O procurador Rodrigo Janot denunciou ao STF a cúpula do PMDB no Senado. Renan Calheiros, Romero Jucá, Edison Lobão, Jader Barbalho, Valdir Raupp, José Sarney e Sérgio Machado são suspeitos de integrar organização criminosa.
A vez do PMDB do Senado
Janot denuncia Jucá, Renan, Sarney, Lobão, Jader, Raupp e Sérgio Machado
Carolina Brígido | O Globo
-BRASÍLIA- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) denúncia contra a cúpula do PMDB no Senado por participação em organização criminosa. Essa é a terceira das quatro denúncias esperadas no inquérito denominado de “quadrilhão” — já haviam sido feitas as que se referem a PT e a PP, e agora falta só a que trata do PMDB da Câmara, que ainda pode atingir o presidente Michel Temer.
São alvo da nova denúncia os senadores Edison Lobão (MA), Jader Barbalho (PA), Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO), além dos ex-senadores José Sarney e Sérgio Machado. O grupo teria recebido propina de R$ 864 milhões, além de ter provocado prejuízo de R$ 5,5 bilhões à Petrobras e de R$ 113 milhões à Transpetro.
Segundo a PGR, desde 2004 até os dias atuais, os políticos, “com vontade livre e consciência, de forma estável, profissionalizada, preordenada, com estrutura definida e repartição de tarefas, integram o núcleo político de organização criminosa estruturada, para desviar em proveito próprio e alheio recursos públicos e obter vantagens indevidas, sobretudo no âmbito da administração pública federal e do Senado”.
Janot alertou para o fato de que “a organização criminosa vigora até os dias de hoje”. De acordo com o procurador-geral, mesmo depois de ter sido deflagrada a Operação Lava-Jato, em 2014, “ante a forte atuação parlamentar e responsabilidade por outras indicações políticas, as quais ainda perduram, a organização criminosa permaneceu praticando crimes nos anos de 2015, 2016 e 2017”.
Para a Procuradoria-Geral da República, há indícios de que o grupo controlava nomeações da diretoria de Abastecimento e da diretoria Internacional da Petrobras, bem como cargos da Transpetro. Em troca, os políticos recebiam propina dos diretores escolhidos para os postos.
Além da condenação do grupo à prisão, Janot também pede o pagamento de danos financeiros ao poder público no valor de R$ 100 milhões e de danos morais no mesmo valor. Também quer perda de função pública para os condenados que ocuparem cargo ou emprego público.
Desde a semana passada, Janot denunciou ao STF políticos do PP e do PT por integrar organizações criminosas. Até o fim do mandato, na próxima sexta-feira, Janot deve apresentar denúncia pelo mesmo crime contra políticos do PMDB da Câmara dos Deputados. O presidente Temer está sujeito a ser denunciado nesse último caso, a depender da avaliação de Janot.
ESQUEMA COMEÇOU NO GOVERNO LULA
Segundo a denúncia, os partidos começaram a se organizar para desfalcar os cofres públicos em 2003, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. “Em comum, os integrantes do PT, do PMDB e do PP queriam arrecadar recursos ilícitos para financiar seus projetos próprios. Assim, decidiram se juntar e dividir os cargos públicos mais relevantes, de forma que todos pudessem de alguma maneira ter asseguradas fontes de vantagens indevidas”, escreveu Janot.