segunda-feira, 8 de maio de 2017

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

Por isso mesmo não temo o resultado eleitoral em função do que o governo realizar em matéria de reformas. Temo antes outra coisa: que a cultura de permissividade termine por exigir dos líderes menos do que o momento necessita. Temo que nas futuras eleições, em vez de renovação, venhamos a dar de cara com a repetição. Com as mesmas ou com novas caras.

Há espaço, contudo, para evitar que isso aconteça. Dá para ter esperança, sempre com o pé no chão e o olhar no horizonte. No limite quem resolve é o eleitor e este, embora reagindo “contra tudo o que aí está”, repudiando uma cultura política que foi corrompida pelos maus usos, tem o bolso apertado e os ouvidos abertos. Os partidos e líderes que não quiserem apenas assistir ao desmoronamento da ordem pública devem esclarecer o eleitorado sobre o que está em jogo e mostrar grandeza para apontar caminhos e, assim, oferecer um futuro melhor para o povo e o País.

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Sociólogo, foi Presidente da República. “Sair da crise”, O Estado de S. Paulo, 7/5/2017

Macron vence por ampla margem e barra avanço de onda populista

Centrista Macron é eleito presidente da França e traz alívio à União Europeia

Candidato do En Marche! derrotou por 32 pontos porcentuais a nacionalista Marine Le Pen, da Frente Nacional, que ameaçava deixar o bloco europeu

Andrei Netto | O Estado de S.Paulo

PARIS | Emmanuel Macron, de 39 anos, foi eleito neste domingo o novo presidente da França, barrando o avanço da onda populista que se propagou pelo Ocidente em 2016 e trazendo alívio à União Europeia. Apurados 100% dos votos, o ex-ministro da Economia centrista tinha 66,06% e sua rival Marine Le Pen – que ameaçava deixar a UE –, 33,94%. Ele assumirá o Palácio do Eliseu na próxima semana.

Em primeiro discurso solene, o novo chefe de Estado exortou os franceses à união nacional após a fragmentação eleitoral. Mas sua missão não será simples, diante do recorde de votos do partido de extrema direita Frente Nacional (FN) e da oposição de partidos de esquerda, que já convocam protestos.

Macron derrota Le Pen. Agora falta conquistar o Parlamento

A vitória sobre a candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, foi folgada, mas nem por isso Emmanuel Macron tem uma tarefa fácil pela frente. Diante de uma abstenção recorde, ele pediu apoio aos franceses para garantir maioria nas eleições legislativas de junho, sem as quais não poderá tocar medidas como a reforma trabalhista, e prometeu proteger a República face ao extremismo.

De olho nas legislativas

Com vitória folgada sobre Le Pen, Macron tem o desafio de obter maioria no Parlamento

Fernando Eichenberg | O Globo

PARIS - A França dissipou o temor de um governo de extrema-direita nacionalista e antieuropeu, e elegeu como seu presidente pelos próximos cinco anos o centrista Emmanuel Macron, do movimento Em Marcha!. O ex-ministro da Economia de François Hollande, próEuropa e defensor da abertura econômica bateu a rival extremista Marine Le Pen, da Frente Nacional (FN), por 66,06% a 33,94%. Aos 39 anos, Macron se torna o presidente mais jovem da História republicana do país, e terá como primeiro desafio obter maioria parlamentar na Assembleia Nacional, nas eleições de junho, para ter condições de aplicar as principais medidas de seu mandato, principalmente a reforma trabalhista.

Macron vence eleição na França

Centrista Emmanuel Macron vence eleições na França

Diogo Bercito, Rodrigo Vizeu | Folha de S. Paulo

PARIS - O centrista Emmanuel Macron, 39, foi eleito presidente da França neste domingo (7) com 66% dos votos (20,7 milhões).

Representando o movimento independente Em Frente!, ele governará pelos próximos cinco anos a sétima maior economia do mundo e um dos cinco países com direito o veto no Conselho de Segurança da ONU.

Após o resultado, em discurso transmitido pela TV, Macron disse que vai trabalhar para diminuir as profundas divisões na França, que resultaram em grandes pontuações para a extrema-direita e extrema-esquerda, além de tentar aproximar as instituições europeias das populações da Europa.

"Eu sei das divisões na nossa nação, que levaram alguns a votar por partidos extremistas. Eu os respeito", afirmou. Trabalharei para recriar a conexão entre a Europa e suas populações, entre Europa e cidadãos."

Temer tenta acelerar tramitação da reforma trabalhista no Senado

Gustavo Uribe, Marina Dias | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em uma contraofensiva a Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente Michel Temer articula a aprovação de regime de urgência para que o plenário do Senado vote a reforma trabalhista no início de junho.

O objetivo é enfraquecer a manobra do líder da bancada do PMDB, que estabeleceu a necessidade de a proposta passar pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), modificando o cronograma inicial de votação.

O tema será discutido pelo presidente com a bancada do PMDB na terça-feira (9). A ideia é que um dos senadores peemedebistas apresente o pedido de urgência no final deste mês.

Se aprovado, ele dá a reforma caráter prioritário, encurtando etapas de tramitação.

A expectativa do Planalto é a de que Renan não participe do encontro desta terça.

Governo quer votar reforma trabalhista em até três semanas

Para Planalto, aprovação no Senado incentivaria apoio à previdenciária

Geralda Doca, Júnia Gama e Manoel Ventura | O Globo

-BRASÍLIA- Na luta para conseguir a maioria dos votos necessários para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, o governo está atuando paralelamente junto ao Senado, onde pretende concluir em até três semanas a reforma trabalhista e, assim, estimular os deputados a aprovarem a segunda e mais complexa proposta, que muda as regras de aposentadoria dos brasileiros. A tática no Senado será a mesma adotada para pressionar os deputados a votar com o governo: cobrança de fidelidade dos aliados e exoneração de indicados por rebeldes.

O presidente Michel Temer passou os últimos dias costurando apoio dos senadores para dar celeridade à tramitação da proposta trabalhista — que passou pela Câmara e acabou de chegar ao Senado — como condição fundamental para aprovar a previdenciária no Congresso até julho. Caso contrário, o governo teme que as mudanças no regime de aposentadoria se estendam para o segundo semestre.

Associação de procuradores reage a discurso de Lula

Investigadores defendem Lava-Jato e afirmam que ex-presidente não vai deter a ‘marcha serena da Justiça’

- O Globo

-BRASÍLIA- Em resposta ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse, na abertura da etapa paulista do 6º Congresso do PT, ser vítima de uma conspiração incriminatória da Lava-Jato, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) emitiu nota ontem em que classifica o discurso do petista como uma “ameaça” e defende a “marcha serena da Justiça”. Na ocasião, o ex-presidente afirmou ainda que “se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mando prendê-los”.

A nota é assinada pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti, que defende a Operação Lava-Jato. Ele disse que as investigações são “técnicas e impessoais” e que uma prova é a semelhança entre o discurso de Lula, de vitimização, e os de outros réus.
A nota também afirma que o argumento de que há “uma conspiração universal contra o ex-presidente Lula não se sustenta em fatos”.

Na conclusão da nota, a ANPR lamenta a declaração de Lula, de que, se eleito presidente mais uma vez, poderia um dia mandar prender quem dissemina “mentiras” contra ele.

ESQUEMA DE SEGURANÇA
Para a Associação dos Procuradores, a declaração do ex-presidente não é “digna de quem foi por oito anos o supremo mandatário do país”. A nota acrescenta que as ameaças não deterão “qualquer agente de estado ou a marcha serena e impessoal da Justiça”.

Moro pede que apoiadores evitem ato na Justiça Federal

Em vídeo, juiz diz que quer evitar ‘confusão’; defesa de Lula critica

- O Globo

O juiz Sergio Moro divulgou no fim de semana um vídeo pelo Facebook em que pede aos apoiadores da Lava-Jato que não vão a Curitiba na próxima quarta-feira, data do interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no processo sobre o tríplex no Guarujá. O magistrado alegou que o apelo tem o objetivo de evitar confusão.

— Eu tenho ouvido que muita gente que apoia a Lava-Jato pretende vir a Curitiba manifestar esse apoio. Ou pessoas mesmo de Curitiba pretendem vir aqui manifestar esse apoio. Esse apoio sempre foi importante, mas, nessa data, ele não é necessário. Tudo que se quer evitar é alguma espécie de confusão e conflito. E acima de tudo não quero que ninguém se machuque e se envolva em eventual discussão. Minha sugestão: não venham. Não precisa. Deixa. A Justiça vai fazer o seu trabalho. Tudo vai ocorrer com normalidade.

O vídeo foi postado na página “Eu Moro com ele”, criada pela mulher do juiz, Rosangela Wolff Moro. No início da noite de ontem, o advogado Cristiano Zanin, que defende Lula, criticou Moro:

— O juiz fala para seus apoiadores. Isso não é normal em um sistema democrático. Em uma democracia, políticos têm apoiadores e oponentes, juízes não. Em uma democracia, juízes não são uma personalidade, não transmitem vídeos.

Temer vai à TV para balanço de um ano de gestão

Por Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - Para marcar o primeiro ano de sua gestão, em 12 de maio - data em que assumiu interinamente o governo, em 2016 -, o presidente Michel Temer gravará um pronunciamento, para rádio e televisão, e divulgará realizações deste período, como o início da retomada da economia, embora o desemprego persista. A avaliação interna é de que os piores prognósticos não se confirmaram, sendo que os desdobramentos da Operação Lava-Jato não contaminarão a votação das reformas no Congresso.

Em passagem recente pelo Planalto, um importante representante do PIB nacional resumiu, a um interlocutor de Temer, a comparação entre os últimos dias do governo Dilma Rousseff e a atual gestão. Segundo este empresário, na avaliação do setor produtivo, há um ano não havia perspectiva de que o Brasil voltaria a crescer. Um ano depois, afirma que agora o país voltou a ter uma direção.

Lava-jato 'em julgamento' no STF

Por Maíra Magro | Valor Econômico

BRASÍLIA - Além das prisões preventivas postas em xeque, a Operação Lava-Jato enfrentará nesta semana mais uma prova de fogo no Supremo Tribunal Federal (STF). Duas ações entrarão em discussão para que a corte decida sobre a validade da condução coercitiva, usada para levar um investigado ou acusado a depor, sem aviso prévio, com autorização judicial. As ações foram apresentadas pelo PT e pela OAB e o relator é o ministro Gilmar Mendes.

A discussão une-se a várias outras em pauta no STF que afetam diretamente a Lava-Jato: a validade ou não das delações premiadas negociadas com a Polícia Federal, a extensão do foro privilegiado e os limites para o uso de interceptações telefônicas.

A Lava-Jato já usou a condução coercitiva 202 vezes ao longo das investigações, segundo dados do Ministério Público Federal. A mais polêmica envolveu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conduzido coercitivamente a depor em março de 2016 por ordem do juiz Sergio Moro.

Lava Jato ‘distorce’ a reforma política

Pesquisadores afirmam que desdobramentos da operação refletem nos debates do Congresso ligados a financiamento e sistema eleitoral

Alexandra Martins | O Estado de S. Paulo

A Operação Lava Jato provoca impactos no debate atual da reforma política em pelo menos dois temas: financiamento de campanha e sistema eleitoral. O que deveria ser modernizado por necessidade política acaba por representar oportunismo dos envolvidos hoje investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). É o que concluem cientistas políticas ouvidos pelo Estado.

A partir do momento em que Marcelo Odebrecht assume à Justiça não haver campanha eleitoral no País sem caixa 2, a tese de financiamento público de campanha da Comissão da Reforma Política na Câmara ganha ainda mais fôlego do que aquele obtido após a decisão do Supremo de proibir doações empresariais aos candidatos, em 2015. O colegiado acredita que R$ 4 bilhões seriam suficientes para financiar partidos e candidatos a partir de 2018. Para isso, terá de combater a impopularidade da ideia agravada pelo descrédito dos partidos perante os eleitores.

É cedo para 2018, mas Doria e Luciano Huck são 'o novo', diz FHC

Igor Gielow | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Principal referência do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz ser "muito cedo" para falar em candidaturas ao Planalto em 2018, mas considera que hoje "o novo" no cenário político é representado por figuras como o prefeito paulistano, João Doria, e o apresentador de TV Luciano Huck.

Instado pela Folha a avaliar o governo de Michel Temer (PMDB), que na sexta (12) completa um ano, FHC afirma que o peemedebista "entendeu que o papel dele ou é histórico ou é nenhum".

O tucano foi menos cruel do que em dezembro, quando cunhou aquela que talvez seja a mais precisa definição da gestão Temer, chamada por ele de "uma pinguela".

A imagem da ponte frágil colou, mas FHC afirma agora que o presidente tem mostrado "mão firme no leme".

Sobre a sucessão de Temer, tema abordado rapidamente na entrevista que concedeu por telefone na quinta (4), FHC alterna cautela a insinuações de entrelinhas.

Doria surge naturalmente na conversa, já que é estrela emergente no PSDB por ter alta popularidade e não estar associado à Operação Lava Jato como seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin (SP), ou o senador Aécio Neves (MG).

Citados em delações, os até então presidenciáveis do tucanato viram suas intenções de voto derreterem. O PSDB também perde pela associação ao impopular Temer.

Já o nome de Huck, amigo de FHC, foi semeado pelo ex-presidente de forma quase fortuita. Se ele o fez para germinar ou para dividir atenção com o prefeito paulistano, o tempo dirá.

O apresentador da Globo já disse que está na hora de "sua geração" chegar ao poder, mas não confirma pretensões eleitorais e até aqui não está filiado a nenhuma agremiação –foi sondado pelo Partido Novo, sigla neófita em pleitos nacionais.

Num cenário ampliado da mais recente pesquisa do Datafolha com inúmeros candidatos, inclusive dos mesmos partidos, Huck aparece com 3%, e Doria, 5%. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera esse e outros cenários de primeiro turno.

O tucano teceu também considerações sobre a necessidade de reformas como a da Previdência, objeto de acalorada discussão no Congresso, e falou de política. Considera que o PSDB não errou em embarcar no governo de saída, contrariamente ao que desejavam correligionários seus como Alckmin.

Também destoando da avaliação geral de que as lideranças políticas tradicionais estão em sua maioria liquidadas pelas denúncias de corrupção e caixa dois presentes nas delações da Lava Jato, FHC lembra que a eleição presidencial de 2018 "é só daqui a um ano meio".

Folha - Há seis meses, o sr. definiu o governo Temer como uma pinguela. Qual sua avaliação do estado dela neste momento?

Primeiro ano | Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

Completamos um ano de um novo governo no país. É impossível não reconhecer os desafios vencidos nesse período.

Reformas importantes foram apresentadas pelo governo e estão sendo debatidas no Congresso e pela sociedade.

É o caso da reforma política, que avança no Parlamento e visa garantir mais legitimidade e transparência à nossa representação parlamentar.

A constatação da necessidade de reformas em diversas áreas da vida brasileira não significa, no entanto, a defesa irrestrita de todos os aspectos das propostas colocadas pelo Executivo.

É preciso reconhecer a legitimidade de discordâncias pontuais de aspectos das propostas em discussão.

Quem será julgado | Ricardo Noblat

- O Globo

“Se eles não me prenderem logo, quem sabe um dia eu mande prendê-los por mentira” LULA, ex-presidente

Eike Batista está pronto para delatar Lula. Mas Antonio Palocci deverá fazê-lo antes. Na semana passada foi Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, quem delatou o ex-presidente. Nas anteriores, Léo Pinheiro, sócio da OAS, e João Santana, o marqueteiro da campanha de Lula à reeleição em 2006 e das campanhas de Dilma em 2010 e 2014. Apesar disso, Lula se exibe por aí como vítima de uma suposta conspiração.

DÁ PARA ACREDITAR que todas essas pessoas, estreitamente ligadas a Lula, amigas dele de muito tempo ou parceiras, tenham decidido entregá-lo como único meio possível de escapar dos rigores da Lava-Jato? Sem falar de tantas outras que também o apontaram como o poderoso chefão da organização criminosa que tentou se apoderar do aparelho do Estado via mensalão e, depois, via o assalto à Petrobras.

Onde mora o perigo | Cida Damasco

- O Estado de S. Paulo

Batalha da Previdência inclui concessões na contramão do ajuste fiscal

A aprovação da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara, na semana passada, se não foi surpreendente, sem dúvida foi tranquilizadora: 24 votos a favor contra 13 contra. Afinal de contas, seria o fim do mundo a rejeição da proposta logo de saída, embora, nesses tempos que correm, o que não falta é susto com decisões do Congresso. Não é o caso, porém, de o governo perder tempo cantando vitória. O Planalto acompanha com lupa as oscilações do “colégio eleitoral” e negocia o que é preciso para garantir os 308 votos necessários à aprovação no plenário da Câmara.

O que preocupa, agora, é exatamente esse “negocia o que é preciso”. Espera-se uma ação em duas direções. A primeira, com novas mudanças no próprio texto da reforma sugeridas pelos aliados. A segunda, com a barganha de votos por medidas de interesse direto dos parlamentares. Sem contar a punição aos infiéis dos partidos da base, principalmente com o desembarque de seus apadrinhados de cargos de confiança.

Encontro marcado | Fernando Limongi

- Valor Econômico

O inimigo comum foi batido, a paz chegou ao fim

Gilmar Mendes e Deltan Dallagnol trocaram farpas. Após retornar de seu périplo acadêmico pela Europa, Gilmar pôs-se a campo e passou a tratar das "alongadas prisões que se determinam em Curitiba", com quem marcara encontro em fevereiro. José Carlos Bumlai e João Claudio Genu deixaram a prisão sem reações, mas a extensão da liberalidade a José Dirceu teve troco. A Segunda Turma prevaleceu. Edson Fachin anotou o recado e procurou evitar que o mesmo ocorresse com Antonio Palocci.

Não é de hoje que os advogados denunciam as "arbitrariedades" das prisões decretadas por Sergio Moro. As decisões da Segunda Turma lhes trouxeram alento. Pierpaolo Cruz Bottini, representante da senhora Cruz Cunha, comemorou: "A corte cumpriu com seu papel, apontando que a restrição à liberdade é excepcional e exige motivação mais densa do que apenas alusões genéricas a gravidade do crime e a uma suposta periculosidade do réu." Finalmente, o STF teria lhes dado ouvidos. A farra das preventivas teria chegado ao fim.

Paris numa garrafa | Dora Kramer

- Revista Veja

“Se” a eleição fosse hoje é o tipo da premissa que conduz ao erro

Os dados das pesquisas de intenção de voto realizadas mais de um ano antes da eleição valem tanto quanto uma nota falsa de real, naquilo que interessa: a tradução do cenário em perspectiva com razoável precisão. São como se diz, um retrato do momento. E, como o momento de que tratam essas consultas está a quilômetros de distância, não retratam coisa alguma no tocante ao desenho do cenário futuro.

Isso em tempos de normalidade. No ambiente de conturbação vivido no Brasil, então, não há previsão feita com quinze minutos de antecedência que possa ser minimamente confiável. A política tem a natureza das nuvens, muda ao sabor dos ventos, e a política hoje no país da Lava-Jato faz movimentos mais radicais: vira de cabeça para baixo ao ritmo de frequentes tempestades.

A modernização da legislação trabalhista brasileira | Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

Na última semana, historiei a evolução das relações trabalhistas e dos direitos dos trabalhadores na trajetória da economia capitalista.

O marco legal que rege o funcionamento do mercado de trabalho data de 1943, quando Getúlio Vargas, através do Decreto-Lei 5.452, em pleno Estado Novo, criou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Ao longo das últimas sete décadas, mudanças profundas ocorreram nas formas de organização da produção, no uso de novas tecnologias e na configuração do mundo do trabalho. A geração de emprego e renda em um mundo globalizado e hightech depende de capacidade de inovação, competitividade, aumento contínuo da produtividade, mobilidade dos fatores de produção, flexibilidade dos arranjos no mercado e na produção, integração dos diversos atores de forma dinâmica e criativa.

Mais recato, senhores | Vinicius Mota

- Folha de S. Paulo

A Justiça em nações civilizadas se define também pelo papel contramajoritário. Suas decisões por vezes frustram o desejo de multidões ruidosas, inocentam a figura amaldiçoada pela opinião pública e condenam o líder idolatrado.

Nada mais normal, portanto, do que o Supremo Tribunal Federal enfrentar, caso a caso, a anomalia do extenso período de prisão provisória a que alguns investigados pela Lava Jato estão submetidos.

Ao Ministério Público cabe apresentar justificativa excepcional para manter preso por ano e meio alguém sem culpa definitiva formada, como José Dirceu. Os procuradores tinham boa tese e ficaram a um voto da maioria no exame do recurso.

Perderam dentro das regras. Poderão ganhar ou perder nos julgamentos que se avizinham, pois é improvável que haja alinhamento automático no Supremo a ignorar as especificidades de cada caso.

Outra economia sairá do ciclo de recessão | Angela Bittencourt

- Valor Econômico

Empresas focam área digital em busca de eficiência

Indicadores mais consistentes da economia brasileira autorizam expectativas com a retomada do crescimento e sugerem que economistas de A a Z têm razão quando afirmam que a reação da atividade será gradual. Bancos nacionais e estrangeiros, que 'vendem' Brasil no mercado internacional, começaram a rever projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre e para este ano. Nesse quesito, 2018 já levava vantagem sobre 2017 e ela poderá ser ampliada se a atividade engrenar no segundo semestre, como espera o Ministério da Fazenda. O ano deve terminar com o PIB avançando ao ritmo de 2,5% a 3% no seu último quarto. Há quem espere até 4%.

Qualquer um desses resultados contagiará as perspectivas de estreia de um ciclo mais positivo para o eleitoral ano de 2018. Levantamento realizado pela coluna sugere, inclusive, que vem por aí uma economia diferente - mais preparada e mais moderna, inserida em padrões que exigem precisão digital e conformidade com leis, regras, regulamentos.

Um ano de Temer | Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

O ex-ministro Geddel Vieira Lima apareceu no Planalto na semana passada para dar um alô a Michel Temer e Eliseu Padilha.

Há pouco mais de cinco meses, Geddel saiu de fininho da Secretaria de Governo após ser pego manobrando para derrubar decisão do Iphan contra um prédio em Salvador onde ele comprara um imóvel.
O relator da reforma trabalhista na CCJ do Senado será Romero Jucá, líder do governo Temer na Casa.

Logo mais, se completa um ano da revelação das gravações que tiraram Jucá do comando do Planejamento. No diálogo com Sérgio Machado, delator e ex-presidente da Transpetro, o senador do PMDB fala em "estancar a sangria" da Lava Jato.

Pendurando a conta | Gustavo Loyola

- Valor Econômico

Reforma previdenciária pode derrotada pela tríade infernal da ignorância, oportunismo e corporativismo


O panorama visto de hoje não é favorável à reforma da previdência. Antes mesmo de ir a voto na comissão da Câmara, o projeto do governo já havia sofrido severa desidratação, perdendo cerca de 40% do seu conteúdo, em termos de economia futura de gastos previdenciários. Mesmo assim, as chances de sua aprovação em plenário parecem não ter aumentado, a julgar pelas pesquisas de opinião sendo realizadas entre os deputados federais.

Os obstáculos à aprovação da reforma da previdência têm pelo menos três origens: ignorância, oportunismo e interesses corporativistas. A combinação desses três fatores, aliada a alguns erros táticos do governo, está gradualmente enterrando a grande (e talvez a última) chance que o país tem de corrigir a tempo os graves desequilíbrios da equação previdenciária que ameaçam levar ao colapso as contas públicas.

A responsabilidade pela política – Editorial | O Estado de S. Paulo

A carência de lideranças políticas, que não apenas dificulta a superação da atual crise, mas afeta o bom funcionamento do regime democrático, tem várias causas. Certamente, o mundo político tem responsabilidade por isso. Ao invés de promover o surgimento de novas lideranças, os partidos e seus caciques criam empecilhos para essa fundamental renovação. O problema, no entanto, não está apenas nos partidos. A ausência de lideranças políticas é também resultado de um processo social mais amplo, em que se constata um paulatino distanciamento da população em relação à política. O interesse público fica limitado a ralos debates partidários e as preocupações da sociedade concentram-se em outras áreas.

Sopa de letras – Editorial | Folha de S. Paulo

Nos primórdios da redemocratização, em 1986, o PMDB governava o país e dispunha de pouco mais de metade da Câmara dos Deputados. Hoje, também ocupando o Palácio do Planalto, o partido mantém-se como o maior da Casa legislativa -onde sua participação, porém, mal passa dos 12%.

De lá para cá, mais que duplicou a quantidade de siglas ali representadas. Eram 12, número elevado para qualquer democracia do planeta; são 26 agora.

Enquanto José Sarney dependia apenas de seus correligionários para aprovar um projeto de lei complementar, Michel Temer precisa atrair o apoio de mais de meia dúzia de legendas. Em se tratando de reformas constitucionais, uma dezena delas não basta para garantir uma votação sem sobressaltos.

A noção petista de democracia – Editorial | O Estado de S. Paulo

Para os petistas, o Brasil vive hoje em pleno estado de exceção. Não há dúvida, segundo a versão petista dos fatos, de que Dilma Rousseff foi vítima de um “golpe” que a tirou da Presidência da República. Também não há dúvida, para essa turma, de que o grande líder petista, Lula da Silva, é um perseguido político e corre o risco de ser condenado à prisão pelo “crime” de ter governado “para os pobres”. Não faltam nem os que consideram o governo do presidente Michel Temer uma “ditadura”.

Enquanto isso, esses mesmos petistas são capazes de defender a ditadura – sem aspas – de Nicolás Maduro na Venezuela. A embaixada venezuelana no Brasil divulgou recentemente uma série de vídeos em seu canal no YouTube nos quais três deputados do PT manifestam apoio a Maduro no momento em que este reprime violentamente manifestações de oposição ao regime bolivariano – mais de 20 pessoas já foram mortas.

Lição não aprendida – Editorial | O Globo

Políticas irrealistas de imposição de compras no mercado interno geram uma série de distorções

Usar o mercado interno, as grandes encomendas de equipamentos por parte de empresas estatais, por exemplo, a fim de atrair para o país fabricantes de bens de capital ou do que seja é um mecanismo tentador de indução ao desenvolvimento. Já foi usado alguma vezes no Brasil, mas com previsíveis resultados negativos para a sociedade. Esta sempre paga um preço em forma de inflação, quando se executam políticas protecionistas, e arca com desperdício de bilhões em impostos, transferidos para esses programas de substituição de importações.

Em governos da ditadura militar, houve um programa específico para estaleiros equiparem frotas brasileiras. Lançou-se, também, outro ambicioso plano, este para substituir importações de equipamentos e insumos básicos (fertilizantes, petroquímicos em geral). Foi instalada uma capacidade produtiva a um custo nunca contabilizado ao certo — mesmo porque a inflação embaralhou os números. Mas se sabe que foi alto. No final, como no caso dos estaleiros, empresas quebraram e/ou terminaram adquiridas por outros grupos, inclusive estrangeiros.

Mercado de crédito começa a dar sinais de recuperação – Editorial | Valor Econômico

O mercado de crédito começou a reagir em março, com o leve crescimento no estoque de empréstimos e o início da queda nos juros cobrados pelos bancos. Embora incipientes, esses são os primeiros sinais de que o corte de juros básicos está se transmitindo pela economia da forma esperada e de que está avançando o processo de desalavancagem da economia.

Dados do Banco Central apontam uma expansão de 0,2% no volume de crédito bancário em março, comparado com fevereiro. O crescimento é tímido e desigual - os financiamentos a empresas continuam a se contrair -, mas desperta otimismo.

A retomada do crédito ocorre em um ambiente macroeconômico mais positivo, que tende a sustentá-lo daqui por diante, incluindo a queda do risco Brasil, recuo da inflação e perspectiva de continuidade do ciclo de afrouxamento monetário.

Assim como | Fernando Pessoa

Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento,
Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade,
Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada.
Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada.
Assim tudo o que existe, simplesmente existe.
O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença.
Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença.