduzido em um grau. O dos demais países, em dois.

Depois da divulgação do comunicado da S&P, Alemanha e França soltaram uma nota conjunta reforçando que tomarão "todas as medidas necessárias, junto a seus parceiros e às instituições europeias, para assegurar a estabilidade da zona do euro".

França diz que não haverá 3º pacote

A mesma S&P foi responsável pelo histórico rebaixamento dos Estados Unidos, em agosto deste ano, de "AAA" para "AA+". A possibilidade de as grandes economias da zona do euro terem a nota reduzida fez o colunista James Mackintosh, do "Financial Times", afirmar que o "AA+" é o novo "pretinho básico". "Para os investidores, isso (o rebaixamento) será uma declaração do óbvio: não há mais qualquer ativo livre de risco na zona do euro".

A França já vinha enfrentando rumores de que perderia sua classificação "AAA". No início de novembro, um erro interno da S&P fez circular a informação de que o país teria sido rebaixado, o que foi rapidamente corrigido. E outra agência de classificação, a Moody"s, alertou no mês passado que o país pode ser colocado em revisão devido a seu elevado endividamento.

Mas o ministro de Finanças francês, François Baroin, disse ao canal France 3 que o alerta da S&P não levará o governo a decretar um terceiro plano de austeridade.

- Temos margem para uma eventual desaceleração econômica - afirmou Baroin. - Tudo foi feito para proteger os franceses e suas economias. Tudo foi feito para permitir que os bancos mantenham a irrigação da atividade econômica.

Já a Bélgica, que fora rebaixada no mês passado devido a seu impasse político - o país ficou quase 19 meses sem governo - nomeou ontem Elio di Rupo como novo primeiro-ministro.

A notícia, só divulgada oficialmente após o fechamento do mercado americano, foi antecipada pelo jornal britânico "Financial Times", que afirmou em seu site, citando fontes, que a S&P pretendia revisar a nota de seis países da zona do euro com rating "AAA". Com isso, acabou pesando no fim dos negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e em Wall Street. O impacto, porém, foi limitado, já que ainda não havia confirmação oficial.

O Ibovespa, índice de referência do mercado brasileiro, fechou em alta de 1,77%, aos 58.910 pontos, após chegar a avançar 2,35% no fim da tarde. O dólar comercial, que caminhava para uma leve queda no pregão, fechou em alta de 0,22%, a R$1,792, interrompendo uma sequência de seis quedas seguidas.

Analista alerta para semana volátil

Em Wall Street, o Dow Jones fechou em alta de 0,65%, após chegar a subir 1,39% antes da publicação da notícia pelo "Financial Times". O Nasdaq encerrou em alta de 1,10%, também abaixo da máxima do dia.

- A S&P pode assustar os mercados, mas não acredito que veremos alguma ação política apenas por causa da opinião de uma agência de rating - disse à Bloomberg News Guy LeBas, diretor de Estratégia da corretora Janney Montgomery Scott, antes do anúncio da S&P.

Segundo analistas, os mercados abriram em alta no mundo inteiro após a divulgação do plano de austeridade de 30 bilhões do primeiro-ministro italiano, Mario Monti. Os ganhos se aceleraram no meio da tarde, com a reunião entre Merkel e Sarkoky, sobre o novo tratado para a zona do euro até março. Nesse clima, os mercados europeus fecharam em alta: Londres (0,28%), Paris (1,12%), Frankfurt (0,42%) e Madri (1,72%). O maior avanço, de 2,91%, foi registrado na Bolsa de Milão.

Segundo Álvaro Bandeira, diretor de Varejo da Ativa Corretora, a reação dos mercados ao encontro dos dois líderes mostra a importância da cúpula europeia para o mercado internacional.

- Vai ser uma semana de muita volatilidade e crucial, com muitas notícias importantes para o mercado na Europa - disse Bandeira.

Dos 68 papéis que compõem o Ibovespa, apenas oito fecharam em baixa ontem. O destaque ficou novamente para as ações da LLX Logística, empresa do grupo EBX, de Eike Batista. As ações avançaram 10,06%, cotadas a R$3,61, após a empresa anunciar um acordo com a americana InterMoor para instalação de um centro de apoio e prestação de serviços à indústria de óleo e gás no Porto do Açu (RJ).

Os ganhos do pregão foram sustentados, no entanto, principalmente por ações da Petrobras e da Vale, que têm importante peso no Ibovespa. Os papéis Vale PNA (preferenciais, sem voto) fecharam em alta de 1,48%, a R$40,50. As ações Petrobras PN subiram 1,95%, a R$22,97.

(*) Com agências internacionais

FONTE: O GLOBO