sábado, 1 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA – Lula: ‘o mensalão maculou a República' (XXVIII)

O meu erro foi escolher nomes sem biografia. E o camarada, assim, tenta fazer sua biografia no exercício do cargo.

Lula, ex-presidente, surpreso e frustrado, desabafa numa roda de amigos, sobre suas indicações ao STF. O Globo, coluna Nhenhenhém, 1/9/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Brasil teve semestre perdido na economia
Acaba a greve nas agências
China e Brasil disputam Angola
Haddad espera ir além do padrinho
As novas polêmicas do mensalão no STF

FOLHA DE S. PAULO
Brasil tem o maior ciclo de PIB fraco desde o Plano Real
Lula retorna aos palanques e ignora mensalão
Para procurador, STF está a caminho de punir Dirceu
População chega a 194 milhões, diz pesquisa do IBGE

O ESTADO DE S. PAULO
Investimento tem 4ª queda seguida e PIB cresce só 0,4%
'Kassab não é peso, nem uma mola'
Os dados do Censo/IBGE
Noruega retém ajuda à Floresta Amazônica
Dirceu apresentará nova petição ao STF

CORREIO BRAZILIENSE
Brasília paga cinco vezes mais imposto que média nacional
Pibinho pela segunda vez
Há 3,7 milhões de crianças sem escola no Brasil
Projeto eleva o teto salarial do STF a R$ 34 mil

ESTADO DE MINAS
O Brasil cresceu muito. 193 milhões de habitantes
O Brasil cresceu pouco. PIB: 0,4% no 2° trimestre
Supremo pode tirar mandato de João Paulo

ZERO HORA (RS)
PIB reage, mas baixo investimento inquieta
Empate entre Manuela e Fortunati

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Economia a passos lentos
Energia limpa vale desconto de imposto
Distribuição de remédio não será obrigatória
Bancos baixam juros depois da queda da Selic
No palanque

Ministro defende cassação imediata

Para Marco Aurélio Mello, Câmara não tem que abrir processo se STF condenar à perda de mandato

Evandro Éboli, André de Souza

BRASÍLIA O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, defendeu ontem que deputados condenados à perda do mandato pela Corte, no processo do mensalão, devem ser cassados automaticamente, sem a necessidade de abertura de processo de cassação na Câmara. Mas o assunto não é consenso no STF. Para Marco Aurélio, se a maioria dos ministros acompanhar o voto de Cezar Peluso pela perda de mandato do petista João Paulo Cunha, a decisão será definitiva. O procedimento seria o mesmo se os deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) forem condenados a perda do mandato.

- Um pronunciamento condenatório do Supremo fica submetido a uma condição resolutória, que seria a ótica em sentido contrário de uma das casas do Parlamento? Creio que a resposta é negativa - disse Marco Aurélio.

Um ministro ouvido pelo GLOBO disse que o assunto não foi debatido na Corte e não há certeza de que a cassação é automática. Já o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que, caso seja determinada a perda de mandato, a Câmara terá que respeitar a decisão do STF. Para ele, a previsão constitucional de a Câmara conduzir o processo é mera formalidade.

- A Constituição prevê um procedimento pela mesa da Câmara, a quem cabe verificar algumas formalidades. Mas, na verdade, a decisão judicial terá que ser cumprida - afirmou Gurgel, que participou da cerimônia de posse do novo presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Felix Fischer.

Na Câmara, os técnicos divergem sobre o destino desses deputados, se confirmada a sentença da perda do mandato. Com base no artigo 55 da Constituição, o Regimento Interno prevê que deputado condenado com sentença criminal transitada em julgado terá seu caso apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça e, posteriormente, pelo plenário. Outra linha é que, se os ministros evocarem artigo 92 do Código Penal, a cassação pode ser sumária.

O ministro Marco Aurélio afirmou ainda que com a aposentadoria de Cezar Peluso, caso ocorra empate no julgamento do mensalão, irá prevalecer o voto do presidente, Ayres Britto. Seria o voto de minerva. Mas esse entendimento também não é consenso entre os colegas.

- Não creio, pelos escores até agora, que esteja dividido (o tribunal). Mas vamos aguardar. Agora, não há espaço para coluna do meio, isso é para loteca ou em habeas corpus. Há uma norma regimental em que prevalece a corrente, em caso de empate, na qual estiver o presidente. É o voto de minerva - disse Marco Aurélio.

Gurgel lembrou que a primeira parte do julgamento teve placar folgado a favor da condenação:

- Nessa primeira parte, ficamos longe de qualquer empate. Espero que continuemos assim.

Depois, ele foi perguntado se, em caso de empate, o voto do presidente da Corte, Ayres Britto, deveria ter peso dobrado. E respondeu:

- Eu prefiro achar que não haverá empate, que continuará havendo diferença significativa e sempre a favor da condenação.

Ainda sobre o mensalão, Marco Aurélio deu uma declaração que pode ser um alento para os advogados. Ele afirmou não ser necessário, em caso de condenação, que sejam obtidos quatro votos pela absolvição para que se possa apresentar o recurso embargo infringente. João Paulo foi condenado por 6 a 4 por lavagem de dinheiro e seu advogado, Alberto Toron, já anunciou que apresentará recurso.

- É um tema em aberto, até porque há precedente dispensando exigência de quatro votos - disse Marco Aurélio, que afirmou também ser contra a aposentadoria compulsória aos 70 anos, limitação que só existe no Judiciário:

- Temos um sistema que precisa ser revisto. Eu poderia ter me aposentado aos 49 anos. E aí, a viúva, que reconheço rica, poderia estar pagando a um aposentado e outro que estivesse ocupando minha cadeira. Pelo avanço da medicina uma pessoa de 70 anos não está incapacitada de prestar serviço.

FONTE: O GLOBO

Lewandowski e Toffoli podem não decidir pena de João Paulo

Em ação penal de 2010, ministros determinaram que quem absolve não pode participar da dosimetria

Carolina Brígido

BRASÍLIA Os ministros Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que votaram pela absolvição do deputado João Paulo Cunha (PT-SP), podem ficar impedidos de participar do debate sobre a pena que será imposta ao petista pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. É o que demonstra o resultado de uma intensa polêmica travada pelos ministros do STF em 2010, no julgamento da ação penal número 409.

Na época, os ministros decidiram excluir do cálculo das penas de réus condenados os ministros que votaram pela absolvição deles. Em maio de 2010, dois ministros que votaram pela absolvição do então deputado José Gerardo (PMDB-CE), que acabou condenado, não participaram do cálculo da pena, a chamada dosimetria.

Sete ministros votaram pela condenação de Gerardo: Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Eros Grau, Cármen Lúcia, Lewandowski, Cezar Peluso e Marco Aurélio Mello. Os dois últimos sugeriram pena inferior a dois anos de prisão e, por isso, a pena já estaria prescrita. Venceu a maioria, que defendeu a aplicação de pena superior a dois anos.

Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello absolveram o réu. Após o julgamento, Toffoli e Gilmar reivindicaram o direito de participar da dosimetria da pena. O debate foi intenso.

- Quem vota pela absolvição não pode opinar pela dosimetria da pena - protestou Ayres Britto, relator do caso. - Absolve e depois vai votar na dosimetria? É sem sentido. Se não há pena, como dosá-la?

- O sistema legal é claro, não há dúvida nenhuma quanto a isso - concordou Peluso.

Lewandowski defendeu que os colegas que votaram pela absolvição não participassem do cálculo da pena. Ele citou o artigo 59 do Código Penal, segundo o qual o juiz deve estabelecer a pena ao réu "atendendo à culpabilidade".

Gilmar chegou a sugerir que, ao somar os dois votos pela pena inferior a dois anos com as três absolvições, o STF teria cinco votos favoráveis à prescrição. Ayres Britto disse que não se pode somar coisas heterogêneas:

- Absolvição é uma coisa, dosimetria é outra - disse.

Ao fim, quem tinha votado pela absolvição acabou sem sugerir a pena do réu. José Gerardo foi condenado por crime de responsabilidade.

Em outro julgamento, em que o deputado Natan Donadon (PMDB-RO) foi condenado por peculato e formação de quadrilha, Peluso votou pela condenação no primeiro crime e a absolvição no segundo. Ao fim, Peluso participou do cálculo da pena. Como o STF só condenou réus em cinco ações desde 1988, está sujeito a enfrentar o debate no julgamento do mensalão.

FONTE : O GLOBO

Para procurador, STF está a caminho de punir Dirceu

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que o Supremo "está no caminho certo" para condenar réus do núcleo político do mensalão, entre eles o petista José Dirceu.

O ex-ministro da Casa Civil é apontado pela Procuradoria como o "chefe da quadrilha" – o que ele nega

MENSALÃO - O JULGAMENTO

STF está no caminho para condenar Dirceu, diz Gurgel

Procurador-geral da República afirma que penas podem ser mais severas

Avaliação é que decisões tomadas até agora abrem espaço para a aceitação de provas mais tênues contra réus

Felipe Seligman, Flávio Ferreira e Márcio Falcão

BRASÍLIA - Depois das primeiras punições aos réus do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse ontem que o STF (Supremo Tribunal Federal) "está no caminho certo" para condenar o núcleo político do esquema, entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

Gurgel também afirmou que as decisões tomadas até agora representam uma "guinada", pois possibilitam a aceitação de "provas mais tênues" para condenar pessoas acusadas por crimes como corrupção e peculato.

"Independentemente do resultado, a decisão parcial é muito importante para toda a Justiça Penal, pois reconhece que não podemos buscar o mesmo tipo de provas obtidas em crimes comuns, como roubo, assassinato", disse, após a posse do novo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Felix Fischer.

O procurador foi questionado se as provas contra Dirceu não seriam mais tênues do que as que levaram à punição de João Paulo Cunha.

"Isso também está sendo discutido. Na medida em que sobe a hierarquia na organização criminosa, as provas vão ficando mais e mais tênues. O mandante não aparece. Não quero ficar fazendo previsões, mas acho que estamos num bom caminho."

Questionado se ele se referia ao caminho para a condenação de José Dirceu, Gurgel respondeu: "Exatamente".

O ex-ministro foi apontado pela Procuradoria-Geral da República como o "chefe da quadrilha" do que foi considerado o "mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção" do país. Ele nega.

O julgamento do mensalão entra na semana que vem no segundo mês, com 17 sessões. Até agora, o STF julgou só a primeira parte da denúncia, relativa a desvios de recursos públicos do Banco do Brasil e da Câmara. O esquema de compra de apoio parlamentar no primeiro governo Lula não foi analisado, apesar de teses que poderão ser utilizadas futuramente já terem começado a ser discutidas.

Cinco réus já foram condenados por crimes como corrupção passiva e ativa, peculato e lavagem de dinheiro: o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), o ex-diretor do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, o empresário Marcos Valério e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.

Ontem, Gurgel também falou sobre as primeiras dosimetrias (cálculos das penas), adiantadas por Cezar Peluso na semana passada. "Foi uma dosimetria comedida.

O Ministério Público acha que há espaço para a aplicação de penas mais graves."

Além de Gurgel, a presidente Dilma Rousseff, ministros do governo e integrantes do STF também foram à posse de Fischer, mas evitaram falar sobre o julgamento.

O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse apenas que conversou com o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, e negou que a emenda que alterou a lei sobre bônus de volume, que foi discutida no julgamento, tivesse o objetivo de favorecer os réus.

"Embora a emenda não seja de minha autoria, afirmei que ela era fruto de uma reivindicação no mercado publicitário."

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Dirceu apresentará nova petição ao STF

Pressionado pelos votos duros no STF, o ex-ministro José Dirceu apresentará nova petição. Ela rebaterá o último documento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel

Dirceu "carrega nas tintas" para evitar condenação

Advogados do ex-ministro vão entregar novo documento de defesa aos ministros do STF a fim de "bater pesado" nos argumentos do procurador-geral da República

Débora Bergamasco

Pressionado pelas sentenças e votos duros dos ministros do Supremo Tribunal Federal, o ex-ministro José Dirceu vai apresentar uma nova defesa na próxima terça-feira, 4. A peça rebaterá "com tintas carregadas", segundo seu advogado, a última petição de dez páginas distribuída pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no dia 16 de agosto.

O documento memorial será dirigido aos magistrados, que surpreenderam a defesa de Dirceu quando flexibilizaram a necessidade da "materialidade de provas" na hora de considerar os réus culpados. Será o terceiro memorial entregue aos ministros. Advogado do ex-chefe da Casa Civil, José Luis de Oliveira Lima afirma que não mudará em nada a linha de defesa do réu, até porque não se pode apresentar nenhum fato novo pelo memorial. "A nova petição vai bater pesado na última, apresentada por Gurgel", adiantou ele ao Estado.

O cerne do documento encaminhado ao Supremo pelo procurador-geral foi reiterar a validade de depoimentos de testemunhas como provas para os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa, dos quais Dirceu é acusado.

O discurso de Gurgel tem se mostrado afinado até com o voto de magistrados que eram incógnitas, como a ministra Rosa Weber. Mais nova ministra no STF, indicada pela presidente Dilma Rousseff, ela patrocinou uma tese que repercutiu na Corte: "Nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação", afirmou.

Irritação. Um interlocutor próximo a Dirceu avalia que a sentença proferida ao ex-deputado não chegou a surpreender. "A surpresa negativa foi a dureza dos votos, mas teremos que esperar o desenrolar do julgamento para consolidar nossas expectativas." Ele conta que Dirceu alterna momentos de calma e irritação. "Menos pelo julgamento e mais por certas coisas que saem na imprensa, porque ele lê tudo e vê o noticiário da TV."

Outra pessoa próxima diz que o ex-chefe da Casa Civil ficou "muito triste com a condenação de João Paulo, porque eles são amigos e também porque é muito difícil para qualquer petista ver um ex-presidente da Câmara ser condenado. "Não era um Zé Mané no partido". O mesmo companheiro afirma que Dirceu continua sereno. "Mesmo caindo a tese de caixa dois, isso não tem nada a ver com ele, não terá nenhum impacto no julgamento", apostou.

O escritor Fernando Morais, que é amigo de longa data do ex-guerrilheiro, recebeu-o para um jantar em casa esta semana. Acompanhado da namorada Evanise Santos, Dirceu levou uma garrafa de vinho. Segundo o anfitrião, ele se manteve descontraído durante a bacalhoada preparada pela cozinheira da casa. A televisão ficou desligada durante o Jornal Nacional e o horário eleitoral. "Falamos apenas sobre amenidades, como batatas e peixes e sobre meu novo projeto de criar um mega site internacional só com notícias políticas."

Ainda não houve convite formal, mas o escritor acredita que "certamente ele será meu colaborador". Morais, que aguarda o fim do julgamento para retomar as entrevistas e continuar a escrever a biografia de Dirceu, fez sua avaliação sobre o estado de espírito do colega: "Posso te garantir que para mim ele pareceu muito tranquilo, sereno e confiante. Mas sabe como é, né? Ele sempre foi muito discreto. É impossível chegar à alma do Zé".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Somadas, penas de políticos podem chegar a 100 anos

Eduardo Bresciani, Fausto Macedo

BRASÍLIA, SÃO PAULO - As condenações impostas ao deputado João Paulo Cunha (PT-SP) e as penas propostas pelo ministro Cezar Peluso levaram advogados a um cálculo segundo o qual políticos que receberam dinheiro do valerioduto poderão pegar, juntos, até 100 anos de prisão. Ao todo, 12 políticos foram denunciados. A expectativa é que a dosimetria das sanções seja superior ao mínimo diante dos cargos que ocupavam os réus e o caráter continuado dos crimes, o que dá amparo à majoração de eventual condenação.

"Está tudo ferrado", desabafou, reservadamente, um criminalista, referindo-se à situação de seu cliente, após a condenação de João Paulo. "O cenário é muito ruim", completou ele.

A tendência de uma parcela dos ministros do Supremo é sentenciar que alguns políticos comecem o cumprimento da pena em regime fechado - o que ocorre quando a punição é superior a oito anos. Políticos corruptores, na avaliação do Ministério Público Federal, também podem receber penas elevadas.

José Dirceu, ex-ministro-chefe da Casa Civil, José Genoino, ex-presidente do PT, e Delúbio Soares, ex-tesoureiro da legenda, estão no banco dos réus por corrupção ativa e formação de quadrilha. Existem até nove acusações do primeiro crime e, nesse caso, a cada uma deve ser atribuída pena individual.

Estes três ex-dirigentes petistas estão implicados ainda em formação de quadrilha. A pena mínima para corrupção ativa é de dois anos. Quadrilha tem pena de um a três anos.

João Paulo foi o único político a responder por peculato. O deputado, que renunciou à candidatura à prefeitura de Osasco, na Grande São Paulo, foi condenado também por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ministro Peluso destacou que o petista presidia a Câmara e propôs acréscimo de pena de 50% sobre a mínima, o que deu 6 anos de prisão. A punição maior defendida por Peluso preocupou os defensores. Para eles, essa será a tendência na dosimetria. Além de João Paulo, são réus outros 11 políticos que receberam do valerioduto.

Também deputado, Valdemar da Costa Neto (PR-SP) pode pegar uma das sanções mais altas nesse grupo. Ele responde por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro. Por este último delito, o Ministério Público o acusa da prática 41 vezes, uma para cada recebimento.

Ainda que os ministros considerem que cada saque não configura crime individual, o deputado poderá ser enquadrado no conceito de crime continuado, o que pode agravar a pena em até dois terços. Há ainda a possibilidade de os magistrados considerarem cada tipo de lavagem um crime. No caso de Costa Neto, ele recebeu recursos sacados no Banco Rural e por meio de uma empresa que seria de fachada.

Assim como ele, o deputado Pedro Henry (PP-MT) e os ex-parlamentares Roberto Jefferson (PTB), Pedro Corrêa (PP) e Romeu Queiroz (PTB) são acusados de mais de uma prática de lavagem de dinheiro. Os quatro são réus também por corrupção passiva. Se aplicados agravantes por exercerem na época dos crimes o cargo de deputado federal, também podem ter de iniciar o cumprimento de pena em regime fechado. Os também ex-deputados Carlos Rodrigues (PR) e José Borba (PP, ex-PMDB) são réus por corrupção passiva e uma lavagem de dinheiro.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Brasil tem o maior ciclo de PIB fraco desde o Plano Real

Apesar da série de medidas de estímulos adotadas pelo governo, a economia brasileira teve fraca reação e cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores, segundo o IBGE. O país vive o mais longo ciclo de baixo crescimento desde o Plano Real. São oito trimestres em que a expansão do PIB não supera 1%

Apesar de estímulos do governo, PIB completa 2 anos de ritmo lento

Resultado do segundo trimestre, divulgado ontem, mostra piora da indústria e dos investimentos

Gustavo Patu

RIO - Com piora do desempenho da indústria e dos investimentos, a economia brasileira se mantém em um ciclo de crescimento baixo, sob efeito da crise internacional.

Dados divulgados ontem mostram que o Produto Interno Bruto teve alta de apenas 0,4% entre abril e junho, no oitavo trimestre consecutivo de expansão modesta.

Alvo prioritário das medidas oficiais de estímulo, o setor industrial teve a maior queda desde 2009, mesmo com juros em queda, dólar mais favorável às exportações e pacotes de desoneração de tributos federais.

Nem Guido Mantega, da Fazenda, se animou a fazer uma leitura mais otimista dos resultados. O ministro se limitou a repetir a previsão de que a economia mostrará aceleração até o final do ano.

Representantes da indústria, no entanto, estimaram que a recuperação dos investimentos só acontecerá em meados de 2013.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Brasil teve semestre perdido na economia

Crescimento foi de apenas 0,6%, o pior desde 2009, no pós-crise

Boa safra de café ajudou no desempenho da economia. Analistas apontam que consumo das famílias dá sinal de que não consegue mais sustentar o PIB. É preciso elevar investimentos

A economia brasileira, no primeiro semestre deste ano, teve seu pior desempenho desde 2009, ano em que o país entrou em recessão afetado pela crise global. A alta foi de apenas 0,6%. Na comparação do segundo com o primeiro trimestre, o percentual foi de 0,4%, de acordo com o IBGE, influenciado principalmente pela agropecuária. O consumo das famílias, que cresce há 35 trimestres seguidos, está perdendo o fôlego. Indústria e investimento recuaram. Desde 2008, os serviços seguram o PIB, informa Flávia Oliveira.

E O PIBINHO NÃO REAGE...

Economia em ritmo de crise

PIB cresce só 0,6%, no pior semestre desde a recessão de 2009. Investimento desaba

Cássia Almeida, Fabiana Ribeiro

A economia brasileira no primeiro semestre teve seu pior desempenho desde 2009, ano em que o país entrou em recessão afetado pela crise global. A pequena alta de 0,6% foi o resultado mais fraco desde a retração de 2,6% no mesmo período daquele ano, de acordo com os números das Contas Nacionais Trimestrais, divulgados ontem pelo IBGE. O consumo continuou carregando a economia, juntamente com a agropecuária, enquanto o investimento, por causa de uma indústria fraca e confiança abalada, desabou.

A aparente recuperação do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país), de 0,4% no segundo trimestre frente ao início do ano (quando o crescimento se limitou a 0,1%), esconde uma deterioração de setores que até março mostravam um desempenho melhor, como comércio (-0,1%) e construção civil (-0,7%).

Cenário externo abala confiança

Frente ao mesmo período do ano passado, o país cresceu apenas 0,5% e, no acumulado dos últimos 12 meses, 1,2%. No trimestre, o PIB somou R$ 1,10 trilhão. Se a economia repetir este avanço de 0,4% nos próximos três trimestres, o país crescerá apenas 1,6%.

- A queda da indústria (de 2,5% no trimestre) foi puxada pela transformação. Foi a queda na produção que causou o freio nos investimentos - afirmou Rebeca Palis, gerente da pesquisa do IBGE, acrescentando que os serviços foram o lado positivo do PIB, com alta de 0,7% frente ao início do ano, taxa que vem se mantendo neste patamar desde o último trimestre de 2011.

Analistas afirmam que a demanda mais fraca no mundo por causa da crise abalou a confiança dos empresários aqui, provocando a queda de 0,7% nos investimentos frente ao primeiro trimestre e de 3,7% contra igual período de 2011 - foi o pior resultado desde o primeiro trimestre de 2009, quando os investimentos caíram 9% nesta comparação. A parcela do PIB voltada para elevar a capacidade produtiva do país, assim, caiu fortemente: de 18,8% no segundo trimestre de 2011 para 17,9%.

- O que sustentou a economia no trimestre foi a agropecuária (expansão de 4,9%). Ela respondeu por 67% da expansão dos 0,4% de todo o PIB. Setores que vinham bem começaram a cair - afirmou Armando Castelar, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Não basta só aumentar o consumo"

Os estímulos do governo ao consumo surtiram efeito e os gastos das famílias cresceram 2,4% frente a igual período do ano passado, no 35º trimestre de avanço contínuo. Mas, na comparação com o trimestre anterior, a alta foi de 0,6%, inferior ao 0,9% registrado entre janeiro e março. Carlos Thadeu de Freitas, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), lembra que, a despeito do juro menor, o consumidor está endividado a curto prazo. E que, agora, para o país voltar a crescer, é preciso ampliar os investimentos.

- Não basta só aumentar o consumo. É preciso ampliar os investimentos. E esses investimentos devem ser puxados pelo governo, a reboque virão os investimentos privados.

Com a alta no consumo, as importações subiram 1,9%, enquanto as exportações caíram 3,9%:

- Mesmo com o câmbio depreciado, a queda no preço de commodities fez cair as exportações principalmente de siderurgia, petróleo, máquinas e até do café - disse Rebeca Palis, do IBGE

Ajudaram a estimular o consumo a redução dos juros e, ainda, a diminuição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis e eletrodomésticos da linha branca,adotada pelo governo em maio e que foi renovada esta semana. O PIB teria sido pior se o governo não tivesse adotado essas medidas, diz José Alfredo Coutino, diretor da Moody"s para América Latina.

- Apesar de a produção não mostrar uma resposta significativa aos estímulos fiscais e monetários, sem essas medidas, o PIB poderia até mesmo ter caído no segundo trimestre - disse Coutino, para quem as ações do governo devem se refletir nos próximos trimestres.

O otimismo não é unânime. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, revisou sua projeção para o avanço do PIB este ano de 1,5% para 1,3%, assim como outras consultorias:

- Mas até esse número poderá se mostrar otimista no final.

Para alcançar 1,3%, o país precisa crescer 2% no segundo semestre. Já para alcançar os 2,5% projetados pelo Banco Central, a alta teria de ser de 4,3%. Os 3% esperados pelo Ministério da Fazenda só seriam atingidos com expansão de 5,3%, calcula Vale.

- Ou seja, teríamos que considerar a economia brasileira entrando agora em um período forte de expansão, quando tudo parece indicar o contrário.

A greve do IBGE não afetou o cálculo do PIB, de acordo com Roberto Olinto, coordenador de Contas Nacionais.

- Tivemos dois terços dos dados de emprego do Rio de Janeiro e fizemos uma estimativa. Dados, portanto, são preliminares, sujeitos à revisão.

FONTE: O GLOBO

Brasil tem menor crescimento entre Brics

E O PIBINHO NÃO REAGE...

Expansão do país fica 23º lugar em ranking mundial. Reino Unido volta a ser a sexta maior economia

Lucianne Carneiro

O desempenho decepcionante da economia brasileira no segundo trimestre colocou mais uma vez o Brasil na lanterninha entre os países no que se refere ao ritmo de crescimento. Levantamento feito pela Austin Rating apontou que o Brasil ficou em 23ª posição em crescimento econômico entre 35 países, muito atrás dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), de outros emergentes e até dos Estados Unidos e do Japão.

E o trimestre também trouxe outra notícia ruim: o Brasil voltou a ser a sétima economia mundial, deixando o sexto lugar - que tinha sido conquistado no primeiro trimestre - para o Reino Unido, segundo cálculo do estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno.

- O Brasil destoa dos Brics e dos outros países. O último crescimento vistoso foi 2010. Este já é o segundo ano de crescimento mais fraco, um crescimento de não emergente - afirmou o professor da FEA/USP Simão Davi Silber.

A expansão de 0,5% no segundo trimestre, frente a igual trimestre de 2011, fez do Brasil o último entre os Brics. O país asiático, primeiro lugar no ranking, registrou taxa de 7,6%, enquanto a Índia, na quarta posição, avançou 5,5%. A Rússia, por sua vez, é o 11º país da lista, com 4% de crescimento. Outros países da América Latina também ficaram à frente do Brasil, como Chile e México.

O crescimento do Brasil foi menor até mesmo que o de países desenvolvidos, como EUA (2,3%) e Japão (3,5%).

O investimento, segundo o economista da Austin Rating Rafael Leão, ajuda a explicar as diferenças:

- Estamos crescendo a passos de tartaruga se compararmos com outros emergentes. Nosso investimento é muito menor. A taxa foi de 17,9% no segundo trimestre, quando na China é de 48% e na Índia, de 34%.

A situação hoje é muito diferente de 2010, quando o Brasil avançou 7,5%, ritmo mais próximo dos outros Brics.

- Com esse resultado de agora, o Brasil fica fora da foto dos Brics - destacou o ex-diretor do Banco Central e chefe da Divisão Econômica da CNC, Carlos Thadeu de Freitas.

Para o estrategistra-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno, a menor demanda externa aumentou a competição no mundo, o que deixou em evidência a baixa competitividade da indústria e da economia brasileira. Na sua avaliação, no entanto, a perda do posto de sexta maior economia mundial para o Reino Unido teve relação com a a alta do dólar:

- Apesar de ter avançado em reais no segundo trimestre, quando contabilizamos em dólar percebemos que houve queda do PIB nominal no período. O câmbio médio passou de R$ 1,77 no primeiro trimestre para R$ 1,97 no segundo trimestre

FONTE: O GLOBO

Analistas reduzem a até 1,3% projeções para o PIB este ano

Para 2013, cenário internacional preocupa. Previsões chegam a 4,5%

Lino Rodrigues, João Sorima, Paulo Justus e Cássia Almeida

E O PIBINHO NÃO REAGE...

SÃO PAULO e RIO Os números decepcionantes do PIB estão provocando uma chuva de revisões para o desempenho da economia este ano. As novas projeções variam de 1,3% a 1,8%, ante estimativas que iam de 1,5% a 1,9%.

Em relatório divulgado logo depois do anúncio do IBGE, a Austin Rating informava que, em função da "letargia" do primeiro semestre, rebaixou sua previsão de expansão do PIB de 1,9% para 1,7%. Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, avisou em seu relatório que o banco também fará um pequeno ajuste, para baixo, em sua previsão de crescimento da economia, atualmente de 1,9% em 2012. A expectativa do Itaú Unibanco era que o PIB crescesse 0,5% no segundo trimestre.

A MB Associados, por sua vez, refez as contas e, agora, aposta num crescimento de 1,3%, abaixo dos 1,5% previstos antes da divulgação dos números das contas nacionais. A Fundação Getulio Vargas também reviu de 1,8% para 1,3%. E a LCA Consultores está prevendo 1,5% contra 1,7% anteriormente. Para a LCA, o consumo das famílias veio aquém do esperado, o que levaria a projeção do PIB para 1,3%. No entanto, as medidas adotadas pelo governo, como a isenção do IPI para automóveis, devem impulsionar a economia. Daí a taxa maior.

A Consultoria Tendências foi uma das poucas a acertar que a economia cresceria 0,4% no segundo trimestre do ano. Por isso, manteve as projeções de alta de 1,6% para o PIB este ano, e de 3,8% em 2013.

- Tivemos dois trimestres seguidos de crescimento praticamente estagnado, sendo que o segundo, apesar de mais favorável, não foi nem um pouco surpreendente - disse Rafael Bacciotti, analista da Tendências.

Para o banco ABC, o resultado de 0,4% no PIB não foi bom, mas também não é uma catástrofe. Mesmo assim, a instituição acabou revendo para baixo suas previsões, de 1,6%, com viés de alta, para 1,5%, com viés de baixa. A corretora Cruzeiro do Sul também reduziu sua projeção para o crescimento do PIB neste ano, de 1,78% para 1,6%.

A consultoria Pezco projeta alta entre 1,6% e 1,8% para o PIB este ano, como reflexo principalmente do fraco desempenho da indústria e dos investimentos. Para Ulisses Ruiz de Gamboa, sócio da Pezco, as medidas de estímulo dadas ao setor produtivo, como a redução do IPI e a desoneração da folha de pagamento, foram pontuais e não serão suficientes para que a indústria termine o ano no azul.

- O mais provável é que haja uma queda na atividade industrial, por causa das sucessivas quedas da produção e da defasagem do efeito dos estímulos monetários, que devem começar a aparecer no terceiro ou quarto trimestre - afirma Gamboa.

Eleições nos EUA são determinantes

Nem mesmo a venda recorde de mais de 400 mil automóveis esperada para agosto deve reverter a performance da indústria no ano, de acordo com Gamboa. Segundo ele, o recorde vendas mensais de carros se deveu principalmente à expectativa dos consumidores de que o IPI reduzido não seria prorrogado.

- É um efeito pontual e também não é novidade. O mais provável é que se mantenha o resto do ano o IPI reduzido.

Embora o ministro Guido Mantega tenha se mostrado mais otimista em relação ao crescimento da economia em 2013, citando as projeções de mercado entre 4% e 4,5%, para alguns analistas o desempenho do PIB no próximo ano ainda vai depender da conjuntura externa. Além da crise europeia, que contribuiu para a desaceleração do PIB no primeiro semestre, a situação dos Estados Unidos preocupa. O país está próximo do "abismo fiscal", com uma série de aumentos de impostos e cortes de gastos governamentais programados para 2013, o que pode levar a um novo ciclo de recessão da economia mundial, na opinião do analista da consultoria Inter.B, Claudio Frischtak.

- Se o abismo fiscal não for removido pelo Congresso americano, irá abortar a recuperação do país. O resultado das eleições presidenciais vai ser determinante para essa questão, uma vez que o Partido Republicano é favorável ao corte de gastos do governo - diz Frischtak.

Por esse motivo, a projeção da Inter.B para o desempenho da economia brasileira em 2013 varia de 3% a 4%, a depender do cenário internacional. Caso cheguem novos choques de EUA, Europa e emergentes como China, o país crescerá menos. Do contrário, deve crescer 4%. Já a Austin Rating espera avanço de 3,7% da economia ano que vem e o banco WestLb, 4,4%. O Itaú Unibanco, por sua vez, prevê expansão de 4,5% em 2013 e a Tendências, de 3,8%

FONTE: O GLOBO

Foi ruim. E agora? - Celso Ming

O crescimento do PIB do segundo trimestre sobre o anterior foi de apenas 0,4%, como apontou nesta sexta-feira o IBGE. Dá para dizer que, do ponto de vista meramente quantitativo e de formação de renda, o primeiro semestre fraquejou, especialmente pelo mau desempenho da indústria.

Não dá para aceitar os diagnósticos do governo de que esse fiasco se deveu, sobretudo, à prostração da economia internacional. Toda a estratégia de política econômica foi feita levando-se em conta a paradeira externa. Tanto assim que a maioria dos pacotes de estímulo buscou acionar o consumo interno. De mais a mais, Estados Unidos (um dos focos da crise), Canadá, Rússia, Índia, Chile, México, Colômbia e África do Sul – apenas alguns exemplos – crescerão em 2012 bem mais do que o Brasil e também estão imersos na crise global.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também não tem razão quando responsabiliza os bancos por terem desacelerado o crédito. Ele cresce acima de 17% em 12 meses – o que não é pouco.

A ênfase contracíclica no consumo foi aparentemente um erro porque, pesada demais com a elevação de custos, a indústria não conseguiu aproveitar o aumento da demanda. A maior ênfase que passou a ser dada pela política econômica ao investimento pode corrigir essa falha.

Passadas essas águas, importa agora olhar para a frente. Tanto Mantega como o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, apostam em que a virada está logo aí. Contam com avanço do PIB de 4,0% ao ano no segundo semestre.

Essa expectativa é compartilhada não só por líderes do setor privado, mas também pela maioria dos analistas, que contam com crescimento em 2012 de 1,73% – como mostra a última Pesquisa Focus, do Banco Central. Para emplacar esse resultado, será preciso que, neste semestre, o PIB cresça em torno desses 4,0%.

Novas projeções otimistas são condição indispensável para que estas se confirmem, porque é preciso que os agentes econômicos acreditem. Mas podem não bastar. Este terceiro trimestre não mostra indícios claros de forte recuperação.

Não dá para desprezar os efeitos sobre a atividade produtiva ainda a serem provocados pela derrubada dos juros, pelos novos estímulos à economia, pela nova rodada de investimentos e pela expansão do crédito. O maior gerador de incertezas segue sendo o setor externo, que Mantega exagera quando explica o mau desempenho da economia, mas que parece desconsiderar quando aponta para suas projeções sempre otimistas.

Paradoxalmente, nessa área, a melhor fonte de esperanças ainda é a ação dos grandes bancos centrais, que a presidente Dilma tanto vem acusando de provocar tsunamis cambiais.

Nas próximas semanas, esperam-se novas "operações fora de padrão" a serem acionadas pelo Banco Central Europeu. E nesta sexta, Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), avisou estar aberto para nova rodada de emissão de moeda. Se não forem suficientes para reverter a crise, esses tiros de bazuca ao menos deverão concorrer para desentocar os capitais de volta ao risco. Caso se confirmem, podem ajudar a puxar o PIB do Brasil neste semestre.

CONFIRA

Nas contas do PIB do segundo trimestre divulgadas nesta sexta-feira, o desempenho do Investimento (Formação Bruta de Capital Fixo) foi especialmente ruim, como mostra o gráfico. Deve ter contribuído para isso não só o atraso dos investimentos do setor público (administração direta e estatais, como é o caso da Petrobrás), mas também a baixa disposição do empresário privado em expandir sua capacidade de produção num ambiente de altos estoques, custos crescentes e baixo retorno. É também o resultado da própria política econômica, que, até aqui, deu prioridade ao consumo em detrimento da poupança e do investimento.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Economia desafiadora - Míriam Leitão

O PIB cresceu pouco no segundo trimestre: 0,4%. O que cresceu foi puxado pela agropecuária, que subiu 4,9%, mas tem baixo peso na fórmula de cálculo do IBGE. Pesou mais o encolhimento da indústria, de 2,5%. O investimento diminuiu, e o consumo aumentou, tanto das famílias quanto do governo. Apesar de todos os estímulos, o país cresceu apenas 1,2% nos últimos 12 meses.

Durante um ano o Banco Central derrubou os juros. O primeiro corte foi em primeiro de setembro de 2011. Em 12 meses, a Selic caiu de 12,5% para 7,5%, numa redução de cinco pontos que levou o país aos juros mais baixos da história. Ainda assim, a economia esfriou. No acumulado de 4 trimestres, há uma desaceleração contínua: no terceiro trimestre de 2010 o país estava crescendo a 7,6%; no dado de ontem, foi para 1,2%.

Os 7,6% foram um ponto fora da curva, pelos excessivos estímulos na eleição presidencial de 2010. O 1,2% atual também se espera que seja um ponto fora da curva. A desaceleração foi maior do que se imaginava. O que intriga é a resistência da economia, que permanece fria apesar de tantos estímulos monetários e fiscais.

A desaceleração foi em parte resultado da piora da crise internacional. Mas isso não explica tudo. A inflação caiu fortemente pelo desaquecimento interno, pela queda do preço de algumas commodities, como resultado da crise externa. A inflação foi de 7,3% em setembro passado para 4,9%. Depois voltou a subir para 5,2%. O cenário econômico está se complicando: a economia está fria, apesar dos estímulos, e a inflação já está subindo.

A alta da inflação é em grande parte efeito do choque agrícola que o mundo está vivendo pela seca nos Estados Unidos. Outra parte é impacto do dólar. O ritmo de crescimento deve melhorar até o fim do ano. O risco é a indústria aproveitar o bom momento e repassar aos preços o impacto do câmbio. Os IGPs já estão subindo. O acumulado em 12 meses do IGP-M estava em 8% em agosto passado, caiu para 3,3% e agora está em 7,7%. Só no mês passado, o preço agrícola no atacado subiu 6%. Não é trivial a tarefa que o BC tem pela frente. Precisará, como avisou, ter "a máxima parcimônia" nos estímulos monetários daqui para diante.

O empréstimos e os calotes permanecem em alta. O estoque de crédito na economia subiu novamente em julho e atingiu 50,7% do PIB, num ritmo de crescimento de 17,7% em 12 meses. Em julho do ano passado, estava em 46,1%. A inadimplência das pessoas físicas voltou a 7,9%, mesmo com a queda dos juros e o aumento dos prazos para pagamento.

Difícil achar que esse ritmo de alta do crédito seja sustentável, mesmo que caia para um nível de 15%, que o Banco Central considera como "moderado". O estoque das dívidas em atraso é de R$ 83 bilhões, com uma alta de 28% nos últimos 12 meses. O crédito podre subiu 20% em um ano e já soma R$ 68 bilhões.

A presidente Dilma Rousseff chegará à metade do seu mandato, no fim do ano, com dois números anuais magros de crescimento econômico e sem pousar a inflação no centro da meta. O desafio dos condutores da economia não é fácil. O nível de atividade vai responder mais positivamente no segundo semestre aos estímulos, mas isso tem que acontecer sem aumentar a inflação. Num quadro de aceleração, será mais fácil manter o que tem sido a boa notícia que é o mercado de trabalho aquecido. Apesar da alta do dólar, as exportações caíram no PIB do segundo trimestre. O incentivo via crédito está claramente se esgotando. O segredo tem que ser aumentar o investimento. Com mais investimento o país pode ter em 2013 um ritmo mais forte de crescimento.

FONTE: O GLOBO

Em BH, Lula de volta ao palanque

No primeiro comício depois do tratamento contra o câncer, ex-presidente pediu votos para Patrus e cobrou o PSB pelo rompimento da aliança com PT

Alice Maciel e Juliana Cipriani

"Eu voltei para viver e fazer muitos discursos." Assim, se dirigindo aos amigos e aos adversários com o mesmo bom humor e acidez de antes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) retornou ontem ao palanque depois do longo tratamento contra um câncer na laringe. Para o primeiro comício depois de cerca de um ano, o petista escolheu Belo Horizonte, uma das capitais prioritárias para o partido, que tem como candidato a prefeito o seu ex-ministro de Desenvolvimento e Combate à Fome, Patrus Ananias. Apesar de na noite anterior, na casa do presidente estadual do PSB, Walfrido Mares Guia, Lula ter recomendado ao seu apadrinhado político a moderação na campanha, no palanque o ex-presidente partiu para o ataque contra o antigo aliado, hoje adversário, o prefeito Marcio Lacerda (PSB), a quem chamou de tecnocrata.

Às 5 mil pessoas que foram à praça, segundo cálculos da Polícia Militar, Lula falou do rompimento do PT com o PSB, de Marcio Lacerda. Segundo ele, "Deus colocou o dedo no lugar certo" e tirou a legenda da aliança. "Não quer mais ficar com o PT? Tudo bem. O PT não vai ficar chorando, porque um partido que tem um homem da qualidade do Patrus não tem que temer o adversário nem contrariedade. E é importante que eles (os socialistas) saibam que não estariam no governo se não fôssemos nós", discursou. Em seguida, atacou o perfil técnico pelo qual Lacerda é conhecido. "O povo de Minas Gerais vai saber escolher a diferença entre um tocador de obras só, que às vezes não sabe nem rir, que às vezes parece que não tem coração, parece uma pedra de gelo. E vai conhecer outro tocador de obras que está fazendo uma ponte de olho na criança que está brincando na rua com esgoto a céu aberto", comparou. Lula afirmou que os adversários pensaram que o PT estava derrotado. "Não quiseram nem fazer aliança proporcional conosco porque faz parte da cabeça deles tentar destruir o PT", considerou.

Lula também criticou o governo tucano. "Parece que o governo estadual não está tão bem quanto falava. Se o (governador) Anastasia pudesse falar, falaria que o estado está quebrado", disse, emendando que não falaria mal de ninguém. O ex-presidente aproveitou para dizer que o programa federal Luz para Todos teve o nome mudado em Minas pelo governo estadual. "A gente nunca se incomodou porque a gente sabe que o povo de Minas Gerais, que foi capaz de produzir a independência deste país, não se deixa enganar por propaganda falsa na televisão", acrescentou.

Recursos federais Sobrou munição também para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que, segundo ele, "não dava dinheiro para ninguém". O petista disse ter escolhido Belo Horizonte para o primeiro comício por sua relação com Patrus, que comandou a pasta responsável por um dos principais programas do seu governo, o Bolsa-Família. Segundo o ex-presidente, na época que Patrus foi prefeito não tinha "Dilminha lá" nem "Lulinha lá" como hoje, quando a maioria das obras feitas em Belo Horizonte tem recursos federais.

Ainda com a voz alterada e recomendações médicas para falar pouco, Lula se excedeu, discursando por cerca de 12 minutos. Bebeu água várias vezes enquanto esteve no palanque e teve de parar o discurso para beber mais. O ex-presidente disse que antes do medo da morte, ao saber do câncer na laringe, lhe veio o medo de não poder mais discursar. "Foi um dom de Deus saber falar com as pessoas. Estou muito feliz, Patrus, de poder hoje em Belo Horizonte, nesta praça em que fizemos tantos comícios, poder estar aqui fazendo meu primeiro comício", disse. Lula saiu pela lateral do palco e cumprimentou os que estavam mais próximos.

Antes de Lula, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que o PSB não cumpriu suas promessas de campanha e não tem sensibilidade. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, que chegou a disputar com Patrus a indicação por uma candidatura ao governo do estado em 2010, discursou sob vaias.

Patrus falou de seus feitos quando governou BH entre 1993 e 1996 e reafirmou compromissos para um eventual governo. Antes do comício, Patrus revelou que, na casa de Walfrido, Lula recomendou a ele que tivesse tolerância aos ataques de Lacerda. "O ex-presidente fez uma ponderação que vou pôr rigorosamente em prática, de não responder às provocações. Conversar sempre com a população", disse.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Em BH, três vezes mais vagas em creches

Lacerda pretende aumentar convênios com a iniciativa privada e atender 75 mil crianças de 3 a 6 anos, seguindo a determinação do governo Dilma

Leonardo Augusto

O prefeito Marcio Lacerda (PSB), candidato à reeleição, afirmou ontem que o município poderá ampliar a oferta de vagas em creches em Belo Horizonte aumentando o número de convênios que mantém com estabelecimentos particulares. Durante encontro com representantes do Movimento Pró-Creches, da iniciativa privada, Lacerda lembrou que a abertura de mais vagas na rede de ensino infantil da capital é uma determinação do governo federal, que pretende universalizar o serviço para atendimento a crianças de 3 a 6 anos até 2016. "Se vocês puderem fazer isso em tempo mais rápido, a gente pode negociar isso e aumentar o apoio financeiro. Nesses casos é só uma questão de planejamento na Secretaria de Educação. Como vamos lançar o programa de governo somente por volta do dia 15, temos um tempinho para incluir alguma coisa nessa direção", argumentou Lacerda.

Segundo Lacerda, a prefeitura assinou parcerias público-privadas (PPPs) para construção de 30 escolas infantis. "Para fechar o negócio o Banco Mundial nos assessorou. Fez pesquisas em Belo Horizonte e nos afirmou existir demanda de 70 mil a 90 mil crianças que precisam de ensino público gratuito de qualidade por não terem condições de acessar escolas privadas", informou.

O prefeito afirmou que a prefeitura mantém convênios com 196 creches, que atendem 22 mil crianças abaixo de seis anos. Segundo o prefeito, ao longo de 2012 serão repassados às instituições credenciadas R$ 54 milhões. Ao fazer as contas sobre o atendimento global da prefeitura (conveniadas mais estabelecimentos próprios), o prefeito se embolou e errou o número final. "Com o trabalho que estamos fazendo chegaríamos a 53 mil vagas, somadas com as 22 mil das creches conveniadas, teríamos 85 mil vagas", contabilizou. O total correto, no entanto, é 75 mil.

Chuva Lacerda tentou atenuar ontem as declarações de que estaria torcendo para que a noite de ontem fosse de chuva em Belo Horizonte, por causa do comício do principal adversário na disputa, Patrus Ananias (PT), ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na Praça da Estação. "Lula é respeitado por todos nós e sempre será bem recebido em Belo Horizonte. Sobre a visita de quatro horas do ex-presidente ao presidente estadual do PSB, Walfrido dos Mares Guia, na noite de quinta-feira, o prefeito afirmou que o encontro era algo natural porque os dois são amigos e trabalharam juntos. Walfrido ocupou duas pastas na Esplanada dos Ministérios: Turismo (2003-2007) e Relações Institucionais (2007).

Para o prefeito, a declaração de Patrus Ananias de que Lula teria pedido para evitar acirramento na disputa em Belo Horizonte é no sentido de se evitar danos futuros "no relacionamento político e pessoal de todos".

A campanha do candidato do PSB vai fazer hoje um abraço na Avenida do Contorno. Serão 40 pontos de concentração ao longo da avenida onde estarão correligionários de Lacerda. O prefeito partirá da Praça Milton Campos e percorrerá toda a avenida.

FONTE: ESTADO DE MINAS

Tenho orgulho do apoio do PT, diz Eduardo Paes

O candidato do PMDB à Prefeitura do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, minimizou a influência do julgamento do mensalão em sua aliança com o PT na disputa eleitoral. “O PT é um partido que tem história. Agora se tem um julgamento de um problema que aconteceu com alguns membros. Tenho muito orgulho de ter apoio do ex-presidente Lula, da presidente Dilma”, disse Paes durante entrevista à Folha de S.Paulo, ontem.

O candidato evitou falar sobre o julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e disse não estar acompanhando o processo. “Torço para que se faça justiça”, resumiu.

Segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada nessa semana, Eduardo Paes tem 53% das intenções de voto, contra 13% do segundo colocado, o candidato Marcelo Freixo (PSOL). Estão empatados tecnicamente em terceiro Rodrigo Maia (DEM), com 5%, e Otávio Leite (PSDB), com 3%.

Questionado se, caso reeleito, deixaria a prefeitura para disputar o governo carioca, Paes disse não haver “hipótese de sair”. “Defendo uma aliança em 2014 entre o PT e o PMDB. E nem sei se vou querer ser mais nada depois (de 2016)”, afirmou.

Escolas de samba. O candidato do PMDB foi breve ao comentar a polêmica criada em torno da proposta do adversário Marcelo Freixo de condicionar apoio financeiro às escolas de samba que tiverem enredos com “contrapartida cultural”. “A minha única ideia é deixar o povo ter a criatividade liberta. O comentário [do Freixo] o povo tem que julgar”, disse.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

O vacilo autoritário de Freixo – João Bosco Rabello

Há muito as escolas de samba do Rio de Janeiro deixaram de refletir a cultura popular que imortalizou sambas e desfiles antológicos, na década de 60 e em parte dos anos 70. Muitas são as razões, mas todas com origem no crescimento dessas agremiações e na inevitável comercialização do carnaval, com todos os seus subprodutos.

Não é, portanto, a primeira vez que às vésperas de uma eleição, alguma voz levanta para sugerir “revoluções” que devolvam aos desfiles suas características originais. Desde que o célebre compositor portelense Candeia, nos anos 70, resumiu o processo chamando as agremiações de Escolas de Samba /SA, o debate a respeito do carnaval carioca gira em torno de seu gigantismo e da consequente perda de sua qualidade cultural.

Agora foi a vez do deputado estadual Marcelo Freixo, candidato do Psol à prefeitura do Rio, propor o controle da organização do carnaval pela Secretaria Municipal de Cultura com o objetivo de impor às escolas os enredos que julgar adequados culturalmente. Uma interferência direta no ambiente de criação das escolas.

Por mais que se concorde com o diagnóstico da desqualificação dos desfiles ao longo dos anos, a proposta de Freixo reproduz o tipo de solução que o Psol, na esteira de sua matriz, o PT, encontra para tudo: a estatização.

Como tentou fazer com o direito autoral ao estimular uma CPI cujo objetivo era transferir para o Estado a relação privada entre autores e o escritório de arrecadação por eles contratado – o Ecad – através de suas associações. Mas que só serviu mesmo para atender aos interesses dos parlamentares proprietários de emissoras de rádio e TV, maiores devedores de direito autoral.

Lá como cá, uma interferência jamais reivindicada pelos artistas. O Psol e Freixo, devem deixar mais claro o que mais partido e candidato imaginam transferir para o Estado. É razoável que abram o jogo já que essa recente proposta se aproxima do desvario de estatizar o pensamento.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Na TV, Cesar Maia compara sucessor a Judas

Bernardo Mello Franco

SÃO PAULO - "Outro dia, uma senhora me disse: "Cesar, ingratidão não prescreve". Será?". Assim o ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que lançou o sucessor Eduardo Paes (PMDB) na política, abriu seu mais recente programa eleitoral na TV.

Candidato a vereador depois de governar a cidade por três mandatos, ele dedicou um minuto na propaganda de anteontem a atacar o ex-afilhado.

"Tudo aquilo que dizia era só porque estava no poder? E agora muda para agradar ao novo poder? E para ficar bem com seu novo chefe, insulta, agride e ofende a quem deve tudo?", perguntou Maia, sem citar o nome de Paes.

"Está cuspindo no prato que comeu. É por isso que acham que na política não há caráter", disse, antes de lançar uma metáfora bíblica. "Deus lá em cima está olhando os Judas que andam por aqui."

Paes tem 53% das intenções de voto. Rodrigo Maia (DEM), filho do ex-prefeito, 5%. A história no Rio se repete. Em 92, Maia se elegeu atacando seu mentor político, Leonel Brizola (PDT). Ele era do PMDB, sigla do atual prefeito.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Queda nas pesquisas leva Serra a reforçar presença de Alckmin

Ideia é aproveitar aprovação de governador e explorar parceria

Gustavo Uribe, Guilherme Voitch e Jaqueline Falcão

SÃO PAULO A queda do candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, nas pesquisas de intenções de voto trouxe preocupação à coordenação da campanha tucana, que já definiu mudanças para tentar reverter o quadro. Pesquisa Ibope divulgada ontem e encomendada pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S. Paulo" mostra uma queda de Serra de 26% para 20%, o que deixou o ex-governador de São Paulo tecnicamente empatado com o adversário do PT, Fernando Haddad, que subiu de 9% para 16%. A pesquisa mostrou ainda que o tucano é o que apresenta o maior índice de rejeição: 34% não votariam nele.

Com uma taxa de aprovação de 40%, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, irá aumentar a sua participação na campanha de Serra. O marqueteiro Luiz Gonzalez já agendou novas gravações com o governador, que reforçará a importância de uma parceria entre as gestões estadual e municipal. As primeiras inserções televisivas nas quais o governador de São Paulo pede voto ao candidato tucano foram ao ar no início desta semana e, segundo pesquisas internas do partido, tiveram uma recepção positiva.

- Nossa estratégia é reforçar a ideia de que Serra é o mais preparado, o que vai dar conta dos atuais desafios da cidade. E é evidente que cada vez mais o governador Alckmin vai aparecer, por conta da parceria entre estado e município - confirmou o coordenador-geral da campanha, Edson Aparecido.

Outra mudança será estender munição ao candidato do PRB, Celso Russomanno, líder nas pesquisas, com 31%. As críticas serão às propostas de Russomanno, consideradas "irrealizáveis". Mesmo com o quadro eleitoral adverso, Serra afirmou ontem que vai para o segundo turno e ganhará as eleições.

- Nós vamos discutir propostas. Alguns falam muito e propõem pouco. Alguns propõem muitas coisas, algumas boas, outras sem pé nem cabeça - disse o candidato do PSDB.

Anteontem à noite, ao participar de missa ao lado do padre Marcelo Rossi, Serra chegou a chorar, ao lembrar que sua mãe, quase no fim da vida, recebeu uma benção do bispo dom Fernando Figueiredo, superior de padre Marcelo.

- Isso me marcou muito - disse Serra, às lágrimas.

Russomanno comemorou o crescimento nas pesquisas.

- Fiquei muito feliz. Minhas propostas de políticas públicas não são mirabolantes e a população está confiando nessa linha, com propostas e sem ataques - afirmou Russomanno.

Haddad também comemorou, dizendo que só esperava alcançar o atual patamar após 7 de setembro. Ele atribuiu a escalada ao seu plano de governo.

- O eleitor quer propostas. À medida que forem apresentadas propostas que resolvam o problema do cidadão, ele vai tomar partido dessa plataforma - disse Haddad.

FONTE: O GLOBO

A terceira via em SP - Merval Pereira

Para o professor Romero Jacob, da PUC-Rio, e sua turma de pesquisadores, o que está acontecendo em São Paulo na disputa da prefeitura não é novidade. Eles trabalham com o que chamam de "geografia do voto", buscando recuperar, através de 150 mapas, o comportamento dos eleitores por zonas eleitorais nas cidades do Rio e São Paulo.

O e-book " A geografia do voto nas eleições para prefeito e presidente nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo: 1996-2010" está acessível a todos, de graça, na página da editora da PUC- Rio: http://www.editora.vrc.puc-rio.br/ .

Na verdade, diz ele, é um pouco buscar "escolhas políticas homogêneas em espaços políticos complexos". A série histórica põe questões que nos permitem olhar a campanha de modo mais abrangente. No caso de São Paulo, por exemplo, fica claro que há uma terceira via, com forças locais que conseguem se viabilizar mesmo diante da organização maior de PT e PSDB. Em sete eleições, desde 1985, a vitória é do que ele chama de "direita paulistana". O PT ganhou duas vezes, com Luiza Erundina e Marta Suplicy, e o PSDB, uma, com José Serra, e, como mostra a série histórica, a terceira via tem se afirmado ao longo do tempo, com a direita paulistana ganhando quatro vezes: Jânio Quadros, Paulo Maluf, Celso Pitta e Gilberto Kassab.

O candidato Celso Russomanno, do PRB, que está à frente nas pesquisas, seria o representante desse "malufismo repaginado". O histórico é muito mais de disputa do PT com os "malufismos" nas suas variações da direita paulistana do que de PT contra PSDB, como acontece em nível nacional, ressalta Romero Jacob. O fato de Russomano estar roubando votos de Serra nos chamados redutos tucanos, os "votos azuis", é uma contrapartida da tendência histórica desses grupos de apoiar o PSDB.

O voto antipetista estaria buscando em Russomanno a solução mais pragmática, dizem as pesquisas eleitorais de Ibope e Datafolha. Mesmo quando Maluf diz que vai apoiar o petista Fernando Haddad - e quando disse que apoiava Marta Suplicy -, no final os votos vão para os tucanos, lembra Jacob. Segundo o histórico, um cenário de disputa entre Russomanno e Haddad, se acontecer, não seria nada estranho. Ele lembra que só houve uma eleição para prefeito em que o PT ficou de fora da disputa: em 1985, quando deu Jânio Quadros contra Fernando Henrique.

A pergunta-chave, para Jacob, é qual seria a tendência dessa força política conservadora hoje: preferiria ficar ao lado do governador ou da presidente da República? Outra incógnita é para onde iriam as forças hoje com Russomanno se der Serra x Haddad. Em 2004 foram para Serra. Se pegarmos os números do primeiro para o segundo turno, diz Jacob, o que se vê é que o eleitor tucano e o malufista foram para Serra e Kassab também em 2008.

Em São Paulo, a parte central da cidade é área por excelência tucana. Ali o PSDB sempre teve votações excepcionais. Tem renda alta e maior escolaridade, e a área de renda mais baixa fica com o PT, enquanto Mooca, Ipiranga, áreas de classe média baixa, é de onde a direita paulistana tira sua força.

Quando se vai caminhando para as extremidades do município, para as zonas Sul, Leste, Noroeste, nos limites do município com o entorno, sobretudo com os municípios industriais, cresce a força do PT. Isso fica claro na divisa entre o ABCD e a zonas Sul e Leste: ABCD, Guarulhos, Osasco, onde há a grande concentração industrial. Em oito eleições o PT vai ter voto na periferia da capital, e o PSDB, na parte central. O que se observa sempre é que há uma área na cidade de São Paulo malufista.

O resultado final vai depender de ganhar de muito onde se é mais forte, e perder de pouco na área em que o adversário é mais forte. A parte central de São Paulo, além de tucana, é católica (83% da população). Nas zonas Leste, Sul e Noroeste, os evangélicos vão a 30% da população. O candidato Gabriel Chalita (PMDB) pode ter sido plantado para tirar voto do Serra na área central, já que é católico, ligado ao padre Marcelo Rossi e à renovação carismática, raciocina Jacob.

E Russomanno poderia atrair o voto popular, mas também das igrejas pentecostais. Não foi por outra razão que os serristas ligados ao prefeito Kassab deram corda para essa candidatura, sem esperar que ela ganhasse a força própria que parece ter no momento. (Amanhã, a eleição no Rio)

FONTE: O GLOBO

Cenários paulistanos - Fernando Rodrigues

As dificuldades eleitorais de José Serra, candidato do PSDB a prefeito de São Paulo, precipitaram algumas análises sobre o possível fracasso dos tucanos na capital paulista. Se a derrota acontecer, não terá sido a primeira vez.

Em 2008, o nome do PSDB na disputa era o de Geraldo Alckmin. Ele não foi para o segundo turno.

A derrota até humilhante de Alckmin em 2008 foi interpretada por alguns como o início do fim do ciclo do PSDB em terras paulistas. Dois anos depois, o mesmo Alckmin foi eleito governador de São Paulo, cargo em que está no momento.

Todas essas observações ajudam a contextualizar o resultado da eleição paulistana. Haverá efeitos sobre partidos e forças políticas. Mas é difícil decretar sentenças definitivas com qualquer um dos resultados mais prováveis à vista no momento.

Uma eventual derrota de José Serra será, de fato, devastadora apenas para o próprio candidato. Já o impacto sobre seu partido é relativo. Para começar, esse cenário de fracasso do PSDB será de um jeito se o vitorioso na eleição paulistana for Fernando Haddad (PT). Mas será uma história muitíssimo diferente no caso de o eleito atender pelo nome de Celso Russomanno (PRB).

A chegada de Haddad à Prefeitura de São Paulo representará uma vitória pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Foi ele quem determinou ao PT a escolha de Haddad. Nessa hipótese, ninguém duvida que a administração de Dilma Rousseff despejará mundos e fundos na capital paulista. Os petistas vão se preparar ao máximo para, em 2014, tentar ganhar algo jamais alcançado pela sigla, o Palácio dos Bandeirantes.

Mas, se o vitorioso acabar sendo o até agora outsider Celso Russomanno, a derrota não terá sido apenas de José Serra e do PSDB. O fracasso terá de ser compartilhado por Lula e pelos petistas -que, por todas essas considerações, sonham ainda em enfrentar o tucano no segundo turno.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Em Recife, PSB reage ao discurso petista de 'traição'

PSB x PT

Porta-voz Waldemar Borges é escalado para negar problemas na relação do governador com Lula e a acusar petistas

Sheila Borges

A declaração do dirigente nacional do PT e coordenador da tendência Construindo um Novo Brasil (CNB), Francisco Rocha, o Rochinha, classificando o governador Eduardo Campos (PSB) de “traidor” por ter lançado Geraldo Julio (PSB) à Prefeitura do Recife sem o aval do PT, repercutiu no Palácio do Campo das Princesas e na Frente Popular. Oficialmente, não teria incomodado. Eduardo não quis comentar, mas o líder do governo na Assembleia Legislativo, Waldemar Borges (PSB), foi escalado para rebater.

O parlamentar disse que o partido não vai ficar cantando esse “samba de uma nota só”. Ele se referiu ao discurso do PT que reforça a tese de que há uma afastamento entre Eduardo e o ex-presidente Lula, a partir da movimentação do PSB no Recife e em outras cidades. “A gente não vai ficar nesse bate-boca estéril. Tentam forjar uma intriga em função de um episódio eleitoral”, argumentou.

Waldemar terminou dando mais munição à polarização PT X PSB ao alegar que a postura de Rochinha está parecendo mais uma “desculpa” para uma derrota do candidato da legenda a prefeito do Recife, Humberto Costa. “Daqui até a eleição, o PT vai tentar agredir. Estamos crescendo”, falou, citando os resultados das mais recentes pesquisas de opinião que são favoráveis a Geraldo Julio.

O candidato a vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira (PCdoB), considerou o conceito de traição, utilizado por Rochinha, de “aberração”. “Ele (Rochinha) tem consciência da contribuição de Eduardo nas eleições de Lula e de Dilma. E sabe que estamos juntos no Estado e no governo Dilma”. Luciano foi mais além, afirmou que os argumentos utilizado por Lula no guia eleitoral, para tentar desqualificar o conceito de gestor, não cola. A população, segundo Luciano, está esperando um administrador com habilidade política e Geraldo tem esse perfil.

“Em São Paulo, vale o discurso do gestor. Fernando Haddad é gestor (o candidato a prefeito do PT). Lá também vale ampliar a aliança (referindo-se à união com o PP de Paulo Maluf). Aqui, não”, frisou, em alusão à inserção do PMDB na Frente Popular. Lula não teria “engolido” essa aproximação porque o senador Jarbas Vasconcelos, principal líder peemedebista, sempre se posicionou contra ele e os governos do PT. “São dois pesos e várias medidas. Há uma predisposição de acreditar no que Lula diz. Nesse caso, está equivocado”, ironizou. Lembrou ainda que Lula usou essa tese para eleger a presidente Dilma Rousseff (PT).

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Em Manaus, Virgílio desculpa-se com camelô e ataca Alckmin

Cristiane Agostine

MANAUS - Com a voz mansa e a aparência serena, o ex-senador Arthur Virgílio Neto, candidato do PSDB à Prefeitura de Manaus, diz estar arrependido. "Errei e peço perdão a todos aqueles que foram atingidos na alma". O pedido, exibido em horário nobre na televisão, marca a estreia do programa eleitoral do tucano. "Os tempos são outros e as soluções também serão diferentes", anuncia, referindo-se à ação truculenta de seu mandato como prefeito na retirada de camelôs das ruas, há duas décadas, e que volta ao debate eleitoral.

Fora da telinha, a voz de Arthur Virgílio fica mais grave ao repetir, reiteradas vezes, que é um grande defensor da Zona Franca de Manaus. O rosto do candidato ganha um tom avermelhado quando o assunto é a tentativa de seu colega de partido, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de acabar com incentivos fiscais do polo industrial do Amazonas. "Alckmin é um provinciano. Ele falta com a verdade e quem faz isso é mentiroso. Rompi com ele", diz.

Arthur Virgílio disputa a Prefeitura de Manaus na defensiva, mesmo estando à frente nas pesquisas de intenção de voto.

Sem mandato, o principal opositor ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Senado tem como desafio conquistar o eleitorado da cidade que em 2010 deu 56,3% dos votos válidos a Dilma Rousseff e 6,6% a José Serra (PSDB) na disputa pela Presidência. "Nunca remei a favor da corrente", diz. Na campanha deste ano, o desgaste de Virgílio com os vendedores ambulantes, que marcou sua gestão entre 1989 e 1992, foi retomado por ele próprio. "As pessoas disseram que houve excessos, mas eu não mandei praticá-los. Fui responsabilizado porque era prefeito", afirma. "Depois de ter sido o que eu fui, não precisaria ser prefeito de Manaus. Fui ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência [do governo Fernando Henrique Cardoso], fui líder do governo, líder da oposição. Tenho um nome no país. Não quero ser prefeito para dilacerar minha biografia", comenta. "Quero fazer muito mais pela cidade, inclusive pelos camelôs."

Aos ambulantes, o candidato prometeu que tudo vai ser diferente: vai transformá-los em microempresários, construir shoppings populares e dar anistia aos que pagam propina para trabalhar. "No dia 1º de janeiro tudo isso acabará", diz.

A vendedora ambulante Alaíde Rodrigues Duarte, de 60 anos, com 25 anos de trabalho informal nas ruas, vê as promessas com desconfiança. "Sofri na gestão dele. Pegaram minha barraca e as mercadorias. Passava o dia correndo para não pegarem minhas coisas. Ele está falando que vai dar a mão para camelô, mas eu não dou."

O debate sobre a Zona Franca, que costuma pesar contra candidaturas do PSDB no Estado, foi jogado à cena eleitoral depois que Alckmin ingressou com uma ação direta de inconstitucionalidade, há duas semanas, no Supremo Tribunal Federal contra os benefícios fiscais do Amazonas. No Estado, o PSDB tem uma imagem negativa por conta de ações dos ex-governadores Mário Covas, morto em 2001, e José Serra, além de Alckmin, em oposição aos incentivos da Zona Franca de Manaus.

Arthur Virgílio descarta, por enquanto, deixar o PSDB, mas se mostra ressentido com Alckmin e diz que "fará de tudo" para impedir uma candidatura do governador à Presidência, em 2014. "Em 2006, quando me candidatei ao governo estadual, me sacrifiquei por ele para montar palanques no interior para a candidatura dele à Presidência. Tive 6% dos votos, quando pensava que teria 14%", diz. "Rompi com ele. Sobre sair do PSDB, não sei dizer. Meu coração vai funcionar junto com o meu cérebro após a eleição."

Na cidade, o tucano lidera não só a intenção de voto, com 29%, mas também a rejeição, com o mesmo percentual. "A rejeição não é tão alta. Tenho muito tempo de vida pública", minimiza. Além de não exibir tucanos na campanha, Arthur Virgílio procura esconder o apoio do prefeito Amazonino Mendes (PDT), cuja gestão é mal avaliada. No entanto, conta com o engajamento do grupo do prefeito e de servidores municipais na campanha.

O candidato tem outro obstáculo a superar: o tempo de televisão e as inserções. Virgílio tem menos de um terço do tempo de TV de sua principal adversária, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), em segundo lugar, com 19%, segundo o Ibope.

Além desses problemas, o tucano enfrentou há pouco uma crise de asma e uma virose que o prejudicaram por quase duas semanas e reduziram sua presença na rua. Aos 66 anos, diz não se abater. "Convido para lutar 10 minutos de jiu- jitsu quem falar que eu estou sem pique para a campanha", brinca.

Na reeleição deste ano, Arthur Virgílio reedita o embate de 2010 com Vanessa Grazziotin por uma vaga no Senado. Naquela eleição, a disputa foi mais acirrada do que para o governo estadual. Apesar de perder nas urnas, Virgílio venceu Vanessa na capital. O tucano teve 22,2% dos votos válidos (391.088 votos) contra 20,6% (363.473 votos). O senador não superou a derrota e tenta "reaver" o mandato, a partir de processos contra Vanessa por suposta compra de votos. Diz, no entanto, que não assumirá se for vitorioso na Justiça e deixará para seu suplente.

Em sua campanha, Arthur Virgílio deu papel de destaque a seu vice, o vereador Hissa (PPS), de 32 anos, com quem divide o espaço em quase todos os outdoors e o tempo de televisão. Segundo o tucano, é a juventude junto com sua experiência.

As propostas de Virgílio são como ele: polêmicas. Em um debate na televisão, passou seu e-mail para que as pessoas enviassem currículos e disse que selecionará "cérebros" para ocupar cargos em seu governo e não aceitará indicações políticas.

O tucano diz que pretende atrair a iniciativa privada para construir uma mini-Disneylândia em Manaus, com motivos amazônicos, e anuncia a construção de um grande aquário com recursos do BNDES até a Copa do Mundo, em 2014, para aumentar o turismo em 30%.

O ex-senador acha que a cidade deve passar por um "choque de sinceridade". Um exemplo: diz que Manaus tem 161 equipes do programa Saúde da Família e que o ideal seriam 700 equipes. "Não tenho a menor ilusão dos 700. Vou propor como meta 325. Não sei se dá para conseguir essas equipes", diz. "Não sou de apostar. Não aposto nem em bingo, mas se você me convencesse eu apostaria que não conseguiria as 325 equipes. Coloquei a meta para me aproximar ao máximo dela. É como um atleta olímpico que diz: quero saltar mais dois centímetros. Ele não sabe se vai saltar, mas sabe que precisa."

Na saúde, o tucano propõe que as gestantes tenham direito a sete consultas de pré-natal e sua principal bandeira é a distribuição de vacina contra a hepatite B e contra o HPV.

Na educação, diz que há "uma chuva de promessas" de construção de creches por parte de seus adversários. "Cada um promete mais do que o outro. Não vamos entrar nessa guerra. A prefeitura atual está licitando. Vamos ver quantas terminará. As que ele não concluir, nós faremos funcionar", diz. O candidato promete construir escolas em tempo integral nos moldes dos Centros Educacionais Unificados (CEUs), de São Paulo. Para a área de transporte, sua aposta é no BRT, que deve ser integrado ao monotrilho planejado pelo governo estadual. O tucano diz que as obras de mobilidade, no entanto, não deverão ficar prontas a tempo da Copa do Mundo, em 2014. Manaus é uma das cidades-sede. Em segurança, diz que fortalecerá a guarda municipal, que deve ganhar função repressiva se for eleito.

O tucano diz que a campanha tem consumido todo o seu tempo e comenta que não está acompanhando o julgamento do mensalão - escândalo que explorou amplamente no Senado. "Tenho ido dormir até sem tomar banho, coisa que não faço, de tão cansado que estou. Mergulhei na campanha e não dá tempo de ver mais nada", diz. Arthur Virgílio torce para que haja punições - "se deixar [os acusados] 24 horas na prisão, no dia seguinte o país será outro" - e considera que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sairá desgastado desse julgamento. Em meio a críticas a Lula, faz elogios à presidente Dilma Rousseff. "Vejo uma postura diferente. Tem um comportamento mais normal que o antecessor", diz. "Ela não tem a mesma sofreguidão do Lula de impor coisas." A aversão ao ex-presidente, em quem chegou ameaçar "dar uma surra", em discurso na tribuna do Senado, não passou.

Virgílio diz que está decepcionado com o Senado e com a CPI do Cachoeira - "tudo parece combinado, com um grande acordo por trás". O tucano afirma que não tem saudade, mas não descarta voltar à Casa.

Como plano B, Arthur não descuida de sua carreira como diplomata. Depois de derrotado nas urnas em 2010 atuou como chefe do setor político da embaixada brasileira em Lisboa. Agora está em um período de licença remunerada. Com o fim das eleições, terminará a tese de um curso de especialização que deve ser defendida no próximo ano. Dessa forma, poderá ser promovido e designado embaixador em algum país. "Sempre que não estiver com mandato estarei no Itamaraty", diz.

FONTE: VALOR ECONÔMICO