quarta-feira, 24 de abril de 2013

OPINIÃO DO DIA – José Serra: a vanguarda do atraso

Hoje, o estado brasileiro foi capturado por um grupo político, organizado dentro do PT e em suas franjas, que não hesita e não hesitará em enfraquecer a democracia para perpetuar-se no poder. Não aceitam a independência dos poderes, não aceitam a imprensa livre, não aceitam a hipótese da alternância no poder. Reabilitaram e fortaleceram tudo o que havia de mais atrasado e ruim na política brasileira. Hoje, expressam como nunca a vanguarda do atraso.

José Serra, ex-prefeito, ex-governador de S. Paulo. http//www.joseserra.com.br

Manchetes de alguns dos principais jornais do País

O GLOBO
Governo incentiva álcool para segurar inflação
Enquanto isso... Passagem de ônibus do Rio subirá em junho
Dilma admite fraude no Minha Casa
Mensalão: Lewandowski diz que não há pressa
Mordomia: Garçon do Senado ganha R$ 15 mil
País do jeitinho: Brasileiro confia pouco nas leis

FOLHA DE S. PAULO
Aprovação de licenças paraobra emperra na prefeitura
MEC diz incluir bolsistas em programa, mas nega manobra
Venezuela põe militares para proteger setor elétrico
União gay na França causa protestos pelo país
Ministro defende direito de multa de 40% a domésticas
Pacote do etanol não garante preço menor nos postos
Apple lucra menos pela 1ª vez em 10 anos, mas fatura mais que o previsto

O ESTADO DE S. PAULO
Usinas terão incentivos, mas preço do etanol não cai
Dilma diz que não flerta com a inflação
PF vai pedir quebra de sigilo de assessor de Lula
Imigrante ilegal engrossa fila da casa própria

VALOR ECONÔMICO
Dilma vai propor agenda positiva para a Argentina
BC alonga taxa referencial prefixada
Pacote reforça caixa das usinas
Senado vota contra Sudeste e Sul no ICMS
Farmácia vende de tudo e STF vai julgar

BRASIL ECONÔMICO
Incentivo ao etanol equivale a renúncia fiscal de R$ 1 bi ao ano
Comissão deve aprovar hoje o novo ICMS
AL vai crescer 3,5% em 2013, prevê Cepal
Dívida das empresas abertas sobe 17%

ESTADO DE MINAS
Pacote do etanol longe dos postos
Horas extras no TRE: Diretora beneficiada veta farra no interior
Massacre de índios: Relatório revelado pelo EM repercute no exterior

O TEMPO (MG)
Maioria dos brasileiros acredita que é fácil desobedecer às leis
Isenção de imposto do álcool não chegará ao consumidor
Base e oposição apoiam Marina
França aprova casamento e adoção para homossexuais
olitano anuncia novo primeiro-ministro hoje

CORREIO BRAZILIENSE
Ministro quer que multa de domésticas seja de 40%
Fila na Receita testa a paciência de brasilienses
Marina Silva tenta salvar a Rede no Senado
Brasileiro diz que driblar a lei é fácil

GAZETA DO POVO (PR)
Oito obras para a Copa nem sequer foram contratadas
Casamento gay divide a França
Renan barra e líderes tentam liberar TRFs
Imposto cai e preço do etanol pode baixar
Paraná registra 39 casos de gripe
Professores da rede estadual param hoje

ZERO HORA (RS)
Promessas de Dilma e Tarso ao Estado chegam a R$ 6,9 bi
Corte de taxa não garante etanol barato

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Em vez de cair, luz sobe
Produtor de cana-de-açúcar recebe ajuda
TST vê risco em redução de multa para domésticas
A difícil entrada da tecnologia 4G no mercado

Câmara conclui votação de projeto que sufoca novos partidos

Siglas em formação, que têm a ex-senadora Marina Silva e o deputado Paulo Pereira da Silva como líderes, são derrotadas; texto agora segue para o Senado

Gabriel Castro e Laryssa Borges,

BRASÍLIA - A Câmara dos Deputados concluiu nesta terça-feira a votação da proposta que dificulta a formação de novos partidos no país. O projeto agora segue para o Senado, onde enfrentará resistência. Um grupo de senadores, liderados pelo mineiro Aécio Neves (PSDB), tenta impedir que as novas regras entrem em vigor imediatamente.

O projeto aprovado pelos deputados sufoca novas legendas porque impede que elas tenham o mesmo acesso aos recursos do fundo partidário e ao tempo de TV que as siglas já existentes, antes de passarem pelo crivo das urnas. Atualmente, 5% dos 300 milhões de reais que abastecem o fundo partidário são partilhados igualitariamente entre todas as 30 siglas - desde que não tenham pendências na Justiça Eleitoral - e o restante do bolo é dividido de acordo com o tamanho das bancadas eleitas para a Câmara dos Deputados. Ou seja, quanto mais deputados eleger, mais dinheiro o partido terá direito. O espaço na propaganda eleitoral na TV e no rádio segue a mesma lógica.

Na prática, a nova regra atinge em cheio dois partidos em criação: a Rede, da ex-senadora Marina Silva, e o Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical.

Todos as alterações sugeridas à proposta foram rejeitadas pelo plenário da Câmara: uma delas, que sugeria a entrada em vigor da medida apenas em 2015, teve 188 votos contrários e 74 favoráveis.

Em 2011, quando foi criado, o PSD se beneficiou do modelo atual: com isso, outros partidos perderam tempo de TV e recursos do fundo partidário para a nova sigla, que não existia nas eleições de 2010, mas já nasceu com mais de 40 deputados.

"Nós estamos trabalhando para que isso não vire um golpe e nem um casuísmo contra aqueles que estão se preparando para buscar espaço na política", afirmou Rubens Bueno, líder da recém criada Mobilização Democrática. A sigla, resultado da fusão entre PPS e PMN, teve a formação antecipada para evitar ser enquadrada na nova legislação. "É operação com a mão larga do Planalto, dirigida pessoalmente pela presidente Dilma Rousseff", afirmou o tucano Walter Feldman, que está a caminho do partido de Marina Silva.

O autor da proposta, Edinho Araújo (PMDB-SP), rebateu as críticas: "Apresentei este projeto em 19 de setembro do ano passado, antes das eleições municipais. Eu não aceito a insinuação de que o nosso projeto é casuístico".

Resistência - No Senado, Aécio anunciou que mobilizará um grupo de parlamentares para tentar alterar o texto. “Nós vamos reagir. Não é justo que a sociedade brasileira seja cerceada de opções. Não aceitamos o casuísmo do governo federal, o rolo compressor da maioria do governo, que age como se temesse a disputa eleitoral”, disse o senador, que é pré-candidato à Presidência nas eleições do paóximo ano e interessado no lançamento de outras candidaturas para facilitar a realização de segundo turno.

O tucano afirma que o Palácio do Planalto, depois de estimular a criação do PSD, quer impedir que novas legendas sejam criadas e dividam o eleitorado em 2014. “Quando interessa ao governo ele estimula a criação de partidos e quando surgem fora da proteção, do guarda-chuva dos cargos do governo federal, eles são impedidos de ser criados”, disse.

Aécio tem o apoio da ex-senadora Marina Silva. Um dos principais aliados de Marina na empreitada é o senador petista Jorge Viana (AC). “Estamos buscando reunir todos aqueles que são contrários ao casuísmo para que no Senado possamos corrigir o erro cometido na Câmara dos Deputados”, comentou.

Fonte: Veja

PT enquadra senadores que pretendiam ajudar Marina

Partido fecha questão a favor de regras que dificultam novos partidos

Fernanda Krakovics, Maria Lima, Junia Gama e Paulo Celso Pereira

BRASÍLIA - A direção nacional do PT enquadrou ontem a bancada do partido no Senado, levando-a a fechar questão a favor do projeto que restringe o tempo de TV e os repasses do Fundo Partidário para novas siglas. A decisão ocorreu um dia após o senador Jorge Viana (PT-AC), com o apoio do líder petista no Senado, Wellington Dias (PI), anunciar que apresentaria emenda para que a nova regra não valesse para as eleições de 2014. O Palácio do Planalto ficou atônito com a postura dos dois. A restrição a novos partidos é vista como uma forma de inviabilizar a candidatura presidencial da ex-senadora Marina Silva, que está viajando o país em busca de apoio para fundar sua legenda, a Rede Sustentabilidade.

Ontem, Marina desembarcou no Senado para lançar um movimento suprapartidário contra a medida, com o apoio de líderes e integrantes de PSB, PSDB, PDT, PSOL e até do PMDB. A tendência é que o Senado comece a debater o projeto esta semana, já que a Câmara concluiu ontem sua votação. Os deputados federais derrubaram as propostas que defendiam que as novas regras só vigorassem após as eleições de 2014. Em visita ao Senado, o vice-presidente da República e presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, defendeu a redução do número de partidos no país.

Wellington Dias negou que tenha recuado e disse que foi mal interpretado. Como justificativa pelo fechamento de questão, afirmou que o PT tem posição histórica a favor da fidelidade partidária. Antes da reunião da bancada, ele foi procurado pelo presidente do PT, Rui Falcão.

Já Viana, que não estava presente na reunião da bancada, foi atenuando sua posição ao longo do dia. No início da tarde, após o encontro dos petistas, ele se mostrou irritado:

- Tenho minhas posições pessoais, tenho coerência e história. Nem sempre o que se vota aqui é por ordem de alguém. Temos que mudar a legislação eleitoral para todos, e não com o jogo andando, e para alguns.

Horas depois, parecia mais conformado. Disse que conversaria com o partido para ver a possibilidade de ser liberado para apresentar a emenda:

- Parece que a bancada levou em conta a fidelidade partidária, então minha posição pesa menos. Vou ver se me liberam, nunca fui um rebelde.

Antes da decisão da bancada do PT, o vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), defendeu, exaltado, punição aos colegas petistas:

- O partido tem que ter uma posição unificada, respeitar a posição da maioria. Tem que expulsar o Jorge Viana e trocar o líder.

Para ele, o fato de Viana ser amigo de Marina não é justificativa:

- Aquele estado (Acre) está parecendo uma ONG. A Dilma levou uma surra lá (em 2010) por causa desse charminho dele.

Caso o Senado não mude a proposta, Marina chegará em 2014 praticamente sem exposição na TV, pois deverá ter direito a 18 segundos por programa eleitoral, enquanto apenas o PT, sem contar os aliados, teria quatro minutos.

Ao lançar o movimento contra as novas regras, Marina intensificou os ataques à presidente Dilma Rousseff. Em reunião no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS), integrantes de PSB, PSDB, PDT e PSOL e o pré-candidato tucano Aécio Neves (MG) disseram que o movimento reagirá ao que chamaram de "pacote de abril moderno", em referência às medidas tomadas pela ditadura, em 1977, quando o Congresso foi fechado.

- Por que esse medo? Ela não precisa disso! Tem todos os partidos grandes ao seu lado, uma popularidade alta, 39 ministérios, o Bolsa Família, o PAC, o Renan, o Sarney. Por que o medo de 35 segundos de um partido recém-criado na TV? - disse Marina.

- Não é razoável que o governo estimule a criação de partidos para lhe apoiar e impeça a criação de outros que estão fora do seu guarda-chuva de cargos. Esse é um pacote de abril moderno que o governo e o PT tentam impor ao Brasil, mas vamos reagir - completou Aécio.

Fonte: O Globo

Bloco pró-Marina vai atacar urgência de restrição a siglas

Ex-senadora se uniu a PSDB e PSB contra medida que acelera tramitação da proposta que limita acesso de novos partidos a recursos e tempo de TV

Débora Álvares, João Domingos e Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA – A ex-senadora Marina Silva (sem partido), que articula a criação de um novo partido, o Rede Sustentabilidade, se uniu ao PSDB, PSB e MD (fusão do PPS e PMN) para tentar barrar no Senado o pedido de urgência para votar o Projeto de Lei 4.470/12, que inibe a criação de novas legendas» Esse é o primeiro passo da ofensiva do grupo que, por enquanto, tem chances reduzidas de sucesso: concentra apenas 16 dos 81 senadores.

Marina espera ampliar apoios de dissidentes do PMDB. A ex-ministra se reuniu ontem com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF). Eles fizeram duras críticas à proposta aprovada na última quarta-feira na Câmara dos Deputados e articulam medidas para que as restrições às siglas não comecem a valer já em 2014.

O grupo liderado por Marina chamou de casuísmo eleitoral o projeto apresentado pelo deputado Edinho Araújo (PMDB-SP), apontado como parte de uma operação do Planalto para beneficiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

Em resposta, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), negou que haja intromissão do governo na aprovação da matéria. Temer, no entanto, defendeu no Congresso uma reforma política que reduza o número de partidos.

Cooptações. “Não é justo que a população seja cerceada de opções do nível da Marina Silva, de Eduardo Campos, que possam surgir legitimamente”, disse Aécio Neves. “Não aceitamos o casuísmo do governo federal, que age como se temesse a disputa eleitoral.”

A principal articulação no Senado será para barrar as restrições aos partidos já em 2014. “Estamos buscando unir todos aqueles que são contrários ao casuísmo que fere nossa democracia, para que aqui no Senado, possamos corrigir o erro cometido na Câmara”, argumentou Marina, após reunião no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS).

Autoritarismo. Marina chamou a proposta de “autoritária” e a comparou ao chamado Pacote de Abril, conjunto de leis da ditadura militar que, entre outros pontos, fechou temporariamente o Congresso Nacional.

De acordo com a ex-senadora, que em 2010 concorreu à Presidência pelo PV, o primeiro esforço do grupo será tentar derrubar o requerimento de urgência, o que garantiria que o projeto passasse direto pelo plenário da Casa, sem ser avaliado por comissões temáticas.

Caso não consigam derrubar a urgência, a ideia é trabalhar pelas emendas que jogam a vigência do projeto para depois das eleições do ano que vem.

Efeitos. Da forma como está, o texto prejudicaria não só a eventual candidatura de Marina, mas também a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que articula o apoio do recém-criado Mobilização Democrática (MD), fruto da fusão do PPS com o PMN. O MD pretende ampliar sua bancada com a adesão de parlamentares de outras legendas e, assim, aumentar seu tempo de televisão nas eleições. Para isso, porém, precisa, evitar a mudança na legislação.

"Não é razoável que o governo estimule a criação de partidos para lhe dar apoio e impeça, na mesma legislatura, a criação de legendas que tenham uma outra noção de País", disse Aécio, referindo-se à criação do PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, iniciativa que contou com a simpatia do governo e que enfraqueceu as bancadas de oposição.

Logo após o fim da votação na Câmara, Rollemherg entrou com um mandado de segurança preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a tramitação do projeto no Senado.

"Existe decisão do STF que diz que é livre a organização partidária", afirmou Rollemberg. "O projeto é flagrantemente inconstitucional".

Enquanto os opositores do projeto se reuniam, as bancadas do PT da Câmara e do Senado fecharam posição ontem a favor da proposta. "É uma posição histórica do meu partido e de outros", destacou o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI). "O PT, quando foi criado, tinha um vereador. Nós tivemos de ralar para chegar aonde chegamos. Avalio que o pedido, * de urgência vai passar e que o projeto será aprovado no plenário."

Emenda é rejeitada por 178 votos a 74

A Câmara concluiu ontem a votação do projeto que restringe o acesso de novos partidos ao tempo de propaganda na TV e ao Fundo Partidário. Foi rejeitada, por 178 votos a 74, a emenda do líder da Mobilização Democrática (MD), Rubens Bueno (PR), que adiava para 2015 a entrada em vigor das novas normas. O projeto segue agora para o Senado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Planalto sufoca oposição

Governo enquadra sua bancada na Câmara dos Deputados e garante aprovação da medida que restringe criação de novos partidos

BRASÍLIA - No mesmo dia em que senadores lançaram um movimento contra o projeto que inibe a criação de partidos no Brasil, o Palácio do Planalto agiu para enquadrar sua bancada na Casa e acelerar a votação da medida. A proposta, que teve sua aprovação na Câmara finalizada ontem, enfraquece eventuais adversários da presidente Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014.Um dos partidos em criação no País, por exemplo, é a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, que pretende se lançar ao Palácio do Planalto no ano que vem. Liderados por Marina, os congressistas que ontem lançaram o movimento contra o projeto defendem que as regras entrem em vigor só depois das eleições de 2014.

O projeto aprovado na Câmara, e que agora vai para o Senado, restringe bastante o acesso das legendas novatas ao dinheiro do fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV, dois mecanismos vitais para o funcionamento de uma sigla.

Marina atribuiu a Dilma as articulações para a aprovação da proposta. "A presidente não precisa disso. Ela tem um partido forte, tem ao seu lado quase todos os outros partidos, 39 ministérios, o PAC, o Bolsa Família, José Sarney (ex-presidente do Congresso) e Renan Calheiros (presidente do Congresso). Não sei por que ser contra 30 segundos na TV de uma força política que está começando", disse.

Embora o governo trabalhe nos bastidores para aprovar o projeto, só há alguns dias um integrante do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), defendeu publicamente a medida. Para ele, os contrários ao projeto é que têm interesse de patrocinar um processo sem fim de criação de partidos.

O movimento suprapartidário contra a nova regra vai agir em três frentes. Primeiro, os senadores vão tentar impedir que o projeto tramite rapidamente no Senado, depois o grupo vai tentar aprovar uma emenda para que as regras entrem em vigor somente em 2015. Se não tiverem sucesso, já que são minoria, eles prometem recorrer ao Supremo Tribunal Federal.

Além de Marina, o movimento é integrado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), outro provável rival de Dilma em 2014, e representantes de PSB, PMDB, PDT e PSDB. Marina também criticou o PT, que segundo ela usa o mesmo punhal do qual foi vítima na ditadura militar.

Ontem mesmo, o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), entrou no Supremo Tribunal Federal com um mandado de segurança com pedido de liminar para tentar impedir a votação no Senado do projeto. Rollemberg alega que o projeto tem a pretensão de esvaziar, "de modo absolutamente arbitrário, inconstitucional e casuístico", importantes iniciativas de lideranças políticas e grupos sociais, em torno da criação de novos partidos. O possível candidato do PSB a presidente, Eduardo Campos, chamou a proposta de uma "manobra antidemocrática".

"O Supremo decidiu em relação ao PSD, os critérios da livre organização partidária, o direito de antena, o direito de ter os recursos do Fundo Partidário, e nós não podemos ter partidos de primeira categoria e partidos de segunda categoria", criticou Rollemberg.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Eduardo Campos no ataque a Dilma

BRASÍLIA - Miguel, Leonel, Ulysses, Teotônio, André, Dante, Fernando, Luiz... Com imagens em preto e branco do movimento "Diretas Já" e a narração pelo primeiro nome de personagens políticos que lutaram pela reconstrução democrática no Brasil, o PSB abrirá seu programa de dez minutos amanhã na TV com essa sequência histórica. Encerrará com o governador de Pernambuco e provável candidato a presidente, Eduardo Campos, mostrando sua visão crítica do que precisa ser feito para continuar as conquistas dos últimos presidentes desde a redemocratização.A presidente Dilma Rousseff só será mencionada como a primeira mulher a ser eleita, após um operário. Mas será o alvo de todas as duras críticas indiretas que Campos fará sobre a má gestão que resulta na volta da inflação, caos logístico, energético e de infraestrutura. A mais dura crítica será sobre a falta de diálogo do governo com setores da sociedade para enfrentar os desafios.

Como nas inserções já veiculadas, dirá, sem citar o nome da presidente, que ninguém pode decidir sozinho. A referência histórica e a menção aos ex-presidentes e ao avô Miguel Arraes é por causa da data do programa, 25 de abril, aniversário de votação das Diretas Já em 1984.

Dilma ironiza

A presidente Dilma Rousseff desconversou, ontem, ao ser perguntada sobre o programa eleitoral do PSB que irá ao ar amanhã e exibirá o governador pernambucano, Eduardo Campos, como pré-candidato a presidente da República. "Quem, meu querido?", disse ela.

Em seguida, respondeu que "cada partido tem direito de fazer o seu programa". "Eu não estou curiosa nem com o meu", completou, referindo-se ao programa do PT. A presidente gravou na semana passada participação na publicidade partidária petista, que deve ser exibida no dia 9 e cujas inserções começarão a ser veiculadas na TV e no rádio no dia 27 deste mês.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O lobby de Marina pela sobrevivência

Câmara conclui votação que dificulta a criação de partidos, mas a presidenciável reúne aliados para mudar a proposta no Senado

Juliana Colares

Marina Silva corre contra o tempo para tentar barrar no Senado o projeto que dificulta a criação de partidos. Ontem, dia em que a Câmara votou os destaques e as emendas à proposta que impede os parlamentares de levarem consigo fatias do tempo de tevê e dos recursos do Fundo Partidário ao migrarem para uma nova legenda, Marina empreendeu uma cruzada em busca de senadores aliados. Principal liderança da Rede Sustentabilidade, que tenta se legalizar a tempo de disputar as eleições de 2014, ela sabe que a briga no Senado não será fácil. Ao mesmo tempo em que tentava costurar apoio no parlamento, o vice-presidente Michel Temer também estava no Congresso, onde defendeu limites à criação de partidos. Em outra frente, o PT divulgava posicionamento favorável à aprovação do projeto. A polêmica, inclusive, já foi parar na Justiça.

A primeira estratégia de Marina Silva é evitar que a proposta seja votada no Senado em caráter de urgência. “Urgência é um mecanismo para situação de inadiável interesse nacional. Não sei qual é o inadiável interesse nacional que está colocado nessa questão para fazer com que esse projeto seja votado sem dar tempo para os senadores fazerem o debate necessário”, afirmou a fundadora da Rede. Marina conta, ainda, com a possibilidade de aprovação de uma emenda que adie o início de vigência da proposta para depois de 2014. Dessa forma, a Rede poderia manter as pretensões eleitorais. A última estratégia seria levar à questão ao Supremo Tribunal Federal, o que acabou ocorrendo ontem mesmo, com o fim da tramitação do projeto na Câmara.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) ingressou com mandado de segurança preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a votação da matéria no Senado. O argumento do socialista é de que o projeto é inconstitucional, pois fere o princípio de livre organização partidária. “Não podem existir partidos de primeira e de segunda categoria”, disse Rollemberg. Ele se refere ao direito dado aos parlamentares que migraram para ao PSD de levarem uma fatia do Fundo Partidário e do tempo de propaganda eleitoral para a nova legenda. Criada em 2011, a sigla fundada pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab declarou apoio ao governo Dilma Rousseff. Rollemberg acredita que não adianta aprovar no Senado emenda que adie o início de vigência da lei, uma vez que, após as modificações no Senado, o projeto voltaria para a Câmara, onde a emenda poderia ser derrubada.


Presente ao encontro com Marina Silva no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) — que também ensaia se lançar candidato à Presidência da República e tem sido um dos principais críticos da presidente Dilma — também comparou o atual momento com o da criação do PSD. “Não é razoável que se permita algo a um partido político e, na mesma legislatura, se estabeleça impedimento para que outros partidos sejam criados. Não aceito o casuísmo do governo federal”, declarou.

“Operação Planalto”

Marina ainda criticou o que chamou de “operação do Planalto” para favorecer um partido da base do governo e prejudicar outros. “É uma ação para, de forma casuística, beneficiar o partido do Kassab e evitar a criação da Rede Sustentabilidade. Dilma já tem uma legenda forte, 39 ministérios, o Bolsa Família, o PAC, o Renan, o Sarney e o Maluf. Não sei por que quer 35 segundo de televisão de uma força política que começa a se organizar agora. A menos que estejam sabendo coisas que nós não estamos sabendo, para tanto receio”, ironizou Marina.

No outro lado do ringue, o PT mostrou que também está disposto a levar a briga até o fim. Em nota, afirmou que os senadores da sigla votarão a favor do impedimento de transferência do tempo de tevê e do Fundo Partidário, em respeito à fidelidade partidária e à decisão do STF de abril de 2011 na qual foi determinado que a vaga do parlamentar pertence à coligação partidária, não ao político.

“Quando o PT nasceu, tinha um vereador. Nós tivemos que ralar, que dar duro para chegar até aqui e alcançamos a condição de ter presidente da República. Somos favoráveis à liberdade de criação de partidos, o que não se pode é usurpar da história de um partido. Não faz sentido alguém poder largar seu mandato e ainda levar aquilo que é uma conquista do partido ou de um bloco. A determinação é que os parlamentares sigam a orientação do PT nacional”, disse o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI). Segundo ele, está sendo feito um trabalho de convencimento de todos os senadores petistas. Marina Silva, por outro lado, tenta angariar apoio e provocar traições dentro da legenda.

A medida anunciada por Dias criou constrangimento. Antes da decisão, o senador Jorge Viana (PT-AC) chegou a dizer na tribuna que apresentaria emenda para adiar o início de vigência da norma. No fim da tarde de ontem, mudou o entendimento: “O fechamento de questão num tema desse é novo. Minha posição pessoal é de que não se pode mexer com o jogo acontecendo, senão vira casuísmo”.

Fonte: Correio Braziliense

‘Ameo-o ou deixo-o’: Dilma, o Brasil é ela

Dilma nega campanha antecipada

Presidente, que intensificou sua agenda pelos estados, diz que ainda não trata de eleição

Catarina Alencastro, Luiza Damé

BRASÍLIA - Embora tenha intensificado as viagens pelo Brasil desde o mês passado, com participações em todo tipo de evento, a presidente Dilma Rousseff negou ontem que já esteja em campanha pela reeleição, como acusam seus potenciais adversários na disputa do ano que vem. Só em março, a presidente visitou cinco estados, mas sua justificativa é que não pode se desviar de sua obrigação de governar o país. Mesmo dizendo que deve ser a última pessoa interessada na campanha eleitoral, Dilma voltou a estocar seus opositores, ao criticar os pessimistas que, segundo ela, torcem contra o Brasil:

- Eu não estou em campanha. Sabe por que eu não estou em campanha? Porque tenho obrigação, durante 24 horas por dia, de dirigir o Brasil. E quero te dizer o seguinte: é impossível, impossível, qualquer desvio dessa rota. Talvez a única pessoa que não tem interesse nenhum em discutir o processo eleitoral na metade do seu governo seja eu - disse ela, após participar da abertura da exposição "Olhar que Ouve", de Carlinhos Brown, no Palácio do Planalto, que não estava prevista na agenda.

Dilma evitou responder se a situação da economia pode atrapalhar sua reeleição, mas, sem citar o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), atacou:

- Tem gente que torce para o Brasil dar errado. Tem muita gente torcendo para o Brasil dar errado, é só você olhar - disse, mandando os jornalistas perguntarem a Aécio se ele torce contra o país: - Não perguntei para ele, meu querido, aí é sua função.

Dilma não fala sobre Eduardo Campos

Também desconversou ao ser perguntada sobre o programa eleitoral do PSB que irá ao ar amanhã e exibirá o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, como pré-candidato à sucessão presidencial:

- Quem, meu querido? - disse a presidente, afirmando em seguida que os partidos têm o direito de fazer seus programas e que não está curiosa nem com o do PT, para o qual gravou na semana passada.

Dilma alfinetou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando falou sobre o Minha Casa Minha Vida: disse que, no governo tucano, não havia um programa habitacional.

Em março, cinco estados visitados

Desde que o ex-presidente Lula lançou a candidatura de Dilma à reeleição, na comemoração dos dez anos do PT no poder, em fevereiro, ela incorporou o papel de candidata e saiu às ruas. Levantamento das viagens nacionais da presidente nos quatro primeiros meses deste ano mostra que, em janeiro, ela visitou três estados; em fevereiro, dois, e em março o número pulou para cinco. Em abril, já fez três viagens nacionais e tem mais uma, para o Rio, programada para este sábado.

Nessas viagens, ela tem anunciado recursos para os estados, além de entregar unidades do Minha Casa Minha Vida, equipamentos para prefeituras, como retroescavadeiras e ônibus escolares. Ainda incorporou à sua agenda eventos esportivos: no início do mês, participou da inauguração do estádio da Fonte Nova, na Bahia. Sábado, Dilma estará na festa do novo Maracanã.

Fonte: O Globo

Agora, dizem que não há campanha

Paulo de Tarso Lyra

A antecipação do processo eleitoral presidencial gerou uma situação curiosa no país: todos se aproveitam do momento, mas ninguém admite que está em plena campanha ao Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff acelera o lançamento de programas; a ex-senadora Marina Silva corre para oficializar a Rede Sustentabilidade antes de outubro; o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), reúne-se com empresários de todo o país; e o senador Aécio Neves (MG) lança-se candidato à presidência do PSDB para unificar o apoio da militância tucana ao seu nome.

O jogo de empurra também acontece na troca de acusações sobre quem antecipou o processo eleitoral. “Quem antecipou foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lançar a presidente Dilma candidata à reeleição”, acusou o senador Aécio Neves. “Pouco depois, a própria presidente disse que, durante as eleições, pode-se fazer o diabo. A impressão que temos é que o diabo já está solto no Brasil”, ironizou o tucano.

Aécio tem participado de seminários organizados pelo PSDB para criticar a política econômica e as regras de distribuição de cargos do governo federal. No próximo dia 19, será aclamado presidente da legenda, passo considerado essencial, na visão de correligionários experientes, para unificar a militância em torno da candidatura presidencial no ano que vem.

A presidente Dilma Rousseff também finge que não é com ela quando questionada sobre a antecipação da campanha presidencial. Em fevereiro, durante comemoração dos 23 anos do PT, Lula disse que a melhor resposta a ser dada para os críticos do governo era “reeleger a companheira Dilma em 2014”.

Ontem, após cerimônia no Palácio do Planalto para anunciar um pacote destinado ao setor sucroalcooleiro — em última instância, uma tentativa de reduzir o preço do etanol —, Dilma jurou que não está em campanha. “Sabe por que eu não estou em campanha? Porque eu tenho obrigação durante 24 horas por dia de dirigir o Brasil. E quero te dizer o seguinte: é impossível, impossível, qualquer desvio dessa rota”, alegou.

Dilma acrescentou que seja, talvez, a única pessoa sem “interesse nenhum” em discutir o processo eleitoral na metade do próprio governo. Interlocutores da presidente afirmam que ela está correta, pois, ao discutir a eleição do ano que vem, perde legitimidade para apresentar propostas sem que estas sejam contaminadas pela disputa política. Adversários políticos pensam o contrário. “O PT antecipou o debate para intensificar a divisão de cargos e estancar eventuais defecções na base aliada”, disse um prefeito filiado a um partido oposicionista.

No momento certo

Líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF) subiu ontem na tribuna da Casa para responder aos irmãos Gomes — Cid, governador do Ceará, e Ciro, ex-ministro da Integração Nacional —, que cobram uma posição explícita do partido sobre a candidatura presidencial de Eduardo Campos. Na segunda, Cid reuniu, como antecipou o Correio, a Executiva Estadual e aprovou um ofício exigindo que a direção nacional da legenda discuta o tema.

Rollemberg assegurou que o PSB tratará do assunto no momento certo. “Até porque nenhum partido lançou candidato. Dizem que a Dilma é candidata, mas parte do PT defende a candidatura do ex-presidente Lula. Aécio não se lançou candidato ainda e muitos dizem que o Serra (o ex-governador José Serra) poderá disputar a Presidência em outro partido”, justificou Rollemberg.

Ex-senadora e com um recall de quase 20 milhões de votos nas eleições presidenciais de 2010, quando disputou o Planalto pelo PV, Marina Silva afirmou ontem, após reunião com senadores dissidentes do PMDB e outros representantes da oposição, que, “para alguns, é fundamental a criação de ruídos eleitorais para afastar os debates programáticos e iniciar os acordos para distribuição de cargos”.

Para Marina, esse comportamento é típico de quem está acostumado com projetos de poder. “Acabamos de sair de uma eleição municipal. Mas alguns partidos têm crise de abstinência quando estão distantes de disputas eleitorais”, afirmou.

Colaborou Karla Correia

Convite a Afif

A presidente Dilma Rousseff deve aproveitar a posse na Associação Comercial de São Paulo, no início de maio, para convidar o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para assumir o Ministério da Micro e Pequena Empresa. Apesar de ser considerado um convite pessoal da presidente, a nomeação poderá ajudar o PSD a coligar-se formalmente a Dilma no ano que vem. Até agora, dos nove diretórios estaduais consultados, todos defenderam o apoio à reeleição da presidente em 2014.

Movimentos eleitorais

Confira os passos dos presidenciáveis com toda pinta de uma campanha antecipada

Dilma Rousseff

» Participa de seminários do PT nos quais critica a oposição
» Veste chapéu de couro em eventos no Nordeste
» Utiliza com frequência o horário eleitoral gratuito para anunciar medidas bem-vistas pela população, como a redução nos impostos da cesta básica ou a diminuição no valor da conta de luz
» Intensifica o contato com prefeitos, distribuindo recursos e desburocratizando convênios para acelerar obras

Aécio Neves

» Lança-se presidente do PSDB a fim de unificar a legenda em torno de seu nome
» Participa de eventos partidários em diversos estados para ampliar a abrangência de sua candidatura
» Torna-se porta-voz das bandeiras da oposição nas críticas à política econômica do governo
» Assume o discurso do pacto federativo na tentativa de rachar o apoio de governadores e prefeitos ao Planalto

Eduardo Campos

» Contrata uma equipe de marketing e pesquisa para avaliar seus passos
» Aproveita o horário eleitoral gratuito do PSB para apresentar-se como um nome nacional
» Adota um instagram (rede social específica para fotos) com o sugestivo nome eduardocamposbr
» Viaja o país conversando com empresários e políticos de diversas tendências na busca por ampliar o leque de apoio para a própria candidatura

Marina Silva

» Cria uma legenda e corre para viabilizá-la a tempo de concorrer às eleições de outubro
» Adota um discurso de “oposição às práticas políticas atuais” em consonância com o pensamento de parte da classe média
» Conversa com representantes de diversos partidos em busca de filiar “puxadores de votos” nos estados
» Faz eventos em locais populares e populosos para recolher assinaturas para a Rede Sustentabilidade e, ao mesmo tempo, medir seu grau de recall perante a população

Fonte: Correio Braziliense

Base e oposição apoiam Marina

Câmara aprovou emenda que restringe ainda mais tempo de televisão

BRASÍLIA - A ex-senadora Marina Silva, possível candidata à Presidência da República no ano que vem, ganhou o apoio, ontem, de um grupo de senadores e deputados da base governista e da oposição contra o Projeto de Lei (PL) 4470 de 2012, que asfixia a criação de novos partidos.

O apoio veio na mesma tarde em que a Câmara concluiu a votação da proposta. O texto-base já havia sido aprovado na semana passada. Das cinco emendas analisadas ontem, a única alteração aprovada é a que diminui ainda mais o tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão dos partidos sem representação na Câmara.

Na sessão, chegou a ser colocada em discussão outra emenda, que previa que as novas regras entrassem em vigor apenas depois das eleições de 2014. A proposta foi apresentada por partidos contrários ao projeto - PSB, MD e PSDB - e endossada por alguns parlamentares petistas, mas acabou rejeitada pela maioria dos deputados.

No gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS), Marina Silva se reuniu com o senador e pré-candidato Aécio Neves (PSDB-MG), o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-RJ), o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) e o deputado federal Roberto Freire, presidente do recém-criado Mobilização Democrática (MD). "A voz de todos favoráveis à democracia e contra o casuísmo é importante", disse.

Os parlamentares prometeram se articular para lutar contra a aprovação do projeto no Senado. Na prática, o texto torna inviável o funcionamento de siglas em gestação, como a Rede Sustentabilidade - partido que Marina Silva tenta criar -, o MD (nascido da fusão entre PPS e PMN) e o Partido Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

Rollemberg, que é líder do PSB no Senado, pediu, ainda ontem, que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspenda o andamento do texto na Casa. Um pedido semelhante já havia sido feito por Paulo Pereira. As duas ações estão com o ministro Gilmar Mendes, que poderá dar uma liminar até que o plenário do STF decida.


Resistência. O texto-base do projeto e a emenda, aprovados pela Câmara, seguirão agora para votação no Senado. A proposta interessa ao governo da presidente Dilma Rousseff, que não quer ver sua base se dissolver com migrações de parlamentares para as novas siglas.

Ontem, o vice-presidente, Michel Temer(PMDB), defendeu uma reforma política que reduza o número de partidos no país. "É uma posição antiga que tenho. O número reduzido de partidos pode ajudar até a própria democracia brasileira".

Fonte: O Tempo (MG)

Entrevista de Roberto Freire na TV Estadão: a tentativa do governo de limitar novos partidos uniu os contrários ao casuísmo

Por: Fábio Matos - Assessoria do parlamentar

O deputado Roberto Freire (SP), presidente nacional da Mobilização Democrática (MD), foi o entrevistado da TV Estadão e falou sobre o novo partido e as eleições de 2014. Ele também qualificou projeto de lei que seguirá para o Senado como ‘golpe’; para 2014, tendência é de apoio a Eduardo Campos

Em entrevista à TV Estadão, o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional da Mobilização Democrática (MD), afirmou que o projeto de lei que limita o acesso de novas legendas aos recursos do Fundo Partidário e ao tempo de propaganda eleitoral no rádio e na televisão, apoiado por PT, PMDB e grande parte da base governista, serviu para unir as oposições com vistas à sucessão de 2014.

Assista à entrevista do deputado Roberto Freire à TV EstadãoPARTE 1 e PARTE 2

“Isso ajudou a oposição a ter uma unidade maior agora. Vai nos ajudar no processo sucessório”, disse o deputado ao analisar a reação de partidos como PSDB, PSB, PV e PSOL, além do próprio MD, contra a iniciativa governista que atinge possíveis futuras agremiações como a Rede Sustentabilidade, da ex-ministra Marina Silva, e o Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).

“Nós estamos ultimando uma longa batalha. Mostramos para a sociedade o golpismo e o casuísmo, a violência que se estava cometendo contra a liberdade partidária no país”, afirmou Freire, que qualificou o projeto de lei como “uma violência inaudita própria das ditaduras, não de um regime democrático” e um “golpe nas oposições”.

Para o presidente nacional do MD, as chances de a iniciativa do governo prosperar no Senado Federal são menores, principalmente porque a proposta já começa a ser questionada por parlamentares do próprio PT, como os senadores Wellington Dias (PI), Jorge Viana (AC) e Paulo Paim (RS). “No Senado, a oposição é um pouco maior. E alguns senadores do próprio PT começam a ter uma posição desconfortável em apoiar o projeto contra as oposições”, diz.

Em relação à disputa eleitoral de 2014, Roberto Freire sinaliza a tendência do MD de apoiar a possível candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), mas não descarta outras possibilidades no campo da oposição. “O partido tende a um apoio à candidatura de Eduardo Campos, mas não está excluída a possibilidade de Aécio Neves ou de Marina Silva. Vai depender do processo”, aponta.

“Se fosse continuar PPS, eu poderia dizer que estava encaminhado o apoio a Eduardo Campos”, continuou Freire. “Mas houve setores de apoio a Aécio e Marina, e isso continua. Agora veio o PMN, que sei que é oposição, mas qual seria a sua primeira opção [em termos de candidatura] eu ainda não sei.”

O presidente do MD elogiou a postura de Campos e afirmou que, caso o governador pernambucano se firme como uma “alternativa” à gestão de Dilma Rousseff, “talvez seja a candidatura com a melhor condição de derrotar o governo”.

Sobre Marina Silva, Freire lembrou que o PPS havia convidado a ex-ministra para ingressar no partido antes que ela anunciasse sua intenção de criar uma nova legenda. “O PPS tinha oferecido à Marina se integrar, inclusive em um congresso que nós tínhamos convocado. Ela fez a opção pela Rede. Se isso não funcionar e ela quiser vir, o partido está aberto. E teremos de fazer um debate interno. Mas já dissemos, inclusive à própria Marina, sobre essa possibilidade”, afirmou.

O parlamentar também falou sobre a criação do MD, a partir da fusão entre PPS e PMN, e do objetivo do partido de se tornar um dos protagonistas do debate político brasileiro. “É um partido de esquerda. Vem de origem do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB), veio o PPS e, agora, MD. Quando o PCB mudou, já tinha a ideia de buscar uma nova formação para integrar todas as forças democráticas e do campo da esquerda”, destacou Freire. “Estávamos discutindo a fusão há algum tempo. A ideia era que pudéssemos atrair aqueles insatisfeitos em seus partidos ou que acreditassem que o MD fornecesse melhores perspectivas.”

O deputado preferiu, entretanto, não estipular uma meta de quantos parlamentares podem se incorporar à legenda. “Eu teria uma cautela grande para dizer quantos vêm. Seria precipitado. Mas é possível que construamos um partido de médio porte no Brasil”, avalia.

Fonte: Portal dos MDemocráticos

Oposição se une contra projeto que barra novos partidos

Ricardo Della Coletta e Débora Álvares

Três dos possíveis adversários da presidente Dilma Rousseff na corrida eleitoral do ano que vem uniram forças no Senado para tentar barrar o Projeto de Lei 4470/12, que inibe a criação de novos partidos. Em reunião na tarde desta terça-feira, a ex-senadora Marina Silva (sem partido), que está tentando articular uma nova sigla, a Rede Sustentabilidade, Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), ligado ao governador de Pernambuco, o pessebista Eduardo Campos, fizeram duras críticas à proposta aprovada na quarta-feira, 17, na Câmara dos Deputados e articulam medidas para que as restrições aos partidos não comecem a valer já em 2014.

"Estamos buscando unir todos aqueles que são contrários ao casuísmo que fere nossa democracia, para que aqui no Senado possamos corrigir o erro cometido na Câmara", argumentou Marina, que comparou o Projeto de Lei - de autoria do deputado Edinho Silva (PMDB-SP) - ao chamado Pacote de Abril, conjunto de leis da ditadura militar que, entre outras coisas, fechou temporariamente o Congresso Nacional.

De acordo com Marina, o primeiro esforço do grupo será tentar derrubar o requerimento de urgência que deve ser proposto assim que a matéria chegar ao Senado - isso garante que o projeto siga direto para o Plenário da Casa, sem passar por comissões temáticas. Caso não consigam derrubar a urgência, a ideia é trabalhar pelas emendas que jogam a vigência do projeto para depois das eleições do ano que vem.

Da forma como está, o texto restringe o acesso de novas legendas ao Fundo Partidário e ao tempo de propaganda em rádio e TV. Isso prejudicaria as eventuais candidaturas de Marina e do governador pernambucano, Eduardo Campos (PSB), que articula apoio com o recém-criado MD, fruto da fusão do PPS com o PMN. Para Aécio, a presença da ex-senadora e de Campos na corrida pelo Palácio do Planalto em 2014 aumentaria as chances de levar a briga para o segundo turno.

"Não é razoável que o governo estimule a criação de partidos para lhe dar apoio e impeça, na mesma legislatura, a criação de legendas que tenham uma outra noção de país", disse o senador mineiro, referindo-se à criação do PSD, do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, patrocinado pelo governo e que enfraqueceu as bancadas de oposição.

"Vamos reagir porque não é justo que a população seja cerceada de opções do nível da Marina Silva, de Eduardo Campos, que possam surgir legitimamente. Não aceitamos o casuísmo do governo federal, que age como se temesse a disputa eleitoral", concluiu. Aécio disse que o PSDB no Senado se articula contra o projeto e que, agora, vai em busca de apoio em outras siglas.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Governo acelera aprovação de lei contra rivais de Dilma

Petistas que ameaçavam apoiar articulação de Marina Silva foram enquadrados

Votação do projeto foi finalizada ontem pela Câmara e agora deve tramitar em regime de urgência no Senado

Gabriela Guerreiro, Érich Decat e Márcio Falcão

BRASÍLIA - No mesmo dia em que senadores lançaram um movimento contra o projeto que inibe a criação de partidos no Brasil, o Palácio do Planalto agiu para enquadrar sua bancada na Casa e acelerar a votação da medida.

A proposta, que teve sua aprovação na Câmara finalizada ontem, enfraquece eventuais adversários da presidente Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014.

Um dos partidos em criação no país, por exemplo, é a Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, que pretende se lançar ao Palácio do Planalto no ano que vem.

Liderados por Marina, os congressistas que ontem lançaram o movimento contra o projeto defendem que as regras entrem em vigor só depois das eleições de 2014.

O projeto aprovado ontem na Câmara, e que agora vai para o Senado, restringe bastante o acesso das legendas novatas ao dinheiro do fundo partidário e ao tempo de propaganda na TV, dois mecanismos vitais para o funcionamento de uma sigla.

Marina atribuiu a Dilma as articulações para a aprovação da proposta.

"A presidente não precisa disso. Ela tem um partido forte, tem ao seu lado quase todos os outros partidos, 39 ministérios, o PAC, o Bolsa Família, o José Sarney [ex-presidente do Congresso] e o Renan Calheiros [presidente do Congresso]. Não sei por que ser contra 30 segundos na TV de uma força política que está começando agora", disse.

Embora o governo trabalhe nos bastidores para aprovar o projeto, só há alguns dias um integrante do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), defendeu publicamente a medida. Para ele, os contrários ao projeto é que têm interesse eleitoral de patrocinar um "processo sem fim de criação de partidos".

Recurso

O movimento suprapartidário contra a nova regra vai agir em três frentes. Primeiro, os senadores vão tentar impedir que o projeto tramite rapidamente no Senado; depois, tentarão aprovar emenda para que as regras entrem em vigor só em 2015.

Ontem o grupo informou ter entrado no STF (Supremo Tribunal Federal) com um mandado de segurança contra o projeto.

Além de Marina, o movimento é integrado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), outro provável rival de Dilma em 2014, e representantes de PSB, PMDB, PDT e PSDB. Marina também criticou o PT, que segundo ela usa o mesmo "punhal" do qual foi vítima na ditadura militar. "Não imaginei que o PT ia usar o mesmo punhal enferrujado que usaram para ferir o Lula na época da criação do PT."

Apesar de defender o projeto na Câmara, o PT no Senado estava reticente.

O próprio líder da sigla, Wellington Dias (PT-PI), havia afirmado que apoiaria a entrada em vigor das medidas somente em 2015. Ontem ele foi enquadrado pelo governo e mudou de ideia após se reunir com o presidente nacional do PT, Rui Falcão.

Com isso, a bancada do partido decidiu apresentar pedido para que o projeto tramite em regime de urgência.

Até o senador Jorge Viana (PT-AC), que é amigo de Marina e anteontem havia dito que iria defendê-la, afirma agora não saber que posição vai tomar. "O partido fechando questão é outra coisa. Mas vou conversar com a bancada."

Fonte: Folha de S. Paulo

Barbosa enfrenta associações - Merval Pereira

A disputa com as principais associações de classe da área jurídica - Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) - vai continuar, se depender do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa. Ele atribui às associações uma tentativa de desqualificá-lo devido às ações moralizadoras que vem tomando à frente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

O principal ponto de atrito até o momento teria sido a decisão de proibir o patrocínio de reuniões de juízes. Até o final de seu mandato, Barbosa diz que pretende retomar o tema para conseguir proibir definitivamente esses patrocínios, que hoje estão limitados em 30% dos custos dos eventos, fruto de acordo que diz ter aceitado para colocar a proibição em discussão.

No relato de Joaquim Barbosa, as associações voltaram-se contra ele pela decisão de combater os desvios de conduta no meio jurídico, mas sentiram-se atingidas por uma decisão que não foi sua. Em uma reforma no prédio do STF, as salas que as associações usavam foram designadas para outras funções, e as associações pensaram que fora uma medida da nova administração.

Para Joaquim Barbosa, as associações servem mais aos que delas se utilizam para subir na carreira do que aos próprios magistrados, e não há transparência nas suas atividades. Ele atribui as divergências ao seu trabalho moralizador e vê nas críticas à nomeação de seu secretário Wellington Geraldo Silva para dirigir o fundo de previdência complementar do Judiciário uma maneira de tentar incriminá-lo diante da opinião pública.

"Jamais passou pela minha cabeça nomear alguém do Judiciário para tomar conta desse fundo, pois tenho que nomear alguém com experiência no setor", explica Barbosa, para quem não há ninguém mais preparado para o cargo do que seu assessor, que já trabalhou na Previ e fez vários cursos de aperfeiçoamento sobre previdência privada.

Joaquim Barbosa explica que nomeou o conselho que vai colocar o fundo previdenciário em funcionamento conjuntamente com todos os presidentes dos tribunais superiores, que também indicaram seus representantes. A nomeação de Wellington Silva para presidir o conselho foi referendada por todos.

A função do conselho será organizar o fundo, que, por enquanto, tem para isso R$ 25 milhões do Tesouro Nacional, que terão que ser devolvidos quando as contribuições dos associados estiverem sendo depositadas. O conselho se reunirá uma vez por mês, e o fundo será tocado por profissionais do mercado financeiro que serão recrutados por firmas especializadas. "Provavelmente essas associações queriam assumir o controle desse fundo", comenta Barbosa.

Ele também ressalta que o fundo previdenciário não o beneficiará de maneira alguma, pois só servirá para os novos membros do Judiciário. Foi por todo esse histórico de brigas que ele, ao receber os representantes das três associações em seu gabinete, chamou a imprensa para que presenciasse o encontro, não por prepotência, como muitos interpretaram, inclusive eu.

Um incômodo mais recente surgiu quando Joaquim Babosa referiu-se ao "conluio" entre juízes e advogados, provocando protestos nas duas categorias. Um dos dirigentes de associação questionou na ocasião o fato de Joaquim Barbosa estar namorando uma advogada, o que o presidente do Supremo considerou "um desrespeito".

Fonte: O Globo

A plataforma petista para a oposição - Elio Gaspari

Juntos, os quatro comissários mensaleiros do PT foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal a 36 anos de prisão. O partido solidarizou-se com todos e denuncia o que considera uma essência política do julgamento. A chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, companheira Rose Noronha, está indiciada num inquérito da Polícia Federal por tráfico de influência e o repórter Robson Bonin acaba de revelar que em 2010 hospedou-se no palácio Doria Pamphili, um dos mais belos de Roma e sede da Embaixada brasileira.

Nas últimas semanas a Polícia Federal e o Ministério Público revelaram articulações de um atravessador paulista, Gilberto Silva (pode me chamar de Zé Formiga), usando os nomes de três comissários em suas traficâncias. Entraram na roda os deputados Cândido Vaccarezza, que ocupou a liderança da bancada de apoio à doutora Dilma até 2012, Arlindo Chinaglia, ex-presidente da Câmara, e José Mentor, cujo irmão é deputado estadual em São Paulo.

O julgamento do STF ainda não acabou, Rose Noronha é apenas uma cidadã indiciada num inquérito e as relações dos comissários com Zé Formiga estão longe de serem provadas. São três lotes qualitativamente diferentes, mas para a plateia ressoa a frase do deputado André Vargas, vice-presidente da Câmara, rebatendo uma observação do ex-governador gaúcho Olívio Dutra que defendeu a renúncia de José Genoíno ao mandato: "Quando (ele) passou pelos problemas da CPI do Jogo do Bicho, teve a compreensão de todo mundo."

O problema do PT é a "compreensão". Tome-se o caso de uma assessora de Vaccarezza, a companheira Denise Cavalcanti. Em julho de 2010 ela ligou para o empreiteiro Olívio Scamatti pedido-lhe emprestado um avião para atender ao deputado. O doutor está preso. Quando a polícia foi buscá-lo, seu filho mandou a seguinte mensagem a um funcionário de sua empresa: "Luís, apaga tudo, pelo amor de Deus, a Polícia Federal está aqui." Depois o próprio Scamatti cobrou o apagão da memória de pen drives, um HD externo e um tablet. Vaccarezza informa que demitiu sua assessora. Cadê ela? Até o último dia 19, ocupou um cargo no serviço funerário da prefeitura de São Paulo.

O deputado Arlindo Chinaglia pediu o aprofundamento das investigações e assegura que não conhece Zé Fomiga. Seu ex-chefe de gabinete é citado organizando uma reunião para alavancar um pedido da empreiteira Leão Leão junto ao BNDES. (A Leão Leão adquiriu notoriedade nacional durante a administração de Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto.) O deputado informa que seu chefe de gabinete não está mais no cargo. Cadê? Está no gabinete de outro companheiro.

O presidente do partido, Rui Falcão, reconheceu, há alguns meses, que o principal erro do partido "foi em alguns momentos termos enveredado por práticas comuns a outros partidos, mas o PT não deveria ter se enveredado por elas". Falcão conjugou o verbo no tempo errado. O PT não enveredou, está funerariamente enveredado e a transferência da companheira Denise sinaliza isso. Quem quiser, acredite que a doutora Dilma, na sua condição de gerentona, nada tem a ver com a compreensão dos companheiros. Nem ela, nem Lula.

Fonte: O Globo

Ilusão de ótica - Dora Kramer

A inclusão do nome do presidente do Supremo Tribunal Federal na lista das 100 pessoas mais influentes do mundo escolhidas pela revista americana Time reabriu a série de homenagens a Joaquim Barbosa, bem como a temporada de especulações sobre a possibilidade de uma candidatura à Presidência da República em 2014.

Em princípio, o quesito "condições objetivas" inscreve essa hipótese eleitoral na seara das miragens, para não dizer das simplificações impensadas. A eleição é "casada", de deputado estadual a presidente, passando pelas disputas à Câmara, ao Senado e aos governos dos Estados. Dependente, portanto, de estrutura partidária ou, como no caso do PSB, de coligações substantivas.

Barbosa não tem partido e os que detêm as condições acima expostas já têm candidatos. Nenhum deles estaria disposto a ceder seus espaços. Muito menos a alguém tão impermeável às transações típicas do modelo de governo lastreado em fisiologismo.

Difícil imaginar Joaquim Barbosa numa roda de discussão sobre o toma lá dá cá. Seria o "defeito" da qualidade que poderia fazer dele um excelente candidato em cenário (infelizmente?) fictício no cotejo com a realidade política.

Uma eleição é algo mais complexo que a comunhão de vontades, senso de oportunidade e construções hipotéticas. Em 1989, quando Fernando Collor decolou a bordo de um PRN inexistente, a eleição era "solteira"; só para presidente, podendo se dar em torno de uma personalidade.

Pela norma vigente, partidos precisam eleger o maior número possível de deputados para que tenham influência no Congresso e, com isso, mereçam a atenção do Executivo; prefeitos precisam "ter" parlamentares que defendam seus interesses em Brasília e, em troca, trabalham pela permanência deles no Congresso.

A dinâmica desenhada de maneira resumida é essa, e nela não se incorporam com suavidade fatores exógenos. Uma eventual candidatura do presidente do Supremo a presidente da República por esse critério se enquadra 110 terreno nas excentricidades.

O que não quer dizer que Joaquim Barbosa não seja objeto do desejo no mundo político. É, mas não como concorrente. Seu apoio seria algo extremamente bem recebido por qualquer candidato.

Sendo praticamente impossível obtê-lo de forma explícita, os políticos provavelmente o buscarão de maneira implícita, procurando estabelecer algum tipo de identificação com a pessoa ou com os valores representados por Barbosa.

Se vão conseguir são outros quinhentos. Pertencentes a uma história a ser contada de acordo com os parâmetros impostos pelo presidente do STF ao manejo político do simbolismo de austeridade moral que transmite à opinião pública.

Uva verde. Nas "internas" do governo e cada vez mais nas "externas" do PT, já se usa a expressão "bolha" em relação à possível candidatura de Eduardo Campos à Presidência. Emprestada da economia com o significado de inconsistência, o vocábulo tem o sentido de desqualificar a recepção positiva que o governador de Pernambuco vem tendo entre políticos e empresários.

Nome do jogo. O mote do discurso de campanha da oposição por ora é "inflação de alimentos". O senador Aécio Neves encaixa as três palavras em cada cinco de dez frases que fala sobre seus planos de construção da candidatura presidencial pelo PSDB.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um inferno cheio de boas intenções - José Nêumanne

A presidente Dilma Rousseff não compreendeu a evidência que emergiu das urnas venezuelanas na última eleição presidencial. A Venezuela é - sempre foi - um país dividido ao meio. Nos últimos anos, o carisma de Hugo Chávez, apoiado numa capacidade de comunicação e numa loquacidade similares às do compadre dele e padrinho dela Luiz Inácio Lula da Silva, fez a balança pesar mais para o seu lado. Mas sua morte restaurou o equilíbrio de antanho e de nada adiantaram os truques continuístas incorporados às instituições políticas e eleitorais do país pelo comandante bolivariano para evitar que a calamitosa situação econômica se refletisse nas urnas.

A pequena margem da maioria de Nicolás Maduro sobre Henrique Gapriles e o fato de ela contrariar o resultado de pesquisas de boca de uma não caracterizam, por si sós, ter a contagem devotos sido fraudada. Mas também não faltaram evidências de uso abusivo da máquina pública em favor do presidente reeleito. Só o fato de ter ele feito propaganda partidária à véspera do pleito na televisão pública evidencia a quebra de um conceito elementar de uma disputa eleitoral numa democracia digna dessa denominação: a igualdade de oportunidades para quem dispute a preferência do eleitor.

Não dá para questionar a legitimidade da escolha de Dilma para presidir o Brasil. Mas a lisura dos resultados eleitorais brasileiros, que nunca foi posta seriamente em dúvida, não a autoriza a apoiar, em nome da Nação toda, nenhum dos lados numa eleição sobre a qual paire alguma dúvida. Até porque a votação foi parelha demais e a evidência dessa igualdade exige um mínimo de respeito democrático a quem optou pela substituição do escolhido por Chávez por um oposicionista. Dilma não é presidente apenas de quem a sufragou. Vigendo neste país uma democracia de fato, e ninguém tem o direito de duvidar disso, ela governa em nome de todos. Só que não deveria usar esse peso para ajudar um amigo ou parceiro de crença ideológica.

Ainda mais quando o amigo e companheiro apoiado levou a ferro e fogo até a última faísca a convicção que ela mesma já expressou, em plena campanha antecipada para continuar no poder, de que é lícito "fazer o diabo" para ganhar uma eleição. Felizmente, o Brasil não é a Venezuela. As instituições de nosso Estado Democrático de Direito não permitem a licenciosidade de que os bolivarianos lançaram e lançam mão no país vizinho para controlar Judiciário e Legislativo como se fossem não Poderes autônomos, mas instâncias subordinadas aos mandatários do Executivo. E, Dilma seja louvada, a livre comunicação nestas plagas impede que nossos governantes transgridam as leis.

Convém, no entanto, que as forças vivas da sociedade brasileira atentem para manobras, nem sempre muito sutis, às quais a aliança que sustenta o governo federal, com fome e força de leão, apela para não largar o osso suculento das presas da caçada institucional. Tudo tem sido feito no atual governo para assegurar à sua chefe a vitória - e sem ter de disputar segundo turno - no pleito federal do ano que vem. Diante da perspectiva de retirada do aliado histórico Eduardo Campos, presidente nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e governador de Pernambuco, a chefe do governo tratou de ampliar sua base de sustentação atraindo para o palanque o Partido Social Democrático (PSD), do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab. E de manter a sociedade com o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), com direito ao bis de vice.

Para evitar deserções ela tratou ainda de jogar no lixo as abandonadas intenções de sanear a Esplanada dos Ministérios, trazendo de volta para lá os maiorais do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e do Partido da República (PR), que haviam sido defenestrados em nome da decência cívica e da probidade administrativa.

E da mesma forma que abre mão de nobres princípios assumidos como bandeira no início de seu governo, Dilma Rousseff também recorre ao pretexto de uma providência necessária para reduzir o déficit de representatividade na democracia nacional apenas para atender ao mais deslavado oportunismo. Com a mesma desfaçatez com que cria ministérios para abrigar o maior número de partidos na base governista, a presidente levou a Câmara dos Deputados a aprovar a toque de caixa novas regras para impedir que ex-aliados e eventuais adversários no futuro inflem seus palanques. A lei aprovada na Câmara e encaminhada ao Senado modificando os critérios de distribuição das verbas do Fundo Partidário e dos segundos no horário da propaganda partidária no rádio e na televisão é a mais deslavada prova de acerto da filosofia avoenga segundo a qual "de boas intenções o inferno está cheio". Prova-o o emprego de dois pesos e duas medidas no tratamento de sombra e água fresca dado ao futuro aliado Kassab, oposto à dieta de pão e água a que submeterá os ex-companheiros de jornada Eduardo Campos e Marina Silva. Com direito ao cínico comentário do ministro-chefe da Secretaria da Presidência, Gilberto Carvalho, que atrelou o expediente malandro de desfalcar desde já adversários prováveis de daqui a 18 meses ao preceito democrático da fidelidade partidária, corretíssima demonstração de respeito à soberana vontade da cidadania.

Ainda que o presidente do PSDB de Minas, deputado Marcus Pestana, exagere ao comparar a iniciativa de Dilma ao "pacote de abril", que garantiu à ditadura militar a vitória eleitoral em 1977, mas não lhe assegurou a sobrevivência, o casuísmo continuísta excede em cuidados. Como a reeleição da presidente é muito provável, mesmo que só ocorra no segundo turno, essa pressa toda na corrida de sede ao pote deixa no ar um preocupante desapreço à igualdade de oportunidades, sem a qual a democracia é uma falsa ilusão enganosa e injusta.

Fonte: O Estado de S. Paulo

De esquerda, realista e democrático - Rosângela Bittar

A história política de Roberto Freire tem constantes que se reproduzem com tal naturalidade que muitas vezes seus críticos perdem a referência e vão buscar defeitos onde há apenas perseverança. O que ocorreu agora com a criação da Mobilização Democrática, MD, legenda resultante da fusão do PPS com o PMN, é síntese de uma trajetória marcada pelo senso de realidade na construção do caminho até encontrar o porto.

Mais do que buscar uma aproximação do quadro eleitoral, suas mudanças representam claramente a busca do que define como uma afirmação da esquerda democrática.

Isso tem a ver, na sua avaliação, com a origem de tudo: " O partidão, e as vicissitudes que ele passou por causa da própria realidade mundial, do socialismo, e a constatação que foi feita que é necessário estar buscando sempre a renovação, as alianças, a linha do processo democrático".

Mobilização pode ir com Eduardo Campos, se ele for

O que é fundamental nesse processo? Freire explica: "O compromisso com a ideia da esquerda democrática, nunca perder esse ideal da mudança, da transformação".

Em todos os partidos onde o PCB, o partidão, encontrou guarida para atuar inclusive quando esteve na clandestinidade, fez a busca da autenticidade, do seus ideais. Freire rebate outra crítica, a de que suas transformações servem de linha auxiliar de um ou outro projeto partidário. "Nós nunca nos firmamos, como alguns imaginam, como força auxiliar de quem quer que seja. Nunca fomos sub-legenda. Muito ao contrário. Nunca fomos o que não somos. Já fomos com o PT, já fomos com o PMDB, já fomos com os socialistas, já fomos com o PSDB, votamos com quem nos aliamos, com quem achamos que devemos".

Para Freire, o partido em que se encontra em cada momento transformador é sempre o mesmo, o PCB, sempre pequeno, sempre com dificuldades, sempre identificável, sempre independente. E em cada momento as pressões, até de fora, provocam o debate interno, a dúvida, a mobilização. Sempre volta a questão da identidade, do rumo.

Agora, parece estar claro que o debate interno será feito a partir de uma afinidade com os socialistas e, como consequência, na caminhada de 2014, queiram ou não os adversários, com a candidatura presidencial do Eduardo Campos.

"Estou me preparando para a discussão, no Mobilização Democrática, sobre o que isso vai significar. Vai ter uma disputa boa, num primeiro momento, como vamos caminhar em 2014. O PPS, antes do processo de fusão, tinha um movimento que crescia com a ideia do Eduardo Campos. No PMN não tem ainda uma clareza disso. Mas quem pensa vir para a Mobilização Democrática tem uma tendência de aliança com Eduardo Campos".

Nada há de estranho nisso, ao contrário. Eduardo nunca foi um tradicional aliado do PT em Pernambuco e já ouviu discursos de campanha que insultavam seu avô, Miguel Arraes, chamando-o de "o Pinochet do Nordeste". Derrubado esse mito da aliança inquebrantável, que na verdade foi mais pessoal, com Lula, pode estar no socialismo o porto da esquerda democrática.

"Tivemos sempre proximidade grande dos socialistas. Relação estreita. Tanto no PCB, como no PPS, mesmo com divergência".

Para o líder do novo partido, a busca de afirmação da esquerda democrática, com o MD, não tem em mente apenas uma aproximação eleitoral visando 2014, "que seria apenas uma decantação do processo".

Claro que, tendo no horizonte uma eleição, um objetivo definido, tudo caminha mais facilmente. Mas, faz questão de retomar a linha da transformação: "A aproximação é da grande frente democrática de esquerda, que o MD tem na sua origem. Porque vem do PPS, vem do PCB".

Esse tipo de processo exige trabalho duro, debate, e é o que Roberto Freire está acostumado a fazer e vai fazer, para dentro e para fora.

Em vários momentos do processo, com alianças de um lado ou de outro, o partido dessa esquerda democrática teve maior ou menor votação. Quando esteve com a candidatura Geraldo Alckmin, ano da verticalização, fez muitos deputados, teve grande votação. A campanha de Ciro Gomes pelo PPS só ajudou o partido, registra Freire. Refletiu um bom desempenho nas disputas municipais e em seguida em 2006. Em 2010 o partido seguiu com José Serra. "Vamos permanecer no campo da esquerda democrática". Freire cita um levantamento desse histórico das alianças desde o PCB para concluir que esteve sempre alinhado a uma política de esquerda ou de centro esquerda.

Que não teme mudanças, sabe-se, mas o que mesmo está Freire procurando?

"Estou procurando um partido que expresse um pensamento de uma esquerda democrática. Que possa aglutinar esses setores, seja um partido, ou um movimento que expresse isso, que se alie com isso. Nós fomos com o PT, pensamos isso com o Lula. Na nossa avaliação, não se realizou. O PT não aprofundou a democracia, ao contrário. O governo petista é um governo que infelizmente, nesses últimos tempos com certa constância, atenta até contra a democracia, que não é um valor universal para a sua atividade partidária". É uma esquerda, segundo Freire, que não atendeu aos pressupostos daquilo que, com o fim da experiência histórica do socialismo real, ficou como valor fundamental para os oriundos do PCB.

Além da busca do eleitor de opinião, Freire conta que transferiu-se para São Paulo porque o partido tinha uma concepção, há muitos anos, que se tivesse uma liderança partidária expressiva, teria capacidade de eleger. São Paulo já é há algum tempo o grande centro da política brasileira. A economia também está lá, o estado mais desenvolvido, faz com que tenha a política mais expressiva e significativa".

E redobra a atenção ao espaço que se abre. Depois de um tempo, em que o PT ocupou quase todos os espaços da esquerda brasileira, com a adesão de todos os políticos de esquerda, o quadro agora é outro. "Como nós não nos vinculamos crescemos muito pouco. Hoje, com a experiência do PT no governo, o espaço para a esquerda democrática começa a se formar de novo". Daí a discussão que a transformação de um partido pequeno provoca.

Fonte: Valor Econômico

A liga adversária - Denise Rothenburg

O governo e o PT, aos poucos, vão dando motivos para uma proximidade entre os adversários de Dilma Rousseff, algo que não ocorreu em 2010. E aí pode morar o perigo

De todos os gestos que apareceram até agora nessa disputa pré-eleitoral rumo a 2014, o mais emblemático, até agora, entre os adversários da presidente Dilma Rousseff foi uma reunião ontem no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB-RS). Ali, estiveram representantes de todos os partidos que buscam alternativas ao governo, da oposição tradicional àqueles que ainda dizem estar aliados ao Planalto.

A lista é de peso. O senador Aécio Neves (PSDB-MG); Marina Silva, que trabalha a criação da Rede Sustentabilidade; o presidente do MD, deputado Roberto Freire; o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), como representante dos socialistas; o senador Pedro Taques (MT); o deputado José Antonio Reguffe (DF); e mais dois nomes do PDT, além de representantes do PSol. Participaram ainda o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, o deputado Arnaldo Jardim (MD-SP), o deputado Walter Feldmann, do PSDB, engajado na criação da Rede, entre outros.

O encontro serviu de largada para a criação, dentro do Senado, de um movimento contra o projeto que tira tempo de tevê e fundo partidário dos partidos que vierem a ser criados depois da sanção da lei. O governo investe pesado na aprovação da proposta, ao ponto de constranger os senadores do Acre, como Jorge Vianna, do PT, a votar a favor da proposta contra a sua conterrânea Marina Silva. Caso ela crie o partido, depois de aprovada essa lei, não terá direito a recursos do fundo partidário e nem tempo de tevê proporcional ao número de deputados que conseguir agregar.

Para muitos, essa reunião foi apenas mais um happening político sem muitas consequências, uma vez que o grupo é minoria no Senado. Mas, aos poucos, Dilma Rousseff, ao ligar o trator do governo contra Marina Silva, pode terminar dando um ponto de liga a seus adversários, o que não ocorreu em 2010.

Na eleição passada, Marina foi candidata, mas anunciou neutralidade no segundo turno. Não ficou contra Dilma. Agora, ao sentir o aparato governista jogando tudo para impedir que a Rede tenha mais estrutura para atrair políticos de peso, nada impede que ela aja de forma diferente na próxima temporada eleitoral, colocando-se contra o governo Dilma.

Obviamente, hoje tanto Aécio como o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sonham em ter Marina na vaga de vice. Entretanto, não é apenas por esse sonho que se movimentam em torno da ex-ministra do Meio Ambiente, detentora de 18% das intenções de voto. Eles apostam também nas circunstâncias e na naturalidade que determinados gestos vão criando.

Essa aproximação, feita aos poucos e devagar, promete se intensificar e dará aos adversários de Dilma uma convivência que, logo ali na frente, pode terminar por tirar muita gente boa do palanque da petista, em um segundo turno. Ou, pelo menos, reduzir a neutralidade. Ninguém chamará de amigo ou aliado, muitos menos dará apoio, a quem lhe passou o trator. E, se continuar assim, o remédio de hoje, pode ser o veneno de amanhã.

Enquanto isso, no passado...

Não dá para se esquecer do que houve por, exemplo, em 2002. No início daquele ano, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, despontava como uma novidade na qualidade de pré-candidata a presidente da República. Uma operação da Polícia Federal na sede da Lunus, uma empresa do marido de Roseana, terminou por tirar a governadora do páreo, por causa do dinheiro vivo sobre a mesa. Roseana, constrangida, desistiu da candidatura e, tempos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) lhe devolveria o dinheiro que, segundo contado pelo então presidente do PFL, Jorge Bornhausen, tinha sido enviado pelo partido.

À época, Roseana e seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP), convenceram-se que o escândalo teve um dedo do então pré-candidato do PSDB, José Serra. O delegado da operação era ligado a Serra e, embora não houvesse nada que identificasse a participação do tucano no episódio, o estrago político ficou. O PFL rachou e não integrou a aliança. Serra teve como vice a deputada Rita Camata (PMDB-ES). Sarney e Roseana apoiaram Lula.

Esse episódio serve para mostrar que, quando o trator é acionado, mágoas políticas ficam. Marina Silva pode até não conseguir montar seu partido até setembro por conta dos trâmites burocráticos. Poderia até ser acusada de demorar tanto para decidir que, por isso, a Rede Sustentabilidade não saiu. Ficaria com imagem de vacilante. Agora, se passar essa lei, sairá como vítima e fechará a porta para o governo que lhe sufocou. A história está com cara de que vai se repetir.

Fonte: Correio Braziliense