terça-feira, 18 de setembro de 2012

OPINIÃO DO DIA – Joaquim Barbosa: ‘ o mensalão maculou a República’ (XLIII)

Há farta demonstração documental e testemunhal referente aos pagamentos realizados aos parlamentares beneficiados, não havendo qualquer dúvida quanto à existência do esquema de compra de votos a esta altura deste julgamento

Nestes autos comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro, cerca de R$ 55 milhões, por réus ligados ao PT, em proveito de vários parlamentares de partidos que, diante a sua atuação, passaram a compor a chamada base aliada do governo na Câmara dos Deputados.

Joaquim Barbosa, ministro relator do processo do mensalão no STF, em seu voto 17/9/2012

Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
PT comprou voto de deputados, diz relator
Gurgel analisará papel de Lula
BC joga US$ 2 bi para segurar real

FOLHA DE S. PAULO
Não há dúvida de que PT comprou votos, diz relator
Serra e Haddad poupam o líder Russomanno
Receita cobra R$ 86 bi e ameaça confiscar bens
Bancários entram em greve a partir de hoje no país
Comissão excluirá de investigação os crimes da esquerda

O ESTADO DE S. PAULO
Relator do mensalão diz que governo Lula comprou votos
PT convoca 'batalha' contra julgamento
Receita lança ofensiva para cobrar R$ 86 bi de devedores
Campanha de Russomanno pede reunião com arcebispo
Comissão investigará só crimes da ditadura
Bancários entram em greve em todo o País

VALOR ECONÔMICO
Governo agora quer licitar aeroportos no 'modelo Vale'
Bancos se preparam para financiar infraestrutura
Quase pronta nova proposta do PIS-Cofins
Aposta dobrada
O duro embate dos irmãos Viana no Acre
Barbosa diz não ter dúvidas sobre compra de votos

BRASIL ECONÔMICO
Barreiras argentinas dão tombo de US$ 3 bi em exportação brasileira
Governo sofre dupla pressão da área de energia
Ações de bancos ignoram queda do compulsório

CORREIO BRAZILIENSE
PT comprou voto e até um partido
Pedido para bloquear bens de quadrilha sai amanhã
Que aula?

ESTADO DE MINAS
Para relator, apoio político foi comprado
OAB pede que morte de JK tenha nova investigação

ZERO HORA (RS)
“Não há dúvida sobre compra de votos”, diz relator do mensalão
Efeito seca: Queda recorde do PIB acende alerta no Piratini
Bancos: Como manter contas em dia durante a greve

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Fiat dá a largada em Goiana
UFRPE volta às aulas na segunda-feira
Custo ambiental é questão a ser sanada em Suape
Relator pede condenação de Pedro Corrêa
Bancários entram em greve a partir de hoje

PT comprou voto de deputados, diz relator

Barbosa condena réus do PP e indica que culpará outros aliados do governo Lula

"Fica provado que os parlamentares prestaram apoio ao governo na Câmara influenciados por esses pagamentos’, diz ministro. Amanhã, ele julgará deputados de PR, PTB e PMDB, também acusados de receber o mensalão

O relator do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, disse que há muitas provas de que o PT usou o valerioduto para comprar o apoio de parlamentares aliados ao governo Lula. Ele condenou cinco réus ligados ao Partido Progressista e indicou que também fará o mesmo com parlamentares de PL (atual PR), PTB e PMDB, que receberam o dinheiro repassado pelo PT. "Nesses autos, comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro, cerca de R$ 55 milhões, por réus ligados ao PT" disse Barbosa. Para ele, está claro que o dinheiro pagou o apoio dos deputados da base aliada em votações como as reformas da Previdência e tributária. As votações coincidem com os repasses aos partidos.

Barbosa: PT comprou aliados

Relator condena réus do PP e adianta que são culpados todos os que venderam apoio na Câmara

André de Souza, Carolina Brígido

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA Depois de listar pagamentos de propina e cruzar com datas de votações na Câmara, o relator do processo do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, assegurou que há farto material para atestar que o PT usou o valerioduto para comprar o apoio de parlamentares aliados ao governo Lula.

Ontem, o ministro apresentou a primeira parte de seu voto sobre o capítulo que trata diretamente do repasse a políticos e condenou cinco réus ligados ao PP (Partido Progressista). No voto, Joaquim Barbosa indicou que também fará o mesmo com relação a outros partidos citados no processo no Supremo Tribunal Federal: PL (atual PR), PTB e PMDB, que também receberam dinheiro do esquema. Por fim, julgará os supostos corruptores - entre eles, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.

O ex-deputado e ex-presidente do partido Pedro Corrêa (PE), o deputado Pedro Henry (MT) e o assessor parlamentar João Cláudio Genu foram condenados por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os empresários Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, donos da corretora Bônus Banval, foram condenados por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Barbosa vai formalizar essas condenações na sessão de amanhã.

- Há farta demonstração documental e testemunhal referente aos pagamentos realizados aos parlamentares beneficiados, não havendo qualquer dúvida quanto à existência do esquema de compra de votos a esta altura deste julgamento - afirmou o ministro.

Denúncia não foi vingança política

O capítulo tem 23 réus. Barbosa deve prosseguir com seu voto por mais duas sessões. Só depois é que os demais ministros começarão a votar. Na introdução ao voto, o relator concordou com a denúncia do Ministério Público de que o esquema repassou R$ 55 milhões aos partidos. O valor soma a vantagem recebida pelo PT, assunto que será tratado na próxima fase do julgamento.

- Nestes autos comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro, cerca de R$ 55 milhões, por réus ligados ao PT, em proveito de vários parlamentares de partidos que, diante a sua atuação, passaram a compor a chamada base aliada do governo na Câmara dos Deputados - afirmou.

Barbosa afastou a alegação da defesa de réus de que o mensalão foi "invenção" de Roberto Jefferson, presidente do PTB e delator do esquema:

- Apesar de as defesas pretenderem afirmar que o chamado mensalão foi uma invenção de Jefferson para se defender das acusações envolvendo cobrança de propina nos Correios, percebemos, desde o recebimento da denúncia, que as acusações feitas pelo ex-parlamentar estão muito distantes da mera vingança política, ainda que essa possa ter sido a sua motivação inicial.

Apesar de deixar os acusados de corrupção ativa para o fim do voto, Barbosa adiantou sua convicção sobre a participação do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares nas ilegalidades. Ele concorda com a versão do Ministério Público de que Delúbio era o responsável por indicar os beneficiários dos recursos:

- Os acusados procederam à distribuição de dinheiro em espécie aos parlamentares indicados a Marcos Valério pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

Barbosa: PP recebeu R$ 4,1 milhões

Barbosa disse ainda que, para condenar alguém por corrupção passiva, não é necessário provar que o agente público que recebeu dinheiro do esquema fez algo em troca para merecer. Só o fato de terem recebido o dinheiro já bastaria. No entanto, o relator afirmou que, se fosse necessário, os votos em projetos de interesse do governo configurariam o ato de ofício.

O relator citou compra de apoio nas votações das reformas da Previdência e tributária. Mas ressaltou que não foram os únicos casos. Ressaltou que as datas das votações coincidem com as dos repasses aos partidos:

- De fato, essas reformas receberam o fundamental apoio dos parlamentares comprados pelo PT e das bancadas por eles orientadas ou dirigidas, exatamente no momento em que foram realizados os maiores repasses de dinheiro aos parlamentares acusados.

Para ele, há ligação direta entre as votações e a propina:

- Fica comprovado que os parlamentares prestaram seu apoio ao governo na Câmara influenciados por esses pagamentos.

O relator afirmou que o PP recebeu R$ 4,1 milhões do PT. Para ele, não havia interesse dos petistas em repassar esse valor, a não ser a compra de apoio político. A maior parte do dinheiro veio de saques no Banco Rural, feitos por Genu. Também houve operações trianguladas da corretora Bônus Banval, de Quadrado e Fischberg, e da Natimar, de Carlos Alberto Quaglia. Em algumas ocasiões, o dinheiro era entregue "em domicílio" pelas empresas.

- Está cabalmente comprovada a trama arquitetada pelos réus para a lavagem de dinheiro em proveito de pessoas ligadas ao PP - disse o ministro.

Para Barbosa, os dois deputados e o assessor parlamentar formaram uma quadrilha para viabilizar os crimes:

- Os recursos foram efetivamente pagos e o apoio foi dado de forma firme e majoritária pelo partido. Houve votações, às vezes muito precárias, com o quórum baixíssimo, em que os votos dos membros desse partido garantiam essas votações.

O relator disse que não dará peso a depoimentos de testemunhas com vínculo de amizade com os réus. Nas alegações finais de Dirceu, a defesa ressaltou depoimentos de parlamentares - alguns deles, amigos do réu - que disseram não saber do mensalão.

FONTE: O GLOBO

Relator do mensalão diz que governo Lula comprou votos

Joaquim Barbosa concluiu que foi comprado o apoio de PP, PMDB, PTB e PL e condenou réus do PP

O relator do julgamento do mensalão no STF, Joaquim Barbosa, afirmou que o governo do ex-presidente Lula comprou votos de deputados e apoio de PP, PMDB, PTB e PL (hoje, PR) para aprovar leis na Câmara. Barbosa indicou que condenará por corrupção passiva e lavagem de dinheiro deputados e ex-deputados acusados de receber recursos do esquema. Também indicou que vai considerar culpados os acusados de serem os corruptores: José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. No total, foram repassados R$ 55 milhões. Barbosa disse que o governo Lula comprou o ingresso do PP na base aliada, em 2003. Pedro Henry (MT) e Pedro Corrêa (PE) foram condenados pelo relator por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Relator diz que governo Lula comprou votos na Câmara e condena réus do PP

Ministro Joaquim Barbosa usa como argumento o fato de o partido ter apoiado o tucano José Serra na eleição presidencial de 2002 e ter "notória incompatibilidade ideológica" com o PT

Felipe Recondo, Ricardo Brito, Eduardo Bresciani e Mariângela Gallucci

BRASÍLIA - O ministro Joaquim Barbosa afirmou nessa segunda-feira, 17, que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprou votos de deputados e apoio de partidos para aprovar leis na Câmara dos Deputados. Relator do julgamento do mensalão, Barbosa indicou que condenará por corrupção passiva e lavagem de dinheiro todos os parlamentares e ex-deputados acusados de receberem recursos do esquema. Também indicou que vai considerar culpados os acusados de serem os corruptores da Câmara dos Deputados: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Os pagamentos a deputados do PP, PMDB, PTB e PR (na época, PL) foram acertados em reuniões com a cúpula do PT e José Dirceu e serviram para garantir votos favoráveis à aprovação das reformas da Previdência, Tributária e Lei de Falências na Câmara, projetos de interesse do governo Lula, segundo o relator.

No total, como admitiu o empresário Marcos Valério, R$ 55 milhões foram repassados a parlamentares da base aliada. Recursos que foram pagos por ordem de Delúbio e Genoino, disse o ministro, e só cessaram após o esquema vir à tona em 2005.
Barbosa rechaçou a tese de que os pagamentos serviram para pagar despesas de campanha via caixa 2. Não há dúvida sobre a compra de votos", afirmou. "Esses repasses estão a demonstrar a existência de vinculação do pagamento de vantagens financeiras e o apoio parlamentar dos partidos recebedores."Ele ressaltou que, mesmo que o dinheiro fosse usado para campanhas, a prática do crime de corrupção estaria configurada. Ele disse ainda que a delação do esquema pelo ex-deputado Roberto Jefferson não foi "mera vingança política".

Barbosa disse que o governo Lula comprou o ingresso do PP na base aliada em 2003. O partido apoiou o adversário de Lula na eleição de 2002, José Serra (PSDB). "Independentemente da destinação dada aos recursos, as provas conduzem à conclusão de que os réus receberam o dinheiro em razão da função parlamentar e em troca da fidelidade do partido ao governo", disse.

O então líder do PP na Câmara, Pedro Henry (MT), e o presidente da legenda à época, Pedro Corrêa (PE), foram condenados pelo relator por crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Os dois receberam dinheiro, no total de R$ 4,1 milhões, por meio de saques do Banco Rural e da corretora Bônus-Banval. "O acusado Marcos Valério foi o elo entre todos os parlamentares e o PT na pessoa de Delúbio que determinava os repasses de dinheiro e as pessoas que seriam beneficiadas", disse Barbosa, referindo-se ao empresário apontado como o operador do mensalão.

O relator chegou a citar o depoimento de um ex-deputado do PP Vadão Gomes, que mencionou haver "notória incompatibilidade ideológica" entre os partidos. "Os deputados do PP praticaram atos de ofício em razão desses pagamentos e coube a Pedro Henry deliberar os votos dos integrantes da bancada na direção que buscavam os corruptores."

O relator também condenou os representantes da corretora Bônus Banval, Breno Fischberg e Enivaldo Quadrado, pelo crime de lavagem de dinheiro. O dinheiro chegou às mãos dos integrantes do PP por meio das empresas.

Na quarta-feira, 19, Barbosa continua a ler seu voto. Serão julgados no item os parlamentares e ex-parlamentares do PR, PMDB e PTB, incluindo Roberto Jefferson.

Ao fim do item, o ministro julgará os acusados de serem os corruptores, responsáveis pelo esquema de compra de votos: Dirceu, Genoino e Delúbio. O julgamento desse item pode levar duas semanas ou mais.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PT comprou voto e até um partido

Barbosa confirma pagamento a políticos e indica que condenará Dirceu, Delúbio e Genoino

Ao julgar a parte mais simbólica do processo do mensalão — o repasse de dinheiro a parlamentares e partidos —, o ministro Joaquim Barbosa foi taxativo. “Não há sombra de dúvida acerca da compra de votos”, disse. Relator da ação no STF, o magistrado concluiu que o PP recebeu dinheiro para ingressar na base do governo Lula. E deu sinais de que votará pela condenação tanto dos mensaleiros quanto do núcleo político do esquema, que seria encabeçado por José Dirceu (apontado como chefe da quadrilha), Genoino (então presidente do PT) e Delúbio Soares (tesoureiro do PT à época).

PT comprou o PP

Relator confirma a tese do pagamento a partidos para a composição da base de apoio ao governo Lula e sinaliza que votará pela condenação de políticos

Ana Maria Campos, Diego Abreu, Helena Mader

Na sequência de suas manifestações em sintonia com a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República, o relator do processo do mensalão, Joaquim Barbosa, confirmou ontem em seu voto o ponto mais simbólico do processo: a compra de votos no Congresso para a aprovação de projetos de interesse do Executivo entre 2003 e 2004. Ao iniciar o julgamento sobre o capítulo seis, relacionado aos repasses de recursos para partidos políticos e parlamentares, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu que o PP recebeu dinheiro do PT por intermédio do esquema de Marcos Valério para ingressar na base do governo Lula.

O relator deu sinais de que vai julgar procedente acusação de corrupção contra políticos do PP e também do PL (hoje PR), PTB e PMDB que receberam dinheiro do esquema. O julgamento da parte mais explosiva, a participação do ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, ficou para o fim do voto do relator nesse capítulo. Dirceu, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-presidente nacional da legenda José Genoino respondem por corrupção ativa. Seriam os responsáveis pelos repasses para os partidos. Eram os emissários do dinheiro. O assunto deve ser tratado na quinta-feira.

Em seu voto ontem, Joaquim Barbosa se concentrou na atuação do PP. Representantes do partido receberam, segundo o relator, pelo menos R$ 4,1 milhões por meio de duas fontes: saques das contas da SMP&B e pela corretora Bônus Banval. Barbosa vai condenar o deputado federal Pedro Henry (PP-MT) e o ex-presidente do PP Pedro Corrêa (PE) por formação de quadrilha, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Pedro Henry e Pedro Corrêa foram considerados líderes do esquema no partido. Em 2005, Corrêa teve o mandato de deputado federal cassado por quebra de decoro, em decorrência do escândalo do mensalão. Na ocasião das denúncias, ele era o presidente do PP e Henry, o líder da bancada na Câmara. Os dois ainda integram a executiva do partido.

Dinheiro. O relator também vai condenar pelos três crimes João Cláudio Genú, assessor do então deputado José Janene (PP-PR). Servidor comissionado da Câmara, ele recebeu dinheiro em espécie em várias situações da então gerente administrativo-financeira da SMP&B, Simone Reis Vasconcelos. A empresa de Marcos Valério repassou no mínimo R$ 2,9 milhões em espécie para o PP, dinheiro transferido em pastas 007, entregue no banco ou em quartos de hotel.

Morto em 2010, Janene, então tesoureiro do PP, também respondia pelas mesmas acusações. "Não há sombra de dúvida acerca da compra de votos, a essa altura do julgamento", justificou o relator. E acrescentou: "Não existia qualquer outro motivo que levasse ao interesse do PT em ajudar o PP, a não ser o voto dos parlamentares". O resultado não foi proclamado ontem porque o relator encerrou antes da conclusão, mas em todas as manifestações apontou a responsabilidade dos réus.

O argumento do relator é de que PT e PP não fizeram campanha juntos em 2002 na eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Eram "antípodas", "opositores" e tinham linha ideológica diferente. Dessa forma, não havia nada que unisse os dois partidos, além da ajuda financeira em troca de apoio no Congresso. O dinheiro começou a ser destinado pelo PT pelo interesse de ampliar a base.

Os líderes do partido, segundo a denúncia, trabalharam na aprovação das reformas Tributária e da Previdência, de interesse do governo. O acordo do PP com o PT teria sido avalizado pela cúpula petista, Delúbio, Dirceu, Genoino e o ex-secretário do partido Sílvio Pereira, ainda de acordo com a ação penal. Donos da Bônus Banval, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg também serão condenados por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Em análise. Confira o que será julgado no item 6 da denúncia do processo do mensalão. O ministro Joaquim Barbosa, relator da ação penal 470, dividiu em quatro partes seu voto sobre o item que trata da compra de votos de parlamentares

Primeiro julgou, ontem, o envolvimento de integrantes do PP com o esquema. Cada subitem trata de supostos pagamentos de propina a partidos da base aliada do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Os próximos subitens se referem ao recebimento de dinheiro por lideranças do PL (atual PR), PTB e PMDB em troca de apoio político ao governo Lula

Entre os integrantes desses partidos que serão julgados estão o presidente do PTB, Roberto Jefferson, que foi o responsável por denunciar a existência do mensalão. Também terão suas condutas apreciadas o ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto; os deputados federais Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP); e os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE), José Borba (PMDB-PR) e Romeu Queiroz, que era filiado ao PTB de Minas Gerais e atualmente está no PSB

Só no fim deste item que Joaquim Barbosa se manifestará sobre a acusação de corrupção ativa contra o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Não há dúvida de que PT comprou votos, diz relator

O relator do julgamento do mensalão no STF, Joaquim Barbosa, confirmou a acusação da Procuradoria ao concluir que congressistas e partidos receberam dinheiro do PT para apoiar o governo Lula entre 2003 e 2005. Não há "dúvida de compra de votos", disse Barbosa. Para o ministro, foram comprovadas transferências milionárias por réus ligados ao PT.

Relator diz que existência do mensalão está comprovada

Em voto no STF, Barbosa afirma não haver dúvida sobre compra de votos

Ministro iniciou ontem análise da acusação de que esquema foi usado para assegurar apoio do Congresso a Lula

Felipe Seligman, Flávio Ferreira, Márcio Falcão, Nádia Guerlenda e Rubens Valente

BRASÍLIA - O relator do julgamento do mensalão, Joaquim Barbosa, confirmou ontem o ponto central da acusação da Procuradoria-Geral da República ao concluir que parlamentares e partidos receberam dinheiro para apoiar, entre 2003 e 2005, o governo Lula no Congresso Nacional.

"Comprovou-se a realização de transferências milionárias de dinheiro, R$ 55 milhões, por réus ligados ao Partido dos Trabalhadores em proveito de vários parlamentares e partidos que, mediante a sua atuação, passaram a compor a chamada base aliada do governo na Câmara", afirmou Barbosa na sessão do Supremo Tribunal Federal.

O ministro rebateu indiretamente o ex-presidente Lula e advogados de defesa segundo os quais o mensalão seria uma invenção de Roberto Jefferson (PTB), cuja entrevista à Folha deu origem ao escândalo em 2005.

"Apesar de as defesas afirmarem que o mensalão foi invenção de Jefferson", diz Barbosa, "constatamos vários indícios de que as denúncias eram verdadeiras".

O relator citou as reformas da Previdência e tributária como os principais exemplos de votações "compradas" pelo PT no Congresso.

"Essas reformas receberam o fundamental apoio dos parlamentares comprados pelo Partido dos Trabalhadores e das bancadas por eles orientadas e dirigidas, exatamente no momento em que foram realizados os maiores repasses de dinheiro."

Segundo ele, não há "qualquer dúvida de compra de votos a essa altura".

Barbosa também comentou a tese da defesa de que o mensalão se resumiu a caixa dois eleitoral. "A ajuda de campanha também configura vantagem indevida a parlamentares, por influenciar a prática de atos de ofício no interesse dos corruptores."

Os ministros do STF começaram a avaliar ontem o capítulo que trata da compra de apoio parlamentar de líderes do PP, PL (hoje PR), PTB e PMDB, por orientação, diz a denúncia, dos líderes do PT Delúbio Soares, José Genoino e José Dirceu, então o chefe da Casa Civil de Lula.

Barbosa prosseguirá o voto amanhã. As acusações contra os líderes petistas estão no final do capítulo.

Os ministros do STF já consideraram válida a primeira parte da acusação, a de que houve desvio de verbas públicas que, misturadas a empréstimos bancários fraudulentos, abasteceram o esquema. Agora é discutido o uso que foi dado ao dinheiro.

Barbosa lembrou que a listagem apresentada por Valério com os nomes dos beneficiários indicados pelo PT foi reconhecida por Delúbio.

No fim da sessão, o relator disse que ficaram caracterizados corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha contra três réus do PP: o deputado Pedro Henry, o ex-deputado Pedro Corrêa e o ex-assessor João Cláudio Genu, além de dois sócios da corretora Bônus Banval.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Voto de Barbosa indica penas rigorosas

Trecho da decisão do relator para as penas por lavagem de dinheiro foi divulgado por descuido no site do STF

Texto fixa 12 anos e 7 meses de prisão para Valério; Kátia Rabello e José Roberto Salgado teriam 10 anos cada

Andréia Sadi, Rubens Valente

BRASÍLIA - Trecho do voto do ministro relator Joaquim Barbosa vazou no site do STF (Supremo Tribunal Federal) e expôs a tendência de que ele aplique penas altas para os réus do julgamento do mensalão.

Por uma falha, 30 páginas de um total de 154 vieram a público indevidamente e foram retiradas do ar pelo STF apenas na noite de domingo.

A Folha viu o conteúdo do voto de Barbosa e noticiou seu vazamento ontem, na coluna "Painel". O trecho sobre o tamanho das penas ficou mais de dois dias no ar no site do Supremo, entre sexta e domingo à noite.

Barbosa fixou a pena do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza para o crime de lavagem de dinheiro em 12 anos e sete meses de reclusão, além de 340 dias-multa (referência adotada pelo Judiciário para definir penas pecuniárias, que tem valor variável). No caso de Valério, o montante chega a cerca de R$ 850 mil.

Para a dona do Banco Rural, Kátia Rabello, e para o ex-vice-presidente da instituição, José Roberto Salgado, o relator votou por dez anos de reclusão. Para ela, mais cerca de R$ 937 mil em dias-multa. Para ele, R$ 625 mil.

Nos três casos, Barbosa votou pelo início do cumprimento da pena em regime fechado, "sendo incabível" a substituição por penas restritivas de direitos. Além disso, votou pela perda, em favor da União, "dos bens, direitos e valores objeto do crime".

A pena real de Valério e dos outros réus ainda precisa ser confirmada pelos outros ministros. Como o julgamento foi "fatiado", esse trecho só deveria ter vindo a público no fim do julgamento.

Barbosa, a princípio, apontou pena de sete anos de reclusão para Valério, três a menos que a máxima prevista em lei. Mas a aumentou levando em conta as alegações finais da acusação, segundo as quais sua pena deveria ser majorada porque ele cometeu várias operações de lavagem, em crime continuado.

Procurada para explicar o vazamento, a assessoria do Supremo afirmou que o gabinete do relator enviou a íntegra do texto por engano. Disse ainda que tirou o material do ar até porque o relator poderá fazer alterações.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, disse que o vazamento expõe a noção da proposta de Barbosa, que fixou penas bases elevadas, confrontada com a do ex-ministro Cezar Peluso, que, antes de deixar o STF, aposentado, estipulou pena mínima.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Abatido, Genoino se prepara para enfrentar prisão

Catia Seabra

SÃO PAULO - Numa demonstração de que não descarta a hipótese de condenação e até prisão, o ex-presidente do PT José Genoino pediu que sua assessoria jurídica deixasse pronta uma procuração para que sua mulher, Rioco Kayano, pudesse administrar suas contas em caso de detenção.

Assessor especial do Ministério da Defesa, Genoino tem direito a aposentadoria pela Câmara de Deputados. Ele afirmou a aliados que tem que se preparar para a possibilidade de prisão em caso de condenação pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão.

Genoino só não fez a procuração porque foi desaconselhado por seu advogado, Luiz Fernando Pacheco. "Essa procuração não foi feita porque eu disse que, se necessário, haveria um momento certo", disse o advogado.

O abatimento de Genoino é alvo de preocupação entre petistas, que tentam reanimá-lo. Já durante o julgamento no Supremo, ele passou um dia na casa do ex-ministro José Dirceu, em Vinhedo (SP). Dias antes, foi prestigiado num jantar oferecido pela presidente Dilma Rousseff.

Procurado, Genoino negou a disposição de preparar a procuração, afirmando que, neste momento, se dedica exclusivamente à saúde. "Não é verdade", disse. "Estou cuidando somente da saúde."

Fumante, ele será submetido hoje a um cateterismo para desobstrução de uma artéria coronária. Na semana passada, exames detectaram uma alteração.

O ex-presidente do PT responde no STF pelos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Segundo a denúncia, apesar do reduzido patrimônio, ele foi avalista de empréstimos dos bancos Rural e BMG que ajudaram a financiar o mensalão.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

PT convoca 'batalha' contra julgamento

Preocupada com o impacto do julgamento do mensalão nas campanhas, a cúpula do PT decidiu convocar militantes para uma "batalha" eleitoral em defesa do partido, do ex-presidente Lula e do legado dos governos petistas. A Executiva Nacional divulgou nota na qual afirma que a "mobilização geral" da militância é condição fundamental para se desfazer "mentiras".

PT convoca "batalha" contra "mentiras"

Executiva do partido divulga nota com "mobilização geral" após Lula conversar com Dilma, por telefone, e encontrar presidente da sigla

Vera Rosa

Preocupada com o impacto do julgamento do mensalão nas campanhas eleitorais, a cúpula do PT decidiu ontem fazer uma convocação aos militantes para uma "batalha do tamanho do Brasil" em defesa do partido, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do legado dos governos petistas. Depois de uma reunião que durou o dia todo, a Executiva Nacional do PT divulgou nota na qual afirma que a "mobilização geral" da militância é condição fundamental para desfazer "mentiras", reafirmar o projeto de poder do PT e vencer as eleições municipais.

O presidente do PT, Rui Falcão, saiu da reunião antes do almoço para encontrar Lula e só retornou três horas depois. O tom da nota divulgada pela direção do partido, no dia em que o Supremo Tribunal Federal começou a julgar o "núcleo político" do mensalão, passou pelo seu crivo. A presidente Dilma Rousseff também conversou por telefone com Lula, ontem e no fim de semana.

Falcão não quis comentar o encontro, mas o Estado apurou que Lula ficou muito irritado com notícia publicada ontem na coluna do jornalista Ricardo Noblat, no jornal O Globo, informando que Marcos Valério, operador do mensalão, teria gravado um vídeo com denúncias capazes de "derrubar" seu governo, se ele estivesse no poder. Além disso, afirmações atribuídas a Marcos Valério pela revista Veja puxam Lula para o centro do escândalo como "chefe do mensalão".

Apesar de dizer, em conversas reservadas, que o PT e ele são vítimas de "golpe baixo" dos adversários, Lula prefere manter o silêncio, sob o argumento de que qualquer declaração pode interferir tanto no julgamento no Supremo como nas principais campanhas do partido. A ordem vale para dirigentes, deputados e senadores, orientados por advogados a não comentar publicamente o processo. Diante desse cenário, a estratégia definida ontem foi a de conclamar os militantes do PT para entrar na guerra.

"Mentiras". "A mobilização geral de nossa força militante é a condição fundamental para nosso sucesso nos dias 7 e 28 de outubro. Pois é a militância consciente quem desfaz as mentiras, demarca o campo, afirma nosso projeto, reúne nossas bases e alianças, construindo vitórias não apenas eleitorais, mas também políticas", diz a nota aprovada pela Executiva do PT.

Fiel à estratégia de não esticar a polêmica, Falcão foi enigmático ao deixar a reunião. Questionado por jornalistas sobre a quais mentiras o PT se referia, o deputado desconversou. "São mentiras que costumam ocorrer nas campanhas eleitorais. Faltam três semanas para as eleições e estamos convocando a militância porque o PT sempre foi o partido da reta de chegada."

A nota do PT convoca filiados, simpatizantes, parlamentares e até governantes "para uma batalha do tamanho do Brasil" em bairros, escolas, empresas e nas redes sociais. "(...) Em cada cidade, pequena, média ou grande, trata-se de obter grandes votações, elegendo vereadores (...) e prefeitos. E fazendo a defesa de nosso partido, do ex-presidente Lula, de nossos mandatos e lideranças, bem como do legado dos nossos governos, que melhoraram as condições de vida e fortaleceram a dignidade do povo brasileiro", assinala o texto.

O PT fez questão de manifestar apoio às medidas anunciadas por Dilma na área econômica. "Estas medidas - entre as quais se destaca a redução da taxa de juros e das tarifas de energia elétrica - já se demonstraram essenciais para proteger o Brasil dos impactos da crise internacional, que continua se agravando", diz o documento. Na convocação aos militantes, o PT argumenta que a vitória nas eleições municipais "deve ser vista nesta mesma perspectiva", para fortalecer o projeto nacional petista.

Embora a direção do PT diga que a sigla está bem nas disputas em João Pessoa, Cuiabá, Goiânia e Rio Branco, o receio é que a série de reveses enfrentados pelo partido seja prejudicial às campanhas nas principais capitais do País.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Gurgel analisará papel de Lula

O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que, após a conclusão do julgamento do mensalão, decidirá se abre investigação sobre as supostas declarações de Marcos Valério, ligando o ex-presidente Lula ao escândalo.

Gurgel vai analisar declarações de Valério contra ex-presidente

Acusação poderia ser usada em inquéritos em curso em 1ª instância

Jailton de Carvalho

BRASÍLIA O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que analisará as declarações de Marcos Valério Fernandes de Souza contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva depois do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A partir daí, decidirá se abre uma investigação específica sobre o caso. Para Gurgel, as acusações, se consistentes, poderiam ser usadas em inquéritos já em curso na primeira instância da Justiça. Gurgel disse que Valério é um jogador, e é preciso examinar com cautela as novas denúncias contra o ex-presidente atribuídas a ele:

-Vamos aguardar a investigação deste julgamento e avaliar com cuidado. O ex-presidente não tem mais prerrogativa de foro. Já temos diversos procedimentos no 1º grau, e pode ser examinado lá. Mas, neste momento, o fundamental é a conclusão do julgamento. Claro que são declarações importantes e devem ser avaliadas - disse Gurgel, pouco antes do início da sessão do julgamento de ontem.

Segundo a revista "Veja" desta semana, Valério disse que Lula sabia do mensalão e que só foi poupado das investigações por causa de um pacto de silêncio entre ele, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Disse também que o mensalão movimentou cerca de R$ 350 milhões.

"Valério é um jogador"

Para Gurgel, as acusações são importantes, mas devem ser vistas com reserva. A prioridade, disse, é concluir o julgamento:

- As declarações dele têm que ser sempre tomadas com muita cautela. Não se sabe exatamente que tipo de jogo está sendo feito neste momento. Marcos Valério deixou muito claro que ele é um jogador. É preciso ver, então, que tipo de jogo ele está tramando. A grande prioridade, pelo menos do Ministério Público, é a conclusão deste julgamento. Concluído, a gente vai examinar os outros aspectos. Acho que não é bom misturar as duas coisas.

O procurador-geral argumenta que as denúncias de Valério não podem interferir no julgamento. Disse que Valério pode fazer acordo de delação premiada, mas não para o caso em curso. Afirmou que, em caso de condenação, insistirá na prisão imediata dos réus, entre eles Dirceu. Gurgel não disse se pedirá a retenção dos passaportes dos réus:

- Nada justifica, numa eventual decisão condenatória, nada impede que ela seja aplicada imediatamente.

FONTE: O GLOBO

Oposição cobra explicação; PT defende Lula

Tucanos já têm pronta representação para que nova denúncia seja apurada; petistas divulgam manifesto

Maria Lima, Fernanda Krakovics e Thiago Herdy

UM JULGAMENTO PARA A HISTÓRIA

BRASÍLIA e SÃO PAULO O PSDB não pretende deixar passar em branco a reportagem da revista "Veja", na qual Marcos Valério acusa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de envolvimento no mensalão, e, desde ontem, já tem pronta uma representação ao Ministério Público pedindo que ele seja investigado. Hoje, líderes tucanos, do DEM e do PPS, principais siglas de oposição, vão se reunir para decidir se agem em conjunto. DEM e PPS, mais cautelosos, tendem a esperar que surjam mais dados que comprovem o teor da reportagem.

- Não vamos permitir que o assunto cale. Queremos ver tudo elucidado. O silêncio não será nosso caminho - afirmou o presidente do PSDB, deputado Sergio Guerra (PE).

Já a Executiva Nacional do PT divulgou nota conclamando a militância a defender o partido, Lula e o legado dos governos petistas. A nota, porém, não cita a nova acusação.

DEM, PPS e Aécio falam em ter cautela

Como Lula não tem mais foro privilegiado, a investigação, se aberta, deve ocorrer na primeira instância do Ministério Público Federal. Os presidentes do PPS, Roberto Freire (SP), e do DEM, Agripino Maia (RN), querem obter mais elementos para endossar uma representação contra o ex-presidente. Freire disse que o PPS só pedirá uma investigação judicial se for divulgada gravação que comprove as declarações de Valério:

- A reportagem de "Veja" é verossímil, mas é melhor ter mais segurança para que o Ministério Público atenda nosso pedido. Estamos no aguardo de um pouco mais de comprovação das denúncias feitas por Marcos Valério.

Agripino foi na mesma linha:

- Por enquanto, não me atrevo a entrar de sola em um assunto sem comprovação. Estou adotando uma postura de cautela, não posso entrar com um recurso sem embasamento.

Mesmo no PSDB, há quem adote um discurso mais comedido. O senador tucano Aécio Neves (MG) afirmou ontem que é preciso ter cautela sobre as supostas declarações de Valério:

- Acho apenas que esse episódio vai ter ainda desdobramentos. Vamos aguardá-los com cautela. Não torço para que todos sejam punidos apenas por serem meus adversários - disse Aécio.

Sem consenso sobre a medida jurídica a ser tomada, os líderes da oposição, porém, concordam na cobrança uma declaração de Lula:

- É muito estranho que, até agora, Lula não tenha falado nada. É um silêncio ensurdecedor. Um homem público tem obrigação de vir a público se explicar diante de denúncias tão graves - cobrou ontem Guerra.

Em São Paulo, a Executiva do PT afirmou, em nota, que "a mobilização geral de nossa força militante é a condição fundamental para nosso sucesso nos dias 7 e 28 de outubro (primeiro e segundo turno). Pois é a militância consciente quem desfaz as mentiras, demarca o campo, afirma nosso projeto, construindo vitórias não apenas eleitorais mas também políticas".

Ao ser perguntado sobre que mentiras deveriam ser desfeitas, o presidente do PT Rui Falcão preferiu não dizer.

- São mentiras que ocorrem nas campanhas eleitorais, sempre. Não tem qualquer menção em especial - desconversou ele, negando que a reportagem de "Veja" tenha sido debatida.

Presente na reunião, apesar de não ser da Executiva, o ex-líder do governo na Câmara dos Deputados Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse duvidar das declarações atribuídas a Valério:

- É uma manifestação política e ideológica, a "Veja" tentando interferir no processo eleitoral, mas sem muito impacto, porque parece que o povo não dá muito crédito - disse o deputado.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, negou o teor da reportagem.

Ao ser perguntado se Lula deveria se defender ou tomar alguma medida judicial contra os responsáveis, Falcão foi evasivo:

- Não tenho opinião sobre isso.

FONTE: O GLOBO

Ministério Público Federal responsabiliza Lula por prejuízo de R$ 10 milhões e autopromoção

Em defesa de Lula, AGU nega favorecimento a banco e fala em prescrição

Vinicius Sassine

BRASÍLIA . O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de ser responsável por um prejuízo de R$ 10 milhões aos cofres públicos, buscar autopromoção, fazer publicidade pessoal e favorecer o Banco BMG, ao enviar a aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) uma carta com informações sobre o programa de crédito consignado do governo federal. As acusações foram listadas pelo Ministério Público Federal em documento anexado ao processo que investiga atos de improbidade administrativa atribuídos a Lula.

A denúncia pede que o ex-ministro da Previdência Social Amir Lando devolva os R$ 10 milhões ao Erário. Lula e Lando são réus no processo, que começou a tramitar na Justiça Federal no Distrito Federal em janeiro de 2011. O documento do MPF, de agosto deste ano e ao qual O GLOBO teve acesso, é uma réplica da procuradora da República Luciana Loureiro à defesa preliminar apresentada por Lula, por meio da Advocacia Geral da União (AGU). O juiz Paulo César Lopes, diz que decidirá até o fim deste mês se dá prosseguimento à ação.

Lula e Lando assinaram as cartas enviadas a aposentados e pensionistas em 2004. O MPF ofereceu a denúncia à Justiça sete anos depois; o processo está prestes a ter uma primeira decisão judicial. Na réplica anexada, a procuradora rebate os argumentos da AGU. Segundo Luciana, ele não tem direito a foro privilegiado no caso da ação de improbidade nem pode ser beneficiado pela prescrição da pena, ao contrário do que requereu a AGU.

Segundo a procuradora, Lula e Lando tiveram responsabilidade na ordem dada à Dataprev (empresa pública responsável pelos dados da Previdência Social) para a execução do serviço. Para o MPF, os serviços foram feitos sem contrato.

A AGU, que fez a defesa de Lula, afirma que a ação civil pública não pode se somar à acusação de improbidade e que a lei de improbidade administrativa não se aplica a agentes políticos, caso de Lula. Os advogados dizem que ele, por ser ex-presidente, deve ter foro privilegiado e só ser processado no Supremo Tribunal Federal. O caso, diz a defesa, estaria prescrito. Para a AGU, a carta dirigida a pensionistas "tem caráter informativo. O texto não enaltece a figura do governante".

A ação de improbidade sobre o envio das cartas tem conteúdo semelhante a um inquérito sigiloso em tramitação no Supremo, aberto a partir da denúncia principal do mensalão. O inquérito apura "fatos relacionados às irregularidades no convênio firmado entre o Banco BMG e o INSS/Dataprev para a operacionalização de crédito consignado a beneficiários e pensionistas". O procurador-geral da República ainda não apresentou denúncia nem revela os investigados.

Para o MPF, o prazo para prescrição (cinco anos após o fim do mandato) deve ser contado a partir do fim do segundo mandato de Lula, e não do primeiro, como quer a AGU. A Lei de Improbidade Administrativa prevê perda dos direitos políticos por até dez anos e ressarcimento. Lando não foi localizado.

FONTE: O GLOBO

A vida e os autos - Merval Pereira

A parte mais sensível do julgamento do mensalão, justamente a que cuida do envolvimento de políticos na trama criminosa, começou ontem cercada de fatos que não estão nos autos, mas na vida real: as denúncias atribuídas ao lobista Marcos Valério publicadas na revista "Veja", a entrevista do ex-ministro José Dirceu, réu no processo, afirmando que não pretende fugir do país mesmo condenado, e o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, dando declarações cuidadosas sobre o envolvimento do ex-presidente Lula no mensalão. Fatos da maior relevância que demonstram a etapa delicada da História política que vivemos atualmente.

O relator Joaquim Barbosa escolheu a dedo começar esta etapa do julgamento pelo PP, pois é o caso exemplar da compra de apoio político em troca de dinheiro. Partido que estava na oposição, o PP passou-se para o governo sem que houvesse nenhum motivo político relevante naquele momento para a adesão. Até ali, nosso presidencialismo de coalizão não estava tão desmoralizado quanto hoje, quando todos cabem no barco governista a troco de cargos e salários. No início do primeiro governo Lula, ainda havia uma divisão de partidos mais claramente definida, e era preciso fazer a maioria à custa de pagamentos.

Além disso, o PP montou esquema de lavagem de dinheiro muito sofisticado, usando a corretora Bonus Banval, o que serve como exemplo da acusação de lavagem de dinheiro, que, para Barbosa, vem junto com a de corrupção passiva. Essa, aliás, promete ser a discussão mais acalorada no plenário do STF. Se até agora as condenações e as absolvições foram definidas por placar elástico, a acusação de lavagem de dinheiro contra João Paulo Cunha foi aceita por placar bastante apertado, 6 a 5.

Nessa conta entram não apenas os votos dos ministros Lewandowski e Toffoli, que absolveram João Paulo até mesmo da acusação de corrupção passiva, mas até os que, como Rosa Weber, o fizeram por questões de entendimento jurídico. Para ela, a ocultação do dinheiro recebido por ato de corrupção faz parte desse crime, não significando um crime separado passível de nova punição.

Isso quer dizer que os que votaram pela condenação de João Paulo pelos dois crimes podem repetir a dose nesta rodada, ou, se um deles mudar de posição, pode até mesmo influir na sentença do ex-presidente da Câmara, já que os ministros podem mudar de voto até o acórdão com a decisão final do julgamento. Retirar a acusação de lavagem de dinheiro pode reduzir a pena de um condenado entre três a dez anos.

O relator deve ocupar pelo menos mais uma sessão, se não a totalidade das sessões desta semana, para ler o seu voto, pois estão em jogo nada menos que 23 réus e dezenas de acusações. E o revisor provavelmente usará igual tempo para ler o seu voto de contraponto, o que levará o julgamento para um tempo bem além do previsto, quem sabe entrando mesmo por novembro.

Apesar disso, os ministros não entram em acordo para fazer sessões extras, uns porque, como Marco Aurélio Mello, acham que o julgamento não deve ter tratamento especial além do que consideram razoável, outros porque têm compromissos já assumidos ou trabalham também no Tribunal Superior Eleitoral. Mas até mesmo os que, como o presidente Ayres Britto, gostariam de fazer mais sessões para apressar o julgamento, já veem no prolongamento dele fatores positivos. Como, por exemplo, o detalhamento da acusação e da defesa, assim como o debate entre os ministros vogais, para dar uma demonstração de que o julgamento obedece aos melhores ritos do estado de direito.

Simultaneamente, com o interesse crescente da população, alguns ministros estão convencidos que as sessões do STF se transformaram em exemplo de democracia e devem ter um efeito exemplar para os hábitos políticos do país. O desfile de mutretas, encontros em quartos de hotéis, acordos políticos às escondidas em troca de dinheiro serve para demonizar essas práticas. Ao mesmo tempo, os comentários paralelos, ora chamando a atenção para aspectos do rito do devido processo legal, ora para criticar atitudes heterodoxas na negociação política, além do teor dos próprios votos dos ministros, serviriam como uma lição de democracia.

FONTE: O GLOBO

Chama o Okamoto! - Eliane Cantanhêde

A não entrevista de Marcos Valério à revista "Veja" vale menos pelo que mostra e mais pelo que não mostra, mas insinua. É um recado, um aviso, uma ameaça.

Antes do julgamento, havia a crença de que o mensalão "não ia dar em nada". Com o andar da carruagem, está dando em muita coisa: os empréstimos eram fictícios e houve desvio de dinheiro público, corrupção passiva, lavagem de dinheiro. E, ontem, o relator Joaquim Barbosa concluiu: houve compra de voto, sim. O mensalão existiu.

Bate o desespero. Quanto mais o Supremo expõe o grau de comprometimento de cada um, mais os réus revelam o seu grau de compromisso com o esquema. Intensifica-se uma aposta de anos em Brasília: quem vai "abrir o bico" primeiro?

Os maiores candidatos são os três destacados para o papel de principais vilões: Delúbio, do "núcleo político", Pizzolato, do "financeiro", e Valério, do "operacional". Mas Pizzolato é um mequetrefe no PT e, para Delúbio, é uma questão de alma. Porém Valério serve a qualquer senhor e tem bolso, não alma, lealdade.

Como diz o procurador Roberto Gurgel, ele é "um jogador". Dá as cartas, blefa e manipula as fraquezas dos demais jogadores. Sem nada a perder, é capaz de qualquer coisa.

Sua não entrevista não é o fim, é apenas o começo. Ele joga Lula no meio da mesa, sente a repercussão e avisa, como publicou o repórter Ricardo Noblat ontem, que tem fitas gravadas capazes de balançar a República petista. Assim, abre a porteira e deixa mais à vontade outros réus que, como ele, não admitem morrer sozinhos e entram na faixa do "perdido por um, perdido por mil".

Quando a coisa aperta, Valério diz que lhe enviam o faz-tudo de Lula, Paulo Okamoto: "A função dele é me acalmar". Pois quanto mais o julgamento avança, mais trabalho para Okamoto. Tem muito "jogador" precisando ser "acalmado". Só não dá para saber exatamente como.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Lambuzado no melado - Dora Kramer

Marcos Valério demorou anos para se revoltar. Só quebrou o código de silêncio firmado com José Dirceu e Delúbio Soares para proteger Lula quando se viu diante da evidência de que lhe havia sido feita uma promessa vã.

Confiou que as instituições seriam fiéis aos coronéis de turno e se renderiam às conveniências do poder.

Isso está dito na reportagem de capa da Veja: "Em troca do silêncio, (Marcos Valério) recebeu garantias. Primeiro, de impunidade. Depois, quando o esquema (do mensalão) teve suas entranhas expostas pela Procuradoria-Geral da República, de penas mais brandas".

E quais seriam essas garantias? Vamos pensar juntos. Não é difícil percebê-las, partindo do princípio de que o PT fez o que fez confiando que aquela concepção de Lula sobre os "300 picaretas" que faziam e aconteciam no Congresso era o retrato do Brasil.

Primeira presunção de garantia: controlada pela maioria governista, comandada por um presidente do PT (Delcídio Amaral) e um relator do PMDB (Osmar Serraglio), a CPI dos Correios não daria em nada que pudesse produzir maiores e concretas consequências.

Segunda: a Polícia Federal sob as ordens do dublê de ministro da Justiça e advogado do Palácio do Planalto, Márcio Thomaz Bastos, cuidaria de limitar as investigações sem levá-las a inconvenientes profundezas.

Terceira: indicado e reconduzido ao cargo pelo presidente da República, o procurador-geral se apresentasse denúncia não o faria de maneira consistente.

Quarta: de composição majoritária teoricamente "governista" e de inescapável apego a formalidades, o Supremo Tribunal Federal não abriria processo.

Quinta: complexa e ampla demais, a denúncia não se sustentaria na fase judicial e poderia se estender à eternidade em decorrência de manobras da defesa.

Sexta: o julgamento não ocorreria tão cedo e, quando acontecesse, crimes estariam prescritos.

Sétima: permeável à influência dos comandantes da banda, a Corte de "maioria governista" teria comportamento de poder subordinado. Seja para absolver os acusados ou para lhes abrandar as punições, conforme a promessa feita a Marcos Valério sobre o pior que lhe poderia acontecer se calado ficasse.

Como a realidade mostrou e ainda não se cansou de demonstrar, o Brasil não é tão arcaico, desorganizado, institucionalmente desqualificado nem tão apinhado de vendidos como supunha o PT ao assumir a Presidência da República.

Há juízes em Brasília, como se repete agora a toda hora. Mas também há deputados, há senadores, há delegados, há agentes de polícia, há procuradores, há, sobretudo, uma sociedade a quem todos eles respondem em grau de responsabilidade muito maior que a lealdade supostamente devida ao modelo do "coronelato" que o PT pretendeu copiar.

Cópia cuja matriz é uma visão equivocada do País. Talvez o erro crasso do PT tenha sido acreditar que o Brasil era pior do que de fato é.

Lambuzou-se no melado ao imaginar que a posse do Estado lhe conferia poderes ilimitados para tratar a tudo e a todos como devedores de obediência total e reverência absoluta a uma hierarquia que só existia na cabeça autoritária do PT.

Caldo de galinha. Nota-se pela cautela da reação às declarações de Marcos Valério para Veja, que Lula e companhia não sabem exatamente o quê, mas percebem com nitidez o que vem mais pela frente.

Assim como não compartilham da ilusão da militância de internet de que o mineiro não tenha falado à revista já que as frases foram alegadamente ditas a terceiros, um expediente comum na preservação do sigilo da fonte de informações.

Diante do imponderável e da óbvia existência de lastro (gravações), acham melhor não provocar.

O esperneio de Valério revela que a história real é mais feia que a ora narrada pelo Supremo Tribunal Federal.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Duas questões - Tereza Cruvinel

O "jogo jogado" do Supremo Tribunal Federal foi enunciado ontem pelo voto do ministro-relator, Joaquim Barbosa. Foi traçado o roteiro para a condenação dos parlamentares, de Delúbio Soares, do ex-presidente do PT José Genoino e do ex-ministro José Dirceu por corrupção passiva e ativa e, por decorrência, formação de quadrilha. As condenações serão garantidas pela nova doutrina adotada pelo tribunal, que dispensa provas materiais, valorizando os indícios e o "sentido" da narrativa. Tão claro isso está que poderiam os ministros, ou pelo menos a maioria já formada, poupar-se o tempo e o trabalho com a apresentação de longos e minuciosos votos. Ao longo da exposição, Barbosa amarrou todas as pontas com referências frequentes a Dirceu. É contra ele a mais evidente falta de provas, como admitiu o procurador-geral em sua acusação.

Que o valerioduto existiu e abasteceu partidos aliados do PT, ninguém nega. O que Lula e outros negaram foi o mensalão enquanto "balcão" de compra de votos a R$ 30 mil cada, como denunciado por Roberto Jefferson. Não há dúvida de que delitos e crimes foram cometidos. A luta política anabolizou a narrativa numa CPI dominada pela oposição, o Ministério Público referendou-a e o relator também. A metodologia do fatiamento e o não desdobramento garantiram o resto. Há, porém, duas questões nesse julgamento que ninguém quer discutir, por conveniências diversas. Uma, a heterodoxia do julgamento, para usar a palavra do ministro Lewandowski, que consiste na mudança dos paradigmas das provas. Outra, o "desconhecimento" (de fato ou de propósito) do real sistema político brasileiro, sobre o funcionamento da política e do Congresso, por um tribunal que tem procurado refletir a realidade.

A heterodoxia vem deixando perplexo o meio jurídico, e especialmente a brilhante constelação de advogados de defesa, que sairá do julgamento derrotada, e nada tem dito (por ora) para não piorar a situação dos clientes. A nova linha do STF é inteiramente oposta à que foi adotada no julgamento de Collor, absolvido por falta de provas. O Supremo recebeu uma corrente de louvores (está nos jornais da época) por ter resistido a condenar sem provas. Agora, quando votam, alguns ministros justificam o voto com longas preleções, quase cifradas, sobre essa mudança de paradigma. O grande público não alcança a explicação, mas eles falam é para o meio jurídico. Falam no devido processo legal, na presunção da inocência e no valor das provas materiais. Mas concluem, a seguir, que, no caso presente, devem condenar com base nos indícios e na teoria do domínio do fato, que é o conhecimento do conjunto de ilícitos, ou seja, do "esquema", pelo acusado. Como diz (e aplaude) o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho, "os ministros já firmaram o entendimento de que não há necessidade de prova direta para condenar um criminoso por corrupção passiva. Valorizar-se-á, ao que tudo indica, a análise sistemática das provas, a lógica e o bom senso, que ostensivamente apontam para o cometimento orquestrado e metódico dos mais variados crimes".

Uma das poucas vozes que se levantou criticamente foi a do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, em entrevista à revista Carta Capital. Antevendo o desfecho, ele disse: "Não sei se José Dirceu é inocente ou se, como outros, cometeu algum crime à sombra do ilícito caixa 2. Mas se for condenado sem provas, será um julgamento de exceção". E ainda: "A teoria do domínio do fato é a espinha dorsal para a condenação sem provas. Para tanto, o procurador insinuou e o relator apresenta repetidamente, em paralelo aos autos, um enredo perverso ligando todos os ilícitos, como se fossem uma mesma coisa, cujo autor sem assinatura seria José Dirceu. A ideia é tornar aceitável a interpretação segundo a qual "quanto mais elevada for a posição do criminoso nas hierarquias sociais, mais fácil a ocultação de provas". Ou a de que, "não havendo provas, é forte indício de que há o mando de uma autoridade".
Discordando do AI-5, o vice-presidente Pedro Aleixo disse ao general Costa e Silva: "Minha preocupação, presidente, é com o guarda da esquina". Na condenação sem provas, o guarda da esquina é o juiz de primeira instância, pois decisões do Supremo emanam para todo o sistema como regras.

A segunda questão é o alheamento da realidade política. Barbosa não se perguntou, por exemplo, se o governo alcançaria a maioria cooptando apenas os sete réus deputados do PP, do PL e do PTB. O deficit do governo era de 106 votos antes do ingresso desses partidos na coalizão governista. Barbosa, entretanto, afirmou que o PP era oposição ao governo, e só podia estar vendendo o voto. Na "real politik" brasileira, partidos da coalizão fazem jus à ajuda de campanha do partido majoritário. Vide o valerioduto tucano. Tal ajuda chega sempre por caixa 2. Errado, mas é assim que funciona.

Apatia petista. Na bancada petista e na militância, muita perplexidade com a apatia do partido diante da matéria da revista Veja sobre supostas declarações de que Marcos Valério teria feito a terceiros, acusando Lula de chefiar o mensalão. A executiva do partido reuniu-se ontem e soltou uma nota que não fez referência ao assunto nem ao julgamento em curso no STF. Falou da conjuntura eleitoral como se nada mais estivesse acontecendo.

Excitação tucana. Já a militância tucana está com gosto de sangue na boca, aplaudindo a decisão do partido de pedir a abertura de um inquérito contra Lula, com base nas supostas afirmações de Valério a terceiros, segundo a Veja. O advogado do empresário negou que ele as tenha feito. Mas o estrago político, inclusive no sentido de influenciar o julgamento, está bem feito.

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE

Governo prepara fidelização de votos - Raymundo Costa

O retrato da nova classe média brasileira será mostrado amanhã na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). É a primeira etapa de um projeto em que serão realizadas pesquisas primárias em 10 mil domicílios, anualmente, a fim de mapear os anseios da nova classe média, formatada em documento chamado "Vozes da Classe Média", a ser lançado nesta quarta-feira, 20.

A nova classe média é o assunto atual de cabeceira da presidente Dilma Rousseff, além das desonerações de impostos ou o mensalão do PT. No momento, ela está lendo o livro" It"s The Middle Class, Stupid!", de James Carville. Mas é um livreto de pouco mais de 40 páginas que resume o que o governo pensa e projeta para a nova classe média.

O diagnóstico a ser mostrado é otimista: "Nos últimos dez anos, 35 milhões de pessoas entraram na classe média, que passou de 38% para 52% da população, somando hoje mais de 100 milhões de pessoas".

Planalto monitora protagonismo da nova classe média

O texto reconhece que os programas sociais implementados nesse período foram "eficazes para reduzir a pobreza e promover a inclusão produtiva". Mas deixa claro que outras razões contribuíram e que a discussão sobre o assunto, agora, deve mudar de patamar.

"A questão que se coloca neste momento é se esse mesmo leque de programas permanecerá sendo a melhor opção, agora que a extrema pobreza foi reduzida a menos da metade e a classe média passou a representar mais da metade da população"- avalia a Comissão Ministerial para a Definição da Nova Classe Média, coordenada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE).

"O elevado crescimento da classe média deve-se ao processo de crescimento combinado com a redução na desigualdade", diz o ministro da SAE, Wellington Moreira Franco.

Conforme a comissão da SAE a divisão da sociedade brasileira em três grandes grupos (classes baixa, média e alta) "em termos de renda familiar per capita é providencial para que se possam descrever as profundas transformações sociais por que tem passado a sociedade brasileira".

Segundo esse critério, foram considerados pertencentes à classe baixa "todos aqueles com alta probabilidade de permanecerem ou passarem a ser pobres no futuro próximo (renda per capita inferior a R$ 291,00 por mês); na classe média foram alocados aqueles com baixa probabilidade de permanecerem ou passarem a ser pobres (renda entre R$ 291,00 e R$ 1.019,00, numa verificação empírica) e, na classe alta, "todos aqueles com possibilidades irrisória de passarem a ser pobres no futuro próximo, famílias com renda per capita acima de R$ 1.019,00 por mês).

Por esses critérios, estima que o tamanho da classe média brasileira, ao final de 2012, será de 53% da população (104 milhões de pessoas). Seria o 12º país mais populoso do mundo, logo depois do México.

Ao passar de 38%, em 2002, para 53%, em 2012, o aumento da classe média não se limitou a acompanhar o crescimento populacional do país. Hoje ela tem 37 milhões de pessoas a mais do que há uma década. "Desse total, oito milhões são resultado do crescimento vegetativo da população e 29 milhões se devem à entrada de pessoas na classe média - em outras palavras, quase 80% do crescimento deveu-se ao aumento na sua participação relativa no total da população (de 38% para 53%).

"O alargamento da classe média brasileira é muito mais um resultado da queda na desigualdade do que propriamente do desenvolvimento econômico", diz o documento.

Mantidas as atuais taxas de crescimento e a tendência de queda na desigualdade dos últimos dez anos, "a classe média deverá abranger 55% da população brasileira em 2022". Para o ministro Moreira Franco, "Se o grau de desigualdade deixar de cair, o tamanho da classe média permanecerá estável nos atuais 53%".

Outros números consolidados pela comissão da SAE: "Enquanto 57% da população brasileira em idade ativa estão ocupados, na classe média a proporção já alcança 61%"; a classe média já responde por 48% da renda e por 42% do consumo das famílias. "No contexto mundial, o Brasil representa hoje o 8º mercado consumidor, logo após a Itália; à medida em que a classe média responde por 42% do consumo das famílias brasileiras, se ela fosse um país representaria o 15 mercado consumidor mundial, logo abaixo da Espanha e a Áustria e acima da Rússia".

A combinação de crescimento econômico e redução de desigualdades proporcionou um crescimento de 3,5% ao ano na renda daqueles que hoje formam a classe média, enquanto a renda média das famílias brasileiras, no mesmo período de dez anos, cresceu 2,4% ao ano. Em relação ao consumo, a atual classe média aumentou seus gastos em 3,8% anuais, contra 2,7% das demais famílias brasileiras.

"Vozes da Classe Média" também já esboça um desenho do que essa maioria da população quer. "Ao contrário da população pobre, que tem de dedicar grande parte de sua atenção à formulação de estratégias de sobrevivência, a classe média já dedica a sua à visualização do futuro, ao desenho de estratégias voltadas à preservação de ganhos alcançados ou à continuidade de seu processo de ascensão".

O documento propõe duas abordagens para identificação do que quer a nova classe média: padrão de consumo e a demanda por serviços privados. Por exemplo: a porcentagem de estudantes da classe média em instituições privadas (14%) é quatro vezes maior que a correspondente na classe baixa (3%) e quatro vezes menor que na classe alta (59%). O mesmo ocorre em relação à saúde, embora o crescimento não seja linear (a classe média fica mais próxima da classe alta, devido aos planos de saúde particular, entre outros motivos pela maior incidência do trabalho formal na classe média.

O estudo trata ainda do que quer a classe média em relação à casa própria, educação, meio ambiente. "É (a classe média) protagonista de "um novo Brasil, seja pelo seu peso na população (100 milhões de pessoas), seja pelo seu peso econômico, já que movimenta aproximadamente um trilhão por ano.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

Bancários entram em greve em todo o País

Bancários de todo o País entram em greve

Sindicatos querem reajuste de 10,25%, enquanto instituições financeiras oferecem 6%; para Fenaban, economia indefinida em 2012 requer cautela

Beatriz Bulla

Os bancários de todo o País entram em greve por tempo indeterminado a partir de hoje. Desde a primeira semana do mês, quando a Federação Nacional de Bancos (Fenaban) apresentou proposta de reajuste salarial muito distinta da reivindicação dos bancários, os trabalhadores ameaçavam cruzar os braços.

Os banqueiros apresentaram proposta de reajuste linear para salários, pisos e benefícios de 6,0%. A proposta passa longe da reivindicação dos trabalhadores, que pedem 10,25%, sendo 5,0% de aumento real. Além do reajuste salarial, os trabalhadores pleiteiam mudanças na participação nos lucros e resultados (PLR) e em outras questões econômicas.

A proposta da Fenaban foi de PLR de 90% do salário acrescido de valor fixo de R$ 1.484, podendo chegar a 2,2 salários de cada empregado. A reivindicação dos bancários à Fenaban é de PLR de três salários mais R$ 4.961,25 de parcela fixa. "As expectativas que eles demonstram estão fora da realidade que a economia está vivendo. Este ano, a economia está muito indefinida. Precisamos de certa cautela para fazer acordos", justificou o diretor de Relações de Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico.

Serviço ao consumidor. Em nota, o Procon-SP alertou que o consumidor deve saber que a greve não tira sua obrigação de pagar faturas, boletos bancários ou qualquer outra cobrança, mas, para isso, a empresa credora deve oferecer outras formas e locais para que os pagamentos sejam efetuados pelo consumidor. Assim, a recomendação é entrar em contato com a empresa e solicitar outra opção de local para efetuar o pagamento.

A Federação Brasileira dos Bancos lembra que, além das agências bancárias, os consumidores podem realizar suas operações em caixas eletrônicos e em correspondentes não bancários, como casas lotéricas, agências dos correios e redes de supermercados. Outra opção é fazer as transações por meio de internet, telefone fixo ou celular.

Segundo o Procon, caso o fornecedor não indique outro local de pagamento, o consumidor deve documentar a tentativa de quitar o débito e pode registrar uma reclamação junto ao órgão.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

O governismo não compensa - José Augusto Guilhon Albuquerque

Que disputa é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno? Não há opção

As eleições na capital estão se revelando uma caixinha de surpresas.

A primeira delas é que, até agora, o tão esperado efeito Lula não deu o ar de sua graça. Nas eleições de 2010, a esta altura Dilma já estava garantida no segundo turno, enquanto o novo protégé de Lula continua comendo poeira, já tendo gasto meia sola de sapato.

Outra surpresa é a inversão de papéis entre Serra e Russomanno. Pelo andar da carruagem, não está de todo excluído que seja Serra, e não Russomanno, quem disputará com Haddad a honra de chegar ao segundo turno na lanterna, contra o candidato populo-malufo-evangélico que, tal um Jânio redivivo, come o eleitorado centrista de Serra pelas duas bordas, à direita e à esquerda.

Poupado até ontem pela esperteza dos adversários que o consideravam carta fora do baralho, Russomanno vem nadando de braçada, juntando rejeições ao lulismo a rejeições ao tucanato, somadas ao voto malufista.

O lugar do malufismo nestas eleições -ao mesmo tempo oficialmente no palanque do PT e profundamente enraizado no populismo de direita que inspira Russomanno- é muito revelador: esta é uma eleição sem rumo e sem norte, deixando o eleitor sem opção.

Que disputa política é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno?

Onde estará o eixo dessa competição entre variantes de um governismo envergonhado, difuso e onipresente? Obviamente não com o candidato petista, subproduto do ressentimento de Lula face às sucessivas derrotas que os paulistanos lhe têm infligido, imposto ao PT goela abaixo e com quem o eleitorado petista mais fiel sequer consegue se identificar.

Tampouco serão essas outras caras novas, com pouco ou nenhum lastro conhecido e que disputam entre si a medalha de melhor comportamento junto ao padrinho e à madrinha dos pobres.

Quanto a Serra, deixou-se iludir pela extensão do tempo de TV e pela esperança de que o marketing resolvesse tudo.

Mas quem elege é mesmo o cidadão comum e, em São Paulo, o governismo não compensa. O paulistano não deve sua existência a nenhum governo, já não tem paciência com a corrupção, a impunidade, o desperdício, a incompetência, o eterno improviso, a mudança quase diária de normas e leis, o nível que o compadrio e o filhotismo atingiram em nosso país.

Isso sem falar na intimidação e no desrespeito aos direitos essenciais dos cidadãos, impostos por hordas de desordeiros que afrontam as leis e paralisam o país, mimetizando a luta de classes em autêntico deboche para com os mais necessitados.

O gesto do STF, ao castigar impiedosamente os graúdos, tratando a bandidagem como criminosos que são, está tendo um impacto profundo na população. Talvez não dure, mas enquanto durar o eleitor não vai aceitar, de seus representantes, nada menos do que um gesto à altura.

José Augusto Guilhon Albuquerque, 71, é professor titular da USP e coordenador de projetos do Grupo de Estudos Brasil-China do Centro de Estudos Avançados da Unicamp

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Russomanno, o católico - Cláudio Gonçalves Couto

Diante do questionamento sobre seus vínculos com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), o candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, replica ser católico fervoroso. Diz que católico é não apenas ele, mas 80% de seu partido, que teria apenas 6% de membros da Igreja Universal. Não informa a fonte dos números, mas, mesmo admitindo sua correção, ainda é o caso de questionar sua relevância.

Afinal, as características do conjunto de filiados de um partido diz pouco sobre seus rumos ou propósitos gerais. Agremiações partidárias são organizações de poder concentrado, decisões centralizadas e relações hierárquicas. Isso não é característica do PRB, mas de quaisquer partidos políticos relevantes, mundo afora. Mesmo agremiações originalmente abertas à participação da base militante, como PT e PSDB, se tornaram partidos de poder concentrado.

A concentração decorre da profissionalização da política em geral e dos partidos, em especial. Tal como as empresas, agremiações não profissionalizadas não prosperam: não vencem eleições, não gerem bem suas finanças, não elaboram estratégias vitoriosas de conquista e manutenção do poder. E é para isso que os partidos servem - ainda que acalentemos fins mais nobres para eles.

É fundamental compreender o que realmente importa no funcionamento dos partidos e na definição dos reais interesses por eles defendidos, a saber: a composição de seu grupo dirigente. Logo, tanto faz se de fato houver 80% de católicos entre os filiados do PRB, pois o que, na verdade, conta é a composição dos ocupantes dos cargos de comando na organização.

Levantei estes dados do partido de Russomanno, observando dois tipos de informação: 1) a composição da Executiva Nacional e 2) a presidência dos órgãos estaduais. Ressalte-se ainda que, no que concerne aos Estados, o PRB está organizado (sem nenhuma exceção) em "Comissões Provisórias", um tipo de estrutura que priva os órgãos estaduais de autonomia em relação à direção nacional (como poderia haver no caso de diretórios); assim, pode-se afirmar que os presidentes estaduais são prepostos da Executiva Nacional. Em alguns Estados, como Roraima, tal "provisoriedade" dura desde 2007 e em todos os casos seu prazo de vigência é indeterminado. Assim, o partido reflete nos Estados a diretriz dada pelo centro.

A Executiva Nacional é composta por 18 membros, sendo dez deles (55%) oriundos da Igreja Universal do Reino de Deus ou da Record (em alguns casos, de ambas). No caso dos sete cargos hierarquicamente mais importantes na Executiva, todos os membros são igualmente oriundos da Iurd ou da Record. É bom frisar que essa é uma estimativa modesta, pois não foi possível obter informações sobre sete dos membros (que, aparentemente, não têm uma vida pública de relevo).

Nos órgãos estaduais os números são mais impressionantes. Dos 27 presidentes, só quatro (15%) não têm ou não tiveram vínculo formal aparente com a Igreja Universal ou a Record. Todos os demais ou são eclesiásticos da Iurd ou foram funcionários da Record, ou ambas as coisas. Se Russomanno considera que um partido com 80% de católicos não é vinculado a uma denominação neopentecostal específica, o que dizer de uma agremiação em que nada menos que 85% dos dirigentes estaduais são não apenas fiéis de uma igreja, mas seus funcionários e dirigentes?

Não há como ignorar os vínculos orgânicos entre a igreja, o grupo de comunicação e o partido. A presença simultânea e/ou a circulação de dirigentes nas três organizações evidenciam haver um mesmo grande empreendimento. Iniciado nos anos 70 por Edir Macedo, teve tanto sucesso no acúmulo de recursos que logrou comprar a Rede Record no início dos anos 90 e, após a eleição esparsa de parlamentares por diversos partidos, encampar uma agremiação própria nos anos 2000.

A presença de não membros da Iurd tanto na Record como no partido não desmente a lógica de conglomerado empresarial. Ora, por que motivo uma emissora vinculada a uma igreja evangélica tem em sua grade de programação um programa de forte apelo erótico como A Fazenda? Simples: porque dá audiência e, consequentemente, lucro. E por que um partido controlado por essa igreja evangélica tem como candidato na maior cidade do País um "católico fervoroso"? Simples: porque viu nele a opção mais competitiva para disputar (e, talvez, ganhar) a eleição. Nos dois casos, trata-se de lançar mão do melhor instrumento disponível para alavancar o empreendimento. É de negócios que se trata.

Para que ninguém se iluda, a própria Igreja Universal, por meio de seu veículo próprio de imprensa, a Folha Universal, deu boa mostra de como operam as relações de lealdade entre a direção da organização e seu corpo de funcionários. Desde 30 de agosto, em diferentes cidades do País, foi lançado um livro que traz a autobiografia do bispo Edir Macedo - com o sugestivo título Nada a Perder. Ao lançamento compareceram e adquiriram a obra, prestigiando o patrão, leais funcionários cuja trajetória não tem nada de fidelidade religiosa à Iurd: os jornalistas Paulo Henrique Amorim e Jorge Pontual, a modelo e apresentadora Ana Hickmann - para quem "o bispo Edir Macedo é uma inspiração pelas lutas que enfrentou e venceu" - e a atriz Bianca Rinaldi.

Celso Russomanno é também empregado da Record, cujos funcionários demonstraram sua lealdade ao bispo, chefe maior da igreja, que controla o grupo de comunicação. Tendo em vista que vínculo equivalente há entre igreja e partido, que conduta se pode esperar dos membros da agremiação que forem eleitos? Certamente, mandatários em cargos importantes, como o prefeito de São Paulo, podem gozar de autonomia política considerável. Desde que, claro, estejam dispostos a exercê-la. Será o caso aqui?

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO