Por causa do aumento de vagas de trabalho informal, a taxa de desemprego caiu a 12,8% no trimestre encerrado em julho. Analistas preveem recuo para 12% no fim do ano.
Puxado pelo trabalho informal, desemprego cai para 12,8%
Resultado surpreende, e analistas já veem índice a 12% no fim do ano
Marcello Corrêa | O Globo
O mercado de trabalho está se recuperando de forma mais rápida do que o inicialmente esperado por analistas, ainda que essa retomada seja puxada pela informalidade. Segundo dados divulgados ontem pelo IBGE, a taxa de desemprego caiu para 12,8% no trimestre encerrado em julho — atingindo 13,3 milhões de pessoas —, abaixo da projeção do mercado. A surpresa positiva provocou uma série de revisões para baixo nas previsões, e alguns analistas já esperam que a taxa fique na casa dos 12% no fim de 2017. Um número ainda alto, mas um alívio para o país que viu o índice chegar a 13,7% no primeiro trimestre. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal.
A melhora da taxa é explicada pelo aumento do número de brasileiros com algum tipo de trabalho. Na comparação entre julho e abril — o último mês estatisticamente comparável, segundo o IBGE —, 1,4 milhão de brasileiros ingressaram no grupo dos ocupados, que já soma 90,7 milhões de trabalhadores. Isso significa uma alta de 1,6%, a maior nesse tipo de comparação desde junho de 2012, início da série histórica da pesquisa. Em relação ao mesmo período de 2016, a alta de 0,2% é a primeira desde agosto de 2015.
Se os números são positivos, o perfil das vagas geradas mostra um mercado de trabalho ainda fragilizado, marcado pela informalidade. A recuperação em julho foi puxada principalmente por três segmentos: trabalho sem carteira, por conta própria e contratações no setor público. As vagas geradas nesses três setores representaram 86,3% do aumento de 1,4 milhão no contingente de pessoas ocupadas.
FORMAIS: MENOS 1 MILHÃO
A maior contribuição foi do emprego sem carteira, que registrou crescimento trimestral de 4,6%, o que representa um acréscimo de 468 mil trabalhadores nessa categoria, para 10,7 milhões de pessoas. Na comparação anual, a alta é ainda maior, de 566 mil. O crescimento no trimestre foi favorecido ainda pelo acréscimo de 423 mil trabalhadores no serviço público, movimento puxado por contratações municipais, depois de um ano eleitoral, segundo o IBGE.