terça-feira, 16 de outubro de 2012

OPINIÃO DO DIA - Cezar Peluso: ‘o mensalão maculou a República’ (LXIII)


 O magistrado não condena ninguém por ódio. Na verdade, as condenações são imposição da consciência do magistrado não apenas do ponto de vista funcional, mas também do ponto de vista ético, do ponto de vista pessoal em que o magistrado condena, primeiro, por uma exigência de Justiça. Em segundo, porque reverencia a lei que é a salvaguarda e a garantia da própria sociedade em que todos vivemos".

Cezar Peluso, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, que participou de parte do julgamento do mensalão

Manchetes dos principais jornais do Brasil

O GLOBO 
Governo recorre para não desocupar Jardim Botânico 
Estado compra briga com refinaria 
Duda Mendonça é absolvido e relator sofre maior derrota 
Jornalistas temem os governantes 
Falhas prolongam o caos aéreo 
MEC quer cursos de nivelamento 

FOLHA DE S. PAULO 
Marqueteiro de Lula é absolvido pelo Supremo 
Hoje crítico do 'kit gay', Serra enviou a escolas cartilha similar 
Final de ‘Avenida Brasil’ faz Haddad adiar comício com Dilma em SP. 
Viracopos leva 45 horas para tirar avião com pneu estourado 
Palavra do aluno definirá cor para preencher cotas nas federais 

O ESTADO DE S. PAULO 
STF absolve Duda Mendonça e sua sócia no caso mensalão 
Plano de Serra defende uso de programas da gestão Kassab 
Novas regras de energia podem parar na Justiça 
SIP destaca ameaça à liberdade da mídia 

VALOR ECONÔMICO 
Vale elimina dividendo suplementar 
A estratégia da 'gestora do Arminio' 
Reação da economia revigora balanços 
Estudos sobre parcerias levam o Nobel 

BRASIL ECONÔMICO 
Tombini rebate Bernanke e ataca política de incentivos americana 
Marco Maia diz que mensalão só teve impacto nas capitais 
Aneel anuncia hoje lista de concessões 
Sobe o tom 

CORREIO BRAZILIENSE 
Cotistas terão dupla chance no vestibular 
Comércio aposta no IPI reduzido 
Marqueteiros de Lula são absolvidos 
Caos aéreo tumultua fim do feriadão 

ESTADO DE MINAS 
Federais correm para se adequar às cotas 
Marqueteiro escapa de condenação 
Cemig desiste de renovar 3 concessões 
Comissionados do Estado também querem reajuste 

ZERO HORA (RS) 
Petrobras quer gasolina 10% mais cara depois do 2º turno 
PSB e PT crescem, mas PMDB e PP dominam 
RS terá mais 1,2 mil vagas para cotistas em 2013 

JORNAL DO COMMERCIO (PE) 
Dircon vai fiscalizar cilindros e bujões 
Após 70 dias, PF encerra greve 
Estaleiros vão receber R$ 7,4 bilhões

Duda Mendonça é absolvido e relator sofre maior derrota

Na maior derrota do relator Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão, o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, foram absolvidos dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Barbosa votou pela condenação de Duda — que recebeu R$ 10,4 milhões do PT numa offshore nas Bahamas — por lavagem, mas só dois ministros o acompanharam. Ele só tinha sido vencido em casos de réus menos importantes no esquema. Marcos Valério e Kátia Rabello foram condenados
 
STF absolve Duda Mendonça

Publicitário e sócia respondiam por evasão de divisas e lavagem de dinheiro; Barbosa critica MP

André de Souza, Carolina Brígido

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) absolveu ontem o publicitário Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. O Ministério Público acusava Duda e Zilmar de ocultar a origem de dinheiro pago pelo PT - via Marcos Valério e Banco Rural - para saldar dívidas da campanha do ex-presidente Lula, em 2002. Parte desse dinheiro -R$ 1,4 milhão - foi sacada por Zilmar em uma agência do Banco Rural, em São Paulo. O restante - R$ 10,4 milhões - foi recebido em uma offshore chamada Dusseldorf nas Bahamas, um paraíso financeiro.

A maioria dos ministros os absolveu de lavagem por entender que não havia provas de que eles sabiam da origem ilícita dos recursos. Quanto à acusação de evasão de divisas, eles escaparam graças a uma brecha legal.

Também foram absolvidos do crime de evasão Vinícius Samarane, vice-presidente do Banco Rural; Cristiano Paz, ex-sócio de Marcos Valério; e Geiza Dias, ex-funcionária de uma das empresas de Valério. Por outro lado, foram condenados cinco réus por evasão de divisas: o próprio Marcos Valério; seu ex-sócio Ramon Hollerbach; a ex-diretora de sua agência Simone Vasconcelos; e os ex-dirigentes do Rural Kátia Rabello e José Roberto Salgado.

Frustrado com as absolvições, o ministro relator do mensalão, Joaquim Barbosa, desabafou e criticou o Ministério Público. O próprio relator já havia absolvido Duda e Zilmar do crime de evasão de divisas e de lavagem no caso dos saques no Banco Rural, mas condenado os dois por 53 práticas desse crime de lavagem no caso das remessas ao exterior.

- Poderia revisar meu voto para que o Ministério Público aprenda a fazer denúncia de forma mais explícita. Houve ações muito claras de Duda Mendonça no sentido do cometimento deste crime - disse Joaquim Babosa.

Quando tratou da acusação de evasão contra Duda e Zilmar, Barbosa disse estar convicto de que mantiveram uma conta não declarada em Miami. Mas ponderou que manter dinheiro no exterior não é crime. Ele ressaltou que uma circular do Banco Central isenta brasileiros de declarar conta no exterior se, no último dia do ano, o saldo for inferior a US$ 100 mil. O saldo da conta dos publicitários era de apenas US$ 573 em 31 de dezembro de 2003.

Banco Central tem brecha para não punição

Em depoimento, os réus afirmaram que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares ofereceu esse mecanismo de recebimento do dinheiro. Os dois não poderiam negar a oferta, pois o serviço já estava executado. Barbosa ressaltou que, no caso dos saques no Rural, os publicitários receberam o dinheiro diretamente, sem o auxílio de outra pessoa para ocultar a origem ou a propriedade dos recursos.

- Os valores recebidos por eles constituíram contraprestação financeira por serviços prestados. Assim, não há como afirmar que ambos integraram a quadrilha ou a organização criminosa a que se referem os autos, ou mesmo que tinham conhecimento dos crimes. É até possível dizer que Duda e Zilmar, com esse procedimento, tinham o objetivo de sonegar tributos. Porém, eles foram denunciados nesse ponto tão somente por lavagem de dinheiro, e não por sonegação fiscal. Daí porque, no meu entender, impõe-se a absolvição de Duda Mendonça e Zilmar Fernandes - explicou o relator.

Para receber os R$ 10,4 milhões, Duda abriu uma offshore Dusseldorf nas Bahamas, com a ajuda do BankBoston. O número da conta da empresa, em Miami, foi repassado a Marcos Valério. Cabia a Simone Vasconcelos informar aos credores as datas de pagamentos. Para Barbosa, está clara a manutenção do dinheiro no exterior sem o conhecimento das autoridades brasileiras, configurando o crime de lavagem. Ele concluiu que a norma do Banco Central "deixa uma brecha" para que esse tipo de atividade não seja punida como evasão de divisas.

O revisor, Ricardo Lewandowski, foi além e absolveu Zilmar e Duda de todas as acusações. Segundo ele, os dois não tiveram escolha para receber o que o PT lhes devia a não ser abrindo uma conta no exterior. Para o revisor, eles não tinham conhecimento da origem ilícita dos recursos:

- Inexistem elementos nos autos que indiquem que os réus Duda Mendonça e Zilmar Fernandes tinham conhecimento de que os créditos tinham origem ilícita.

Acompanharam Lewandowski os ministros Rosa Weber, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Ayres Britto. Já Luiz Fux e Gilmar Mendes votaram com Barbosa. O único ministro a votar diferente de relator e revisor foi Marco Aurélio: ele absolveu Duda e Zilmar de lavagem, mas foi voto isolado ao condená-los por evasão.

Celso de Mello, e o presidente, Ayres Britto, absolveram Duda e Zilmar das acusações de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas. Eles ressaltaram que, para ocorrer a lavagem, é preciso detectar um crime antecedente para "sujar" o dinheiro.

O relator chegou a argumentar que o crime antecedente da lavagem atribuída aos publicitários era a evasão de divisas para o exterior. No entanto, a maioria dos ministros do STF discordou da tese. Os dois advogados dos réus chegaram a pedir a palavra no plenário para explicar que o crime antecedente apontado na denúncia era peculato e gestão fraudulenta.

- O esquema de pagamento foi o mesmo engendrado por Marcos Valério e pelo núcleo financeiro. Mas o único recebedor de dinheiro deste esquema que era realmente credor do PT era Duda Mendonça. Havia um contrato de prestação de serviços e os serviços foram prestados - disse Ayres Britto.

Fonte: O Globo

Marqueteiro de Lula é absolvido pelo Supremo


O STF absolveu o publicitário Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes dos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro no caso do mensalão. Ele recebeu R$ 11 milhões do PT pela campanha de Lula em 2002. A maioria dos ministros do Supremo seguiu o entendimento do revisor Ricardo Lewandowski, segundo o qual o pagamento ao marqueteiro foi legítimo e não ficou provado que ele sabia da origem ilícita do dinheiro

MENSALÃO O JULGAMENTO

STF absolve marqueteiro da campanha de Lula em 2002

Duda Mendonça era acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro

Maioria dos ministros entendeu que ele e sua sócia não tinham como saber que PT os pagou com dinheiro ilícito

Felipe Seligman, Flávio Ferreira e Márcio Falcão

BRASÍLIA - O STF (Supremo Tribunal Federal) absolveu ontem o publicitário baiano Duda Mendonça e sua sócia Zilmar Fernandes dos dois crimes de que eram acusados no caso do mensalão, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.

Duda foi responsável pela vitoriosa campanha presidencial de Lula em 2002 e, por seu trabalho, recebeu mais de R$ 11 milhões do PT.

A revelação feita por ele à CPI dos Correios de que o pagamento ocorreu via paraíso fiscal representou o momento de maior tensão do escândalo. Na época, congressistas e integrantes do Planalto chegaram a cogitar a possibilidade de impeachment de Lula, então no terceiro ano de seu primeiro mandato (2005).

Pela primeira vez desde o inicio do julgamento, prevaleceu a íntegra do voto do revisor do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski.

O relator do processo, Joaquim Barbosa, havia votado pela condenação de Duda e Zilmar pelo crime de lavagem (tentativa de ocultar a origem ilícita de um recurso).

A maioria dos ministros, porém, seguiu o entendimento de Lewandowski de que os pagamentos a Duda -ocorridos por meio do esquema do empresário Marcos Valério Fernandes- foram feitos pelos serviços da campanha. E que não ficou provado que ele e sua sócia sabiam da origem ilícita dos recursos.

"Ficou claro que o objetivo dos réus não era fazer branqueamento de capitais, mas receber débitos lícitos", disse o revisor.

"O crime de lavagem de dinheiro é um delito de uma seriedade tão grande que nós não podemos barateá-lo. Nós, sem dúvida estaremos abrindo as portas", contra-argumentou Barbosa.

O STF já entendeu, em sessões anteriores, que o esquema desviou recursos públicos com o objetivo de comprar apoio político no Congresso.

A acusação contra Duda e sua sócia sobre lavagem se dividia em duas etapas. Primeiro eles receberam, no início de 2003, cerca de R$ 1,4 milhão em agência do Banco Rural em São Paulo.

O restante foi enviado para uma conta de Duda em uma offshore no Caribe chamada Dusseldorf.

Em relação à primeira etapa, todos os ministros entenderam que o publicitário e sua sócia não poderiam saber que existia o esquema porque naquela época boa parte dos crimes do mensalão não havia ocorrido.

Quanto à segunda parte, o placar ficou em 7 a 3. A maioria entendeu que o Ministério Público não conseguiu comprovar que eles só aceitaram receber o pagamento fora do Brasil porque sabiam que os recursos eram ilícitos.

Além disso, a maioria entendeu que eles também deveriam ser absolvidos pelo crime de evasão de divisas. Eles foram acusados de não fazer a devida declaração às autoridades brasileiras.

O tribunal, no entanto, afirmou que não se aplicava a Duda regra do Banco Central que exige declaração daqueles que no último dia do ano tiverem mais de US$ 100 mil na conta internacional.

Apesar da absolvição de Duda e Zilmar, cinco réus ligados ao núcleo publicitário e financeiro foram condenados por evasão: Valério, seu sócio Ramon Hollerbach e sua funcionária Simone Vasconcelos, além da dona do Banco Rural, Kátia Rabello, e o dirigente José Salgado.

O tribunal entendeu que eles realizaram os depósitos no exterior por meio de operações ilícitas.

A sessão de ontem teve novamente momentos tensos, com Barbosa cobrando coerência de Lewandowski por ele ter condenador alguns dos réus após absolver outros. "Cobrar coerência dos colegas é inaceitável numa corte superior. Se formos apontar incoerências, vamos encontrar muitas. Se passarmos pente fino nos votos, vamos encontrar algumas contradições", disse Lewandowski.

Fonte: Folha de S. Paulo

STF absolve Duda Mendonça e sua sócia no caso mensalão


O Supremo Tribunal Federal absolveu o publicitário Duda Mendonça, marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, da acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas - remessa ilegal de dinheiro para o exterior. O relator do processo, Joaquim Barbosa, votou pela condenação, mas foi derrotado pela tese do revisor, Ricardo Lewandowski, que votou pela absolvição e foi seguido por mais cinco ministros. No entendimento de Lewandowski, Duda e sua sócia, Zilmar Fernandes, também ré no processo, não tinham como saber que o dinheiro que recebiam tinha origem criminosa. “Nesse caso, o Ministério Público não comprovou que os réus tivessem ciência da origem ilícita do dinheiro”, afirmou. Na acusação, o MP considerou que Duda teria cometido crime ao abrir conta no exterior para receber R$ 10,8 milhões referentes ao pagamento pelos serviços prestados à campanha de Lula

Maioria do Supremo absolve Duda de crimes de evasão e lavagem de dinheiro

Felipe Recondo Mariângla Gallucci

BRASÍLIA - A maioria dos ministros do Su­premo Tribunal Federal absol­veu ontem o publicitário Du­da Mendonça, marqueteiro da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Apenas o re­lator do processo, Joaquim Barbosa, e os ministros Luiz Fux e Gilmar Mendes votaram pela condenação dele e de sua sócia, Zilmar Fernandes, por uma das acusações de lava­gem. A posição do revisor, Ri­cardo Lewandowski, foi acom­panhada por cinco ministros até a conclusão desta edição.

Duda e sua sócia, Zilmar Fer­nandes, foram denunciados por dois crimes de lavagem de dinhei­ro e uma vez por evasão de divi­sas - remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Em uma das acu­sações de lavagem, o Ministério Público considerou que o publi­citário cometeu crime ao abrir uma conta no exterior para rece­ber, por meio de 53 depósitos, R$ 10,8 milhões referentes ao paga­mento pelos serviços prestados ao PT e à campanha de Lula.

Para Barbosa, esse dinheiro foi transferido de forma fraudulen­ta pelo empresário Marcos Valério, seu ex-sócio Ramon Hollerbach e sua ex-funcionária Simone Vasconcellos, e pelos dirigen­tes do Banco Rural, Kátia Rabello e José Roberto Salgado. O relator considerou que, diante disso, houve uma tentativa de dissimu­lar a origem criminosa do dinhei­ro, configurando a lavagem.

"Ao invés de receber no Brasil, como qualquer empresa recebe, abriram uma conta no exterior, entregaram os dados da conta pa­ra Marcos Valério (organizador do mensalãó) para lavar, escon­der (o dinheiro) no exterior", afir­mou Barbosa. "Não há crime al­gum qualquer brasileiro ou em­presa receber dinheiro no exte­rior, desde que o faça abertamen­te e não ocultamente."

O relator votou pela absolvi­ção de Duda e Zilmar do crime de evasão de divisas e da outra práti­ca de lavagem - relacionada a cin­co saques na boca do caixa na agência do Banco Rural em São Paulo. Segundo o MP, esses sa­ques somaram R$ 1,4 milhão.

Sem provas. Por sua vez, Le­wandowski absolveu Duda e Zilmar de todos os crimes. No en­tendimento do revisor do caso, os réus não tinham como saber que o dinheiro que recebiam no exterior tinha origem criminosa - fosse originário do crime de gestão fraudulenta ou contra a administração financeira, cri­mes que irrigaram financeira­mente o esquema, fosse pela eva­são de divisas cometida por Valé­rio. Por conseqüência, não pode­riam ser condenados por lava­gem. aNesse caso, como nos de­mais, o Ministério Público não comprovou que os réus tives­sem ciência da origem ilícita do dinheiro", disse o revisor.

Lewandowski foi acompanha­do por Rosa Weber, Cármen Lú­cia, Dias Toffolie Celso de Mello. Marco Aurélio Mello absolveu Duda e Zilmar dos crimes de lavagem, mas condenou pela evasão. Rosa Weber, por exemplo, afir­mou que os réus não tinham co­mo saber se o dinheiro era ilícito. "O que eu entendo é que o Minis­tério Público não apontou eva­são como antecedente do crime de lavagem", disse. Dias Toffoli afirmou que a intenção dos réus ao receber no exterior era sone­gar os tributos que seriam cobra­dos sobre os R$ 10,8 milhões.

Apesar das divergências, hou­ve maioria de votos para a conde­nação de Valério, Hollerbach, Simone Vasconcelos e dos dirigen­tes do Banco Rural - Kátia Rabe­lo e José Roberto Salgado - por evasão de divisas. Também hou­ve maioria para absolver a ex-funcionária do Rural Geiza Dias, o ex-diretor Vinicius Samarane e o ex-sócio de Valério, o publicitá­rio Gristiano Paz. Os três foram acusados por evasão de divisas.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Depoimento de publicitário à CPI surpreendeu Lula


O depoimento em que o publici­tário Duda Mendonça deu à Co­missão Parlamentar de Inquéri­to dos Correios, sustentando que tivera de abrir uma conta nas Bahamas para receber os paga­mentos pelos serviços prestados à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da Repúbli­ca, em 2002, não estava previsto.

Mas Duda, que havia deposto na Polícia Federal e contado deta­lhes de como recebia seu paga­mento via Marcos Valério Fernan­des de Souza, resolveu ir até o Con­gresso para ver como estava o de­poimento de sua sócia, Zilmar Fernandes, à CPI. Foi convidado a de­por naquele momento e aceitou.

Junto com Zilmar, confessou ter recebido no exterior e que o dinheiro era proveniente de cai­xa 2. O depoimento ocorreu no dia 12 de agosto e pegou o então presidente Lula de surpresa.

Valério. Até então o publicitário negara ter recebido dinheiro do empresário Marcos Valério, apon­tado como o operador do mensalão. Mas, diante da CPI dos Cor­reios reunida, admitiu a participa­ção do empresário e do então tesoureiro do PT Delúbio Soares no pagamento de seus serviços.

Ele insistiu, no entanto, que seu trabalho para as campanhas políticas do PT e de Lula foram legais. Disse que só tinha aceitado o pagamento proveniente de caixa 2 porque não havia outra alternativa para receber o dinhei­ro referente à dívida do partido pelas campanhas.

Na abertura de seu depoimen­to, Duda chorou muito. Disse aos parlamentares da CPI que nunca tinha falado nada das dívi­das com o presidente. Afirmou ainda que Lula era o presidente de seus sonhos. A confissão do publicitário serviu de munição para a oposição, que chegou a fa­lar em impeachment do então presidente.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PT prepara manifesto sobre o mensalão


Rui Falcão, presidente nacional da legenda, diz que o PT vai se manifestar "sobre o que entende do julgamento"

Diferentemente de Falcão, Lula tem dito que a melhor resposta ao julgamento é uma vitória nas eleições

Erich Decat, Gabriela Guerreiro

BRASÍLIA - Contrariada com as condenações do Supremo Tribunal Federal de membros do PT no processo do mensalão, a cúpula do partido prepara um manifesto que deve ser divulgado logo após o julgamento.

"O partido vai se manifestar formalmente sobre o que entende do julgamento", disse o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Quatro integrantes do PT foram condenados: o deputado federal João Paulo Cunha (SP), o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

A maioria dos ministros STF concluiu que Dirceu comandou o esquema de compra de votos no Congresso em troca de apoio político durante o primeiro mandato do governo Lula e o condenou por corrupção ativa. Genoino e Delúbio também foram condenados pelo mesmo crime.

João Paulo, outro integrante do PT de São Paulo, já foi condenado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Ele era candidato à Prefeitura de Osasco mas, com o resultado do julgamento, renunciou. Já o ex-líder do governo Professor Luizinho e o ex-ministro Luiz Gushiken foram absolvidos.

Sem dar detalhes sobre o documento, Falcão disse que o mais provável é que a manifestação da cúpula do partido seja realizada junto com o fim do segundo turno das eleições municipais, que ocorrem no próximo dia 28.

"O andar do julgamento no Supremo tem corrido junto com as eleições. Mas ainda vamos ver o que entendemos com o final do julgamento."

No fim de julho, Falcão gravou declarações no site do partido em que diz que não existiu o esquema de compras de votos no Congresso.

Diferentemente de Falcão, o ex-presidente Lula tem dito aos correligionários do partido que a melhor resposta ao julgamento do mensalão é uma vitória na eleição. Para Falcão, é preciso dar uma resposta mesmo se o partido vencer em São Paulo: "Uma vitória lá tem um significado político, mas não tem relação com o julgamento", disse.

Fonte: Folha de S. Paulo

Símbolo absolvido - Merval Pereira


O publicitário Duda Mendonça, que se transformou em símbolo da crise do mensalão quando, em CPI de 2005, surpreendeu a todos revelando que recebera pagamento de cerca de R$ 10 milhões no exterior pela campanha eleitoral que elegeu Lula presidente em 2002, foi absolvido ontem pelo Supremo Tribunal Federal das acusações de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

O pagamento foi feito através do publicitário Marcos Valério a uma empresa que Duda Mendonça abriu no exterior apenas para receber o pagamento que lhe era devido, com dinheiro saído de contas de vários bancos pelo mundo, e essa revelação provocou na ocasião choro e ranger de dentes entre os petistas, sendo que muitos deles foram ao púlpito da Câmara e do Senado pedir desculpas ao povo brasileiro. Estava criado naquele momento um clima propício ao pedido de impeachment de Lula, pois o pagamento ilegal se referia diretamente à campanha eleitoral, e ele só não aconteceu porque houve muitas negociações nos bastidores, e a oposição não quis enfrentar a luta política que certamente seria desencadeada.

Imaginando que Lula estava mortalmente ferido, optou por deixá-lo sangrar, na expectativa de que não tivesse recuperação. O cálculo da oposição mostrou-se equivocado, e, com a economia recuperando fôlego, Lula acabou se reelegendo em 2006. Ontem, o STF recuperou do passado o episódio para, à luz da legislação, desidratá-lo, tratando-o como um caso menor de erro de um contribuinte qualquer que acabou pagando sua dívida com o Imposto de Renda e regularizou sua situação.

Apenas o relator Joaquim Barbosa deu importância ao crime de lavagem de dinheiro do qual acusou o publicitário e sua sócia Zilmar Fernandes, tendo sido voto vencido, com apenas mais dois colegas acompanhando seu exemplo.

A posição da maioria do plenário foi definida muito mais por questões técnicas do que pela análise dos fatos concatenados, como continuou fazendo o relator. Rosa Weber foi a primeira a chamar a atenção para a falha na acusação do Ministério Público (MP), que não apontou como crime antecedente da lavagem de dinheiro a evasão de divisas cometida pelo núcleo financeiro comandado por Valério. "A denúncia não pode ser implícita", advertiu a ministra quando o relator insistiu em que a peça do procurador-geral da República falava em "crimes contra o sistema financeiro nacional", o que incluiria a evasão de divisas.

Barbosa ainda tentou defender a tese de que um "deslize verbal" da acusação não poderia invalidar a denúncia, que para ele estava clara: o publicitário Duda Mendonça abriu conta no exterior apenas para receber pagamento que o Partido dos Trabalhadores lhe devia. O fato de o dinheiro ter sido enviado através das empresas de Valério para o exterior seria a prova de que Duda sabia que a origem daquele dinheiro era no mínimo duvidosa, o que o próprio réu admitiu em seu depoimento à Justiça.

Mas apenas Gilmar Mendes e Luiz Fux seguiram a linha do relator, ficando os demais com a tese do revisor, que viu na denúncia uma falha que a invalidava. Foi ressaltado até mesmo o fato de o procurador-geral da República, em suas alegações finais, ter deixado a critério do plenário a definição do crime praticado por Duda, se lavagem de dinheiro ou evasão de divisas. Essa situação demonstrava, para o revisor e a maioria dos ministros, que o MP não estava convicto de sua acusação. Não foi suficiente Barbosa lembrar que ele também não aceitara aquela atitude do procurador-geral, rejeitando-a.

Houve momento em que Barbosa, claramente irritado por sentir que perdia a discussão, admitiu que poderia até mesmo mudar seu voto para que o MP aprendesse a ser específico em sua acusação.

A decisão do STF de que Marcos Valério, seus sócios e os dirigentes do Banco Rural utilizaram-se de métodos ilegais como evasão de divisas para o pagamento do marqueteiro, e por isso foram condenados, confirma que até mesmo a campanha eleitoral de 2002 foi contaminada com dinheiro ilegal.

Mas o fato é que a maioria dos ministros ateve-se a questões formais para inocentar Duda Mendonça, o que retirou do processo um fator simbólico. E demonstrou mais uma vez que o plenário do Superior Tribunal Federal não se deixa levar por apelos políticos no julgamento do mensalão.

Fonte: O Globo

Pele de cordeiro - Dora Kramer


Logo após ser condenado, José Dirceu entrou de mansinho em cena na reunião do diretório nacional do PT. Aconselhou os companheiros a deixar de lado, por enquanto, o julgamento do mensalão e concentrar seus afazeres na eleição, notadamente em São Paulo.

Tanta amenidade causou certo estranhamento. Não houve a esperada ordem à reação aguerrida contra as sentenças nem um chamamento a ataques ao "tribunal de exceção", como levavam a crer declarações de simpatizantes e militantes desde que se desenhou a condenação.

Dirceu limitou-se a fazer dois discretos discursos orientando o partido a adiar quaisquer atos de contra-ataque até a conclusão das eleições municipais. "Agora o que interessa é o segundo turno, vamos às ruas, à luta", conclamou.

Nada há de estranho na atitude que, antes, revela destreza e estratégia.

Dirceu percebe que o PT corre o risco de afugentar o eleitorado se hostilizar o Supremo Tribunal Federal nesse momento. Se contestar com virulência, desconfiança e desqualificação uma instituição que vem sendo celebrada como instrumento de redenção à ancestral impunidade e lançar suspeitas sobre ministros tratados nas ruas como heróis, flertará com o perigo de despertar sentimentos fortes de antipetismo adormecido.

Pode levar o eleitor a perceber o PT como aquele anterior à Carta aos Brasileiros que, com suas posições agressivas, radicais e sectárias, perdeu três eleições presidenciais.

Duas medidas. Quando começar o julgamento do processo em que o tucano Eduardo Azeredo figura como beneficiário de esquema de financiamento ilegal de campanha, haverá gritaria e confusão.

O Supremo Tribunal Federal será cobrado por mercadoria que não pode entregar: isonomia total em relação ao julgamento de agora.

Há o traço base de união entre os dois casos: Marcos Valério Fernandes de Souza no papel de operador de arrecadações públicas e privadas em troca de trânsito livre ao tráfico de influência.

Valério fez primeiro para Eduardo Azeredo na tentativa frustrada da reeleição ao governo de Minas, em 1998. Eleição perdida, os ilícitos ficaram restritos à campanha.

Talvez se tivesse vencido Valério usasse as mesmas companhias para implantar em Minas e que viria a executar sete anos depois no plano federal.

Com a derrota, não se materializou esquema de compra de apoio parlamentar ao Executivo nem foram gerados os conflitos que em 2005 levariam Roberto Jefferson a quebrar a lei da Omertà e denunciar a existência da organização ora condenada como criminosa.

Quando se reclama da demora no julgamento do "mensalão mineiro" não se leva em conta que só foi descoberto muito depois, já no meio do escândalo capitaneado pelo PT.

A despeito das diferenças, quando o caso for julgado os tucanos não correrão o risco de ir para a cadeia, mas não escaparão de responder pela proteção dada a Azeredo, na época da descoberta senador e presidente do PSDB.

Outra freguesia. A proposta do prefeito do Rio, Eduardo Paes, de fazer do governador Sérgio Cabral candidato a vice na chapa pela reeleição de Dilma Rousseff, só prospera em duas hipóteses: se Cabral sair do PMDB ou se alterar completamente a correlação de forças internas.

Caso a vaga continue com o partido, só será entregue a alguém tido como correligionário de raiz. O governador do Rio é visto como produto de "uma circunstância".

Nessa condição Cabral não teria compromisso com os interesses do partido quando (e se) sentado na cadeira de vice-presidente.

Considerando que Eduardo Paes conhece perfeitamente essa realidade e que não falou por falar, alguma motivação mais elaborada por trás desse "lançamento" deve haver.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Paisagem sem Ulysses - Tereza Cruvinel


Foi no discurso do presidente do Congresso, senador José Sarney, que apareceu ontem a referência sobre uma impensável, há 20 anos, paisagem política sem Ulysses Guimarães. Impensável, mas realizou-se, e se tornou, sem dúvida, uma paisagem mais árida, mais pobre, de um impressionismo descolorido. A sessão para homenagear a trajetória de Ulysses e os 20 anos de seu desaparecimento foi uma rápida ressurreição dos grandes momentos da vida parlamentar, daqueles em que as diferenças e as disputas são postas de lado para realçar algo maior, uma pessoa ou uma causa. O nome de Ulysses reúne hoje sua figura e sua causa, a da construção da democracia brasileira.

Na plateia, havia amigos pessoais com largo conhecimento da esfinge Ulysses, como o "restaurateur" Marco Aurélio Costa, do Piantella, o jornalista Jorge Bastos Moreno, o ex-secretário particular Oswaldo Manicardi, entre outros. Mas na mesa, Sarney foi quem mais conheceu Ulysses. Conviveram, como deputados, desde 1955. Ele na UDN, Ulysses no PSD. Juntaram-se nos anos 1980 para fazer a transição e eleger Tancredo. Divergiram durante o governo de transição de Sarney, mas, como ele recordou ontem, sempre dentro dos limites do respeito e da civilidade política.

"Quando tínhamos desencontros, silenciávamos para preservar o respeito, e nossas conversas cessavam por um tempo, sem qualquer alteração na convivência, sem elevação de vozes" recordou Sarney.

No governo de Sarney, Ulysses foi chamado de condestável. O senador peemedebista evitou a palavra, mas confessou a enorme deferência que, como nenhum outro presidente da República, teve para com o líder partidário e presidente da Câmara. E, recordando os tempos finais — Ulysses morreu com 76 anos —, recordou aquela frase tão dita e repetida:

"Sou velho, mas não sou velhaco."

Havia outra, de que Ulysses também gostava: "O diabo é sábio não é por ser diabo, é por ser velho".
Antes de Sarney, falou o vice-presidente Michel Temer, confessando a reverência que tinha para com a figura sóbria que lhe ensinou a valorizar o Legislativo. Podendo, Ulysses nunca quis disputar outro cargo, senão o de deputado. Quantos, hoje, fariam isso?

A chuva caiu e a sessão entrou pela noite, com evocações de Ulysses nos discursos de Rose de Freitas, Luiz Henrique e outros tantos. Sem ele, a paisagem ficou mais árida, mas, se estivesse aqui, estaria se batendo pela valorização da política e da representação popular, que vêm sendo tão espancadas.

O vice de Dilma. Antes mesmo do segundo turno, a ampulheta já virou e abriu-se a disputa, por ora dentro do PMDB, pelo lugar de vice na chapa de Dilma à reeleição. Mal o prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes, lançou o nome do governador Sérgio Cabral, um arqueiro de Michel Temer, o ex-deputado Geddel Vieira Lima, disparou a lembrança dos guardanapos na cabeça, naquela foto com o empresário da Delta em Paris.

 Queimou Cabral. Dilma tem dito que a vaga é do PMDB e que não vê motivos para trocar Temer. Se está dando certo num papel tão delicado, por que trocar? Já teria perguntado.

Mas tem ainda a ambição do governador Eduardo Campos, do PSB, que, para não ser candidato em 2014, estaria disposto a pleitear o posto.

Dívidas com o PMDB. Eduardo Campos tem uma grande dívida para com o PMDB: o partido bateu-se com disposição para garantir a aprovação do nome de sua mãe, Ana Arraes, para ministra do TCU. Henrique Alves, agora candidato a presidente da Câmara, chegou a desautorizar deputados do partido que pretendiam votar no candidato Átila Lins.

Um pagamento da fatura vem agora: o PMDB espera que o governador desautorize a candidatura avulsa, que estaria em gestação, do deputado pelo PSB mineiro Júlio Delgado ao mesmo posto. Outra parcela o governador pagaria deixando em paz o lugar de Michel Temer na chapa de Dilma.

Talvez ele ache caro demais.

Dilema no Maranhão. Em São Luís, a disputa no segundo turno é entre Edivaldo Holanda (PTC), candidato apoiado pelo presidente da Embratur, Flávio Dino, (PCdoB), e o candidato do atual prefeito, João Castelo (PSDB). Ambos são adversários da família Sarney, que, até agora, não anunciou apoio a ninguém. Holanda é da base governista, mas apoiá-lo será fortalecer a candidatura de Dino à sucessão da governadora Roseana Sarney em 2014. Apoiarão Castelo? Há quem duvide. 

Sem pauta. Os deputados começaram a voltar ontem a Brasília e precisam mostrar trabalho. O mar não está para peixe na classe política. O líder do governo, Arlindo Chinaglia, reúne os líderes da base governista hoje para selecionar matérias que precisam ser logo votadas. Podem começar com a medida provisória que autoriza a renegociação das dívidas dos estados. Ela precisa ser logo aprovada, até porque muitas negociações já foram feitas e consumadas.

Fonte: Correio Braziliense

PT vai outra vez com o PMDB em 2014 - Raymundo Costa


O primeiro turno da eleição municipal de 2012 representou a pá de cal na ideia de uma aliança de esquerda reunindo PT, PSB e PCdoB nas eleições presidenciais de 2014. Já agora, na campanha de 2º turno, o PT dá tratamento preferencial ao PMDB, ao negociar as coligações locais com a premissa de que o partido será o seu aliado na sucessão da presidente Dilma Rousseff.

O PT resolveu solidificar a relação com o PMDB. É uma decisão de "estado-maior". O 2º turno é a expressão dessa decisão. A presidente já havia assegurando aos pemedebistas seu aval ao acordo entre as siglas pelo qual o PMDB assumirá a presidência da Câmara e Senado em 2013.

Há problemas à vista no PMDB. O prefeito do Rio, Eduardo Paes, lançou o nome do governador Sérgio Cabral para vice de Dilma, no lugar de Michel Temer. A reação se deu no tom gaiato de Geddel Vieira Lima, um dos vice-presidentes da Caixa e aliado de Michel: o que Paes estaria propondo, segundo Geddel, seria a instalação da "República dos Guardanapos" no governo - uma referência a celebrações feitas em Paris, em ambientes cinematográficos, pelo governador, alguns secretários e o empresário Fernando Cavendish, da construtora Delta. Cavendish e secretários foram fotografados com guardanapos amarrados à cabeça.

"República dos Guardanapos" inibe candidatura Cabral

Outro pemedebista adverte que a CPI do Cachoeira, espécie de cativeiro onde a Delta e seus amigos são mantidos como reféns, ainda não acabou.

Certamente mais de um motivo jogou na lata de lixo a tal coligação de esquerda entre PT, PSB e PCdoB. Na prática, o primeiro turno demonstrou que a ideia não deu certo. Por que? O PT lançou candidato contra o PSB e o PCdoB, onde as duas siglas menores poderiam aspirar a cabeça de chapa, enquanto PSB e PCdoB lançaram candidatos onde o PT era competitivo. A concorrência com o PCdoB não se deu apenas em Porto Alegre (RS), mais visível por se tratar de uma grande capital, mas também em cidades médias e pequenas.

No caso do PSB, é visível para o PT que o partido do governador Eduardo Campos (PE) começou a fazer um jogo próprio com vistas à sucessão de 2014, em detrimento da aliança de esquerda. Essas são as razões alegadas para o PT fazer o próprio jogo, e nesse jogo dar prioridade para o PMDB.

O curioso é que a disputa interna do PMDB deve ser fortemente influenciada pelo futuro do PT, já em discussão, independentemente da eleição ou não do ex-ministro Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo.

Para onde vai o PT? A variável mais importante é o mensalão. Na reunião do Diretório Nacional, após a condenação de José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, foi unânime a manifestação de solidariedade aos três ex-dirigentes. De todas as tendências e até dos críticos da gestão de Delúbio como tesoureiro do PT. As propostas foram ousadas, de atos públicos a sessões de desagravo. Menos mal para o PT, agora, é que seus antigos dirigentes, sejam punidos com penas como prisão em regime aberto ou semi-aberto. Será mais fácil de administrar politicamente.

A segunda variável é o futuro de Lula no PT ou o futuro do PT em relação ao Lula. Se Haddad vencer a eleição em São Paulo, Lula será outra vez enaltecido como grande estrategista político e o partido cala o que tem atravessado na garganta: o viés intervencionista do ex-presidente da República. Afinal, ele inventou Dilma e Haddad e eles deram certo. Sem falar de Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea, outra invenção de Lula que passou para o segundo turno. Nesse cenário, os erros no Recife, Belo Horizonte e Fortaleza tendem a ser esquecidos. O ex-presidente passa a ter a unanimidade de um partido que hoje engole, mas não concorda com muitas das decisões do líder máximo.

O outro cenário é Haddad perder a eleição. Ganha corpo a crítica ao intervencionismo do ex-presidente. Lula será responsabilizado pelos "desastres" em São Paulo, Belo Horizonte e Recife. E será lembrado que onde ele deixou de apoiar o candidato do PT, caso de Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins levou seu candidato para o segundo turno. Sozinha.

Em particular, o senador Humberto Costa (PT-PE) tem reclamado de que só entrou na disputa do Recife a pedido de Lula. "Nem o João da Costa nem o Maurício (Rands). É você", teria determinado Lula. Humberto foi. Ficou sozinho no Recife. O ex-presidente não passou nem perto da cidade. Os dirigentes petistas sonham com um núcleo maior de decisão, como foi até a eleição de 2002.

Fortalecido, Lula pode influir na escolha do PMDB para o candidato a vice de Dilma em 2014. É conhecida sua proximidade com Sérgio Cabral, assim como a antipatia que tem por Michel Temer. Ocorre que Temer efetivamente aproximou o PMDB de Dilma e do PT. Já na noite da eleição ele chamou o candidato Gabriel Chalita para conversar sobre o apoio a Haddad no segundo turno. O anúncio do apoio foi adiado por um dia porque Chalita tentou impor condições, contornadas com habilidade pelo vice e presidente licenciado do PMDB. É possível que Paes, ao sugerir a vice para Sérgio Cabral, na realidade tenha em vista um ministério com vínculos com o Rio. Mas já abriu uma guerra com o grupo que apoia Temer, como fica demonstrado pela declaração de Geddel.

Aescolha da campanha de Serra de explorar extensivamente o julgamento do mensalão remete a lembrança de alguns políticos, inclusive do PSDB, à campanha presidencial de Geraldo Alckmin em 2006. No primeiro debate, Alckmin foi agressivo, falou de corrupção, mensalão e surpreendeu Lula. O ex-presidente ficou intimidado. Além de não ser do estilo de Alckmin, ao ser muito agressivo, o atual governador de São Paulo exagerou e ao exagerar, perdeu. O mesmo fenômeno pode ocorrer na campanha de Serra: ao exagerar no mensalão, o candidato do PSDB passa a imagem de que disputa o terceiro turno contra Lula, quando deveria estar mais preocupado com assuntos relacionados à cidade de São Paulo. Para efeito de registro, o marqueteiro de Serra é o mesmo que tocou a campanha de Alckmin em 2006, o jornalista Luiz Gonzales.

Fonte: Valor Econômico

Instinto de sobrevivência - Eliane Cantanhêde


A única conclusão até agora na troca de cotoveladas de governistas pela vaga de vice em 2014 é que a turma está considerando a candidatura Dilma fortíssima.

Tudo o mais são especulações, já que o vice Michel Temer tem sido muito eficiente ao proteger os interesses eleitorais de Dilma e Lula. Temer e seu PMDB não morrem de amores pelo PT, mas são imbatíveis para perceber com quem está e estará o poder. E sabem se defender.

Na eleição de Belo Horizonte, Temer, acionado por Dilma, retirou em 24 horas a candidatura própria do PMDB para apoiar o petista Patrus Ananias, que, vale lembrar, nem chegou ao segundo turno.

Em São Paulo, Temer correu para Dilma e para Lula e, no primeiro minuto, já jogou Gabriel Chalita no colo do petista Fernando Haddad, agora na dianteira do segundo turno.

Temer sabe o parceiro de governo que tem, sabe os muitos aliados que o Planalto tem (particularmente o ascendente PSB) e sabe, mais do que ninguém, o partido que ele próprio tem. Não descuida da retaguarda, muito menos no PMDB.

Não bastasse o governador Eduardo Campos (PE), ele agora tem de cuidar muito da ousadia do PMDB do Rio, ou seja, do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes.

Eduardo, o Campos, esfregou derrotas feias na cara de Lula e do PT em BH e em Recife no primeiro turno e tem planos ambiciosos para o futuro, seja para vice, seja para presidente. Está sondando o terreno, acomodando-se ao cenário, sentindo a barra.

Já o outro Eduardo, o Paes, não lançou o nome de Cabral para vice de Dilma só para fazer uma gracinha. Aí tem. Cabral e Paes, campeão de votos no país, dominam o Rio, ponta importante no tripé que manda no país, política e economicamente.

A ameaça à posição de Temer, assim, vem de dentro do bloco governista e não de fora, da oposição -onde tem muitos amigos, aliás. Do tempo em que a oposição era governo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Promessas e dificuldades do segundo turno - Marco Aurélio Nogueira


Terminado o primeiro turno, a hora é de cálculos, análises e ponderações. O que disseram os resultados em termos políticos? Ganhou quem mereceu, quem melhor interpretou o sentimento das ruas ou quem teve mais estrutura de campanha? O que se pode esperar dos debates que ocorrerão nas cidades em que haverá segundo turno?

Olhando o País em conjunto, entre mortos e feridos sobreviveram todos.

Ainda que tenha perdido no Recife, em Manaus e Belo Horizonte, cidades onde houve alto investimento político de Lula, e se saído mal nas capitais, o PT não foi afetado pelo julgamento do mensalão, nem pelo “cansaço” do eleitor com os longos anos de domínio do partido. Cresceu em prefeituras e em número de vereadores. Deixou evidente que sensibiliza parte grande da população. O efeito que as políticas federais tiveram nas eleições não foi desprezível. Lula pode até perder em São Paulo que não se enfraquecerá.

O PSB soube usar bem sua condição atual, equilibrando-se entre os apoios do governo federal e a independência de atuação. Ganhou onde já era poder (Recife e Belo Horizonte), mas o fez em grande estilo. E aumentou seu poder de barganha dentro e fora da coligação governante. O PSD, de sua parte, saiu-se bem para um novato sem crédito na praça. Ficou com Serra em São Paulo, mas flertou com o governo no restante do País. O PMDB reiterou sua tradicional capacidade de colar em todo o território nacional. Não emocionou nem retrocedeu demais.

O PSDB permaneceu como a única referência oposicionista do País, mas mostrou que tem voz fraca e poder de fogo apenas relativo. O resto da chamada oposição diluiu-se e perdeu o rumo.

Ficou claro que a sociedade quer mais dos políticos e começa a exibir sinais de que não se sente confortável com as respostas atuais. A votação obtida i pelo PSOL no Rio é um bom indicador, pela capacidade que teve de dar voz a um plural e expressivo universo de gente interessada em alguma inovação progressista. Houve muita renovação nas Câmaras Municipais. Pelas redes sociais correu solta a reclamação contra o estilo tradicional de fazer campanha.

Outro indicador importante, que terá de ser cuidadosamente avaliado, é o número de eleitores que faltaram as umas, anularam o voto ou votaram em branco. De acordo com o TSE, foram j 25% do eleitorado. Na cidade de j São Paulo, três em cada dez elei- j tores não votaram em nenhum | candidato para prefeito. Para vereador a soma de brancos, nulos e abstenções chegou a 37,2%. É uma forma de alienação, mas é também uma forma de protesto, de indiferença, de cansaço com os políticos.

No caso mais tenso e discutido, o de São Paulo, o resultado foi excelente para a democracia, mas as torcidas eleitorais não gostaram. Tucanos e petistas gostariam de ter ido para o segundo turno com Russomanno, mais fácil de derrotar. Tiveram de engolir uns aos outros. Algum “sangue” rolará entre eles, porque a temperatura política subiu e há muito combustível acumulado. Mas os candidatos poderão caprichar no essencial: oferecer uma visão de cidade a partir da qual pedir votos.

Têm tudo para fazer isso. Os dois são os que melhor representam a cidade. Têm enraizamento institucional, conhecimentos agregados, capacidade de gestão e estrutura de campanha. Em termos pessoais, são preparados, falam bem, sabem como discutir e debater democraticamente. Por que não protagonizarão um bom debate público? Cada um deles tem seus fardos. Serra terá de se livrar da má avaliação de Kassab e do peso de sua longa trajetória política, que sugere continuísmo. E Haddad terá de se desgarrar do apadrinhamento excessivo de Lula, que lhe dá uma imagem de subalterno, e de Maluf, que lhe prega um carimbo de cinismo oportunista.

Haddad parte em vantagem, dadas a rejeição a Serra e a expectativa de mudança existente na cidade. Mas a flutuação do eleitor deverá ser a regra até o fim.

Serão três semanas que prometem. Com uma dose indesejável de sangue, mas também com chances de qualificação da democracia. As exigências da vida poderão pautar os candidatos. Quem tiver mais virtù republicana e sensibilidade social vencerá.

Se Serra ficar amarrado ao discurso da moralidade e insistir em vincular Haddad ao mensalão, sem dizer nada de substantivo sobre a vida paulistana, não sairá do lugar e correrá o risco de perder a eleição. Se Haddad persistir em associar os tucanos à elite, agitar o fantasma de que há uma “conspiração dos ricos” contra ele e se mantiver no horizonte de que é o candidato dos pobres, de Lula e Dilma, sem dizer nada de consistente sobre a cidade, girará em círculos e crescerá bem menos do que imagina.

Ambos terão de falar sobre a cidade, a vida coletiva, os problemas e dilemas urbanos, as possibilidades e expectativas da metrópole. Mas terão de falar com poesia, clareza e convicção, sem ficar limitados ao discurso do “plano de governo”, das obras e realizações em que ninguém acredita. Terão de romper com o tatibitate da mesmice e da retórica insossa de promessas e acusações.

Pelo que representam na História do País, PSDB e PT podem oferecer aos paulistanos bem mais do que essa baboseira de botequim que afugenta e provoca tédio, em vez de engajamento e entusiasmo. Do lado tucano, ela supõe que o eleitorado acredita ser Serra o guardião da moralidade, o que é uma insensatez, até porque o eleitor acha que todos os políticos são suspeitos nesse quesito. Já a baboseira petista sobrevaloriza o papel de Lula, que em São Paulo nunca foi particularmente forte, e faz isso num quadro em que o apoio de Lula e Dilma já rendeu o que poderia render.

A única saída politicamente viável que os candidatos têm passa pela qualificação do debate entre eles e da comunicação com a sociedade. Se souberem caminhar nessa direção, um deles perderá, mas todos ganharão.

Professor titular de Teoria Política e Diretor do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da UNESP

Fonte: O Estado de S. Paulo

Grupo de Temer reage à operação Cabral 2014


Declarações de Paes e de Pezão lançando governador para vice de Dilma irritam cúpula nacional do PMDB

Fernanda Krakovics, Maria Lima e Luis Gustavo Schmitt

BRASÍLIA - O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito reeleito, Eduardo Paes, passaram o dia ontem disparando telefonemas para o vice-presidente Michel Temer e dirigentes do PMDB, mas não conseguiram convencê-los de que não passou de um arroubo a defesa, feita por Paes, para que Cabral substitua Temer como vice de Dilma Rousseff em 2014. Mais do que surpresa e mal-estar com o atropelamento de Temer dois anos antes da eleição, há uma indignação entre os integrantes do "grupo temerista", que chamam o governador de "ingrato". Alguns lembraram que o PMDB blindou Cabral na CPI de Carlinhos Cachoeira, impedindo sua convocação para explicar os contratos com a Construtora Delta e a relação com o empresário Fernando Cavendish.

Temer esteve ontem no Senado para participar de sessão em memória dos 20 anos da morte de Ulysses Guimarães. Mostrava desconforto. Mas tentou encerrar o assunto:

- Não tenho o que comentar. Remeto ao Twitter do próprio Sérgio Cabral. Ele dá a palavra definitiva sobre isso e tem reiterado isso para todos. Disse que estava tudo como está. Ele já é governador, tem um espaço extraordinário. Quanto ao futuro, ele sempre terá uma posição de muito relevo - afirmou o vice-presidente.

Aliados de Temer diziam, entretanto, que Cabral está usando o prestígio de Paes, pós-eleição, para tentar cavar um cargo para o PMDB do Rio na Esplanada, para compensar um novo ministério que estaria sendo negociado para São Paulo em troca do apoio do PMDB a Fernando Haddad. A leitura que os aliados de Temer fazem é que Paes está inflando Cabral para ele próprio ocupar um ministério.

- Paes não tem voz dentro do PMDB. Não tem nenhuma chance disso prosperar e o Cabral sabe disso. Essa é uma declaração extemporânea, fora de hora, inapropriada. Isso é salto triplo sem rede. Uma das garantias da eventual aliança nacional com o PT é a manutenção do Temer - disse o diretor da Caixa Econômica Federal, Geddel Vieira Lima.

Embora Cabral tenha atribuído o lançamento de sua candidatura a um arroubo de Paes, ninguém no partido acreditou, já que seu vice, Luiz Fernando Pezão, fez declaração semelhante em entrevista ao "Extra", no sábado. Ontem, Pezão tentou desfazer o mal-estar, mas admitiu que Cabral, agora, é um nome de peso nacional.

- Ele (Cabral) disse que seu país é o Rio de Janeiro. E tem uma ótima relação com o vice-presidente Michel Temer. No Rio, o PMDB tem agora um nome de peso nacional. O Cabral é um nome forte para compor qualquer quadro daqui para frente até mesmo o de ministro - disse Pezão.

Na cúpula do PMDB, a movimentação do trio Cabral, Paes e Pezão neste momento foi considerada "amadorismo". O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), tentou também amenizar:

- O Sérgio disse que possivelmente nem sai do governo (do estado). Qualquer projeto seria para depois do final do governo. O candidato dele é o Michel. Estamos preparando o Cabral para disputar a Presidência em 2018 - disse Raupp.

Dilma: temer vice leal e correto

Na manhã de ontem, o presidente do PMDB ligou para o prefeito do Rio para tirar satisfação. Paes teria atribuído a declaração, segundo o presidente do PMDB, a um arroubo "do calor da vitória no Rio". Cabral já havia telefonado para Temer na sexta-feira, quando Pezão falou do assunto, e ontem voltou a ligar. O governador também telefonou para o presidente do Senado, José Sarney (AP), e para os líderes do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e na Câmara, Henrique Alves (RN).

O episodio está servindo para estimular um movimento de fortalecimento de Temer, que deve ser reconduzido à presidência do partido na próxima troca de mando.

Para a presidente Dilma esse é um assunto do PMDB. Mas fez chegar ao vice e aos comandantes do partido que considera Michel Temer um vice correto e leal com seu governo.

No Rio, o governador Sérgio Cabral não comentou as declarações. No sábado, no Twitter, escreveu:

- Fico muito feliz com a lembrança do meu nome para Vice-presidente da República. Eduardo Paes, na revista "Época", e Pezão, no jornal "Extra", como sempre companheiros queridos e leais. Mas o PMDB já tem na vice-presidência Michel Temer. Que tem sido um grande companheiro de jornada da presidenta Dilma. E que merece junto com a presidenta se reeleger vice-presidente em 2014. Com o meu total apoio.

Procurado pela reportagem, Paes não se pronunciou sobre o assunto.

Fonte O Globo

Cabral minimiza seu‘lançamento’ como vice em 2014


Débora Bergamasco

BRASÍLIA - O PMDB nacional enquadrou ontem a movimentação da legenda capitaneada pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, de lançar o nome do governador Sergio Cabral como vice de Dilma Rousseff na eventual campanha de 2014 pela reeleição. Cabral foi constrangido a ligar para o vice-presidente Michel Temer e para o presidente do Senado, José Sarney, para desmentir a operação. O presidente do partido Valdir Raupp contou que também recebeu ligação de Cabral dizendo que não concorda com a posição de Paes, que “lançou” o nome da Cabral como candidato a vice de Dilma num evento em São Paulo no domingo, Na ligação de ontem, o governador do Rio disse que Temer é seu candidato. A Raupp, Cabral afirmou que não deixará o comando de seu Estado para ajudar a cacifar seu vice-governador, Pezão, que disputará o governo no próximo pleito.

Sobre as declarações de Paes, Raupp amenizou: “Liguei para o Paes, está tudo bem. Acho que ele disse tudo isso porque estava no calor da vitória da eleição municipal”. Indagado se faltará espaço a Cabral depois que deixar o posto de governador, Raupp negou: “Ele é um nome fortíssimo para disputar a Presidência em 2018”. Sobre qual será seu papel no intervalo de quatro anos, o senador licenciado respondeu: “Podemos negociar um ministério importante para tocar nesse tempo.”

O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) também reagiu às declarações de Paes. “É um absurdo. É mais fácil o PMDB sair da aliança (com o PT) do que mudarmos o vice”. Para Cunha, pegou muito mal dentro do partido as palavras do prefeito do Rio. “Foram desastrosas e a repercussão interna foi péssima, muito negativa. Só mostrou o quanto ele foi imaturo e despreparado.”

Fonte: O Estado de S. Paulo

Paes vai a Niterói pedir voto em aliado petista


Já pedetista sobe o tom das críticas para conquistar eleitores

Luiz Gustavo Schmitt

Credenciado por um capital político de dois milhões de votos nas eleições do Rio, o prefeito Eduardo Paes vai cruzar hoje a Baía de Guanabara para fazer campanha com o candidato a prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT). A estratégia de Paes é retribuir o apoio do governador Sérgio Cabral em sua reeleição e ajudar a fortalecer o PMDB e seus aliados no segundo turno.

Paes também já fez gravações para programas eleitorais, assim como de spots para carros de som, de todos os candidatos que terão o apoio de sua legenda em cidades consideradas estratégicas, como Niterói e São Gonçalo, onde o prefeito fará campanha para Adolpho Konder (PDT).

Junto a Rodrigo Neves, Paes participará do evento "Pacto Niterói-Rio", num hotel no Gragoatá, na Zona Sul de Niterói. Lá, deve ser firmado um compromisso para que ambos trabalhem em parceria por ações que beneficiem as duas cidades.

Discurso de união

Assim como Paes fez no Rio, ao pregar a união entre prefeitura, estado e União, a campanha do candidato petista procura colar sua imagem a um conceito de aliança com todos os entes federativos. Ao aparecer ontem pela primeira vez no programa de TV de Rodrigo, Paes centrou seu discurso nas palavras "união" e "diálogo".

- Ele (Rodrigo) vai levar para Niterói esse mesmo espírito de diálogo e parceria que a gente conseguiu implantar no Rio. Foi por causa desse diálogo, dessa união com o governador Sérgio Cabral e com a presidenta Dilma, que a gente conseguiu avançar tanto - disse Paes no programa.

Enquanto Rodrigo tem centrado sua campanha no peso de caciques políticos, como Cabral, Paes, o senador Lindbergh Farias e o ministro Marcelo Crivella, o seu adversário Felipe Peixoto decidiu imprimir um tom agressivo no segundo turno de sua campanha.

Mensalão na campanha

A principal arma do pedetista é associar o adversário ao escândalo do mensalão. Em seu programa eleitoral exibido ontem, Peixoto exibiu uma moeda com duas faces, cuja imagem de um lado era de Rodrigo e de outro de José Dirceu, condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa. De acordo com o pedetista, Rodrigo é da mesma corrente política de Dirceu.

- Niterói vai dizer não ao mensalão - disparou Peixoto, que tem laços estreitos com Cabral, de quem foi secretário de Abastecimento e Pesca.

De acordo com a coordenação de campanha de Peixoto, outro alvo de seus ataques é a gestão do PT na prefeitura, no período de 2002 a 2008, quando o petista Godofredo Pinto era prefeito.

- Nossas propostas são de um governo ético. Não queremos retomar um modelo administrativo que deu prejuízos à cidade - diz Peixoto.

Fonte: O Globo

PT vê em Lula maior trunfo em Fortaleza


Candidato petista está isolado na disputa contra adversário do PSB

BRASÍLIA - Isolado na disputa pelo segundo turno na eleição para a prefeitura de Fortaleza, o PT busca no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva um apoio de peso para o candidato Elmano de Freitas, na tentativa de neutralizar a força que se uniu em torno de Roberto Cláudio, do PSB. Na semana passada, o PDT e o PPS declararam apoio a Roberto Cláudio e ontem foi a vez de o PCdoB anunciar adesão ao socialista, frustrando os planos do PT de ter o parceiro histórico ao lado - embora o candidato do PCdoB, Inácio Arruda, tenha ficado apenas em sétimo lugar na disputa, com menos de 2% dos votos válidos.

Lula disse à prefeita Luizianne Lins (PT) e a Elmano de Freitas, na semana passada, na reunião do diretório do PT, que irá a Fortaleza para fazer campanha para o petista. Mas ainda não marcou data. O próprio governador Cid Gomes (PSB), no dia da eleição, deixou claro que não podia impedir Lula de comparecer, mas torcia para que ele não subisse no palanque de Elmano. No primeiro turno, Lula gravou depoimento pedindo votos para Elmano.

Cid e Roberto Cláudio atribuem ao ex-presidente o bom desempenho que Elmano teve nas urnas no primeiro turno, quando terminou em primeiro lugar. Mas a prefeita Luizianne Lins, embora reconheça o peso de Lula, avalia que o governo dela foi bom, e isso fez diferença na hora de o eleitor votar - pesquisas indicam o contrário, desaprovação de sua gestão. O candidato do PSB tem o apoio do governador e do irmão dele, o ex-deputado Ciro Gomes.

Apesar da declaração de apoio do PDT a Roberto Cláudio, o candidato pedetista no primeiro turno, deputado estadual Heitor Férrer, não acompanhará o partido e já anunciou que não pedirá votos para qualquer candidato. Férrer ficou em terceiro lugar no primeiro turno, contrariando as pesquisas que apontavam Moroni Torgan (DEM) à frente. Na Assembleia Legislativa, Férrer faz oposição ao governador e ontem afirmou que não poderia sugerir ao seu eleitor um voto no candidato dos irmãos Gomes.

- Não tenho nada contra qualquer candidato. Não tenho posição contra ninguém. Tenho posição a favor de mim e dos que me fizeram candidato, e tenho o direito de estabelecer que no segundo turno eu jamais poderia trair os eleitores e me posicionar a favor de um ou de outro - afirmou. - Nem voto no candidato da prefeita, nem no candidato do governador. Votar no candidato da prefeita seria incoerência com aquilo que a gente vinha cobrando, que é eficiência administrativa. Votar no candidato do governador seria negar minha história.

Fonte: O Globo

Em Manaus, Virgílio não prevê estrelas tucanas em palanque


Candidato diz que não pediu que caciques gravem programas de TV

Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Travando uma disputa emblemática com o ex-presidente Lula, o ex-senador Arthur Virgílio (PSDB) não tem previsão de receber no palanque da campanha de segundo turno em Manaus nenhum dos nomes nacionais do partido. O tucano, que disputa a prefeitura contra a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), chegou a ameaçar deixar o partido no início da campanha. Após a ameaça, recebeu R$ 800 mil em doação da direção nacional do PSDB, o que corresponde a 40% do dinheiro arrecadado, de acordo com prestação de contas parcial de sua campanha apresentada ao TSE.

Indagado se algum expoente nacional do PSDB, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, iria a Manaus ou gravaria apoio para ele, para se contrapor a Lula e Dilma, o candidato tucano disse que isso não foi solicitado:

- Eu não pedi. Seria uma honra ter o Fernando Henrique no meu programa de TV. (Agora), o partido tem se mexido para me ajudar - afirmou o candidato tucano.

No primeiro turno da disputa, Virgílio teve ampla maioria dos votos, obtendo o dobro da votação de sua adversária. O tucano somou 40,5% dos votos, e Vanessa, 19,9%.

Frase

"Estou dizendo aqui que, na melhor das hipóteses, senhor Lula, o senhor é um idiota; na pior, o senhor é um corrupto. Chega dessa história de Lula não saber das coisas"

(Arthur Virgílio, no dia 14 de julho 2005, da tribuna do Senado)

Fonte: O Globo