quinta-feira, 5 de abril de 2012

OPINIÃO DO DIA – Alberto Goldman: A indústria nacional encolhendo

Já não se discute mais se a indústria nacional encontra-se num processo de acelerado encolhimento. O setor que deveria ser o mais dinâmico da economia – e propiciar as melhores oportunidades de trabalho – perde cada vez mais participação no PIB, relevância na pauta exportadora local e peso na geração de empregos. As manufaturas brasileiras já regrediram à década de 1950 e a balança comercial da indústria saiu do azul para um mergulho num profundo déficit. Apenas uma ação coordenada e ousada seria capaz de ajudar a ressuscitar o setor, mas as tentativas do governo petista têm sido limitadas, erráticas e insuficientes

FONTE: Blog do Goldman e ITV

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
BB e Caixa derrubam juros para estimular a economia
Governador de GO admite encontros com Cachoeira
Ibope: popularidade de Dilma bate recorde e chega a 77%

FOLHA DE S. PAULO
Sob pressão de Dilma, BB reduz juro e ações caem
Recebi Cachoeira porque o senador pediu, diz tucano
Conta de luz subiu menos que a inflação entre 2008 e 2011
SP quer conteúdo digital em 40% da carga horária

O ESTADO DE S. PAULO
Dilma defende usinas e critica 'fantasia' de ambientalistas
Pesca pagou a ONG por projeto que não foi feito
Cachoeira direcionou, no DF licitação de R$ 60 mi
Aprovação de Dilma vai a 77%, diz Ibope

VALOR ECONÔMICO
Empresas do Brasil lideram projeto de US$ 16 bi no Peru
BB inicia a ofensiva para reduzir spread dos bancos
País diz que México faz jogo dos ricos
Aperto nos bancos
Correios terão de assumir 173 agências
Falta de mão de obra ameaça projetos espaciais
Calabi une planos Real e Cruzado

CORREIO BRAZILIENSE
Governo declara guerra aos juros
Cachoeira queria jogo livre no país e barco-cassino
Imbatível

ESTADO DE MINAS
Por que é tão popular
Um metrô de problemas

ZERO HORA (RS)
Revisão de benefícios envolve 40 mil gaúchos
BB amplia crédito e reduz juros
Aprovação de Dilma chega a 77%

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Popularidade de Dilma bate novo recorde
Megapacote não convence empresários
Câmara faz acordo para salvar lei seca

Muito pouco para ressuscitar a indústria

O governo lançou mais um plano de socorro à indústria, no momento em que o setor encontra-se na UTI. Mais uma vez, repete-se a sina de medidas pontuais, limitadas, sem um caráter estruturante ou capacidade de produzir algum salto relevante. O pacote tem coisas boas e novas: infelizmente, o que é bom não é novo e o que é novo não é bom.

As medidas são a sexta tentativa, desde 2008, de ajudar a indústria a sair do poço profundo em que se encontra. A própria repetição do enredo já é capaz de sugerir que a estrada pela qual o governo petista persevera não leva a bom destino - apenas para ilustrar, a indústria já caiu 3,4% nos dois primeiros meses deste ano, informou ontem o IBGE.

Em suma, o que foi anunciado ontem pelo governo limita-se a desonerações tributárias, aumento e barateamento do crédito e incentivos a exportações. A cifra é portentosa: R$ 60,4 bilhões. Mas também enganosa: a maior parte serão novos aportes ao BNDES e uma ínfima parcela apenas, renúncia fiscal.

Para apoiar a indústria, o governo deixará de arrecadar R$ 3,1 bilhões neste ano. Parece muito? Não é: equivale a cerca de um dia de arrecadação do leão, de acordo com os números do primeiro bimestre. Não é capaz, portanto, nem de fazer cócegas. A carga tributária total continuará em alta - alguns tributos serão, inclusive, majorados agora, como o PIS/Cofins.

O grosso do pacote virá de aportes ao BNDES, para que o banco conceda financiamentos a custos menores. Serão mais R$ 45 bilhões. Com isso, subirá para R$ 285 bilhões o que a instituição recebeu do Tesouro desde 2009, de forma pouco transparente e a um custo fiscal completamente nebuloso.

Para disponibilizar estes recursos às empresas, o Tesouro os tomará no mercado a juros de quase 10% ao ano e irá repassá-los ao BNDES, que dará crédito a juro de 5,5% a 7,7%. "O plano peca por depender excessivamente do BNDES no financiamento das políticas, o que acaba sobrecarregando o Tesouro", comenta Julio Gomes de Almeida, do Iedi.

Há, como se percebe facilmente, um custo não desprezível na operação e a única forma de controlar estes gastos seria submeter ao Congresso a aprovação dos aportes ao banco - como, aliás, previa proposta do senador Aécio Neves vetada pela presidente Dilma Rousseff no ano passado.

Entre as medidas de ontem, o governo ressuscita câmaras setoriais, que, no passado, só serviram para atender lobbies, tanto de empresários quanto de trabalhadores. Também erige novas barreiras protecionistas no comércio exterior: o novo regime automotivo dará condição privilegiada às quatro mais tradicionais montadoras instaladas no país, em detrimento das demais. E permite compras governamentais com sobrepreços de até 25%.

O governo elegeu 11 dos 127 setores em que se decompõe o parque produtivo para receber os benefícios. Quem garante que escolheu os mais adequados? Mais: quem garante que não deixou de fora alguns que mais precisavam, mas cujo lobby em Brasília não foi tão eficiente?

Justamente para evitar esta arbitragem temerária, melhor seria se as medidas contemplassem toda a indústria, de forma a aumentar a combalida competitividade do setor - neste quesito, somos apenas a 53ª nação entre 142 pesquisadas pelo Banco Mundial.

"Os grandes gargalos que afetam a indústria brasileira só serão removidos com medidas horizontais, que atinjam todos os setores de forma abrangente. Nenhum país conseguiu se tornar desenvolvido sem garantir provisão satisfatória de infraestrutura, mão de obra qualificada e ambiente macroeconômico adequado", sintetiza Mauricio Canêdo Pinheiro, professor e pesquisador do Ibre/FGV, na Folha de S.Paulo.

Não será repetindo receitas carcomidas que o governo Dilma conseguirá ressuscitar a indústria brasileira, abatida por barbeiragens decorrentes das políticas adotadas pelo PT nos últimos anos. Só mudanças mais profundas, reformas estruturais, melhorias institucionais teriam o condão de catapultar, de fato, o ambiente produtivo no país. Com o que foi anunciado ontem, o voo deverá ser curto.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Novo pacote pode ser o limite do recurso a ações pontuais:: Jarbas de Holanda

Com o anúncio, ontem, do novo pacote de medidas de apoio ou proteção a atividades industriais, o governo Dilma Rousseff tratou de corrigir as ineficiências e superar a baixa credibilidade do PBM – Plano Brasil Maior, lançado oito meses atrás alardeando propósitos semelhantes. Tentou ganhar agora senão a adesão pelo menos a simpatia dos pe-sos pesados do empresariado incorporando parte das propostas feitas por eles no encontro com a presidente no dia 22 de março em Brasília. E buscou envolver outros segmentos produtivos estendendo a eles a desoneração da folha de pagamento de salários e outros benefícios fiscais, ao mesmo tempo que encareceu as importações (inclusive com a cobrança do PIS e da Cofins) e dificultou-as com a permissão ao poder público para a compra de produtos nacionais mais caros. Bem como convocando-os a participarem de 19 câmaras setoriais intituladas Conselhos de Produtividade, a se-rem instituídas. Tudo isso vinculado ao seu objetivo prioritário de expansão expressiva do PIB este ano, após a decepcionante taxa de apenas 2,7% em 2011 e o índice negativo do desempenho do setor industrial.

O aumento do grau e da latitude dos benefícios fiscais do novo pacote de apoio aos exportadores, que segundo o governo implicará da receita federal em torno de R$ 10 bilhões, refletiu as fontes críticas à carga tributária ouvidas pela presidente no encontro de duas semanas atrás. E a outras críticas igualmente duras formuladas nesse encontro – à precariedade da infraestrutura e da logística, apontada como fator relevante da falta de competitividade de nossas exportações – deveu-se certamente a inserção no novo pacote de várias medidas de estímulo a essas áreas e de investimentos, basicamente através do BNDES com juros subsidiados, que se destinam em especial à expansão dos sistemas portuário e ferroviário.

Os prováveis efeitos bem limitados, ou frustrantes, ao longo deste ano, do pacote lançado ontem, poderão levar, finalmente, a presidente Dilma a reconhecer a insuperável, insuficiência de medidas seletivas e pontuais como resposta consistente à baixa competitividade da indústria brasileira. E empurrá-la para reformas estruturais – sobretudo as de re-dação do custoso gigantismo estatal e dos enormes custos produtivos, para gastos prioritários na educação, em lugar dos destinados ao assistencialismo populista – capazes de propiciar um salto da produtividade do conjunto da economia e da competitividade de nossos produtos industriais.

Seguem-se trechos de duas avaliações do pacote por colunistas de economia na imprensa de hoje. De Celso Ming, do Estado de S. Paulo – com o título “Mais do mesmo”: “A primeira observação que se pode fazer a respeito do novo pacote ...é que o governo Dilma parece aflito. Foi surpreendido pelo forte esvaziamento da indústria e não sabe como reverter esse processo. E tomou medidas que, além de protecionistas, criam novas distorções. O simples espalhafato já é, por si só, sinal de fraqueza. O governo quis compensar com mais show a falta de substancia, e fez do anúncio uma grande produção, mas o conteúdo não promete o anúncio insistente de que a economia crescerá 4% em 2012, nem a recuperação da indústria”. De Míriam Leitão, do Globo: “Aqui na coluna, relemos as matérias sobre pacotes dos últimos cinco anos. Troca o nome, algum percentual, há uma ou outra medida nova. O que não muda é a ideia de que se for distribuído mais dinheiro do BNDES, forem reduzidos alguns impostos para os setores mais ágeis no voo para Brasília, houver mais barreira ao produto importado estará resolvido o problema estrutural da indústria brasileira. Ainda não foi desta vez”.

Jarbas de Holanda é jornalista

Dilma defende usinas e critica 'fantasia' de ambientalistas

Em reunião com integrantes do Fórum do Clima, no Planalto, a presidente Dilma Rousseff avisou aos ambientalistas contrários a construção de hidrelétricas na Amazônia que o governo não mudará seu projeto de aumento da oferta de energia. Ela disse que os contrários à construção das usinas vivem num estado de "fantasia". Ao se referir ao Brasil na Rio+20, a conferência da ONU que será realizada em junho, no Rio, a presidente lembrou que o mundo real não trata de tema "absurdamente etéreo ou fantasioso". "Ninguém numa conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Eu tenho que explicar para as pessoas como é que elas vão comer, ter acesso a água e energia. Eu não posso falar que é possível só com energia eólica iluminar o planeta, não é"

Pessoas contrárias a hidrelétricas na Amazônia vivem "fantasia", diz Dilma

Presidente adverte que não mudará os planos de desenvolvimento para a região

João Domingos e Rafael Moraes Moura

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff (PT) aproveitou uma reunião com os integrantes do Fórum do Clima, no Palácio do Planalto, para avisar de vez aos grupos ambientalistas que lutam contra a construção de usinas hidrelétricas na Amazônia que o governo não mudará seu projeto de aumento da oferta de energia e de desenvolvimento da região. Ela chegou a dizer que essas pessoas contrárias à construção das hidrelétricas vivem num estado de "fantasia".

Ao se referir à participação do Brasil na Rio+20, a conferência das Nações Unidas que será realizada em junho, na capital do Rio de Janeiro, a presidente lembrou aos que estavam na reunião que o mundo real não trata de tema "absurdamente etéreo ou fantasioso". "Ninguém numa conferência dessas também aceita, me desculpem, discutir a fantasia. Ela não tem espaço para a fantasia. Não estou falando da utopia, essa pode ter, estou falando da fantasia", afirmou Dilma.

Dilma disse que o Brasil vai trabalhar pelo desenvolvimento sustentável, para tirar as pessoas da pobreza e para encontrar formas de conciliar o progresso com o respeito ao meio ambiente.

Pouco antes, ao se pronunciar no Fórum do Clima, a representante das ONGs, Sílvia Alcântara, acusara o governo de promover um retrocesso na questão ambiental e de, com o pré-sal, levar o Brasil a ocupar o terceiro lugar entre os países que mais emitem gases de efeito estufa já em 2020. Num pequeno pedaço de papel, Dilma anotou tudo o que a ambientalista falou.

Sem se referir diretamente ao que Sílvia havia dito, Dilma defendeu a energia de fontes hidráulicas e desdenhou da energia eólica e solar, ambas defendidas pelos grupos mais radicais como alternativa às hidrelétricas. Disse que, como presidente, tem de explicar como as pessoas vão comer, ter acesso à água e energia. "Eu não posso falar: "Olha, é possível só com eólica iluminar o planeta." Não é. Só com solar? De maneira nenhuma."

A presidente disse que foi à Espanha, país citado sempre como referência no aproveitamento da energia eólica, e viu que há oito meses as pás de vento não funcionavam. "Não havia vento", afirmou. "Eu, quando comecei a mexer com esse negócio de energia, cheguei a contar vento. Isso foi no Rio Grande do Sul", disse a presidente.

Para Dilma, a energia eólica deve servir como uma espécie de reservatório alternativo para a energia de fonte hidráulica, quando houver escassez de chuvas. "Reservatório de água a gente faz. Mas não faz reservatório de vento", disse a presidente.

"Deus nos ouça que a eólica consiga ser reservatório de hidrelétrica no Brasil. Deus nos ouça. Vamos ter de suar a camiseta tecnicamente. Não é falta de vontade política, é tecnicamente."

Na Rio+20. A respeito da participação do Brasil na Rio+20, a presidente afirmou que o País pretende exercer um papel de líder na conferência.

"Encontrar um caminho comum é um processo difícil. Desta vez, eu acho que temos uma missão até mais difícil, que é propor um novo paradigma de crescimento", afirmou.

Para Dilma, na Rio+20 todos os temas vão se encontrar: "Mudança de clima, biodiversidade, redução da pobreza, direito a energia, melhores condições de vida. Enfim, como é o futuro do mundo, é isso que vamos discutir na Rio+20. É um ponto de partida, mais que ponto de chegada. Desta vez temos de mudar o patamar da discussão. Nós acumulamos muitas coisas, acumulamos em todas as conferências do clima, em todas as discussões sobre florestas, água. Agora vamos ter de discutir isso na ótica das populações, dos governos, das comunidades científicas, dos organismos da sociedade civil, organizados ou não."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

BB e Caixa derrubam juros para estimular a economia

No dia seguinte ao anúncio do pacote oficial para estimular a indústria, os bancos públicos entraram em cena para derrubar os juros no mercado e forçar a concorrência a seguir o exemplo. Os cortes nas modalidades de crediário, compra de automóveis, crédito consignado e cheque especial devem servir para dar um empurrão extra ao consumo. A largada foi dada pelo Banco do Brasil, mas a Caixa Econômica deverá anunciar suas novas taxas no domingo à noite. No BB, os juros do cartão de crédito, que até agora chegavam a 13,6%, passaram a 3% ao mês. No caso da Caixa, a previsão é que no cartão de crédito a taxa caia de 12,86% para 5,98%. O Bradesco anunciou que estuda reduções, e o Itaú informou que avalia o cenário para tomar decisões

Corrida pelos juros baixos

BB se antecipa à Caixa e anuncia cortes de até 78% em suas taxas. Expectativa é que bancos privados sigam caminho

Geralda Doca, Gabriela Valente

NOVO EMPURRÃO OFICIAL

A concorrência começou no próprio governo. Quando soube que a Caixa Econômica Federal lançaria no domingo seu pacote de redução dos juros com uma campanha publicitária no intervalo do "Fantástico", o Banco do Brasil (BB) se antecipou e anunciou corte de até 78% em suas taxas no início da tarde de ontem. Decidiu também divulgar o pacote, batizado de "Bompratodos", na próxima edição do programa dominical. A propaganda do BB só iria ao ar no dia 15. O movimento coordenado para derrubar o custo do crédito foi uma determinação da presidente Dilma Rousseff para impulsionar o crescimento do país, como antecipou O GLOBO em fevereiro.

- O Banco do Brasil optou por ser pioneiro na redução dos juros - disse o vice-presidente de Atacado, Paulo Caffarelli, que aposta que o comportamento do banco terá impacto no mercado.

Em comunicados divulgados ontem depois do anúncio dos cortes pelo BB, o Itaú Unibanco informou que está analisando o cenário para decidir se irá ou não reduzir juros. Já o Bradesco afirmou que "avalia a possibilidade de redução" de suas taxas, enquanto o Santander disse em nota que "vem reduzindo as taxas de juros de seus produtos, nos últimos meses".

Segundo interlocutores do governo, os estudos apontam que a tacada nos juros vai reduzir os ganhos dos dois bancos em mais de R$ 2,5 bilhões por ano. No BB, os juros do financiamento de veículos, por exemplo, caíram de no mínimo 1,24% ao mês para 0,99% ao mês. Quem recebe salário pelo banco terá juros de 3% ao mês no crédito rotativo do cartão. A taxa anterior chegava a 13,62%.

O BB também lançou linhas específicas para estimular o consumo. O juro médio será reduzido em 45% na aquisição de eletroeletrônicos, materiais de construção, serviços de turismo, equipamentos de informática e outros bens e serviços.

A Caixa só divulgará o pacote de medidas na segunda-feira mas, segundo fontes, os cortes serão ainda mais ousados. Quem recebe salário pelo banco - por exemplo, boa parte dos funcionários públicos - poderá pagar juros de apenas 1,30% ao mês no cheque especial. No cartão de crédito, a taxa cairá de 12,86% para 5,98%.

O alvo do BB são os 31 milhões de pessoas que recebem seus salários por outras instituições; 17,8 milhões de aposentados que não têm relacionamento com o banco e ainda 50 milhões de clientes da chamada nova classe média que tendem a consumir cada vez mais serviços bancários. A expectativa é atingir 69 milhões de pessoas. O BB aumentará em R$ 26,8 bilhões os limites de crédito para micro e pequenas empresas e em R$ 16,3 bilhões os limites para pessoas físicas.

Para especialistas, taxas são insustentáveis

Apesar da determinação do Palácio do Planalto de usar os bancos públicos para forçar queda nos spreads (diferença entre o custo da captação e o valor cobrado do tomador final), dentro do próprio governo há dúvidas de que as duas instituições terão fôlego para segurar empréstimos tão baratos por muito tempo, caso haja uma corrida para eles. Há também preocupação com o risco.

Para o economista Roberto Troster, as novas taxas para cheque especial e cartão são insustentáveis a longo prazo. Ele lembrou que, em fevereiro, a taxa média anual do cheque especial da Caixa estava em 140% ao ano e com a mudança, ficará em 15% (para quem recebe pelo banco).

Segundo Carlos Coradi, presidente da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores, os acionistas do BB vão começar a reclamar quando virem minguando o lucro do banco, que tem ficado no patamar do setor privado. Caffarelli, do BB, nega que haverá recuo nos ganhos, já que conta com elevação da base de clientes.

Para especialistas, os cortes podem levar a uma redução de juros em outros bancos, mas ainda não há espaço para um movimento de quedas acentuadas das taxas no país.

- O ideal seria se baixasse os juros do crédito para todos os clientes, mas se for só para quem tem salário no banco é como se fosse consignado - diz Miguel Oliveira, economista da Associação Nacional dos Executivos em Finanças (Anefac).

Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, observa que os juros tendem a cair de qualquer forma, já que a Selic, que está em queda, deve fechar o ano em 9%. Basta a inadimplência, que era superior a 7% em fevereiro, ceder.

Após o anúncio dos cortes, as ações do BB despencaram 5,91%, a maior queda do Ibovespa, índice de referência da Bolsa, que recuou 1,18%. Também afetaram as ações do setor bancário como um todo, com quedas nas ações preferenciais (PN, sem voto) de Itaú Unibanco (3,08%) e Bradesco PN (2,52%). As do Santander caíram 1,79%.

FONTE: O GLOBO

Megapacote não convence empresários

Indústria insatisfeita com megapacote

Representantes de setores beneficiados, dizem que mudanças são pontuais e que não trarão benefício no médio prazo

A divulgação do megapacote governamental no valor de R$ 60 bilhões para ajudar a indústria deixou o setor econômico cheio de expectativas esta semana. As opiniões ficaram divididas. Alguns especialistas consideraram as medidas insuficientes para enfrentar a desindustrialização do País. Outros viram as ações com bons olhos, defendendo que o pacote trará maior competitividade. Mas, afinal, entre desonerações, estímulos e redução de impostos, qual será o efeito prático das medidas na geração de emprego e renda e nos custos dos produtos para o consumidor final?

Para grande parte dos representantes das áreas beneficiadas ouvidos pela reportagem do JC, as mudanças serão apenas pontuais, incapazes de trazer mudanças mais profundas. A curto e médio prazo, as estatísticas de emprego e os preços continuarão nos mesmos patamares.

“O plano está certo na sua direção, mas é insuficiente. Na nossa agenda interna, há muito mais coisa a se fazer”, opina o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. “Nosso setor é o segundo em geração de emprego na indústria de transformação e temos capacidade para criar muito mais postos, porém precisamos de ações de longo prazo”, complementa.

Para o superintendente-geral da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape), Roberto Monteiro, é muito cedo para afirmar se a desoneração na folha de salários poderá criar mais trabalho. “A gente precisa ir agora para dentro de casa, fazer as contas e verificar se será vantajoso ou não. Não era esse o nosso pleito. Temos problemas sérios de infraestrutura, no caso de logística e transporte, além de uma carga fiscal elevada. Essa precisa ser reduzida. Sem falar na batalha com os chineses”, complementou. A entidade congrega 40 fábricas de autopeças que juntas empregam 20 mil trabalhadores brasileiros.

Na opinião do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso, pela avaliação feita até agora não haverá impacto no preço. Para a entidade, uma maior geração de postos de trabalho só ocorrerá quando forem instituídas medidas de proteção ao mercado interno.

Um dos setores que destoam é o de móveis. Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis (Abimóvel), José Luiz Dias Fernandes, os preços devem cair e mais empregados devem ser gerados. “Era o que o setor precisava, um pacote que dará fôlego às empresas”. Mas, neste caso, ele ressalta que muitos dos bons resultados também são fruto do IPI zero. “O governo abdicou de alguns impostos, mas a burocracia tributária continuará. E, muitas vezes, ela pesa mais do que a própria carga”, sintetiza o coordenador da unidade de pesquisas da Fiepe, José André Freitas.

Ontem, o governo terminou publicando novas medidas. Elevou em 1 ponto porcentual a alíquota do PIS/Cofins sobre a importação de mais de 500 produtos, concorrentes dos setores beneficiados com a desoneração da folha salarial.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Empresários e sindicalistas fazem ato contra as perdas da indústria

Manifestação em SP, no entanto, reúne pouco mais de 10% do previsto

Lino Rodrigues

SÃO PAULO. Pouco mais de 10 mil pessoas participaram ontem do Grito de Alerta, movimento promovido pelas centrais sindicais e entidades patronais para protestar contra o que chamam de desindustrialização do país, contra os juros altos e valorização do real frente ao dólar. Também houve críticas ao pacote do governo para tentar destravar a atividade econômica, considerado insuficiente. A expectativa dos organizadores, que contrataram ônibus para o transporte dos manifestantes, era reunir entre 80 mil e 100 mil pessoas no estacionamento da Assembleia Legislativa de São Paulo.

O presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, disse que o ato teve como objetivo "assustar" a presidente Dilma Rousseff, que estaria sendo "enganada" pelos ministros Guido Mantega (Fazenda) e Fenando Pimentel (Desenvolvimento).

- O governo desonerou 11 setores produtivos, mas a indústria nacional é composta por 127 setores. O plano não ataca o cerne do problema que são o juro e o câmbio. O Brasil precisa baixar juros e equilibrar o câmbio - criticou Paulinho.

- Vivemos uma guerra comercial e o governo precisa tomar medidas emergenciais para proteger a indústria e não perder mercado - disse Luiz Aubert Neto, presidente da Abimaq.

O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, disse que o protesto era para "sensibilizar o governo".

- Estamos fazendo pressão para mostrar aos governos federal e estaduais e à sociedade que é preciso tomar medidas para preservar os empregos. O governo mostrou que está trabalhando pela indústria nacional e por empregos. Quem diz que o pacote é mais do mesmo, não sabe fazer conta - disse Arthur Henriques, presidente da CUT.

FONTE: O GLOBO

Sob Ideli, Pesca deu R$ 770 mil para ONG criar peixe; projeto nunca vingou

Entidade alegou haver grande consumo de peixes na região, mas nenhum viveiro foi instalado

Alana Rizzo

BRASÍLIA - Durante a gestão da ministra Ideli Salvatti, o Ministério da Pesca liberou de uma só vez R$ 769,9 mil - de um contrato de R$ 869,9 mil - para a organização não governamental (ONG) de um funcionário comissionado do governo de Agnelo Queiroz (PT-DF) implantar, no entorno de Brasília, um projeto de criação de peixes que não saiu do papel.

Trata-se do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Integral da Natureza - Pró-Natureza, do diretor da Codeplan Salviano Antônio Guimarães Borges. Segundo a justificativa do projeto enviada ao ministério, o Distrito Federal, mesmo sem haver estatísticas oficiais sobre o tema, tem grande consumo e produção de peixes. Só que, 11 meses depois, nenhum viveiro foi instalado. Oficialmente, o projeto da ONG terminou nesta quarta-feira, 4.

No Núcleo Rural Rajadinha, em Planaltina (DF), a 40 quilômetros da sede do ministério, mandiocas crescem no lugar dos tanques de tilápias.

“O pessoal veio aqui uma vez no ano passado e ofereceu o projeto. Nós aceitamos e eles não apareceram mais. Achei que tinham desistido, mas tem 15 dias que voltaram e falaram que os tanques vão ficar prontos em julho. Parece que só agora o projeto foi aprovado e eles vão receber o dinheiro”, relata o agricultor Joami de Souza Ramos.

O agricultor diz que nunca criou peixes, tampouco participou de cursos ou qualquer atividade do projeto. Na chácara ao lado, incluída no rol de beneficiários do ministério, também não há sinal de tanques.

Outros moradores do núcleo confirmam que nunca participaram de capacitações. O único viveiro no local é o de um sítio que está à venda e foi construído pelo próprio morador, que ainda aguarda os peixes do projeto para começar a criação.

Documentos apresentados pela ONG ao ministério e obtidos pelo Estado mostram que, antes mesmo de receber qualquer recurso, a entidade pagou R$ 75,9 mil para a Rover Consultoria Empresarial Ltda. elaborar um diagnóstico sobre a pesca no entorno. A nota fiscal foi emitida em nome de Gabriel Miranda Pontes Rogério, um chef de cozinha.

Sem nenhum tanque pronto ou cursos ofertados, a Pró-Natureza solicitou em 28 de outubro do ano passado, ao ministro Luiz Sérgio (PT-RJ), um aditivo de 16 meses e mais R$ 224,7 mil.

Segundo o ofício, os extras seriam para aprovação de novo cronograma. Pela proposta, entre dezembro e fevereiro de 2012 seriam oferecidos os cursos de capacitação e a obtenção das licença e outorgas para a construção dos viveiros; abril a julho, período de construção e lançamento de edital para aquisição de material; agosto e setembro, primeiro ciclo de criação de peixes; e janeiro e fevereiro de 2013, término do primeiro ciclo dos peixes.

Em 22 de março deste ano, a ONG encaminhou novo ofício cobrando o aditivo financeiro,agora do ministro Marcelo Crivella (PRB-RJ). No mesmo dia, o superintendente da Pesca no DF, o militante petista Divino Lúcio da Silva, pediu atenção especial ao projeto. O ministério chegou a alterar o nome do fiscal do contrato, obrigatório nos convênios, para que o controle ficasse sob a responsabilidade de Divino.

Segundo a ONG, o projeto teria sido elaborado por Divino, indicado ao cargo pelo PT-DF, e por outros representantes do Colegiado Territorial das Águas Emendadas (Cotae). O grupo teria procurado a Fetraf, que levou o projeto à entidade. Esta, por fim, o apresentou ao ministério.

Em nota, o Ministério da Pesca informou que foram concluídas a realização do diagnóstico, a seleção das famílias, a obtenção das outorgas de água e o curso de tecnologia, além de parte do licenciamento ambiental e a impressão do material didático. Afirma que nada impede que o superintendente seja o fiscal do projeto. “Trata-se de um projeto com alcance social para o público de assentamento e agricultores familiares do Território da Cidadania das Águas Emendadas, composta por 11 municípios dos Estados de MG, GO e DF”, alega o ministério.

Justificativa. Por meio de sua assessoria, Ideli afirmou que o convênio com a ONG não foi firmado durante sua gestão. A execução e a liberação dos recursos foram feitas pela ministra em cumprimento ao cargo que ocupava. “Uma vez que não havia qualquer suspeição, a ministra não poderia se negar a pagar o convênio, correndo o risco de responder por não cumprir os compromissos firmados na gestão anterior”, diz sua assessoria.

A reportagem tentou falar com Salviano, porém ele não respondeu. Um e-mail também foi encaminhado à ONG, com perguntas sobre o convênio. Também não houve resposta.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Mensaleiro desafia Ficha Limpa e tenta reeleição

José Borba (PP) renunciou ao mandado de deputado em 2005 para evitar cassação, mas vê brechas para disputar pleito

Sérgio Roxo

SÃO PAULO. Réu no processo do mensalão e inelegível com a entrada em vigor da Lei da Ficha Limpa, o prefeito de Jandaia do Sul (PR), José Borba (PP), decidiu desafiar a legislação e tentar a reeleição. Em 2005, ele renunciou ao mandato de deputado federal para escapar de processo de cassação na Câmara.

Com a validação da Lei da Ficha Limpa pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Borba deve ficar inelegível por oito anos, a contar do fim do mandato de deputado federal, encerrado em 2006. Mas como a Lei da Ficha Limpa não existia, foi eleito prefeito em 2008.

Por causa do impedimento legal, Borba pensou em renunciar ao cargo para permitir que a sua mulher, a primeira-dama Maria Aparecida, disputasse a sua sucessão em outubro. Mas acabou mudando de ideia. De acordo com um assessor da prefeitura, os advogados de Borba devem argumentar que, na época da renúncia ao mandato de deputado federal, ainda não havia a pena de inelegibilidade da Ficha Limpa.

Adversários desconfiam, porém, que a posição do prefeito é apenas jogo de cena e que ele deve indicar um outro nome para a sua sucessão na cidade.

Segundo o vice-prefeito de Jandaia do Sul, Dejair Carneiro (PTC), a possibilidade de Borba renunciar para permitir a candidatura da mulher vinha sendo discutida. A Constituição determina que maridos, mulheres ou filhos ficam inelegíveis se o prefeito não deixar o cargo até seis meses antes da eleição. O prazo acaba no sábado.

O site da prefeitura destaca a atuação de Maria Aparecida. Seu currículo e sua foto estão logo abaixo das informações sobre o prefeito na lista de integrantes do Executivo Municipal. A primeira-dama preside a Associação de Proteção à Maternidade e à Infância, o Conselho dos Direitos da Criança, o Conselho da Terceira Idade, a Casa Lar, o Conselho Gestor do Telecentro Comunitário e a Comissão do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.

Filho de Borba e Maria Aprecida, o presidente do PP em Jandaia do Sul, Fábio Borba, afirmou, no início da noite de ontem, que não sabia se o pai renunciaria para permitir a candidatura de sua mãe.

- Não sou muito ligado às coisas da política - desconversou o dirigente da legenda.

De acordo com a denúncia da Procuradoria Geral da República , Borba teria recebido R$ 200 mil em 2003, quando era deputado federal pelo PMDB, para votar projetos de interesse do governo. Ele é acusado dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Nas alegações finais do processo do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede a condenação de Borba a uma pena de cinco a 22 anos de prisão.

Em 2008, Borba foi eleito prefeito com 43% dos votos válidos. A cidade tinha, na época, 15,4 mil eleitores. Borba já havia sido prefeito de Jandaia do Sul entre 1989 e 1993.

Procurado na tarde de ontem para falar sobre a sua permanência no cargo e a possibilidade de disputar a reeleição, Borba não foi encontrado. Segundo a telefonista, ele estava fazendo uma entrega de ovos de Páscoa pela cidade.

FONTE: O GLOBO

Planalto vê armadilha na formação do bloco PR-PTB

Objetivo seria medir forças com líder do governo

BRASÍLIA. O Planalto já identificou que a formação do bloco PR-PTB no Senado, em vez de uma boa notícia para o governo, é uma armadilha, pois o objetivo não é exatamente ampliar o time governista na Casa, mas medir força com o novo líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), e a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.

Enquanto os aliados rebelados pensam em estratégias para reagir à decisão da presidente Dilma Rousseff de acabar com o toma lá dá cá, os números da pesquisa CNI/Ibope mostrando uma aprovação popular histórica de seu governo reforçam a avaliação do Planalto de que a presidente está no caminho certo.

O núcleo político do Planalto também não gostou de saber que, por trás da formação do bloco PTB-PR, estavam o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e os petebistas Gim Argello (DF) e Fernando Collor (AL), isolando o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), que vinha negociando a volta do PR, mas foi atropelado pelo trio que articulou o bloco à sua revelia.

FONTE: O GLOBO

Para PT, bloco PR-PTB dificulta pacto eleitoral

União das siglas deve fortalecer o PR, que quer mudança nos Transportes, e aumentar tensão na base, o que não ajuda Haddad

Julia Duailibi e Rafael Moraes Moura

A formação do bloco PTB-PR no Senado foi recebida com ceticismo pelos petistas de São Paulo, para quem a ação conjunta dos dois partidos insatisfeitos com o governo federal fortalecerá as demandas das legendas no Congresso e nas articulações para a eleição.

Os petistas trabalham nos bastidores para amarrar o PR na candidatura de Fernando Haddad em São Paulo. Avaliam, no entanto, que a aliança com o PTB, ao fortalecer o PR, criará mais dificuldades nas negociações e deixará ainda mais tensa a relação com o Planalto.

O PR condiciona a aliança eleitoral ao tratamento que receber do governo, que passa pela discussão sobre o controle do Ministério dos Transportes. Depois de romper com o Palácio do Planalto há três semanas, o PR anunciou a volta para a base governista ao formar o bloco com o PTB, constituindo a terceira maior força no Senado.

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem ser importante que a base aliada esteja "unida" na campanha em São Paulo. "Evidente que é (fundamental), em qualquer campanha, ter a base aliada unida e trabalhando junto", declarou após participar de reunião do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) no Palácio do Planalto.

Sapato. Carvalho comentou as declarações da senadora Marta Suplicy (PT-SP) sobre a campanha de Haddad. "Todos nós temos de usar a sola do sapato", disse ao ser questionado sobre a afirmação da ex-prefeita. Em entrevista ao Estado na semana passada, Marta reagiu aos pedidos de apoio dos petistas mandando Haddad "gastar sola de sapato". "Além disso, as alianças farão diferença", continuou a senadora. "O restante é conhecer os problemas da cidade e conquistar a militância. Ninguém pode substituir nem fazer isso pelo candidato", concluiu Marta, preterida na disputa como candidata do PT à Prefeitura.

O ministro não soube dizer quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve entrar na disputa. "Não dá para se fixar uma data. (Lula) já tem ajudado muito com os telefonemas e tal, tem conversado, mas ele prometeu ter muito cuidado e juízo porque percebeu o quanto a saúde é importante", disse Carvalho.

O ministro comentou, ainda, que já fazia alguns dias que esteve com o ex-presidente. "Pelo que sei, Lula está em uma lenta recuperação, que exige prudência, com tratamentos de fonoaudiologia e fisioterapia".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Ministro admite dificuldades de Haddad

Para a campanha decolar em SP, vai ser preciso muita sola de sapato, diz Carvalho

Catarina Alencastro

BRASÍLIA. Com informações de quem acompanha de perto a movimentação política em São Paulo e mantém contato permanentes sobre o assunto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) reconheceu ontem que o petista Fernando Haddad passa por grandes dificuldades na disputa pela prefeitura paulistana. E sugeriu que o candidato e o PT terão que trabalhar muito ainda.

- Todos nós temos de usar muito a sola do sapato - disse Gilberto, ao seu perguntado sobre o fato de Haddad continuar estacionado nas pesquisas, com 3% das intenções de votos.

A declaração do ministro faz referência à frase da senadora Marta Suplicy (PT-SP), que, semana passada, aconselhou Haddad a "gastar a sola do sapato", por causa do fraco desempenho nas pesquisas. Preterida pelo ex-ministro da Educação na disputa pela prefeitura de São Paulo, ela tem sido pressionada pelo PT e pelo governo federal para entrar na campanha de Haddad.

Gilberto também falou da importância de os partidos governistas estarem unidos na capital, o que está cada dia mais difícil. Para essa articulação política com os partidos em torno da candidatura de Haddad, o PT conta com o empenho pessoal do ex-presidente Lula. Segundo o ministro, Lula já está atuando intensamente, mas com "cuidado e muito juízo", pois passou os últimos cinco meses tratando um câncer na laringe.

O ministro disse que ainda não há data para que o principal cabo eleitoral de Haddad entre mais ativamente na campanha, que oficialmente não começou:

- Não dá para se falar a data. Ele já tem ajudado muito, nos telefonemas e tal. Mas ele prometeu ter muito cuidado e juízo, porque percebeu o quanto a saúde é importante.

FONTE: O GLOBO

Ministros do PT vão atuar na eleição em SP

Partido definirá um calendário de visitas para emprestar um pouco da popularidade do governo a Fernando Haddad

O ministro Gilberto Carvalho diz que todo o PT terá de "usar muito a sola do sapato" para ajudar na campanha

Natuza Nery, Catia Seabra e Márcio Falcão

BRASÍLIA - Ministros do PT traçaram nesta semana uma estratégia de participação na disputa eleitoral de outubro, especialmente em São Paulo.

O partido fixará um calendário para assegurar a presença dos ministros em palanques e apresentará sugestões de atividades para a presidente Dilma Rousseff.

A operação começará por São Paulo. Para emprestar um pouco da popularidade do governo federal ao pré-candidato Fernando Haddad, os ministros intensificarão agenda já neste mês.

Eles participarão de encontros temáticos promovidos aos sábados pela coordenação de campanha de Haddad.

Para abril, está prevista a ida do ministro Alexandre Padilha (Saúde) e uma reunião com representantes do governo na área da cultura.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse ontem que todo o PT terá que "usar muito a sola do sapato" para ajudar na campanha.

A frase faz referência a uma declaração da senadora e ex-prefeita Marta Suplicy, preterida na corrida em São Paulo. Ela afirmou, na semana passada, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", que Haddad deveria "gastar a sola do sapato".

O primeiro grande ato deverá acontecer na cidade de São Bernardo do Campo (SP), onde a inauguração de um Centro de Educação Unificada em homenagem à dona Reginita, mãe da ex-primeira-dama Marisa Letícia, deverá reunir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) e Marta.

A ofensiva atende à recomendação de Lula para que as estrelas do partido "suem a camisa" para produzir uma pauta positiva para Haddad.

Segundo petistas, a presidente Dilma também promete atuar, ainda que de forma discreta, na campanha petista. Mas recomenda cautela com o pré-candidato do PMDB, Gabriel Chalita.

Reunidos na noite de segunda-feira, os ministros foram orientados sobre as regras para atuação: só ir para a rua fora do horário de trabalho, não usar estrutura do governo e não melindrar aliados nos palanques delicados.

A ordem é não criar problema para Dilma no pós-eleição, evitando tumultuar a base no Congresso Nacional com uma lista de magoados.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Kassab libera 3º secretário para eleições municipais

Felipe Frazão

A minirreforma que Gilberto Kassab (PSD) promoveu no primeiro escalão da Prefeitura atingiu a secretaria de Desenvolvimento Econômico e do Trabalho. O secretário Marcos Cintra (PSD) é o terceiro a deixar o posto em função das eleições. A exoneração dele deve ser publicada nesta quinta no Diário Oficial do município.

Para que possam concorrer a vereador nas eleições de outubro, secretários municipais devem deixar o cargo até sábado.

Cintra ficará afastado por pelo menos 15 dias, enquanto decide se concorre de novo a uma vaga na Câmara Municipal - eleito em 2008 pelo PR, ele está licenciado do Legislativo.

Economista da Fundação Getúlio Vargas, Cintra é visto no PSD como quadro postulante à vice na chapa de José Serra (PSDB). Caso decida ficar à disposição de Serra, que deve nomear o vice em maio, Cintra voltará à pasta e somente sairá de vez em junho.

Secretário-adjunto de Cintra,Luiz Antônio de Medeiros deixou o posto e concorrerá a vereador.

Alexandre Schneider (Educação) e Marcos Belizário (Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida) foram exonerados na terça-feira. Schneider é o mais cotado para a vice de Serra. Do contrário, concorre a vereador pelo PSD - o que Belizário fará no PV.

Também no PV, Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) avisou que não sai da secretaria para se lançar a vereador. Jorge é outro secretário cotado para vice do tucano.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Porto Alegre: Secretários deixam seus cargos

Fardados para disputar uma vaga na Câmara em outubro, 11 secretários da prefeitura de Porto Alegre serão substituídos hoje, às 10h, no Teatro de Câmara Túlio Piva, em ato comandado pelo prefeito José Fortunati. Os atuais titulares estão de saída porque a legislação eleitoral determina que os futuros candidatos deverão se desvincular dos cargos de ordenação de despesa seis meses antes do pleito.

Os cinco partidos que comandam as secretarias – PDT, PMDB, PTB, PP e PPS – mantiveram as suas fatias de poder no primeiro escalão ao fazer as indicações dos substitutos. Urbano Schmitt, titular da Secretaria de Gestão, irá assumir a pasta da Copa, acumulando as duas funções. Ele irá suceder João Bosco Vaz (PDT).

A reformulação no secretariado terá uma troca caseira na Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Urbana. Quem sai é Nereu D"Avila (PDT), o marido. Quem entra é Sônia D"Avila, a esposa.

A maioria dos novos secretários já atuava na prefeitura, sobretudo na função de secretário-adjunto. A mexida na prefeitura também irá ocasionar alterações na Câmara Municipal. Dos 11 que estão de saída do governo, cinco reassumem mandato de vereador: Valter Nagesltein (PMDB), Kevin Krieger (PP), João Bosco Vaz (PDT), Márcio Bins Ely (PDT) e Humberto Goulart (PTB).

Mudanças no secretariado de Fortunati
- Fundação de Assistência (Fasc)
Sai Kevin Krieger (PP), assume Marco Antônio Seadi
- Gabinete de Inovação (Inovapoa)
Sai Newton Braga Rosa (PP), assume Deborah Villela
- Secretaria de Obras e Viação
Sai Cássio Trogildo (PTB), assume Adriano Borges Gularte
- Secretaria da Saúde
Sai Carlos Casartelli (PTB), assume Marcelo Bósio
- Depto. de Habitação (Demhab)
Sai Humberto Goulart (PTB), assume Jorge Dusso
- Secretaria de Acessibilidade
Sai Paulo Brum (PTB), entra Aracy Ledo
- Secretaria do Planejamento
Sai Márcio Bins Ely (PDT), assume Ricardo Gothe
- Secretaria da Copa
Sai João Bosco Vaz (PDT), assume Urbano Schmitt
- Secretaria de Direitos Humanos e Segurança
Sai Nereu D"Avila (PDT), assume Sônia D"Avila
- Secretaria de Indústria e Comércio
Sai Valter Nagelstein (PMDB), assume Omar Ferri Junior
- Secretaria de Turismo
Sai Luiz Fernando Moraes (PPS), assume Raul Rocha

FONTE: ZERO HORA (RS)

Tucanos criticam 'vazamentos seletivos'

Oposição estranha que investigação não atinja PT e o governo; ministro da Justiça defende PF

Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA. A proliferação de denúncias envolvendo pessoas do governo de Goiás, comandado pelo tucano Marconi Perillo, levou ontem os principais caciques do PSDB a partir para o ataque ao governo federal. Em discurso uníssono, os dirigentes do partido criticaram o suposto "vazamento seletivo" de informações da Operação Monte Carlo e pediram que a íntegra da investigação venha a público, sugerindo que petistas graúdos também poderão ser atingidos pelo escândalo.

Ao comando nacional do PSDB, o governador goiano garantiu que ele não tem negócios com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, mas o clima entre os tucanos, nas conversas reservadas, é de apreensão. Os tucanos estão constrangidos, porque sabem da ligação estreita entre Perillo e Demóstenes.

- Eu não gosto de vazamentos, informações a conta-gotas. Deixe o Cachoeira falar. Nós estranhamos estas fitas seletivas em cima de quadros da oposição. Nós temos muita confiança no governador Marconi Perillo - afirmou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. - Esses fatos todos são muito graves. E mais graves ainda que não sejam públicos.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, saiu em defesa da atuação da Polícia Federal e negou que o vazamento do teor das gravações tenha partido da corporação.

- Considero muito ruim que informações vazem, mas a partir do momento que se tem um processo que pode ser acessado por dezenas de advogados e dezenas de pessoas, é óbvio que é impossível controlar esse tipo de informação. Garanto que não houve vazamento da Polícia Federal, que cumpriu rigorosamente seu papel. Um trabalho feito sob a luz do sol - afirmou Cardozo.

Delúbio e Agnelo estão no alvo do PSDB

Após perder um de seus mais importantes senadores e ficar com um governador sob fogo cerrado, os oposicionistas estão decididos a estender as denúncias a partidos do governo, em especial ao PT. Há, inclusive, dois alvos concretos cogitados pelos tucanos: o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que atua na política goiana, e o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, já que Cachoeira controlava áreas de jogo ilegal no entorno da capital. Também se especulava ontem que há conversas de Cachoeira com o deputado cassado José Dirceu, e que Demóstenes Torres estaria guardando isso como munição.

A decisão do PSDB de partir para o ataque se deu após Perillo conversar com os principais líderes do partido. Além de Guerra, o governador falou com o líder do partido no Senado, Álvaro Dias (PR), e com o senador Aécio Neves (PSDB-MG). A ambos, disse que não tinha qualquer relação com o bicheiro. O governador, que já teve acesso à íntegra do inquérito, assegurou ainda que não há nos autos qualquer fato que o ligue à quadrilha e que vai demitir todos os servidores envolvidos no caso.

Tentando se proteger de futuras acusações, Perillo assegurou aos correligionários que os integrantes de seu governo envolvidos até agora não eram escolhas suas, mas sim indicações políticas de aliados. Segundo ele, a chefe de gabinete teria sido indicada por seu ex-secretário Fernando Cunha, morto no ano passado. Demóstenes Torres, por sua vez, teria sido responsável pela sugestão de vários outros nomes para sua administração.

- Não podemos prejulgar, mas não avalizamos impunidade. Acho que ele deveria fazer uma comunicação oficial ao partido. No entanto, o fundamental é o conhecimento do inteiro teor do inquérito e dos anexos, pois não podemos adotar providências em função de versões - afirmou Álvaro Dias. - Não há aval à impunidade, o que se deseja é que os fatos sejam todos esclarecidos. Esses vazamentos seletivos não bastam. É necessário abrir a caixa-preta do Cachoeira, os anexos para se saber o envolvimento de todos.

Logo após se reunir com Sérgio Guerra e com o presidente do DEM, José Agripino Maia, o senador Aécio Neves acrescentou:

- Temos confiança na posição do governador Marconi Perillo. O positivo seria que a sociedade tomasse conhecimento de todo o processo. Agora, é importante reconhecer que o DEM fez o que devia fazer, diferentemente do PT, que prestigia os seus acusados.

FONTE: O GLOBO

Dilma agrega apoios:: Merval Pereira

O recorde de 77% de aprovação pessoal que a presidente Dilma obteve na mais recente pesquisa de opinião do Ibope pode ser explicado por uma conjunção de apoios, pois ela mantém a hegemonia na Região Nordeste (82%) e entre os cidadãos que ganham entre um e dois salários (59%), mas conseguiu ser igualmente bem avaliada entre os eleitores com renda familiar superior a dez salários mínimos (60% de ótimo e bom) e na Região Sudeste (75%).

Isso quer dizer que a maneira de governar de Dilma tem agradado à classe média, sem perder o apoio das classes mais populares.

Embora sua aprovação seja maior entre os residentes em cidades do interior (79%) e cidades pequenas (83%), e a confiança seja menor à medida que aumenta o grau de instrução do entrevistado, segundo o Ibope, o aumento no percentual de eleitores que confiam na presidente Dilma foi proporcionalmente maior nas regiões Sul (de 65% para 72%) e Nordeste (de 73% para 79%).

O Ibope atribui ao "estilo" da presidente - que teria mostrado firmeza na substituição de ministros e resistência no relacionamento com a base aliada no Congresso - o sucesso pessoal de Dilma, que estaria sendo avaliada pela população como mais presente na administração do governo.

Essa análise provoca a dúvida sobre se a aprovação de um estilo diferente do de Lula indicaria uma tendência do eleitorado de se afastar de sua maneira populista de governar, preferindo uma presidência pelo menos aparentemente mais eficiente.

Não é o que indica a pesquisa, pois paradoxalmente, para 60%, o governo Dilma é igual ao governo Lula, e apenas 15% o consideram melhor, enquanto 23% ainda preferem o governo do ex-presidente.

A avaliação positiva de seu governo, no entanto, ficou estacionada em 56%, indicando um claro descolamento entre a popularidade pessoal da presidente e a avaliação de seu governo, que, segundo o Ibope, só foi bem avaliado em três de nove áreas de atuação: combate à fome e à pobreza; combate ao desemprego; e meio ambiente.

Houve um empate em educação (49% aprovam e 47% desaprovam), e, nas outras cinco áreas - impostos, saúde, segurança pública, taxa de juros e combate à inflação -, o governo é desaprovado.

O pior resultado foi em impostos, em que 65% desaprovam, e apenas 28% aprovam. A proximidade da Conferência Rio+20 e a discussão do novo Código Florestal no Congresso chamaram a atenção dos pesquisados, e políticas para o meio ambiente foram as que apresentaram maior crescimento na aprovação em relação à última pesquisa de dezembro, indo de 48% para 53%.

As áreas com pior avaliação foram, além dos impostos, de acordo com a pesquisa, saúde (63% de desaprovação) e segurança pública (61%).

Essa divisão de temas mostra bem que a aprovação do governo está longe de ser uma tendência consolidada, ainda mais se lembrarmos que assunto negativo como o baixo crescimento do PIB, de apenas 2,7% em 2011, foi citado por apenas 1%, ou que e a crise política só foi lembrada por 4%.

As notícias de corrupção, lembradas por apenas 5% dos pesquisados, parecem assunto superado se compararmos com os 28% registrados em dezembro do ano passado.

Essa baixa percepção da gravidade de tais questões indica uma desinformação do eleitorado que pode favorecer a avaliação sobre o governo, mas mostra também que esses problemas não atingem diretamente o cidadão em seu dia a dia.

Os assuntos políticos parecem não ser levados em conta na hora de uma avaliação, a não ser para louvar a posição firme da presidente, enquanto o baixo crescimento claramente ainda não chegou ao bolso do eleitor.

Para se ter uma ideia do grau de informação dos pesquisados, apenas 40% deles se lembraram de algum tema relacionado ao governo, e os assuntos mais lembrados espontaneamente foram os "programas sociais voltados para mulheres" e as "viagens da presidente Dilma". A maioria (60%) não respondeu ou não se lembrou de qualquer notícia.

É bom lembrar também que a pesquisa do Ibope foi feita entre 16 e 19 de março, em meio à crise do governo com a base aliada, o que deve ter influenciado positivamente a reação dos entrevistados.

O número dos que desaprovam a presidente caiu de 21% em dezembro para 19% em março, dentro da margem de erro. A pesquisa revela ainda que 34% consideram o governo regular, 8% o acham ruim ou péssimo, e 2% não responderam.

Para 58%, o restante do governo será ótimo ou bom; 25% acham que vai ser regular; e 10%, ruim ou péssimo. O resultado geral é muito bom para a presidente, que entrou em seu segundo ano altamente popular, mas a avaliação do governo em si se mostra estável, sem perspectivas de melhora, com a maioria das áreas sendo criticada pelo eleitorado.

O descolamento da presidente do seu governo é um fenômeno que já ocorreu com o ex-presidente Lula, mas não se dava muito valor a esse distanciamento pela maneira de governar de Lula, que centralizava as expectativas em si próprio.

Já a presidente Dilma chegou ao Palácio do Planalto precedida da fama de ser uma boa gestora, e a avaliação negativa da maior parte das áreas de sua administração coloca em risco esse trunfo.

Sua popularidade está vindo de outra zona de percepção, a do rigor com que enfrenta o Congresso e se impõe como a condutora das políticas públicas.

Essa é uma postura difícil de ser mantida sem entrar em conflitos com os demais poderes, especialmente com o Legislativo.

FONTE: O GLOBO

Doença incurável:: Dora Kramer

Finalmente descortinou-se ao menos uma razão de ser para o Ministério da Pesca: servir de ponte para o trânsito do dinheiro público aos cofres de um partido. No caso, o PT que, diga-se, não é o único a se valer do expediente.

A mesma prática revelou-se em episódios anteriores e voltou a aparecer nas denúncias que levaram ministros à queda ou à berlinda ao modo de uma derrocada em dominó.

Havia nos escândalos recentes envolvendo ministros do PCdoB, PDT, PMDB, PR e PSB, o traço – em alguns mais acentuadamente que em outros – do uso da máquina administrativa para algum tipo de favorecimento privado. Partidário ou familiar e, portanto, pessoal.

A denúncia sobre a pasta da Pesca é tão cristalina quanto as que durante o ano passado detectaram a transformação de ministérios em feudos de partidos usuários do aparelho (nos dois sentidos) de Estado como fonte de financiamento.

A diferença aqui é que, quando se trata do PT, o tratamento é mais brando do lado do governo e mais petulante, para não dizer cínico, da parte dos acusados em sua infinita capacidade de negar as evidências. Por mais evidentes que sejam.

Vejamos resumidamente o que nos mostra o "caso das lanchas", a partir de minuciosos relatos dos repórteres de O Estado de S. Paulo: em 2009, o Ministério da Pesca concluiu uma negociação com a empresa Intech Boating para a compra de 28 lanchas-patrulha no valor de R$ 31 milhões.

A transação deu-se sem necessidade de comprovação da necessidade da aquisição – tanto que a maior parte (19) não foi usada – e acabou caindo na rede do Tribunal de Contas da União sobre licitações supostamente dirigidas.

Em 2010, o secretário de Planejamento do ministério, Karim Bacha, pediu uma doação para a campanha do PT ao governo de Santa Catarina de R$ 150 mil ao dono da empresa fabricante das lanchas. Pedido feito, pedido obviamente aceito por aquele que ganhara um contrato cujo valor, na comparação, tornava a doação irrisória.

Pois a questão aqui não é de montante, nem do fato de os recursos terem sido devidamente contabilizados. A contribuição foi legal, como alega a hoje ministra das Relações Institucionais e à época candidata ao governo de Santa Catarina, Ideli Salvatti, e depois titular da Pesca.

Ilegítima – para dizer bem pouco, já que o direcionamento da licitação é ainda uma suspeita – foi a "troca" perfeitamente caracterizada na solicitação feita por intermédio do ministério.

Aqui não está em jogo só a conduta dos ministros (Ideli e seu antecessor Altemir Gregolim), embora esteja também.

O dado mais relevante é a prática que se repete, se estende aos outros partidos participantes do governo e é responsável pela produção de denúncias numa série, pelo visto, interminável.

Mata-borrão. A julgar por algumas reações diante dos ótimos índices de aceitação da presidente Dilma Rousseff, as pesquisas seriam, além de uma espécie de salvo-conduto ao erro, um fator de aniquilação do senso crítico.

Celebrar a avaliação positiva é uma coisa. Inclusive porque se as pessoas estão gostando da atuação de Dilma, governo e governistas devem mesmo comemorar.

Outra coisa bem diferente é achar que pontuação em pesquisa é um valor absoluto perante o qual devem se curvar os fatos nem sempre levados em conta pela maioria.

Maioria esta que na mesma pesquisa condena a pesada carga tributária, mas não conecta o fato ao desempenho da presidente.

Aparências. Ainda pensando na dupla face do senador Demóstenes Torres: havia no governo Lula algo mais respeitável que as maneiras, a fala e a figura de Antônio Palocci?

Foi praticamente o fiador da ascensão do PT ao poder e acabou, com todo o reconhecimento de valor, sob os escombros de uma casa de lobby em Brasília.

O ensaio de ressurreição que viria depois, com Dilma, foi apenas um estertor.

FONTE: O ESTDO DE S. PAULO

Fábrica de dinheiro:: Rogério Gentile

O escândalo da compra inútil de 28 lanchas pelo governo Dilma Rousseff é revelador da criatividade da politicagem brasileira na hora de resolver um de seus principais problemas, que é justamente o de como fabricar dinheiro.

Seu roteiro é um verdadeiro "manual do malfeito". Em primeiro lugar, o Ministério da Pesca simplesmente inventou uma necessidade. Comprou por comprar. Disse que precisava aumentar a fiscalização ambiental da atividade pesqueira no país, mesmo não tendo a competência legal para atuar nessa área.

Também não avaliou se órgãos que podem fazer tal fiscalização, como Marinha, Polícia Militar e Ibama, precisavam de tais embarcações e se teriam condições para mantê-las.

O segundo passo foi realizar uma concorrência com graves suspeitas de dirigismo, segundo auditoria do Tribunal de Contas da União.

O ministério fez tantas e tão específicas exigências que pouquíssimos estaleiros teriam condições de disputar. O texto chegava a especificar as configurações do banheiro do barco.

Sem a competição, evidentemente, o governo federal acabou comprando barcos por valores superiores aos praticados pelo mercado. "Pelo que pagou por cinco lanchas, o ministério poderia ter adquirido seis", diz a auditoria do TCU.

O final da história é o clássico. Um assessor do Ministério da Pesca procurou o fabricante e, obviamente, conseguiu uma doação para as campanhas eleitorais do PT de Santa Catarina, coincidentemente o partido e o Estado do então ministro da Pesca.

E as lanchas? Bom, quase três anos após a primeira licitação, quando a auditoria do tribunal de contas foi finalizada, 23 dos 28 barcos estavam fora de operação, muitos deles guardados pelo próprio estaleiro, pois não havia onde ser entregues, e correndo risco de sofrer danos por falta de manutenção adequada.

Fabricado o dinheiro, claro, não havia motivo algum para o ministério se preocupar com as embarcações.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

No escuro:: Celso Ming

Pressa, improvisação, falta de foco. O pacote de incentivos à indústria divulgado terça-feira mostra que o governo Dilma está perdido num quarto escuro. Quer tapar todos os buracos que aparecem na administração da economia e não consegue tapar nenhum deles. Se não definir prioridades, corre o risco de esvaziamento político.

O açodamento em mostrar serviço vai amontoando esquisitices e distorções. Ninguém entendeu, por exemplo, por que, no meio daquela parafernália, apareceu um certo Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica, que destinará R$ 306 milhões para o combate ao câncer.

O regime automotivo era embrião com alguns meses de gestação e foi arrancado do útero do Ministério do Planejamento a fórceps. Caso sobreviva às indefinições, ficará meses e meses na incubadeira. Falta explicar o que é o tal conteúdo local que será exigido das montadoras e como avaliar a inovação tecnológica num setor que, em 60 anos de substituição de importações, não produziu um único veículo genuinamente nacional. (Até o falecido Gurgel não passava de uma casca que carregava alguma mecânica Volkswagen.)

O esquema destinado a dar competitividade à indústria se limita a dois instrumentos: desoneração da folha de pagamentos de 15 setores (que não passam de 20% do PIB industrial que, por sua vez, corresponde a 28% do PIB do Brasil); e distribuição de mais recursos a juros favorecidos pelo BNDES, que distribui seu crédito aos eleitos da hora.

Embora o ministro Guido Mantega faça questão de mostrar a importância das decisões tomadas (R$ 60,4 bilhões ou cerca de 7% da arrecadação federal esperada para 2012), a redução de custos para a indústria será insignificante.

A desoneração foi concebida para evitar que o empresário demita pessoal em tempo de retração de vendas. Seu objetivo é, portanto, garantir mercado de trabalho. Transformá-la em instrumento de redução do custo Brasil – que está afundando a indústria – é aprofundar a política de construção de puxadinhos.

Pior que isso, é a precariedade com que são tocadas as mudanças. A desoneração tem data para acabar ao final de 2014. O empresário fica sem horizonte para planejar seus negócios.

A dotação do BNDES, que se soma aos R$ 312 bilhões em fundos à sua disposição, está sendo providenciada com mais um aumento de R$ 45 bilhões na dívida pública federal, ou cerca de um terço do superávit primário, alardeado como grande meta fiscal deste ano do governo Dilma. Como o afluxo de crédito a juros subsidiados será aumentado, o Banco Central terá mais motivos do que os até agora manifestados para se queixar de que o BNDES solapa a eficácia da política monetária.

A presidente Dilma está fazendo deliberada confusão entre defesa comercial e protecionismo. Defesa comercial contra importações predatórias se faz com fiscalização aduaneira, aplicações da lei antidumping e com recursos aos tribunais da Organização Mundial do Comércio.

Sobretaxação mal disfarçada de importações é prática protecionista, que já foi objeto de advertência da chanceler da Alemanha, Angela Merkel. E não deixará de ser nova fonte de encrenca.

CONFIRA

Contra o governo. Nesta quarta-feira, em São Paulo, houve manifestação de cerca de 80 mil pessoas, organizada pela Força Sindical e por empresários da Fiesp. O objetivo foi chamar a atenção para o altíssimo custo Brasil, que tira competitividade da indústria e ameaça o mercado de trabalho.

É gente da base. Um dos fatos esdrúxulos é o de que este foi um protesto contra o governo liderado por gente da base de apoio do governo Dilma: sindicalistas e empresários.

Cadê a oposição? Mais esdrúxula ainda é a ausência da oposição. Ninguém do PSDB ou do DEM apareceu nem para criticar o governo nem para criticar a política industrial do governo, que as próprias bases do governo criticam. E a oposição não se ausentou apenas da manifestação desta quarta. Nenhum de seus integrantes apareceu para criticar o pacote de política industrial do governo que, por sinal, foi criticado por todos, menos pelo próprio governo que o lançou.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Combate ao atraso:: Míriam Leitão

Há dúvidas até sobre o diagnóstico. A maioria dos economistas reforça a tese mais comum: de que a indústria passa por uma crise e precisa de atenção do governo. Outros calculam que o setor industrial está ficando menor em relação ao PIB, mas não está encolhendo, está apenas crescendo menos. O consenso: o pacote não vai resolver a questão, porque os problemas estruturais não foram enfrentados e continuam fora da pauta.

O economista Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do IBRE/FGV e professor do Instituto de Economia da UFRJ, explica que a indústria brasileira cresceu em média 1,6% ao ano de 2005 a 2011. Por crescer em um ritmo mais fraco está perdendo participação no PIB. Castelar diz que a desaceleração da indústria acontece no mundo inteiro, porque a demanda mundial está menor. Por causa da crise, o endividamento aumentou e isso reduziu o apetite por crédito.

- A indústria está desacelerando no mundo inteiro. O que existe aqui é um desafio de competitividade porque a demanda mundial diminuiu. E não é dando mais subsídio que vamos resolver isso. Pelo contrário, as medidas de proteção são contra a produtividade. Isso é voltar ao passado, é deixar a indústria brasileira mais dependente - afirmou.

O economista Sergio Vale, da MB Associados, acha que a indústria foi sim afetada pela crise internacional, que diminuiu a demanda global e afetou as expectativas dos empresários. Uma prova disso está na queda da demanda por crédito do setor industrial no BNDES (veja esse e outros gráficos em meu blog). Despencou no segundo semestre do ano passado: o desembolso acumulado em 12 meses para a indústria foi de R$ 67 bilhões para R$ 39 bi de agosto a setembro. Já o crédito para o comércio subiu de R$ 77 bilhões para R$ 85 bilhões de agosto a dezembro. Ou seja, o pacote do governo errou de mira, porque ofereceu mais dinheiro a quem já estava pegando menos.

- Quem queria investir pensou duas vezes. Precisávamos de um verdadeiro corte tributário horizontal, para todos os setores. Mas isso não vai acontecer porque dependeria de ter um corte de gastos semelhante, algo que o governo não está disposto a fazer agora - explicou Sergio Vale.

A lista do que se precisa fazer para aumentar de fato a competitividade da indústria brasileira tem uma parada obrigatória no custo da energia. O gráfico postado no blog mostra que houve alta de 194% de 2001 a 2011 no custo da energia elétrica, enquanto a inflação medida pelo IGP-M chegou a 115% e pelo IPCA, 83%. Tudo fica mais claro quando se faz o raio x do custo da luz de 2011: 50% do preço são encargos, taxas e tributos; 24% é produção da energia; 21%, custo de distribuição; 5%, custo do transporte. Ou seja, metade do gasto que as empresas tiveram com energia foi para pagar tributos, encargos e tarifas.

Mesmo com todas as descobertas de reservas, o custo do gás natural no país é dos mais altos do mundo: US$ 16,8 pelo BTU (unidade que mede o gás natural). A média mundial é de US$ 13,7, enquanto a média dos Brics é ainda mais baixa: US$ 7,3. Menos da metade do que paga à indústria no Brasil.

O presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres), Paulo Pedrosa, reclama que a energia ficou de fora dos últimos pacotes do governo e continua fora da pauta de prioridades. Ele explica que houve uma preocupação muito grande em garantir a oferta de energia, para que não houvesse apagão na gestão petista, e por isso, deixou-se de lado as preocupações com preços.

- A energia é fator de perda de competitividade da indústria e deveria ser atacada com prioridade. Há todo tipo de tarifas, encargos, taxas, impostos, subsídios cruzados, há de tudo na conta. Ao contrário do combate ao câmbio, que gera efeitos colaterais, como inflação, reduzir o custo da energia é dar ganho de competitividade à indústria sem causar outros problemas - explicou Pedrosa.

Em todo anúncio de pacote nos últimos anos o governo garantiu que o resultado das medidas seria a elevação da taxa de investimento para 24%. Nunca aconteceu. Ela até recuou um pouco em 2011. A taxa de investimento só conseguiu superar os 20% do PIB por duas vezes nos últimos 20 anos. Em 1991 e em 1994. Nos últimos anos, bateu em 15,3% em 2003, foi a 19,5% em 2010, e caiu para 19,3% no ano passado (vejam o gráfico no blog).

A produtividade da indústria de transformação também está em queda. Depois de bater em 105 pontos, num índice medido pelo IBGE, em abril de 2010, recuou para 100 pontos em janeiro deste ano. Isso é, em grande parte, resultado do aumento de custos do trabalho. Neste ponto, a mudança da forma de cobrança da contribuição patronal previdenciária, mesmo que parcial, pode trazer algum resultado.

O economista Felipe Queiroz, da Austin Rating, enumera os velhos problemas conhecidos de perda de competitividade industrial: carga tributária elevada, falta de mão de obra especializada, infraestrutura logística sucateada, custo de produção elevado. Ele também acha que o pacote de ontem não enfrenta essas questões.

- As medidas anunciadas na terça-feira, pela sexta vez, são apenas paliativas e não resolverão os problemas. As questões são estruturais, e o governo não tem tomado medidas para resolver as causas - disse.

É torcer para que elas sejam apenas medidas para ganhar tempo enquanto o governo prepara formas de enfrentar o que realmente está atrasando a indústria.

FONTE: O GLOBO

No BB, "hoje é dia de juros, bebê!":: Vinícius Torres Freire

Começa a funcionar a campanha do governo para baixar, na conversa ou no grito, os juros bancários

Faz uma semana, o governo juntou os principais banqueiros privados e estatais a fim de conversar sobre "spreads", a diferença entre as taxas de juros que os bancos cobram da clientela e aquelas que pagam para levantar recursos no mercado.

Ontem, o Banco do Brasil anunciou que vai emprestar mais e a taxas menores. Na semana passada, fora o caso do também estatal Banco do Nordeste. Em breve, será o caso da Caixa Econômica Federal.

Na reunião com os banqueiros estavam Guido Mantega, ministro da Fazenda, e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central.

Na Fazenda, se diz animadamente que um objetivo da reunião era mesmo pressionar bancos a baixar juros, que desde novembro vêm subindo, na média, para indivíduos e empresas. Os juros de mercado seguem, pois, na contramão da taxa "básica" de juros, a Selic, que cai desde o final de agosto.

No Banco Central, ou pelo menos "da parte do BC", a ideia seria a de convencer a banca a reagir de modo mais calminho aos ciclos econômicos; a exercer um papel "mais neutro, menos pró-cíclico".

Ou seja, os bancos têm acelerado a concessão de crédito quando a economia vai bem; pisam demais no freio quando a economia já anda devagar, como o têm feito agora. E, aliás, como o fizeram em 2008. Na verdade, no gosto "técnico" do BC, seria melhor que a banca fosse até ligeiramente "anticíclica".

Ouvidos os argumentos, o fato é que, no dia do pacote da indústria, Dilma Rousseff deu bronca na banca. "É necessário fazer uma discussão sobre os "spreads". Não estou falando nem fazendo considerações políticas. Tecnicamente, ["spread" alto] é de difícil explicação".

O governo queima os cartuchos de curto prazo a fim de fazer a economia crescer mais, ao menos no curto prazo também. Baixar juros para o tomador final de crédito é parte desse programa voluntarista.

O Banco do Brasil diz, claro, que não está respondendo à pressão do governo. Sua decisão de emprestar mais seria um negócio pensado, para ganhar mercado de modo seguro, com aumento de escala, política possível apenas porque as taxas de inadimplência do banco são baixas.

Pode ser. O pessoal do Banco Central diz que, de fato, as contas do BB e da CEF vão bem ("analistas de mercado" diziam que os estatais fariam besteira na expansão de crédito iniciada em 2008. Erraram).

As contas dos grandes bancos privados também vão bem, mas estes dizem que seguram o crédito e cobram mais porque a inadimplência é a mais alta em dois anos, o que é fato, na média do sistema. Dizem que, além do mais, a demanda de crédito caiu um tanto. O consumidor está mais apertado, dizem.

BC e Fazenda argumentam que o sistema está ainda mais seguro (no que diz respeito a controle de riscos), pois o BC agora fiscaliza até empréstimos pequenos, de mais de R$ 1.000. É verdade. Até aqui.

O pessoal da Fazenda disse aos bancos privados que, jogando na retranca, vão perder mercado, como aconteceu entre 2008 e 2011, quando Lula e Mantega puseram os bancos públicos para emprestar mais.

Os bancões privados vão se abalar? Se ficarem na deles, a pressão do governo, com aumento de crédito via estatais, não vai dar muito resultado. Ganham mercado, mas o conjunto do crédito não sobe.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO