domingo, 10 de junho de 2012

OPINIÃO DO DIA – Ayres de Brito:: mensalão

ZH -Até que ponto esse clima de pressão em torno do julgamento fez com que vocês fechassem esse cronograma?

Ayres Britto – Quem propôs esse cronograma fui eu. Como presidente, me cabia tomar a dianteira, porque o processo é singular, seja pelo número de denunciados, pela quantidade e gravidade das acusações, pelo numero de testemunhas – são 600 – e pela aposentadoria iminente de dois ministros. Tudo isso evidencia a peculiaridade do processo, demandando uma atenção especial. Agora, do ponto de vista da subjetividade dos julgadores, não é um processo diferenciado. É igual a tantos outros, por mais intensa que seja essa ambiência política. O julgamento em si tem de ser técnico, imparcial, objetivo e em cima da prova dos autos. Pressões não funcionam nesta Casa. Somos vacinados contra pressões, venham de onde vierem.

Carlos Ayres Britto, Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), entrevista no jornal Zero Hora (RS), 10/6/2012.

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
'Prédios verdes' do Rio vão ter redução de impostos
Lições do milagre da Coreia do Sul para o Brasil
No TSE, ainda existem 1.615 ações de 2008
Bens de Agnelo se multiplicam por 12 em 12 anos
Dilma trava R$ 400 bi de investimentos

FOLHA DE S. PAULO
Freio em obras e projetos de estatais segura o PIB
Consumo de idoso brasileiro equivale a‘uma Irlanda’
Rio+20: Coréia quer ser nº 1 na tecnologia da sustentabilidade
Rio+20: No Japão, cidades renascem sob economia verde

O ESTADO DE S. PAULO
Produtividade brasileira cai pelo segundo ano consecutivo
China deve liderar bloco contra‘ricos’
Brasil importa cada vez mais feijão-preto da China

CORREIO BRAZILIENSE
Mensaleiros se preparam para o pior
Espanha pede socorro

ESTADO DE MINAS
Minas +20
Deputado brasileiro é o mais caro das américas

ZERO HORA (RS)
Nem tudo ficará pronto para a Copa
"Pressões não funcionam nesta Casa", diz Ayres Britto
Desemprego é mais alto entre jovens

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Crise europeia ameaça êxito da Rio+20

Mensaleiros se preparam para o pior

Com o julgamento do Mensalão já marcado, com o ritmo das sessões definido e com a repercussão da noticia do encontro de Lula com o ministro Gilmar Mendes, os réus têm pouca esperança de serem absolvidos.

Mensaleiros agora temem condenação

Cronograma do julgamento, com início em agosto e resultado antes das eleições, diminui confiança de réus de serem inocentados

Paulo de Tarso Lyra, Diego Abreu

A definição do cronograma de julgamento, com decisão a ser proferida em setembro; o estabelecimento de um ritmo diferenciado de sessões; e as notícias veiculadas sobre o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes aumentaram o temor dos mensaleiros de uma condenação em série no julgamento que começará no em 1º de agosto. Antes confiantes de que as provas reunidas na ação penal conduzida pela Procuradoria-Geral da República poderiam ser consideradas frágeis pelo STF, eles agora acham que as novas regras politizaram o debate. "Essa força-tarefa do STF criou um Tribunal de Exceção", comentou um dos réus, segundo apurou o Correio.

O cronograma de julgamento provocou um novo fator de"estresse" entre réus e advogados. Muitos deles pressionaram seus defensores para que uma nova proposta fosse apresentada ao STF, pedindo uma flexibilização maior de prazos. Não foram atendidos. Os advogados avaliaram que já haviam emitido sinais suficientes para a principal corte do país ao lançar um manifesto, em maio, pedindo que o Supremo não votasse o mensalão com a "faca no pescoço". O gesto foi avaliado como "péssimo" pelos ministros. Uma nova manifestação agora, na opinião dos advogados que defendem os réus do mensalão, poderia ser considerada uma afronta.

Vários outros sinais são percebidos pelos réus como uma disposição para que o processo não seja restrito exclusivamente às questões técnicas. Isso significa que será levado em conta também o componente político. O prazo anunciado pelo ministro Celso de Mello estabelece que as conclusões sejam proferidas antes das eleições municipais de outubro, o que, na avaliação de alguns dos réus, passa a impressão da necessidade de uma resposta à opinião pública.

Sem desmembramento

Além disso, em nenhum momento, ao longo de toda a ação penal, os ministros do STF aceitaram o argumento de desmembramento do processo. Por essa tese, permaneceriam como réus no Supremo apenas os três envolvidos no mensalão que têm foro privilegiado. Os demais teriam seus processos transferidos para a primeira instância. Essa tese foi aceita, por exemplo, no caso do chamado mensalão mineiro. Mas não no mensalão petista, apesar dos reiterados apelos feitos por advogados de peso, como o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.

Também foi considerada um "tiro pela culatra" a famosa reunião entre Lula e o ministro Gilmar Mendes, na qual o petista teria pedido que o julgamento do mensalão fosse adiado. Em troca, Mendes contaria com a boa vontade de parlamentares do PT durante a CPI do Cachoeira. Segundo informações ouvidas pelo Correio, o encontro terminou sem maiores rusgas entre as partes envolvidas.

Só que Mendes teria se incomodado com sinais emitidos por correligionários de Lula de que ele poderia ser envolvido no rol de denúncias que envolvem o bicheiro goiano, por isso a decisão de expor os detalhes da reunião. Lula admite o encontro, realizado no escritório do ex-presidente do STF e ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, mas nega que tenha esboçado qualquer desejo de interferência no processo de julgamento do mensalão. Para os réus, essa movimentação só aumentou o componente político do processo.

O ministro do STF Marco Aurélio Mello descarta qualquer possibilidade de o julgamento ser politizado. "Não há essa possibilidade (de o julgamento ser político). Os juízes atuarão segundo os elementos colhidos pelo Ministério Público. Será um julgamento essencialmente técnico. Não estamos vivendo um período de exceção, estamos em plena democracia", afirma.

Marco Aurélio alerta que os ministros da Suprema Corte têm plena ciência da responsabilidade que será julgar o mensalão, até porque "o julgamento ficará nos anais do Supremo". "Reafirmo, para mim é um processo como qualquer outro. O que temos é uma quantidade enorme de acusados, o que não devia haver, porque apenas três são detentores da prerrogativa de foro, mas de forma alguma será um julgamento politizado, pois creio que nunca vivenciamos uma quadra mais democrática do que esta que estamos vivendo", completou.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Mensalão: Dirceu convoca estudantes para defendê-lo

Ex-ministro assume que precisa de apoio e dispara: ‘agora é a batalha final’

Cássio Bruno

RIO - Um dos 38 réus do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou os estudantes a irem às ruas defendê-lo durante o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa no dia 1º de agosto. Dirceu participou neste sábado à tarde do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a partir de agora será “a batalha final”.

— Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj.

Ao lado do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido pela presidente Dilma Rousseff após suspeitas de corrupção na pasta, Dirceu disse para os jovens ficarem “vigilantes”:

— Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel.

Dirceu afirmou ainda que deseja “olhar nos olhos dos que o acusaram”:

— Eu tenho que provar a minha inocência. Eu deveria ter a presunção da inocência. Mas sou eu que tenho de provar. Me lincharam, me condenaram. Se eu estou aqui hoje de pé é graças a vocês, com a UJS, com a UNE (União Nacional dos Estudantes). Mas agora é a batalha final. É a reta final. Eu quero este julgamento. Quero olhar nos olhos daqueles que me acusaram e me lincharam esses anos todos.
O ex-ministro concentrou seus ataques na imprensa:

— Estamos travando uma batalha contra quem? Contra a oposição? Não. São partidos que foram derrotados em duas eleições presidenciais. Estamos enfrentando o poder da mídia, do monopólio dos veículos de comunicação.

FONTE: O GLOBO

Paes defende UNE, investigada pelo TCU

Pela manhã, o 16º Congresso Nacional da UJS contou com a presença de vários políticos, entre eles o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), pré-candidato à reeleição. Em seu discurso, Paes defendeu a UNE e o presidente da entidade, Daniel Iliescu. Investigação do Ministério Público aponta indícios de irregularidades em convênios entre a UNE e o governo federal, como revelou o GLOBO na sexta-feira.

Ao analisar as prestações de contas do Ministério da Cultura com a UNE para apoio ao projeto Atividades de Cultura e Artes, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Marinus Marsico, constatou o uso de notas frias e gastos com a compra de bebidas, como vodca, cachaça e uísque, entre outros itens.

— Daniel, é assim mesmo. O problema é o seguinte: as eleições estão chegando. Como a UNE se posiciona, fica difícil não apanhar. Então, casca grossa, vai em frente que a UNE é maior do que tudo isso — declarou Paes.

Momentos antes e na presença do prefeito, uma dirigente da Associação Nacional dos Pós-Graduandos, Luana Bonone, também defendeu a UNE:

— Não é nenhuma matéria de jornal que vai nos calar.

A UNE até hoje não construiu a sua nova sede, no Rio, apesar de ter recebido R$ 30 milhões do governo Lula, em 2010. O lançamento da pedra fundamental contou com a presença de Lula e do arquiteto Oscar Niemeyer, que doou o projeto. No terreno doado pelo governo Itamar Franco, na Praia do Flamengo, era para ter sido erguido um prédio de 13 andares. O espaço continua vazio.

Elogios também ao ex-ministro do Esporte

No congresso da UJS, Paes elogiou ainda o ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido por Dilma após denúncias de corrupção na pasta. Paes se referiu a Orlando como “uma das maiores lideranças políticas do país”. O ex-ministro pertence ao PCdoB, partido que faz parte da base de apoio a Paes nas próximas eleições.

— Você (Orlando) já superou a crise. Vai se eleger vereador de São Paulo.

Paes destacou as realizações de seu governo, principalmente projetos voltados aos jovens. No fim, o prefeito assinou um termo de compromisso com uma série de reivindicações dos estudantes.

Silva também discursou e lembrou do período em que deixou o governo Dilma:

— Na política, não há limites para os ataques. Foi difícil acordar de manhã e ler os jornais cheios de mentiras.

A deputada federal Manuela D’ Ávila (PCdoB), pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS), também marcou presença. O congresso teve início na quinta-feira e vai até amanhã.

FONTE: O GLOBO

Entrevista: "Pressões não funcionam nesta Casa", diz Ayres Britto

Na semana em que a data do julgamento do mensalão é definida, presidente do STF fala a ZH.

“O Supremo não tem faltado à nação”
Carlos Ayres Britto Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF)

Carolina Bahia e Klécio Santos

BRASÍLIA - A véspera do feriadão de Corpus Christi foi um dia especial na rotina do Supremo Tribunal Federal. Os ministros da Corte definiram o calendário do rumoroso julgamento do mensalão do PT. Na noite daquela quarta-feira, o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, recebeu ZH para uma entrevista de uma hora.

Na imensa sala com móveis antigos, apenas um moderno cronômetro digital contrastava com o ambiente sóbrio. Ayres gosta de receber as visitas em um sofá de couro, o mesmo em que o colega Gilmar Mendes sentou para comunicar-lhe o mal explicado encontro com o ex-ministro Nelson Jobim e o ex-presidente Lula.

– Ele estava sentado aí, neste canto – aponta o ministro.

Em meio à entrevista, a todo momento o sergipano de 69 anos envereda a conversa para o mundo das artes. Autor de sete livros de poesia, diz que ele e a presidente Dilma Rousseff têm em comum o gosto pela literatura espiritualizada. Sua mais recente obra, DNAlma está pronta há seis meses, mas ele não se cansa de revisá-la. Pretende encaminhá-la à editora em breve. Antes de encerrar a entrevista, já de pé, ele cita ainda o Poeminha do Contra, de Mário Quintana, num recado às críticas de que deseja marcar sua gestão com julgamentos polêmicos.

– Esses que aí estão, atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho – recita.

Zero Hora – O julgamento do mensalão irá ocorrer em pleno período eleitoral. Isso deve gerar muita tensão?

Carlos Ayres Britto – Eu vinha defendendo que o ideal seria julgar antes do período eleitoral, até porque em época de eleição teremos três ministros deslocados para o TSE. Isso não foi possível.

ZH – Agosto será o último mês do ministro Cezar Peluso no Supremo. É possível julgar o processo do mensalão antes da aposentadoria dele?

Ayres Britto – Sim. E a presença dele é muito importante, devido aos seus altíssimos conhecimentos processuais.

ZH – Mas vocês conseguem encerrar o julgamento em agosto ou o ministro Peluso irá adiantar o voto?

Ayres Britto – Não. Trabalho com a possibilidade de o processo terminar antes da aposentadoria. Se não terminar, em tese o processo não é suspenso pelo fato de um ministro se aposentar ou não poder participar. O processo prossegue. Somos 11, julgaríamos com 10.

ZH – Até que ponto esse clima de pressão em torno do julgamento fez com que vocês fechassem esse cronograma?

Ayres Britto – Quem propôs esse cronograma fui eu. Como presidente, me cabia tomar a dianteira, porque o processo é singular, seja pelo número de denunciados, pela quantidade e gravidade das acusações, pelo numero de testemunhas – são 600 – e pela aposentadoria iminente de dois ministros. Tudo isso evidencia a peculiaridade do processo, demandando uma atenção especial. Agora, do ponto de vista da subjetividade dos julgadores, não é um processo diferenciado. É igual a tantos outros, por mais intensa que seja essa ambiência política. O julgamento em si tem de ser técnico, imparcial, objetivo e em cima da prova dos autos. Pressões não funcionam nesta Casa. Somos vacinados contra pressões, venham de onde vierem.

ZH – O senhor já tem o seu voto?

Ayres Britto – Não. E acho que ninguém tem. Estou em condições de votar, e praticamente todos os outros também. Mas não tenho o voto pronto porque preciso ouvir as sustentações orais, ver as alegações, o voto do relator e do revisor. Ainda tenho alguns estudos mais aprofundados a fazer. Mas não tenho predisposição para condenar, nem para absolver.

ZH – Há possibilidade de os crimes prescreverem?

Ayres Britto – Em tese, nenhum crime está prescrito, porque ele só surge da pena em concreto. Se aplicar a pena mínima, de fato alguns crimes já estarão prescritos. Quando você é condenado por mais de um crime, isso dificulta a pena mínima. Então é bom aguardar.

ZH – Se condenado, alguém pode sair algemado do plenário?

Ayres Britto – Ninguém sairá algemado, até porque temos uma súmula vinculante sobre uso de algema. Não trabalho com essa ideia de espetacularização do processo. Ele será julgado rigorosamente sobre coordenadas técnicas. Já definimos que defensores gerais estarão aqui para suprir a falta ou a desistência eventual de advogados.

ZH – O senhor disse que teria uma gestão curta, mas intensa. Nos bastidores da Corte, começam a surgir críticas de que o senhor deseja votar um processo de repercussão por semana.

Ayres Britto – Essa crítica não tem nenhuma procedência. A minha pauta é a minha cara, a minha pregação. Não estou jogando para a plateia. E essa pauta eu não faço de modo unilateral, nem tenho recebido nenhuma reclamação. Não me sinto contestado, muito menos desprestigiado. Os processos que coloquei para julgamento nos primeiros 30 dias foram muito importantes e de impacto social na perspectiva de renovação da nossa cultura.

ZH – O ministro Gilmar Mendes se envolveu em uma grande polêmica há poucos dias. Antes disso, Joaquim Barbosa e Cezar Peluso haviam trocado farpas pela imprensa. O Supremo não deveria ser mais discreto?

Ayres Britto – Os ministros têm infinitamente mais virtudes do que defeitos. E têm servido muito bem ao país na produção de decisões que estão ajudando para melhorar a própria cultura brasileira. Basta lembrar a Lei da Ficha Limpa, a Lei Maria da Penha, a igualdade de direito entre casais heteroafetivos e parceiros homoafetivos, a liberação de pesquisas com células-tronco. O Supremo não tem faltado à nação. O que se chama de discrição maior ou menor não tem nada a ver com caráter, devoção à causa pública ou competência profissional. Tem a ver com temperamento.

ZH – O senhor acha que alguém errou no mal explicado encontro entre o ministro Gilmar Mendes, o ex-presidente Lula e o ex-ministro Nelson Jobim?

Ayres Britto – Foram três personagens. Estava ouvindo a explicação de um deles. E sempre me dou um tempo para ouvir também os demais – não que eu pedisse a Jobim ou a Lula que falassem. Simplesmente aguardei. O episódio se esvaiu por si mesmo, sem interferir em nada no funcionamento do Supremo.

ZH – O ministro Gilmar Mendes não demorou demais a tornar público o encontro com Lula?

Ayres Britto – Ele é quem era o juiz do próprio timing. O timing é dele. Quem sou eu para dizer que ele deveria ter feito isso ou aquilo? Ele não me pediu providência. Contou o fato. O ministro é reconhecidamente – ou era – amigo de Lula, amigo de Jobim.

ZH – O senhor tem se encontrado com o ex-presidente Lula?

Ayres Britto – Devo ter me encontrado com o presidente Lula, nesses nove anos, em torno de umas quatro vezes. Sempre em reuniões oficiais, protocolares. Em suma, nem eu frequento Lula, nem Lula me frequenta.

ZH – Ainda há resistência no atendimento de Lei de Acesso à Informação (em vigor desde 16 de maio). O senhor é a favor da divulgação dos contracheques de servidores e magistrados?

Ayres Britto – Já aprovamos aqui, a proposta foi minha. O mérito não é meu, é dos ministros, que aprovaram. Aprovamos aqui e no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

ZH – Houve ganhos ou prejuízos para o Judiciário com a polêmica envolvendo a corregedora do CNJ, Eliana Calmon?

Ayres Britto – A população, e às vezes os jornalistas, têm uma visão equivocada do que seja o CNJ. Todas as vezes em que ele decide apenar um juiz, é o Judiciário cortando na sua própria carne. O Judiciário está na vanguarda dos acontecimentos. Foi ele o primeiro poder que proibiu o nepotismo.

ZH – Uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas revelou que a maioria dos brasileiros não confia no Judiciário. Como reverter essa sensação?

Ayres Britto – Se você fizer a pesquisa, o povo vai dizer: a maioria não confia no Judiciário, mas confia no CNJ. Só que o CNJ é o Judiciário. Ou seja, está havendo uma compreensão equivocada da natureza jurídica do CNJ. Dos 15 membros, nove são do Judiciário, entre eles o presidente e o corregedor.

ZH – Rosa Weber, a mais nova integrante do STF, foi submetida a uma dura sabatina no Senado, num dos questionamentos mais longos dos últimos tempos. O senhor concorda com o método de escolha dos ministros, por indicação presidencial e sabatina no Senado?

Ayres Britto – Em linhas gerais, concordo. É um processo que congrega três poderes. O Executivo indica, o Legislativo faz o escrutínio e o Supremo dá posse. A Constituição exige dois pré-requisitos fundamentais: reputação ilibada e saber jurídico notável. Se eles estão sendo observados, o processo é bom. E esses pré-requisitos são transformados em exercício, desempenho. Não assisti à sabatina, mas soube que ela foi tratada com muita severidade. No entanto, em pouco tempo ela mostrou que faz jus à nomeação e que o Poder Judiciário ganhou uma excepcional ministra.

ZH – O senhor lamenta ter de sair do STF. É a favor da proposta que revoga aposentadoria compulsória aos 70 anos?

Ayres Britto – Não tenho legitimidade para opinar sobre esse isso porque, teoricamente, eu seria parte interessada. Estou muito satisfeito pelo tempo de presidência e pelos nove anos de Supremo. Se depender de mim, não estico nenhum dia sequer.

ZH – E depois vai se dedicar a quê?

Ayres Britto – Aulas, livros. Tenho um livro de poemas que não saiu porque os escritores são perfeccionistas. Você fica lendo, relendo. E chega um momento em que você tem de se livrar do livro. E ainda tenho um livro sobre direito que pretendo editar na minha presidência.

FONTE: ZERO HORA (RS)

As escolhas de Lula

Ao optar por candidatos biônicos e ao tentar intervir no julgamento do mensalão, o ex-presidente cria mais problemas para si mesmo

Nos meios políticos, o ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva desfruta uma certa aura de feiticeiro. Consagrado pela transformação da ministra Dilma Rousseff na nova presidente da República, ele mostrou que consegue ler no terreno da política sinais que poucos enxergam. Mas os fatos recentes mostram que, apesar de seu talento, Lula não é infalível. Seus movimentos recentes têm gerado, para ele mesmo e para seu partido, mais problemas que soluções.

O mero fato de ele ter mantido uma conversa reservada com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), às vésperas do julgamento do escândalo do mensalão - marcado para o dia l2 de agosto - lança dúvida sobre sua motivação. No conflito de versões, talvez jamais seja possível saber o que foi dito no encontro. Mas uma figura do porte político de Lula não pode deixar dúvidas desse tipo pairar no ar. Todos teriam a ganhar se ele evitasse contato com os ministros - e deixasse o STF trabalhar em paz.

Outro revés começa a se desenhar na tentativa de repetir, nas eleições municipais, a estratégia que levou Dilma à Presidência. Em São Paulo e no Recife, Lula escolheu candidatos de modo autocrático, com base exclusivamente em sua imensa popularidade, principal garantia do controle absoluto que mantém sobre as decisões do Partido dos Trabalhadores (PT).

A escolha de Dilma, em 2010, respondia a um desfalque no elenco de estrelas do governo, atingidas pelo mensalão e suas sequelas. Em 2012, a situação é outra. Há candidatos naturais no PT. Não é o caso do ex-ministro Fernando Haddad, em São Paulo, e do senador Humberto Costa, na capital pernambucana. Ambos enfrentam indiferença do eleitorado, rejeição de aliados tradicionais e forte resistência no próprio PT.

Alijada da disputa porque Lula está convencido de que não venceria um eventual segundo turno, a ex-prefeita Marta Suplicy, com 30% das intenções de voto, não deu as caras na campanha do ex-ministro Haddad, hoje com 3%. No Recife, o senador Humberto Costa foi indicado contra o atual prefeito, João da Costa, vitorioso numa prévia do partido.

Tanto Haddad como Humberto Costa podem, até a votação em outubro, mostrar um desempenho melhor do que as pesquisas sugerem. A política gosta de pregar peças naqueles que pretendem conhecer seus segredos por antecipação. Qualquer que seja o veredicto do eleitorado, contudo, o comportamento de Lula revela um método lamentável. No Recife, ignorou-se uma prévia porque não se apreciava o vitorioso. Em São Paulo, elas nem sequer foram realizadas, pois temia-se que Marta vencesse. Isso no PT, que, noutros tempos, ensinava que os bons partidos se fazem de baixo para cima.

Por enquanto, os resultados das ações recentes de Lula não parecem promissores. Seus candidatos não decolaram - e a sociedade espera que o julgamento do mensalão puna com rigor os culpados pelo maior escândalo de corrupção da história recente do país.

FONTE: REVISTA ÉPOCA

PSDB dá a largada hoje nas convenções no Rio

Tucanos vão confirmar a candidatura do deputado Otávio Leite a prefeito; amanhã, PSOL vai oficializar a de Marcelo Freixo

Cássio Bruno

A corrida pela prefeitura do Rio terá início oficialmente hoje com a convenção do PSDB que confirmará o deputado federal Otávio Leite como candidato. O evento ocorrerá entre 10h e 14h, na sede do Cordão do Bola Preta, na Lapa. Amanhã, na Câmara dos Vereadores, às 11h, é a vez do PSOL apresentar a candidatura do deputado estadual Marcelo Freixo. O PMDB marcou para o dia 23 a aprovação da chapa do atual prefeito Eduardo Paes, que tentará a reeleição. Já o DEM programou fechar a aliança do deputado federal Rodrigo Maia no dia 25. O PV, da deputada estadual Aspásia Camargo, ainda não decidiu quando será a convenção. As candidaturas de vereadores destes partidos e de aliados também serão definidas nos eventos.

No encontro do PSDB, as principais figuras da cúpula nacional, como Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra aparecerão em vídeos com depoimentos em favor de Otávio Leite. O presidente do partido, Sérgio Guerra, e o senador Álvaro Dias devem comparecer. Leite, porém, não vai anunciar quem será o seu vice.

- Tenho até o dia 30 deste mês para apresentar o vice - disse o deputado, que, por enquanto, não fez aliança com nenhum outro partido.

Ao lado do músico Marcelo Yuka, pré-candidato a vice, Freixo será confirmado na disputa municipal. O ator Wagner Moura fará a leitura de mensagens de apoio enviadas por Chico Buarque , Caetano Veloso, Frei Betto e Leonardo Boff. A festa principal será realizada em 6 de julho, no primeiro dia da campanha eleitoral, a local a ser definido, com a participação de artistas.

- Os próximos quatro anos de governo vão direcionar o Rio para os próximos 30 anos. É importante que esta disputa tenha segundo turno para nós debatermos temas da cidade - disse o deputado.

FONTE: O GLOBO

Paes não deve participar de evento do PMDB

Prefeito só estará no encontro de julho, que terá presença de Cabral

Cássio Bruno

Com uma confortável aliança formada até agora por 16 partidos, o PMDB dará o pontapé inicial para a campanha sem muita pompa, segundo o presidente municipal do partido, Carlos Alberto Muniz, atual vice-prefeito. A convenção será a partir das 11h, na sede do PMDB, no Centro. A presença do prefeito Eduardo Paes foi confirmada.

- Eu vou conduzir o encontro. Vamos aprovar a chapa majoritária, a coligação com o PT, que indicou o vereador Adilson Pires para ser o vice, além da chapa de vereadores - adianta Muniz.

Ele afirma, contudo, que o PMDB realizará um evento maior, em julho, cuja data e local ainda vão ser escolhidos. Deste encontro, Paes e o governador Sérgio Cabral vão participar. A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula serão convidados.

Procurado pelo GLOBO, Paes disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não fala sobre eleições.

Rodrigo Maia escolheu a Zona Oeste para a convenção do DEM: a West Show, em Campo Grande, entre 13h e 17h. Coligado com o PR, Maia terá as presenças de seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia, e do deputado federal Anthony Garotinho, ex-governador. A vice na chapa é a filha de Garotinho, a deputada estadual Clarissa Garotinho.

- Ainda não tenho o discurso pronto, mas o tom será sobre a nossa estratégia de campanha - conta Rodrigo.

Aspásia Camargo diz que a convenção do PV ocorrerá entre os próximos dias 22 e 24, mas ainda não fechou uma data e nem local. Assim como Otávio Leite, a deputada não fez aliança e não decidiu quem será o vice.

- Não tem como fazer composição. Nenhum outro partido está pensando em sustentabilidade - ressalta ela.

FONTE: O GLOBO

Isolado em SP, PT tem chapas gigantescas na Grande SP

Em São Bernardo, Luiz Marinho pode reunir apoio de até 20 siglas

Em Osasco, o deputado federal João Paulo Cunha, que é réu no mensalão, juntou 21 legendas em aliança

Daniel Roncaglia

Enquanto o pré-candidato Fernando Haddad enfrenta dificuldades para fechar alianças em São Paulo, petistas das principais cidades ao redor da capital já garantiram apoio de um grande número de partidos para as eleições municipais.

Favorito à reeleição, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, tem 19 siglas na sua chapa, incluindo o DEM, e negocia para tirar da disputa o pré-candidato do PMDB, Tunico Vieira.

Já em Guarulhos, o prefeito Sebastião Almeida tenta fechar com 18 legendas. "Apenas PSDB, PPS e DEM não estão conversando para fazer parte da aliança", conta a vereadora Marisa de Sá.

A situação é a mesma para o pré-candidato de Osasco, deputado João Paulo Cunha, que reuniu 21 siglas na sua chapa. O acordo foi costurado apesar da possibilidade de ele não participar da eleição, pois é réu do mensalão.

Até o fim do mês, quando termina o prazo das convenções, o PT pode fazer alianças que vão de 10 a 18 siglas em cidades como Embu das Artes, Santo André, Diadema, Carapicuíba e Suzano.

"A gente brinca que em Embu das Artes pode ser por W.O.", diz Valdir Fernandes, coordenador da Macro Osasco do PT. A cidade deve ter, além do prefeito Chico Brito (PT), o tucano Haroldo Marchetti na disputa.

Uma explicação para os acordos é o fato de o PT ter o maior número de prefeitos nas grandes cidades da região: "Quando o prefeito é de outro partido sempre é mais difícil", diz Marisa de Sá.

O PT administra 9 das 15 maiores cidades da Grande São Paulo, o que levou a região a ser chamada de "cinturão vermelho".

Nessas cidades, a TV aberta mostra a propaganda eleitoral da capital. Para Valdir Fernandes, isso facilita a composição de alianças. "A popularidade da presidenta Dilma e do ex-presidente Lula também ajuda nas negociações", diz o petista.

O PT estadual diz que a região é essencial para tirar o PSDB do governo paulista em 2014. A polarização é visível no número de candidaturas: nas 39 cidades da Grande SP, os tucanos terão 32 candidatos, e os petistas, 31.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PT promete encerrar novela do vice em BH

Dos sete nomes registrados, só três devem ser submetidos à votação dos delegados. Se for necessário, o segundo turno será feito ainda hoje. Deputado Miguel Corrêa Jr. é o favorito

Juliana Cipriani

O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), vai conhecer hoje o nome do vice-prefeito que pode acompanhá-lo por mais quatro anos de mandato, caso consiga viabilizar a reeleição da chapa PSB-PT em outubro. Depois de muita especulação, a corrida pela vaga começa com desfalques, já que quatro dos sete inscritos na quarta-feira não devem nem dar a largada na competição. As conversas avançaram pela madrugada de hoje para fechar em três nomes a votação no encontro do PT que acontece hoje: do ex-procurador do município Marco Antônio de Rezende Teixeira, do deputado federal Miguel Corrêa Jr. e do ex-superintendente da Fundação Municipal de Parques e Jardins Luiz Gustavo Fortini.

Apesar da indefinição nas últimas semanas, há possibilidade de a votação ser decidida em apenas um turno. Caso isso não ocorra, uma segunda votação será feita ainda hoje, conforme o prazo estabelecido pela legenda e o desejo das principais lideranças. O deputado federal Miguel Corrêa Jr. é apontado como o favorito. Se não houver traição, ele tem maioria numérica dos delegados e pode chegar aos 270 votos, o que lhe daria uma vitória em primeiro turno. Indo para uma segunda etapa, ele pode ter a simpatia dos contrários a um nome vinculado ao governo Lacerda, o que também lhe tornaria favorito. Nos bastidores, é o único que estaria disposto a levar a disputa até o fim.

Tanto empenho encontra respaldo nos planos políticos do parlamentar. Trabalhando para concorrer à prefeitura em 2016, Miguel Corrêa poderia antecipar sua trajetória, caso se confirme uma candidatura de Marcio Lacerda ao governo do estado em 2014. Também é o preferido dos tucanos por ter um perfil mais conciliador. O prefeito Marcio Lacerda, no entanto, trabalha nos bastidores para emplacar Marco Antônio de Rezende, que foi seu procurador e do governo do petista Fernando Pimentel.

O grupo dos candidatos colocados como técnicos se reuniu ontem mais uma vez para tentar chegar a um nome de consenso. Na quarta-feira, conforme informou o Estado de Minas, Marco Antônio, os ex-secretários de Políticas Sociais Jorge Nahas e de Obras Murilo Valadares o deputado estadual Paulo Lamac, o líder do governo Tarcísio Caixeta e o presidente da Prodabel ,Paulo Moura, se encontraram numa cervejaria para tentar um acordo no qual o ex-procurador seria o nome ideal. Mas, apesar do apelo por Marco Antônio, até a noite de ontem o deputado federal Virgílio Guimarães insistia em colocar o seu candidato, o ex-secretário de Obras Murilo Valadares, como o candidato único. Já eram dados como certos que abririam mão Nahas e Lamac. Na plenária, devem entrar os candidatos Miguel, Fortini e Marco Antônio, mas alguns dos articuladores acreditam que Fortini possa retirar seu nome no decorrer do encontro.

Até ontem, os candidatos não confirmavam um acordo, mas mantinham o discurso pela unidade. "Continuamos achando ideal o consenso e que, se houver disputa, que ela seja a menor possível. Meu nome está colocado, mas o principal é a unidade do PT", disse o deputado estadual André Quintão, que, caso faça um acordo, considera mais possível a união com o campo dos que defenderam a aliança com Lacerda (onde estão Nahas, Murilo, Marco Antônio e Paulo Lamac).

Miguel Corrêa Jr. também acredita no consenso, mas evita falar em desistência. "Estou construindo dia a dia a possibilidade de ter o apoio de grupos políticos do meu partido, meu trabalho é de formiguinha operária", disse.

O vice-prefeito Roberto Carvalho, rompido politicamente com o prefeito Lacerda, também acredita no afunilamento das candidaturas e admite que o nome que indicou, Fortini, pode abandonar a briga. "Nós decidimos manter o Fortini e avaliar durante o encontro se permanece ou não. Uma questão essencial para nós é cumprir o acordo para a chapa de vereadores (aliança na eleição proporcional entre PT e PSB)", disse Carvalho. Qualquer que seja o resultado, o PT tem uma carta na manga. Marcou a convenção partidária, soberana para fechar as alianças eleitorais, para a noite de 30 de junho, no último momento para oficializar as decisões.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Briga recifense engessa o PT no Estado

Só agora, e ainda em meio à confusão na capital, partido avança nas costuras para palanques em outras cidades importantes

Juliane Menezes

Após semanas de um doloroso embate no PT para definir quem seria o candidato a prefeito do Recife nas eleições deste ano – disputa que mobilizou as principais lideranças petistas do Estado e até mesmo a Executiva nacional –, o partido poderá agora, já no mês das convenções partidárias, cuidar das sucessões nos demais municípios pernambucanos. O PT possui hoje quatro pré-candidatos a prefeito em cidades-polo do Estado com chances de brigar pela vitória: os deputados federais Fernando Ferro (Cabo de Santo Agostinho) e Pedro Eugênio (Ipojuca) e os estaduais Sérgio Leite (Paulista) e Odacy Amorim (Petrolina).

Fernando Ferro, fiel aliado de João da Costa, disse que ainda está em processo de negociações com partidos políticos. Nenhum apoio foi oficializado até agora, mas, segundo ele, a coligação será definida neste fim de semana. Ferro ainda não marcou data para a sua convenção, mas diz que só será depois do dia 20. Apesar de afirmar que as negociações estão avançadas, Ferro admite que o imbróglio no Recife acabou tomando todas as atenções do PT. “A crise no Recife afetou o partido todo, todas as conversas ficaram congeladas. O partido praticamente parou para discutir o assunto e esqueceu as outras cidades. Toda a direção estava mobilizada para essa disputa recifense”, afirmou o deputado. Para ele, a legenda está “sem direção estadual”, devido ao envolvimento do presidente do PT pernambucano, Pedro Eugênio, na questão do Recife. “Nem sequer a candidatura dele em Ipojuca ele conseguiu discutir”, pontuou Ferro.

Pedro Eugênio, entretanto, afirma que está em processo de discussões com diversos partidos em Ipojuca, mas esconde com quais por questões de “estratégia”. Ao contrário do que diz Ferro, entretanto, ele afirma veementemente que o impasse petista não interferiu na sua postulação. “Eu estou tendo conversas com partidos para poder formar coligações. Tenho feito várias reuniões nos bairros com lideranças locais em lugares fechados”, afirmou o deputado. Ele também não marcou data para a sua convenção, mas diz que deve ocorrer entre os dias 25 e 30.

Sérgio Leite, por sua vez, afirma que está com alianças quase costuradas com diversos partidos, e deve anunciar quais são até o fim da próxima semana. Além disso, a partir de amanhã iniciará uma série de plenárias com a população para construir seu programa de governo. Leite afirma que deve se apresentar nas convenções só no último dia de prazo (30 de junho) e nega que a questão do Recife tenha interferido nesse processo. “Eu fiquei totalmente envolvido com a questão de Paulista, porque é muito trabalhoso. É uma cidade onde o PT tem muitas condições de ganhar a eleição”, enfatizou.

Já em Petrolina, o deputado Odacy Amorim está sofrendo pressão por parte do PSB para abandonar a disputa e apoiar a Fernando Bezerra Filho (PSB). O pré-candidato, entretanto, disse contar com o aval da Executiva nacional do partido e já marcou sua convenção para o dia 24.

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Freio em obras e projetos de estatais segura o PIB

Petrobras está com capacidade para ampliar investimentos comprometida

As empresas estatais, que respondem por dois terços dos investimentos da União, frearam suas despesas com obras e projetos no governo Dilma Rousseff e contribuíram para a queda do crescimento do país, informam Gustavo Patu e Valdo Cruz.

Controladas pelo Tesouro Nacional, essas empresas ainda não retomaram o patamar de participação na economia atingido sob Lula, o que ajuda a explicar a escassez de investimentos necessários para expandir a oferta de bens e serviços.

Investimentos caem com freio nos gastos de estatais

Contribuição de empresas controladas pela União é menor que no governo Lula

Petrobras aponta preço da gasolina, câmbio e exigência de conteúdo nacional como maiores entraves a seus projetos

Gustavo Patu, Valdo Cruz

Empresas controladas pelo Tesouro Nacional, em especial a Petrobras, frearam suas despesas com obras e projetos no governo Dilma Rousseff, o que contribuiu para a queda dos investimentos e do crescimento do país.

Mesmo liberadas da política oficial de controle de gastos, as estatais, que respondem por dois terços dos investimentos da União, ainda não retomaram o patamar de participação na economia que atingiram no fim do mandato do ex-presidente Lula.

De acordo com os dados mais atualizados, essas empresas destinaram, no primeiro quadrimestre deste ano, R$ 26,4 bilhões à ampliação da infraestrutura e da capacidade produtiva nacional, o equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).

Nos quatro meses iniciais de 2010, após sucessivas altas anuais, os investimentos das estatais em energia, aeroportos, portos e outros setores somavam 2,2% do PIB.

A diferença ajuda a explicar o agravamento do principal obstáculo apontado atualmente para a recuperação da economia brasileira: a escassez de investimentos necessários para expandir a oferta de bens e serviços.

De dois anos para cá, o investimento total no país caiu de 19,2% para 18,7% da renda nacional. No diagnóstico da equipe econômica, é preciso uma taxa de 25% para sustentar um crescimento do PIB vigoroso e duradouro.

No setor privado, as incertezas do cenário internacional são a principal causa da retração. Nas estatais, há problemas gerenciais, legais e até de política econômica.

A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, já avisou Dilma que a empresa, a maior da América Latina, está com sua capacidade de aumentar investimentos comprometida por vários fatores.

O primeiro motivo é a defasagem no preço dos combustíveis diante do aumento dos custos da estatal. A concessão de reajustes, no entanto, é limitada pela necessidade de conter a inflação.

A escalada das cotações do dólar neste ano agrava o quadro, por que a estatal importa combustível e tem dívidas no exterior. O câmbio desfavorável praticamente anulou os efeitos da queda no valor do barril de petróleo nas últimas semanas.

Conteúdo nacional

Outro empecilho é a dificuldade de fornecedores de cumprir cronogramas de entrega de navios e sondas por conta do elevado conteúdo local exigido.

Hoje, esse conteúdo deve ser de pelo menos 55%. O governo resiste a alterá-lo totalmente, mas deve fazer algumas concessões em produtos específicos para que as empresas nacionais tenham condições de cumprir as entregas acertadas.

A Petrobras espera uma solução para os dois casos até julho. Do contrário, pode ser obrigada a alterar seu plano de investimentos, que prevê aplicações de US$ 224 bilhões de 2011 a 2015.

O novo plano, prevendo investimentos de 2012 a 2016, deve sair nas próximas semanas. Segundo um assessor presidencial, sem reajuste nos preços dos combustíveis, será um plano "pé no chão", mais adequado à realidade de caixa da estatal.

No caso do sistema Eletrobras, o Palácio do Planalto foi informado de que a crise não está afetando seu plano de investimentos. O grupo pretende repetir neste ano o mesmo volume aplicado no ano passado, de R$ 10 bilhões.

Para alavancar projetos, o Ministério de Minas e Energia estuda a desoneração no preço da energia elétrica para reduzir os custos industriais do setor privado.

Impulsionados pelas obras ligadas à Copa de 2014, os investimentos em aeroportos estão em alta. Já os portos amargaram forte perda de recursos de 2010 para cá.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Produtividade brasileira cai pelo segundo ano consecutivo

Calcula-se que a queda pode ter reduzido em quase dois terços a expansão dòs investimentos no País em 2011

O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio, estima que a produtividade da economia brasileira está caindo pelo segundo ano consecutivo, depois de ter alcançado no governo Lula queda pode ter reduzido em quase dois terços o crescimento dos investimentos no País em 2011, que ficou em 4,7%, após expansão média anual de 10% no segundo mandato de Lula. A projeção é de crescimento zero dos investimentos em 2012. Para o economista Samuel Pessoa, uma das razões para o fenômeno é que o crescimento puxado pelo consumo tende a estimular o setor de serviços, menos produtivo do que a indústria.

Produtividade da economia brasileira encolhe pelo segundo ano consecutivo

Estimativa do Instituto Brasileiro de Economia mostra que o País está menos produtivo no governo da presidente Dilma Rousseff

Fernando Dantas

O Brasil está se tornando menos produtivo no governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a produtividade da economia brasileira está caindo em 2012 pelo segundo ano consecutivo, após ter alcançado no governo Lula o seu melhor desempenho desde o milagre econômico da década de 70.

Silvia Matos, economista do Ibre, calculou que a queda da produtividade pode ter reduzido em quase dois terços o crescimento dos investimentos no Brasil em 2011, que ficou em 4,7%, depois de uma expansão média anual de 10% no segundo mandato de Lula. Ela projeta crescimento zero dos investimentos em 2012.

O números do Ibre mostram que a produtividade, após ter crescido uma média anual de 1,2% no governo Lula, e 1,9% no segundo mandato do ex-presidente, recuou 0,03% em 2011 e deve ter nova retração de 1% em 2012. Com isso, a taxa de investimento, que foi de 19,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011, cairia para 18,9% em 2012, ficando mais distante dos 20% pretendidos pelo governo para este ano.

O indicador medido pelo Ibre é a chamada produtividade total dos fatores, considerada o componente mais importante do crescimento econômico no longo prazo. A queda da produtividade significa que a economia está produzindo menos com uma mesma quantidade de fatores de produção, que são o capital (fábricas, máquinas, imóveis, etc) e o trabalho, medido pelas horas trabalhadas.

O avanço da produtividade no segundo mandato de Lula, o mais veloz em décadas, não só ajudou o PIB a crescer mais rápido, mas também levou muitos analistas a projetarem que a economia poderia se expandir a um ritmo mais acelerado sem descontrole da inflação e outros desequilíbrios. O chamado "crescimento potencial" chegou a ser estimado pelos mais otimistas, incluindo o governo, na faixa de 4,5% a 5%.

Agora, porém, o pessimismo parece estar voltando sobre a capacidade de expansão da economia brasileira. Em 2011, o PIB cresceu apenas 2,7%, com a inflação batendo no teto do intervalo da meta, de 6,5%.

O decepcionante resultado do PIB do primeiro trimestre, que cresceu apenas 0,2% ante o trimestre anterior, na série dessazonalizada, levou diversos analistas a rever para baixo suas projeções de crescimento em 2012, levando-as para perto de 2%.

O governo vê basicamente um problema de demanda, e tem tomado diversas medidas para estimular o consumo e o crédito. Alguns economistas, porém, enxergam no mau desempenho da produtividade - ligada às condições de oferta da economia - um dos possíveis motivos para o desapontador desempenho recente do Brasil.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Dilma trava R$ 400 bi de investimentos

Em meio à crise global e à estagnação do país este ano, investimentos de R$ 400 bilhões, a maioria privados, esperam por decisão da presidente Dilma para deslanchar. Mineração e infraestrutura são áreas afetadas.

Um gargalo de R$ 400 bi nas mãos de Dilma

Decisões que dependem da presidente represam investimentos privados em projetos de infraestrutura e mineração

Danilo Fariello

Ao mesmo tempo que cobra investimentos para fazer deslanchar o PIB, a presidente Dilma centraliza e atrasa decisões, dizem ministérios

BRASÍLIA. A frase é recorrente em Brasília: "Você sabe como é a Dilma, centraliza tudo". E revela o processo de decisão no centro do poder. Num cenário de crise global, enquanto o governo promete um mutirão para fazer o Brasil crescer, depois de ver a economia estagnada no primeiro trimestre e as obras andando em marcha lenta, investimentos de pelo menos R$ 400 bilhões, a maior parte privados, esperam por decisões do Palácio do Planalto para deslanchar. O hábito da presidente Dilma Rousseff de acompanhar todos os assuntos e centralizar as decisões é a justificativa encontrada em diversos ministérios para o atraso na definição de regras cruciais para viabilizar projetos de infraestrutura nas áreas de mineração, energia e transportes.

São projetos ou marcos regulatórios que estão há meses - em alguns casos há anos - sendo discutidos na Casa Civil e no Grupo Executivo do PAC (Gepac), mas ainda não receberam o aval da presidente da República. A execução dos investimentos públicos, por sua vez, também anda abaixo do esperado, conforme revelou O GLOBO semana passada: até maio, só 14,9% dos recursos orçamentários destinados à infraestrutura foram usados.

Em muitos casos, a indefinição dos projetos provoca insegurança jurídica e afasta os investidores privados. O novo código de mineração, por exemplo, em debate desde 2009, vai balizar cerca de R$ 350 bilhões em investimentos privados previstos pelo Ministério de Minas e Energia (MME) até 2030. A decisão sobre a renovação das concessões de energia elétrica, em debate há mais de dois anos, terá impacto sobre investidores privados e públicos. No caso da Eletrobrás, são R$ 37 bilhões investidos sem a garantia de retorno firme, já que a estatal ainda não tem confirmação de que as concessões que vencem em 2015 serão renovadas. Nesse caso, pela regra de concessão imposta pela Aneel, a empresa não pode suspender investimentos para manter a qualidade dos serviços.

Nos portos, R$ 11 bilhões à espera

Na área de portos, discute-se um novo marco regulatório que pode incluir concessões de portos à iniciativa privada. A Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) estima que existam R$ 11 bilhões de investimentos potenciais à espera de definição sobre concessões já vencidas ou a vencer.

- A insegurança jurídica afasta investimentos e enfraquece os terminais, porque os bancos não querem emprestar para nós e os clientes não querem fechar contratos de longo prazo - disse Roberto Zitelmann de Oliva, conselheiro da ABTP.

No Palácio do Planalto, um grupo de seis pessoas é responsável pela análise e preparação desses projetos para a tomada de decisão da presidente. Esse grupo é responsável pelo amadurecimento dos assuntos desde a avaliação dos ministérios até a posição final da presidente, que participa pessoalmente de todas as ações ligadas à infraestrutura e, em especial, ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O trabalho não é trivial, pois é esse grupo que faz o filtro para identificar, por exemplo, eventuais lobbies de grupos de interesse que podem envolver bilhões de reais e muitas vezes contaminam as posições técnicas dos ministérios. No caso das concessões de energia elétrica, por exemplo, o MME controla a Eletrobras, empresa que deve lucrar com a renovação desses contratos, mas também poderá perder receita com a queda das tarifas, condição imposta por Dilma para a renovação.

A cúpula do governo também tem protelado a decisão sobre o rumo dos mais de R$ 25 bilhões que serão arrecadados até 2027 para o fundo nacional de aviação civil.

Segundo um dos participantes dessas reuniões no Planalto, a demora para decisões sobre os grandes temas de infraestrutura neste governo se deve, em parte, ao fato de que, ao longo de 2011, não havia um método para as discussões, o que acabava tornando mais complexa a tomada de decisões por parte da presidente e da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Neste ano, Dilma e a ministra definiram um rito. Cada assunto será tratado em apenas três reuniões diretamente com elas até o encaminhamento final e a tomada de decisão.

- Agora temos uma reunião inicial com a presidente em que se discutem as diretrizes e o contexto de cada tema, uma reunião seguinte já com a modelagem e os elementos gerais que serão influenciados pela decisão, e a última, que fecha a redação final dos textos que serão encaminhados - disse um servidor que comparece às reuniões.

Outro grande projeto que passou meses no Planalto é o Trem de Alta Velocidade (TAV), que ligará o Rio de Janeiro a São Paulo. Objeto de diversos interesses econômicos, o trem-bala é uma obra orçada em R$ 33 bilhões que teve um leilão malsucedido no ano passado em meio a severas críticas de empreiteiras e operadores. Neste caso, a decisão do governo foi fazer um novo leilão e criar a Etav, estatal que será responsável pelo TAV.

FONTE: O GLOBO

Bens de Agnelo se multiplicam por 12 em 12 anos

O governador do DF, Agnelo Queiroz (PT), que depõe esta semana na CPI do Cachoeira, aumentou seu patrimônio em quase 12 vezes, de 1998 a 2010. De R$ 96 mil, passou a declarar R$ 1,15 milhão.

Vida política multiplica patrimônio de Agnelo

De 1998 a 2010, valor dos bens de governador do DF subiu 12 vezes. Evolução foi maior como ministro e diretor da Anvisa

Chico de Gois

BRASÍLIA. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que depõe na próxima quarta-feira na CPI do Cachoeira, embora seja de partido diferente do seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá de dar explicações sobre um fato comum: o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes. Perillo, como revelou O GLOBO na semana passada, teve um aumento patrimonial de cinco vezes, mas, na conta, não estão computados cinco imóveis que o tucano deixou de informar à Justiça Eleitoral.

O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, informou que "a evolução patrimonial do casal (Agnelo e mulher) deve-se ao trabalho de ambos durante 30 anos de casados".

Do apartamento à mansão sem financiamento

No início de sua carreira política, Agnelo tinha poucos bens: apenas um apartamento, no valor de R$ 70 mil, mais três carros - um deles um Chevette 1989, avaliado, na época, em R$ 4 mil - e quatro telefones, dois dos quais celulares. Em 2010, quando concorreu ao governo do DF, a situação era bem diferente. A soma de tudo aquilo que estava registrado em seu nome, com o de sua mulher, atingia a cifra de R$ 1,150 milhão. No período de 12 anos, a frota continuou sendo de três veículos, mas todos seminovos.

O apartamento também continua em posse do casal, mas, agora, Agnelo mora em uma mansão de 549 metros quadrados de área construída, adquirida em março de 2007 por R$ 400 mil, segundo informações do 1 Cartório de Registro de imóveis, mas que, para efeitos de declaração pública, foi registrada por R$ 450 mil. Ainda segundo o cartório, a mansão foi adquirida "sem condições" e não há referência a financiamento.

Há, ainda, outros dois imóveis em Brasília - um deles, no valor de R$ 139 mil, dos quais R$ 79 mil foram financiados -, e cerca de R$ 150 mil depositados em contas e aplicações. Em 1998, ele não informou que possuía recursos financeiros.

Na eleição anterior, em 2006, Agnelo também mantinha um patrimônio modesto, que somava R$ 224 mil. Na época, suas contas bancárias somavam R$ 45 mil. Em 2002, ele entregou cópia da declaração de Imposto de Renda da esposa, atestando que tudo o que constava ali lhe pertencia também, além de uma Parati, ano 2002, que havia comprado e pela qual pagara R$ 30 mil. No total, naquele ano, os bens do casal eram de R$ 214 mil.

Nesse ínterim, além de deputado federal eleito pelo PCdoB em 1998 e reeleito em 2002, Agnelo assumiu o Ministério do Esporte no primeiro governo Lula, em 2003, e, em outubro de 2007, foi nomeado para diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), uma vez que não havia conseguido se eleger senador no pleito de 2006. A partir daí, não apenas ele, mas também sua família começaram a melhorar o padrão de vida.

Franquias repassadas para parentes

A mansão que Agnelo e a esposa adquiriram em 2007 tinha como proprietários o advogado Glauco Alves e Santos e a mulher dele, Juliana Roriz Suaiden Alves e Santos. Ela é irmã de Jamil Elias Suaiden, dono da F.J. Produções. Durante o período em que Agnelo foi diretor da Anvisa, a F.J. venceu um leilão de registro de preços para realizar 260 eventos. O preço vencedor foi de R$ 14 mil cada. O que chamou a atenção é que os demais concorrentes apresentaram propostas risíveis: R$ 23,06, o que é totalmente inexequível. Por conta disso, todas as empresas foram desclassificadas e a F.J. Produções levou a melhor.

De um faturamento de R$ 61,9 mil em 2006, a F.J. Produções passou a receber uma bolada do governo federal: R$ 4,8 milhões, em 2007; R$ 19,1 milhões em 2008; R$ 50,9 milhões em 2009; R$ 103,2 milhões em 2010; e R$ 71,3 milhões em 2011.

Juliana Roriz também aparece como sócia de restaurantes e docerias abertas em 2007 e que em seguida acabaram transferidos para parentes do governador, incluindo sua mãe, irmãs e irmão. A sequência dos negócios é sempre a mesma: Juliana abre uma franquia, permanece poucos meses e as repassa para um parente do governador. Para Agnelo, embora admita que seus parentes só conheceram Juliana e Glauco depois da transação imobiliária, em 2007, tudo é mera coincidência.

FONTE: O GLOBO

Enquanto isso, nos EUA...:: Merval Pereira

A Suprema Corte dos Estados Unidos é o modelo de Corte Constitucional em que se baseia nosso Supremo Tribunal Federal, e como cá, nos EUA os presidentes da República nomeiam os ministros. Mas lá o Congresso, sempre equilibrado entre os partidos Republicano e Democrata, é mais severo ao aprovar as indicações: o ex-presidente George W. Bush não conseguiu emplacar sua advogada, que renunciou antes de se submeter à sabatina, diante da reação negativa que sua indicação suscitou.

Lindon B. Johnson nomeou seu advogado pessoal Abe Fortas e depois tentou fazê-lo Presidente da Corte - lá é o presidente dos Estados Unidos quem nomeia o presidente da Suprema Corte, função vitalícia -, mas o Senado não aceitou, e Fortas renunciou.

Mas o mais importante é que, lá, o cargo de ministro é vitalício, o que faz abrir pouquíssimas vagas nos oito anos de mandato de um presidente que se reelege. Aqui, a idade limite de 70 anos e o sistema de aposentadoria pública estimulam a aposentadoria precoce.

Mas, sempre que podem, os presidentes tentam, com suas nomeações, dar uma tendência à Suprema Corte de acordo com seu próprio credo político.

Em tempos recentes, lembra Tomas Trebat, diretor do Instituto de Estudos da América Latina e do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Columbia (NY), tem havido críticas à Corte, acusada de ser apenas uma filial do Partido Republicano.

Outro americano especialista em política brasileira, o cientista político David Fleischer, lembra que em 2000, quando o Supremo americano mandou o estado da Flórida encerrar a recontagem da votação para presidente, dando a vitória para George W. Bush, que assim venceu no colégio eleitoral, dois juízes da Corte Suprema deveriam ter se considerado impedidos pois seus filhos estavam envolvidos no caso, um na banca de advocacia defendendo Bush, e outro defendendo Al Gore. A imprensa americana foi muita dura nas críticas, mas estes dois juízes nem deram bola.

Atualmente, o Supremo americano está para decidir a constitucionalidade do "Obamacare" - o sistema de plano de saúde obrigatório que o Congresso aprovou em 2009 -, e o presidente Obama foi duramente criticado por supostamente fazer pressão sobre a Corte quando, em uma entrevista, disse que não acreditava que os juízes fossem anular uma lei aprovada pela maioria do Congresso.

Um caso famoso recente diz respeito ao ministro Antonin Scalia, um dos mais antigos e conservadores da Corte Suprema, que foi flagrado participando de uma caçada em companhia do então vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney, em cujo avião oficial pegou carona. Como havia um caso em julgamento que envolvia diretamente Cheney, foi questionada a participação de Scalia no julgamento.

O juiz reagiu dizendo que ninguém que acreditasse que ele seria capaz de julgar imparcialmente, apesar de sua amizade com o vice-presidente, acharia razoável que ele não decidisse imparcialmente apenas por que foi caçar com seu amigo e aceitou uma carona num avião do governo.

Para completar, criticando a imprensa que o criticava, Scalia disse que a questão não era o que um observador desinformado pudesse pensar, mas sim o que um observador bem informado pensaria. E acrescentou que em nenhum momento da viagem ficara sozinho com Cheney e que pagou um bilhete de ida e volta ao local da caça, pois só pegou carona na ida. Em nenhum momento a questão ética entrou em suas análises.

Diego Werneck Arguelhes professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e especialista no sistema Judiciário americano diz que em seus mais de 200 anos de história constitucional, o Estados Unidos foi um verdadeiro laboratório de maneiras pelas quais a política pode pressionar e até disciplinar o Judiciário: remoção de competências da Corte, suspensão da garantia do habeas corpus (Lincoln, durante a Guerra Civil), emendas constitucionais "anulando" interpretações da Constituição feitas pelo Judiciário - e até um caso de impeachment de um juiz (Samuel Chase, no início do século XIX).

O exemplo sempre lembrado pelos estudiosos é a tentativa de mudanças na composição da Suprema Corte feita pelo presidente Franklin Roosevelt.

Reeleito com grande apoio popular, ele enfrentava resistências na Suprema Corte, que declarava inconstitucionais diversas leis por ele chanceladas criando proteções sociais aos trabalhadores, que a Corte, de perfil ultraliberal, considerava violarem a liberdade de contratar, prevista na Constituição.

Roosevelt então mandou para o Congresso um projeto que lhe dava direito de nomear um ministro para cada um que completasse 70 anos, a fim de aumentar sua influência na Corte.

O projeto não foi aprovado, mas a Suprema Corte cedeu e passou a validar a legislação social e intervencionista do New Deal.

O professor Diego Werneck diz que tampouco faltam exemplos de posturas desafiadoras em relação a decisões judiciais particularmente controversas, especialmente em casos de racismo.

Vários estados do Sul se recusaram inicialmente a cumprir a decisão no caso Brown vs. Board (1954), que permitiu que crianças brancas e negras frequentassem a mesma escola.

Ele define como "bullies" da Suprema Corte grandes figuras da história americana que a enfrentaram em alguns momentos, como Thomas Jefferson e Andrew Jackson, ambos em confronto com o presidente da Suprema Corte John Marshall.

Segundo Diego Werneck, há uma diferença básica entre o que acontece nos Estados Unidos e aqui: ações institucionais da política contra a Justiça, como retaliação a decisões já tomadas, são parte do jogo nos EUA; ações individuais em relação a juízes específicos, no processo de tomada de decisões específicas, não. Os canais e os efeitos da pressão são institucionais, e não pessoais.

FONTE: O GLOBO

Triunfo da vontade:: Dora Kramer

O PT já foi um partido vivo, orgânico, movido ao embate das tendências e regido pela vontade da maioria tal como é descrito hoje em algumas análises cuja visão tem evidente referência no espelho retrovisor.

O PT não é mais aquele do tempo em que até as interferências resultavam de processos, alguns traumáticos, mas tinham o componente da participação da militância. Exemplo disso foram as sucessivas candidaturas de Luiz Inácio da Silva à presidência da República, sempre resultado da expressão majoritária do partido.

Mesmo as mais difíceis. Uma delas, a de 1998, deu especial trabalho à direção. Havia postulantes de peso à prévia (Tarso Genro, Eduardo Suplicy e Cristovam Buarque) e uma questão complicada a ser resolvida no Rio.

Lula, José Dirceu e companhia articularam uma chapa com o PDT e Leonel Brizola de vice. Para isso possibilitar a aliança com Anthony Garotinho, então no PDT, na eleição estadual, foi preciso atropelar a decisão da seção regional que havia escolhido Wladimir Palmeira como candidato ao governo do Estado.

Houve reação, muito barulho e confusão, além de um resultado desastroso que praticamente dizimou o partido no Rio.

Mas, quem estava na reunião do partido no hotel Glória onde se decidiu que Lula seria o candidato a presidente e Brizola o vice com a primazia de indicar o titular da chapa estadual, testemunhou uma decisão colegiada. A força da militância era tão incisiva, o apoio a Lula tão evidente que os pretendentes a disputar com ele a indicação já chegaram ao encontro na condição de desistentes.

E por que esse preâmbulo de passeio pelo passado?

Para que se note a diferença entre a época em que postulantes desistiam premidos pelas circunstâncias, vencidos pela maioria, e o tempo atual da imposição de uma só vontade, subtraída a instância da consulta ao coletivo.

Não há, no Brasil, partidos vivos, orgânicos nem celebrantes da democracia interna. É verdade. Mas são duas outras verdades também. Mesmo nos outros partidos existe o contraditório interno, essa é uma.

No velho PFL Antonio Carlos Magalhães imperava, mas fora da Bahia não imperava sozinho, o grupo de Jorge Bornhausen fazia o contraponto. No PSDB as escaramuças dispensam apresentações e no PMDB nem se fale, embora nada disso possa ser entendido como sinal de vivacidade partidária.

A outra verdade decorre da impossibilidade de comparação: o PT nasceu e se criou propondo-se a atuar de modo diferente das ditas legendas tradicionais. E durante muito tempo foi. Seus encontros eram abertos e o embate de embate de posições internas, livres.

Direção sempre houve. Daí a organicidade do partido. Mas não havia o que hoje vai se consolidando como uma prática despótica e, sobretudo, contraditória em relação à história do partido.

O que era exceção virou regra. O que mal ou bem encerrava algum sentido estratégico, hoje não requer nem argumentação. É assim que Lula quer? Assim se faça.

Com requintes de humilhação, ao arrepio do convencimento e das especificidades regionais. No Maranhão os petistas já foram obrigados a prestar reverência eleitoral ao clã Sarney, em Minas a bater continência ao PMDB, em São Paulo quase foram tangidos feito gado palanque de Gilberto Kassab acima.

A senadora Marta Suplicy não servia aos planos de Lula de reeditar na disputa paulistana o exitoso "dedazo" que levou Dilma Rousseff à presidência da República, mas serve para ser tratada como "tarefeira" e, em caso de derrota de Fernando Haddad, para como expiatório.

Com João da Costa, prefeito de Recife, foi ainda pior: ganhou uma prévia, cujo resultado foi simplesmente anulado e "nomeado" o senador Humberto Costa como candidato. Se o prefeito de fato perder a legenda só falta o PT considerá-lo um traidor se não quiser participar da campanha.

Pode ser um modo pragmático de preservar o poder, mas a simpatia reinante em torno da resistência de Marta e João da Costa sinaliza que talvez não seja a melhor maneira de se resguardar a unidade necessária ao sucesso do projeto.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Desapareceu a margarida :: Eliane Cantanhêde

Há duas versões correndo em Brasília. Numa, Dilma nunca arranja tempo para receber o vice Michel Temer. Na outra, Temer é que nunca tem interesse em conversar e acertar nada com Dilma.

O fato é que Temer anda tão sumido da mídia quanto do gabinete presidencial no Planalto e dos almoços, jantares e reuniões no Alvorada, apesar de eleições, Código Florestal, Copa, Olimpíada, Rio+20, CPI e nuvens pesadas na economia.

A ausência dá pano para manga, mas não significa que o vice esteja fora das intensas articulações do PMDB para as eleições municipais, para a CPI do Cachoeira e para as principais votações no Congresso. Ao contrário, está em todas.

Parece, portanto, muito mais homem de partido do que homem de governo -apesar de o governo ser Dilma-Temer, PT-PMDB.

Dilma e Temer são e agem de formas muito diferentes. Passam um certo desconforto mútuo diante das personalidades, estilos, preferências e reações de um e de outro.

Além disso, as relações do PMDB com o PT nunca foram lá essas coisas e andam ainda mais estranhas. Na principal campanha do país, um vai para um lado, com Fernando Haddad, Dilma e Lula, e outro vai para o outro, com Gabriel Chalita, Temer e a cúpula peemedebista.

Na CPI, o PT só pensa em atirar no tucano Marconi Perillo e tirar o petista Agnelo Queiroz do alvo, enquanto o PMDB entrou com o segundo time, trabalha a favor do seu Sérgio Cabral e deixa claro que não tem compromisso com petistas nem com tucanos. Eles que se virem.

Diante da distância entre Dilma e Temer, entre o PT e o PMDB em São Paulo e entre os integrantes da CPI, ocorre o óbvio: aumentam os rumores de que o PSB se arvora de PMDB em 2014 e que Eduardo Campos olha para Temer pensando: "Eu sou você amanhã".

Só não dá para saber, ou apostar, o que é pior para a própria Dilma.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

"Cachorrão" para a diretoria do BC:: Elio Gaspari

O professor Ademar Fonseca, titular de Mecânica da Faculdade de Engenharia da PUC do Rio, tinha o apelido de "Cachorrão". Ele deu zero a um aluno que resolveu um problema em cinco páginas e errou a colocação da vírgula na última conta. Quando o jovem reclamou, recebeu uma aula para toda a vida: "Uma ponte não pode ter oito metros ou 80 metros. Você mergulha em uma questão complexa, depois, quando você termina, você se afasta e olha o jeitão da coisa. Pelo jeitão, você vai ver se é 8 ou 80."

A doutora Dilma deveria criar uma "Diretoria do Cachorrão" no Banco Central. O encarregado teria a atribuição de olhar o "jeitão" dos banqueiros.

Em geral, um banco quebra meses depois de o mercado saber que ele estava "virado". Assim foi com o PanAmericano, com o Cruzeiro do Sul, com a Lehman Brothers e assim será com o próximo. As autoridades monetárias têm centenas de funcionários qualificados estudando os números do mercado, mas é comum que desprezem o "jeitão" dos banqueiros. Nos Estados Unidos, Bernard Madoff, o ilustre fundador da Nasdaq, deu um golpe de dezenas de bilhões de dólares, apesar de ter sido denunciado sete anos antes. Tinha casas em Londres, Paris, Nova York e Palm Beach, jatinho e iate de US$ 7 milhões. Se Cachorrão soubesse disso, acreditaria na denúncia. Richard Fuld, o responsável pela explosão da Lehman Brothers, mandara que o elevador do prédio fosse programado para ir direto ao 33 andar quando ele estivesse a caminho do banco. Nesse caso, Cachorrão pediria que prestassem atenção na inteligência do doutor.

Um dia Amador Aguiar (1904-1981), o maior gênio da banca brasileira, viu uma Mercedes no estacionamento da diretoria do Bradesco. Chamou o dono e disse-lhe que aquele tipo de carro estava fora do alcance dos funcionários da casa.

Rafael Palladino, presidente do Banco PanAmericano, quebrado em 2010 numa operação para lá de esquisita, tinha um belo apartamento e uma imobiliária em Miami. Seu diretor financeiro morava num teto de R$ 14 milhões. Coisa de classe média emergente se comparada com as extravagâncias do doutor Luís Octavio Indio da Costa, dono do banco Cruzeiro do Sul, com sua carteira de 300 mil empréstimos irregulares, num total de R$ 1,3 bilhão. O magnata tem dois helicópteros da grife Eurocopter, com dez lugares cada, coisa de R$ 60 milhões. Isso e mais um iate de 110 pés, com cinco suítes, avaliado em R$ 30 milhões. Nas suas festas apresentavam-se Elton John, Bono Vox e Tony Bennett.

Bastava que o Banco Central olhasse para o "jeitão" do doutor para que se acendesse a luz amarela. Acender a vermelha seria preconceito contra rico, mas deu no que deu. Cachorrão chamaria o diretor de Fiscalização do BC e haveria de constrangê-lo apontando o risco que corria.

Seria pedir demais que a "Diretoria do Cachorrão" ficasse encarregada de recuperar pelo menos uma parte do que os clientes perdessem. As casas, barcos e chinelos dos Madoff foram a leilão em 2010. Onze pares de cuecas entraram num lote que saiu por US$ 1.700.

Uma incrível história de amor

Boa notícia para quem leu "Sussurros" ou "Tragédia de um povo", do historiador inglês Orlando Figes. Ele acaba de publicar "Just send me a word" ("Escreva-me - Uma história de amor e sobrevivência no Gulag"). Depois de ter escrito uma das melhores histórias da revolução bolchevique e a melhor narrativa do cotidiano dos campos de prisioneiros do comunismo, Figes achou em Moscou um baú com duas mil cartas (37 quilos de papel). Nelas estavam contados oito anos da paixão de Lev Mischenko por Svetlana Ivanova. Eles se conheceram aos 18 anos, na Universidade de Moscou, onde estudavam Física. O pai dela era um bolchevique. Os dele foram liquidados durante a Revolução. Em 1941 Lev foi para a guerra, os alemães capturaram-no e mandaram-no para Buchenwald. Quando retornou, em 1946, tomou outra cana, na construção de uma ferrovia no Círculo Ártico. As cartas foram a razão de viver dos dois. Esperavam-se, sem saber quando se encontrariam. Trocavam poesias, Lev falava da emoção que sentia ao ouvir trechos da "Traviata" e pedia apenas "cartas, cartas, cartas".

Lev foi libertado em 1954, mas não podia morar em Moscou. Viveu um ano escondido na casa de "Sveta". Casaram-se no ano seguinte, aos 38 anos, e viveram felizes para sempre, cultivando um círculo de amizades que remontava aos tempos do Gulag. Ele, como físico no Laboratório de Raios Cósmicos, ela, como pesquisadora de borracha sintética. Figes encontrou-os em 2008. No ano seguinte Lev morreu, e dois anos depois Svetlana se foi. Estão sepultados lado a lado.

Numa demonstração da elegância dos ingleses, o historiador Simon Montefiore ("A corte do czar vermelho") saudou o livro de Figes, apesar de ele ter sujado seu verbete derrubando livros alheios em resenhas anônimas na Amazon. Descoberto, pôs a culpa na mulher e passou pela humilhação de reconhecer que mentira, atribuindo sua conduta à depressão provocada pela pesquisa nas memórias do Gulag.

- O e-book de "Just send me a word" está por US$ 14,99.

O "jeitão" dos Filipelli

Bruno Filipelli casou-se na sexta-feira no castelo Odescalchi, nas cercanias de Roma. Ele é filho do deputado Tadeu Filipelli, ex-vice-governador de Brasília na gestão de Joaquim Roriz, defensor de emendas que facilitam a vida de sonegadores.

Como dizia a secretária da Receita Lina Vieira, quem paga imposto se sente "um otário". E casa filho em festa barata.

Mensalão

O julgamento do mensalão promete a emoção de uma cobrança de penâlti aos 44 do segundo tempo.

O primeiro réu a ser julgado será o comissário José Dirceu.

O jogo começará com o relator Joaquim Barbosa marcando 1 x 0 pela condenação. Em seguida, votarão, nesta ordem: Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli (caso não se declare impedido), Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso. Admitindo-se que a esta altura se chegue a 5 x 2 a favor de José Dirceu, existe a possibilidade de a absolvição de José Dirceu vir a ser decidida já no voto de Gilmar Mendes.

Se ele votar pela condenação, o jogo prossegue, com mais três votos: Marco Aurélio, Celso de Mello e Ayres Britto.

Partir para cima

O comissariado petista acredita que pode "partir para cima" do Supremo Tribunal, inclusive jogando sua militância nas ruas.

É impossível prever quantos companheiros estão dispostos a acompanhar essa palavra de ordem. (Plateia transportada em caravanas de ônibus não conta.)

Certo mesmo é que, se fizerem isso, comprometerão o desempenho de seus candidatos nas urnas. Pior: demarcarão uma linha divisória que poderá influenciar a política brasileira por muitos anos. Até hoje o mensalão é um capítulo da crônica petista, "partindo para cima" do Supremo, será seu título.

FONTE: O GLOBO