sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Opinião do dia – Roberto Freire

Todos esses pedidos são inéditos no Supremo. Nós temos na Constituição brasileira que a decisão do Senado é irrecorrível. O processo do impeachment se encerra com a decisão do Senado. Nada tem com o STF. Por isso, considero que a decisão de Teori é correta. Seria ainda mais correto mandar todos os processos relacionados ao impeachment para o arquivo.

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Roberto Freire é deputado federal (SP) e presidente nacional do PPS

Teori nega pedido de Dilma para suspender impeachment

• Mais cedo, Rosa Weber rejeitou ações contra o fatiamento do julgamento da ex-presidente

André de Souza – O Globo

BRASÍLIA — O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, negou liminar para suspender o impeachment, apresentada pelo advogado José Eduardo Cardozo, que defende Dilma Rousseff. A limitar poderia permitir a volta da ex-presidente. Teori requisitou informações ao presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, que presidiu o julgamento do impeachment, e pediu a opinião do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Essas informações serão levadas em conta no momento em que o ministro tomar uma decisão definitiva sobre o caso.

Segundo Teori, a defesa de Dilma não conseguiu demonstrar a necessidade neste momento de uma liminar, ou seja, de uma decisão provisória tomada em casos urgentes. De acordo com ele, uma liminar "não poderá pretender substituir aspectos de mérito do veredicto de impeachment, soberanamente definidos pelo Senado Federal". Assim, somente se demonstrada a existência de uma "patologia jurídica particularmente grave" é que o STF deve intervir. Teori entende que isso não ocorreu.

Teori diz que Lula tenta ‘embaraçar investigações’ da Lava-Jato

• Ministro cita as ações do ex-presidente para suspender processos que estão com Sergio Moro

André de Souza – O Globo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta por diversas vezes embaraçar as investigações. A afirmação está na decisão do ministro de negar um pedido dos advogados de Lula para suspender um processo que tramita na 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sergio Moro.

A defesa alegou que um processo semelhante já corre no STF. Assim, Moro estaria usurpando competências do tribunal. Teori discordou. Embora reconheça que há semelhanças, ele destacou que em Curitiba é investigado o possível recebimento de vantagem indevida. No STF, está pendente um pedido de investigação contra Lula por formação de quadrilha, feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Por fim, Teori cita outro pedido em que a defesa de Lula alega que Moro usurpou competências do STF.

Teori diz que Lula quer ’embaraçar’ investigações

• Ministro do Supremo rechaça investida da defesa do ex-presidente contra o juiz Sérgio Moro, da Lava Jato

Rafael Moraes Moura, Julia Affonso, Fausto Macedo e Ricardo Brandt – O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, afirmou nesta quinta-feira, 8, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer ’embaraçar’ as investigações da Operação Lava Jato. A declaração de Teori foi feita em reposta a uma Reclamação do petista à Corte máxima. O ministro negou recurso apresentado pela defesa do ex-presidente, que questionava a atuação do juiz federal Sérgio Moro, responsável por conduzir as investigações da Lava Jato na primeira instância.

“Nesse contexto, é importante destacar que esta Corte possui amplo conhecimento dos processos (inquéritos e ações penais) que buscam investigar supostos crimes praticados no âmbito da Petrobrás, com seus contornos e suas limitações, de modo que os argumentos agora trazidos nesta reclamação constitui mais uma das diversas tentativas da defesa de embaraçar as apurações”, escreveu o ministro.

A defesa de Lula foi ao Supremo contra três decisões do juiz federal Sérgio Moro que manteve sob sua competência três inquéritos que investigam o petista. Moro negou três exceções de incompetência ajuizadas na 13ª Vara Federal, em Curitiba, pelos defensores de Lula.

Teori nega pedido de defesa de Dilma para que Temer permaneça como interino

• Ministro do STF afirma que só em 'hipótese extremada' o Tribunal deve intervir em liminar na decisão sobre impeachment de presidente da República; mérito sobre cancelamento do processo será analisado após parecer da PGR

Beatriz Bulla - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido liminar (provisório) feito pela defesa da ex-presidente Dilma Rousseff para manter o presidente Michel Temer na condição de interino até que a Corte analise de forma definitiva os recursos sobre o impeachment da petista.

No despacho, Teori afirma que só em "hipótese extremada" o Tribunal deve intervir de forma "precoce" - ou seja, em liminar - na decisão sobre impeachment de presidente da República. "Somente em hipótese extremada - em que demonstrada a existência, no processo de impedimento, de uma patologia jurídica particularmente grave - é que caberá uma intervenção precoce na decisão atacada", escreveu o ministro.

Teori diz que defesa de Lula quer 'embaraçar apurações' da Lava-Jato

Por Carolina Oms – Valor Econômico

BRASÍLIA - Em decisão na qual negou um pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o recurso é "mais uma das diversas tentativas da defesa de embaraçar as apurações" da Operação Lava-Jato.

O recado consta na decisão do ministro que negou seguimento a uma reclamação que alegava que o juiz Sergio Moro usurpou a competência do STF, ao autorizar a instauração de inquéritos contra Lula com o mesmo objeto de um pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). O objetivo seria incluir Lula em inquérito que apura a atuação de uma organização criminosa na Petrobras e que tramita no STF.

Freire defende arquivamento de todos questionamentos feitos ao STF referentes ao impeachment

- Portal do PPS

• Senado tem a palavra final sobre impeachment, diz Freire

O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), elogiou a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Teori Zavascki, que negou nesta quinta-feira (8) liminarmente o pedido de suspensão do impeachment feito pela defesa da ex-presidente, Dilma Rousseff. Freire afirmou que as decisões do Senado, no que tange o processo de cassação, são “irrecorríveis” e defendeu que Supremo arquive todos os recursos apresentados.

“Todos esses pedidos são inéditos no Supremo. Nós temos na Constituição brasileira que a decisão do Senado é irrecorrível. O processo do impeachment se encerra com a decisão do Senado. Nada tem com o STF. Por isso, considero que a decisão de Teori é correta. Seria ainda mais correto mandar todos os processos relacionados ao impeachment para o arquivo”, disse.

Temer orienta ministro do Trabalho a se retratar sobre jornada de 12 horas diárias

• Em reunião com sindicalistas, Ronaldo Nogueira afirmou que reforma trabalhista propõe flexibilizar jornada, que pode chegar a até 12 horas por dia; chefe da Pasta explicou que jornada de 8 horas será mantida

Tânia Monteiro, Idiana Tomazelli - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Diante da repercussão de suas declarações sobre a reforma trabalhista, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, recebeu uma ligação do presidente Michel Temer no início da noite, por volta das 19h. "O presidente me ligou, me orientou a reafirmar que o governo não vai elevar a jornada de 8 horas nem tirar direitos dos trabalhadores", contou o ministro ao Broadcast, sistema de informações em tempo real do Grupo Estado.

CNI defende jornada de trabalho de 12 horas

• Representante da indústria criticou legislação trabalhista e defendeu o direito de um empregado ter jornada mais extensa em certos casos

Rodrigo Cavalheiro - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, criticou a legislação trabalhista e defendeu o direito de um empregado ter uma jornada de até 12 horas por dia em certos casos, em linha com a proposta apresentada nesta quinta-feira, 8, pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

“Continuamos defendendo as 44 horas semanais, mas uma empresa que vai fazer uma obra de infraestrutura em Rondônia ou no Pará leva milhares de trabalhadores, 10 mil ou 12 mil, que não vão para lá para trabalhar 8 horas por dia. O cara vai para lá para ganhar dinheiro e trazer para a família. Ele vai para lá para trabalhar 10 ou 12 horas por dia, e a Justiça não permite. Mesmo que o trabalhador queira, a Justiça fala que só pode fazer duas horas extras.”

Para centrais sindicais, reforma trabalhista representa 'total desconhecimento' do mercado

• Presidente da CUT desafiou ministro do Trabalho Ronaldo Nogueira a apresentar propostas ao 'chão de fábrica'

Murilo Rodrigues Alves - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - As três maiores centrais sindicais do País reagiram com indignação às propostas de reforma trabalhista divulgadas hoje pelo ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Representantes dos trabalhadores também questionaram a "legitimidade" do governo do presidente Michel Temer para propor modificações tão "radicais" nas condições de trabalho.

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Paulo Cayres, desafiou o ministro a apresentar essas mudanças em uma assembleia de trabalhadores no chão da fábrica. "Ele vai ouvir a mesma coisa que o Michel Temer ouviu na abertura da Paralímpiada", ironizou.

Metalúrgicos marcam paralisação nacional por direitos trabalhistas

• Ato está previsto para o dia 29 deste mês, em protesto contra reformas do governo Temer

Eduardo Laguna - O Estado de S. Paulo

Sindicatos de metalúrgicos de diversas regiões do País marcaram para 29 de setembro uma paralisação nacional contra reformas propostas pelo governo de Michel Temer. O foco do protesto são as mudanças em discussão na legislação trabalhista, em especial a regularização da terceirização do trabalho, e a reforma da Previdência, cuja proposta deve ser encaminhada ao Congresso ainda neste mês.

Ministro do Trabalho nega que governo vá elevar jornada para 12h por dia

• Para Ronaldo Nogueira, o objetivo da reforma trabalhista, que deverá ser encaminhada ao Congresso Nacional no início de dezembro, é reduzir a insegurança jurídica para combater o desemprego e a informalidade

RIO - O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, negou em entrevista à Rádio Estadão na manhã desta sexta-feira que a proposta do governo do presidente Michel Temer para a reforma trabalhista pretenda elevar o limite da jornada diária de 8 para 12 horas. Segundo ele, o objetivo da reforma trabalhista, que deverá ser encaminhada ao Congresso Nacional no início de dezembro, é reduzir a insegurança jurídica para combater o desemprego e a informalidade.

"Venho do meio sindical, imagina se apresentaria proposta de aumento de jornada. Serão mantidas as 44hs de trabalho por semana", destacou na entrevista. "Não se falou em aumentar a jornada para 48 horas semanais, citei apenas um exemplo hipotético", justificou. A referência foi ao debate que o ministro teve nesta quinta-feira, 8, com representantes sindicais de 19 Estados. "12hs é voltar ao tempo da escravidão, direito você mantém, não retira", disse.

‘Golpe’ no INSS

Leandro Mazzini – O Dia

A Previdência é superavitária. Quando ministro, Garibaldi Alves (PMDB-RN) aliado do presidente Michel Temer e hoje senador – cravou isso para o colunista e repetia a frase aos ventos. O ‘golpe’ do PSDB, PT e agora PMDB é desvincular da Seguridade Social as receitas do Cofins e CSLL, (e também da CPMF, quando existia) que por lei são destinadas à Previdência. A manobra permite ao governo retirar bilhões de reais da Previdência para bancar programas sociais, entre eles o eleitoreiro Bolsa Família.

AÍ dá déficit
Neste caso, o governo usa o cálculo da receita somando apenas a contribuição do INSS na folha de pagamento, e no contrapeso o pagamento de benefícios à aposentadoria.

Idade mínima
Como a população envelhece rápido, e a carteira de trabalho tem sumido do mercado, o déficit cresce. A reforma vindoura é para sacrificar trabalhador, não os cofres da União.

O despertar dos mágicos - *Fernando Gabeira

- O Estado de S. Paulo

• Reforma é mesmo para proteger aposentados ou apenas um pretexto para desviar milhões?

Lá se foi o impeachment de Dilma. Em poucos dias a Câmara se livra de Eduardo Cunha. Começou uma nova fase, mesmo para aqueles que não a desejavam.

Os defensores do governo caído também mudaram de palavra de ordem. Volta Dilma saiu de cartaz e no lugar entrou o slogan Diretas Já.

Em tese, deveria começar logo o tempo de mudanças que recuperem a economia, a grande prioridade do momento. Mas por mais que deseje a melhora, novos horizontes, retomada das contratações, o governo Temer ainda não inspira a confiança necessária.

Governar é agir e comunicar - Murillo de Aragão

- Blog do Noblat

Como na velha piada, “se hay gobierno, soy contra”. A imprensa já está cumprindo o seu papel de pressionar o governo Temer. Nada de novo. Tem gente nas redações que acha que para a ex-presidente Dilma Rousseff caber no caixão do crime de responsabilidade foi preciso quebrar seu pescoço e serrar os pés! A solução do impeachment não foi a que gostariam.

Daí existir certa tendência de valorizar as manifestações contra o impeachment como se fossem uma expressão de cidadania. Como sempre, fato e factoide no cotidiano brasileiro brigam uma luta de gato e rato.

Tunga no bolso alheio ´ Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

O Planalto torce, ou reza, para que a ministra Cármen Lúcia aproveite o seu discurso de posse na presidência do Supremo Tribunal Federal, segunda-feira, para dar alguma sinalização contrária ao aumento dos salários dela própria e de seus dez colegas na mais alta corte. Tida e havida como austera, poderia dizer, por exemplo, que não é hora de aumentar salários já altos, e pagos por toda a sociedade brasileira, enquanto 12 milhões de desempregados estão na rua da amargura.

E por que contar com Cármen Lúcia? Porque o Planalto acha que se esperar pelo atual presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, e pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, está perdido. Ou melhor, estamos perdidos todos os que sustentamos o setor público, porque o salário dos ministros da corte é o teto do funcionalismo e tem efeito cascata em todos os três poderes e em todos os Estados.

O poder do STF - Merval Pereira

- O Globo

Ontem foi um dia em que o poder do Supremo Tribunal Federal foi explicitado à larga, com diversas decisões que terão repercussão política importante. A começar pelas dos ministros Teori Zavascki, Rosa Weber e Edson Fachin, que recusaram diversas ações sobre o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff por razões puramente técnicas ou por não concordarem com o mérito do pedido, seja a favor da destituída ou de seus adversários.

O que demonstra que o Supremo, em princípio, não está disposto nem a anular o processo, como pediu a defesa, nem a cancelar o polêmico fatiamento da pena, que permitiu à presidente destituída permanecer com seus direitos políticos intactos.

A reforma quase esquecida -Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

- Não há muita dúvida de que o Congresso deve dar prioridade à agenda econômica. É preciso centrar esforços na aprovação de projetos de lei que que favoreçam a retomada. Foi, afinal, o desastre econômico a causa última da queda de Dilma Rousseff, e uma eventual piora da situação pode custar a cadeira presidencial a quem quer que a ocupe. Tal constatação, porém, não isenta nossos solertes representantes de dedicar parte de suas atenções à reforma política.

O segundo ingrediente mais importante para o colapso do governo Dilma foi um sistema político —o chamado presidencialismo de coalizão— que, embora tenha conseguido nos trazer de 1988 para cá, não lida bem com situações de instabilidade. Os partidos —35 no total, dos quais 27 com representação na Câmara— são tantos e tão inconsistentes em termos de programa que as maiorias a sustentar o presidente tendem a ser sempre precárias e prontas a praticar vários tipos de chantagem.

O exemplo grego -César Felício

- Valor Econômico

• Brasil e Grécia fizeram o mesmo pacto social

Muito se fala, como a predição de um terrível desígnio, de que o Brasil corre o risco de se tornar uma nova Grécia, caso não faça reformas fiscais amargas agora. É uma ameaça lembrada sobretudo em relação à reforma da previdência, cujo envio é iminente, e a emenda dos gastos já em discussão. Trata-se de uma profecia manca: o Brasil não irá se tornar uma nova Grécia porque já é de certa forma, há muitos anos, uma Grécia. E, do ponto de vista institucional, o modelo grego apresenta qualidades inexistentes por aqui.

A identidade entre os dois países é muito forte. Tanto em um caso como em outro, embates políticos que poderiam convulsionar a sociedade foram resolvidos com uma série de compromissos e pactos que elevaram o gasto público.

O fundo do poço - Míriam Leitão

- O Globo

O Brasil piorou onde não pode, de maneira alguma, piorar: na educação. Retrocedeu em matemática, não cumpriu a meta, não melhora há quatro anos. Os resultados divulgados ontem tiram todo o país da zona de conforto, se é que alguém estava confortável nesse tema. “No ensino médio, chegamos ao fundo do poço”, diz o educador Mozart Neves Ramos, do Instituto Ayrton Senna.

A recessão é grave, a crise fiscal é grave, o conflito político é grave. Nada é tão perigoso quanto o risco de continuar perdendo na educação e deixar escapar uma geração inteira. Mozart, que foi secretário de Educação de Pernambuco, um dos destaques positivos no ensino médio, dá números a essa tragédia:

Grandes empresas superendividadas – Claudia Safatle

- Valor Econômico

• Geração de caixa não dá para pagar as despesas financeiras

O processo de endividamento crescente a partir de 2010 levou um conjunto relevante de grandes empresas a uma situação dramática: a geração de caixa dessas companhias não está cobrindo sequer as despesas financeiras. Esse é o resultado de uma combinação perversa da recessão com a desvalorização da taxa de câmbio, juros elevados e queda das vendas.

A constatação é de um minucioso trabalho feito pelo Cemec (Centro de Estudos do Instituto Ibmec), cujo título - "Endividamento das Empresas Brasileiras: Metade das Empresas não Gera Caixa para Cobrir Despesas Financeiras em 2015/2016"- já mostra o retrato da situação.

Mexer no FGTS? - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

• No atual cenário econômico, mudanças no Fundo de Garantia podem ser problemáticas

O governo parece disposto a mudar o Fundo de Garantia. A intenção pode ser boa, mas a proposta tende a produzir distorções, algumas delas maiores do que as que se pretende evitar.

Melhor começar em 1966. O que havia antes era o regime de estabilidade no emprego, que o trabalhador obtinha após dez anos de trabalho na mesma empresa. A principal distorção desse estatuto era a de que o empregador tendia a demitir seu funcionário pouco antes de se completarem os dez anos, para que sua empresa não se sujeitasse a enorme passivo trabalhista. E havia também o problema de que o empregado estável tinha tendência a encostar o corpo e a se tornar mais estorvo do que colaborador.

Contagem regressiva - Rogério Furquim Werneck

- O Globo

• Logo após o impeachment, Temer já parecia propenso a ceder às pressões e deixar o anúncio da reforma para depois das eleições

Com o desfecho do impeachment, começa a se abrir ao governo Temer a janela de oportunidade com que contava para aprovar no Congresso medidas que tornem crível uma mudança paulatina do regime fiscal. Sem que tal mudança possa ser vislumbrada, não haverá como tirar a economia do atoleiro em que se encontra. Para que tenha sucesso nesse desafio, Temer não poderá alimentar ilusões sobre quão exíguo é o tempo com que efetivamente conta e quão graves serão as consequências se, aos poucos, ficar claro que ele não terá condições de aprovar as medidas que contempla.

‘É tudo ou nada’ - Fernando Dantas

- O Estado de S. Paulo

  • 'Previdência será batalha de comunicação e não podemos ser mal-entendidos'

“Não tem essa coisa de ajuste moderado, é tudo ou nada”, diz Mansueto Almeida, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda. O seu comentário se dirige àqueles que acham que medidas paliativas seriam suficientes para reordenar as contas públicas e tirar o Brasil de uma das maiores crises econômicas da sua história.

Segundo Mansueto, há um intenso e cotidiano trabalho da equipe econômica de Henrique Meirelles de justificar e explicar aos congressistas a necessidade imperiosa de que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do limite de gastos seja aprovada essencialmente como foi enviada pelo Executivo. Na equipe, a avaliação sobre a receptividade dos parlamentares à PEC é sobriamente otimista.

O ‘paradoxo de Temer’ - José Paulo Kupfer

- O Globo

• Se relaxar muito nas reformas, o governo perde apoio; se apertar demais no ajuste, encorpará protestos e resistências no Congresso

Manifestações contrárias ao governo de Michel Temer estão pipocando como epidemia de catapora. Muito difícil — para não dizer impossível — antecipar os desdobramentos nas ruas e em eventos públicos do “Fora, Temer”, mas a tendência natural é que os ataques arrefeçam com o passar do tempo. De todo modo, mesmo que essa hipótese se confirme, seria ilusão imaginar que os novos governantes passariam a contar com automática aprovação popular.

Obrigado a promover medidas impopulares para cumprir a promessa de “recolocar a economia nos trilhos até 2018”, Temer está diante de um paradoxo. Se relaxar no ajuste fiscal e nas reformas trabalhista e previdenciária, perderá o apoio do PSDB, do mercado financeiro e das entidades empresariais, mas se apertar demais na austeridade fiscal e na precarização do trabalho, além de correr o risco de dificultar o relançamento da economia, ajudará a encorpar protestos e, com isso, alimentará resistências no Congresso.

A advertência de Teori – Editorial / O Estado de S. Paulo

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem todo o direito de utilizar qualquer recurso previsto em lei para assegurar que seu cliente tenha o mais amplo direito ao contraditório e que a presunção da inocência seja preservada. Só assim, esgotadas todas as possibilidades de defesa, uma eventual condenação do petista poderá ser considerada legítima. Mas não é isso o que acontece quando os advogados de Lula se empenham, como vêm fazendo, em desmoralizar o Judiciário, construindo a versão de que os juízes e promotores envolvidos nos processos que lhe dizem respeito se dedicam a perseguir seu cliente por razões políticas. Ou quando dizem que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem tomado as devidas providências para reverter tal situação, razão pela qual foi necessário encaminhar denúncia a entidades internacionais.

Contra essa atitude de desrespeito institucional – que, mais do que um arroubo retórico, é uma estratégia de defesa muito bem pensada – reagiu de forma enérgica o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo.

Incertezas podem limitar forte apreciação do real – Editorial / Valor Econômico

Há expectativa de que a migração dos capitais externos rumo ao Brasil se intensifique se a política econômica do novo governo conseguir passar pelos testes políticos que a aguardam no Congresso e, com isso, a taxa de câmbio se aprecie muito e volte a ser um problema. As chances da revoada acontecer são dadas pela imensa massa de capitais disponível às voltas com rendimentos nulos ou negativos nos países ricos, que estão à procura de melhores resultados. A oferta está concentrada por ora nos países emergentes e, em particular, no Brasil, desde que deixe a recessão para trás.

Mas há outros roteiros menos prováveis que podem amenizar a apreciação do real. No plano doméstico, as reformas estão longe de ser um passeio e as incertezas econômicas a ela associadas não se esvairão tão cedo. No plano externo, as ameaças de novo aumento da taxa de juros, sempre desmentidas pela realidade, são um fator potencial de instabilidade para os fluxos de capital para os emergentes. Além dessas hipóteses conhecidas, há outra, que prescinde de juros em alta nos EUA.

Último ato para a necessária cassação de Cunha – Editorial / O Globo

• Por ironia, deputado deve tentar se valer da manobra que manteve Dilma apta a ocupar cargos públicos, depois de receber pesadas acusações dela e de seu partido

Assim como o impeachment de Dilma Rousseff, a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) é um imperativo decorrente do estado democrático de direito, um ato de fortalecimento das instituições. No caso da ex-presidente da República, não bastassem as provas cabais do atropelamento da Lei de Responsabilidade e de normas orçamentárias, crime de responsabilidade para efeito de impedimento, havia o tal conjunto da obra de desmandos, cuja extensão real ainda está para ser conhecida. Quanto ao deputado, há contra ele uma pesada lista de atos de corrupção, investigados pela Lava-Jato e também já como parte de denúncias em tramitação no Supremo Tribunal Federal.

Na Corte, Cunha já é réu em dois processos. Um deles trata da cobrança de propinas em negócios feitos pela Petrobras, relatada por delações premiadas no âmbito da Lava-Jato. Constam desse processo — em que Eduardo Cunha é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, entre outros crimes — as tais contas abertas na Suíça em nome de um trust, o qual Eduardo Cunha garante ser uma figura etérea, sem qualquer relação com ele, embora financiem gastos nababescos, seus e familiares, no exterior.

Campanhas e balas – Editorial/ Folha de S. Paulo

Relacionar atividade política com criminalidade tem sido inevitável na atual conjuntura de escândalos. Ainda assim, causa espanto que também casos de homicídio, e não apenas de corrupção, conheçam essa indesejável vizinhança num país em que as rixas de sangue do coronelismo já pareciam fazer parte do passado.

Desde novembro do ano passado, 13 ex-vereadores, vereadores ou candidatos fluminenses foram vítimas de assassinatos em cidades como Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Magé ou Nilópolis.

Os eventos não se dissociam da criminalidade endêmica nesses municípios. Paradoxalmente, a fama de associação com o crime organizado e a violência, que cerca toda a região, vinha convivendo com uma gradual melhoria nos registros estatísticos.

Motivo – Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.